Starting a Family escrita por Nana Fantôme


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Após longas horas de sono, Carlisle se encontrava sentado na espaçosa cozinha da sua casa e tomava um tardio café da manhã. Enquanto bebia o café fumegante da xícara, olhava em volta, sentia o silencio ali quase ensurdecedor.

Sentado na ilha da cozinha, podia ver o quintal e a área da piscina vazia. Olhando para o lado oposto, podia se ver a sala com sua televisão desligada e nem ao menos um único som vindo de dentro da casa.

Antes se sentia em paz dentro da sua casa, era um momento de descanso após uma intensa semana no hospital. Agora se sentia sufocado ali, toda aquela calma era incomoda. Não pôde deixar de imaginar como a casa seria se tivesse filhos.

Foi tirado dos próprios pensamentos com as batidas na porta. Tomou um último gole da sua xícara e se levantou para atender a porta. Caminhou tranquilo, imaginando quem poderia ser. Um sorriso involuntário surgiu sem seus lábios ao abrir a porta.

— Esme! – ele a saudou. – Bom dia!

A morena, que estava voltando da sua corrida tardia no parque olhou o relógio constatando ser mais de quatro da tarde. A risada dela fez com que o sorriso de Carlisle se aumentasse ainda mais.

— Bom dia? Já está quase noite.

— Mas eu acordei a menos de uma hora atrás, então é bom dia. – ele abriu mais a porta a convidando a entrar.

Esme caminhou para dentro da casa. Nem mesmo ela sabia o porquê de ter batido ali na porta dele, só queria o ver um pouquinho, sabia que dali a algumas horas ele, provavelmente, deveria ter que voltar para o hospital.

— Não acredito que está tomando café. – concluiu ao se lembrar da rotina do médico.

— Culpado. – a olhou desconcertado – Você já me conhecendo bem demais.

— São cinco anos morando um ao lado do outro.

Caminharam até a cozinha onde Carlisle puxou uma cadeira ao lado da dele para que ela se sentasse.

— Quer tomar um café da manhã tardio comigo?

Ela olhou a farta mesa de café da manhã. Os bolos, biscoitos, sucos e café eram variedades demais para apenas uma pessoa.

— Quero saber onde você consegue croissant por aqui. – questionou pegando um e dando uma generosa mordida. – Meu Deus! Esse aqui é muito bom, é de chocolate.

A risada de Carlisle fez com que ela parasse de namorar o pão e se virasse para ele. O pegou a admirando, as suas bochechas coraram.

— É segredo de estado mas posso pedir para você sempre que quiser.

— Eu comeria isso todos os dias. – respondeu com a boca cheia. A tampou assim que percebeu o que fazia – Desculpa, é que isso é muito bom.

— Fique à vontade, já temos intimidade o suficiente para isso. – ele pegou um outro pão e de uma mordida – É realmente muito bom.

Ficaram alguns minutos comendo apreciando a presença um do outro. Carlisle percebeu que sua casa ficou bem mais agradável desde que Esme apareceu.

— Está tomando esse café todo reforçado porque já tem que voltar para o hospital?

— Não, hoje estou de folga. Teoricamente. – os dois sabiam que se tivessem que alguma emergência ele iria correndo para lá.

— Que milagre – ela lhe lançou um olhar impressionada com o feito – e o que pretende fazer hoje?

— Nad ... ei, o que você tem programado para hoje?

— Eu vou passar minha noite bebendo, comendo alguma porcaria e vendo um péssimo filme.

— Quer trocar isso por uma noite comigo? – ela arregalou os olhos assim que as palavras terminaram de sair da boca dele. Vendo que sua frase causou um duplo sentido, correu logo para se retratar. – Eu queria ver uma peça no teatro. Comer alguma coisa e ir assistir... nada demais na verdade. Gostaria de fazer algo diferente e a maioria dos meus amigos são do hospital, então pensei que ...

— Está me fazendo de segundo plano, doutor Cullen? – ela fingiu estar ofendida.

Ele adorava quando ela o chamava de doutor Cullen. Esme fazia com que aquilo soasse diferente em seus ouvidos.

— Claro que não! – ele apressou em dizer – Você nunca seria um segundo plano. Nunca. Está sempre me salvando, inclusive, obrigado pela torta. Estava maravilhosa.

— De nada.

— Você nunca é meu segundo plano. É a mulher mais bonita que eu já conheci, imaginei que estava sempre ocupada com mil encontros ou coisas assim.

— Fala assim com todas as mulheres que convence a ir em um encontro?

— Estou conseguindo? – ele lançou um olhar galanteador que fez com que o coração de Esme disparasse.

— Claro – ela deu de ombros disfarçadamente.

— Então posso passar na sua casa daqui a ... – olhou o relógio preso na parede – três horas?

Esme calculou e teria tempo de sobra para se arrumar para impressionar, teria até mesmo tempo de ligar para Grace e contar a ela a novidade. Quem sabe até conseguiria tempo para um surto.

— Tudo bem então. Tem alguma peça em particular que quer ver?

— Não na verdade.

— Tudo bem se eu comprar os ingressos para uma que quero assistir?

— Não! – ele a olhou ultrajado – Eu convidei, eu quem pago.

— Você pode pagar o jantar.

— Eu posso pagar pelos dois.

— Mas aí você seria um esnobe. – Esme levantou as sobrancelhas o desafiando a revidar.

— Não, seria um cavalheiro.

Apesar do gesto doce, ela revirou os olhos. Um enorme sorriso se estampou nos lábios dela.

— Um cavalheiro esnobe. Podemos muito bem dividir essa conta.

Carlisle pensou em refutar, sabia que os dois poderiam ficar horas ali discutindo. Ele gostava disso nela, era algo estranho mas gostava que ela sempre tinha bons argumentos.

— Só vou aceitar se fizer uma gorda refeição.

— E quem disse que eu já não iria pedir uma lagosta bem gorda?

A risada dos dois ecoou pela cozinha, dando vida para a silenciosa casa. Carlisle percebeu que gostava mais da casa quando esse som reverberava pelas paredes.

— Ok – Esme se levantou da sua cadeira – vou organizar algumas coisas e me arrumar. Devo usar algo para a ocasião especial?

— Pensei de jantamos no M at Miranova, o que acha?

— Uau, chique. Acho que é caro dem...

— Eu quem pago – Carlisle a interrompeu.

Pensou em argumentar mas desistiu ao perceber que teria de ir a alguma loja chique comprar uma roupa que poderia ir em um lugar como aquele. Precisaria de Grace mais rápido do que achou que seria.

— Ok! Até mais tarde então.

Carlisle ficou sentado ali na ilha, feliz por ter decido fazer algo diferente dessa vez. Enquanto isso, Esme correu casa afora afim de encontrar a roupa perfeita para um programa como aquele.

[...]

—  EU QUERO O DOUTOR CULLEN! EU QUERO O DOUTOR CULLEN! – a garota gritava a plenos pulmões – VOCÊS NÃO VÃO ME SEDAR!

A ala psiquiátrica do hospital estava em polvorosa com o surto da criança. Os cabelos pretos da menina foram cortados rente a cabeça, fazendo com que os novos fios se espetassem para todos os lados.

Ela jogava qualquer coisa que estivesse em seu alcance nos médios que tentavam a segurar para aplicar a injeção.

— DOUTOR CULLEN! DOUTOR CULLEN! – gritava a menina quando um dos enfermeiros a imobilizou.

Os gritos sessaram quando a agulha penetrou no fino braço e o calmante fez efeito. Os enfermeiros olharam um para o outro aliviados quando a menina parou de se debater.

— Alguém chama o doutor Cullen – um dos enfermeiro gritou de dentro do quarto enquanto amarrava a garota na maca.

Aquele havia sido o quarto surto da paciente nos últimos três dias. Ela estava sempre gritando a mesma coisa.

[...]

— Eu não acredito que ele fez isso! – Esme estava furiosa enquanto terminava de subir o zíper do vestido.

Faltava poucos minutos para Carl bater em sua porta e irem para o jantar. Estava em uma longa ligação com Grace enquanto se arrumava.

— Eu sei! – a voz de Grace soou do outro lado da linha – Estou tão furiosa com ele. O que diabos, Emmett estava pensando?

— Vou o matar quando ver ele. – dava pulinhos para terminar de se vestir – Eu realmente precisava de ajuda aqui.

— Está tentando fechar o vestido? – a amiga previu.

— Sim, ele é difícil de fechar.

— Mas é lindo. – Grace afirmou.

A campainha fez com que ela se assustasse. Olhou o relógio na cabeceira da sua cama e constatou que Carlisle era mesmo um homem pontual. Em uma última tentativa, conseguiu fechar o vestido.

Calçou os saltos enquanto descias as escadas, apressadamente. Quase caiu duas vezes mas chegou inteira no primeiro andar. Alisou o vestido em frente ao enorme espelho que possuía no corredor. Ele era realmente lindo e realçava todas as suas curvas.

— Oi – abriu a porta com um belo sorriso no rosto.

Esme sempre soube que Carlisle era um homem lindo, já o viu com roupas de banho então sabia o quão belo o homem era. Mas vê-lo ali de terno, fez com que ela tivesse certeza de que era o irmão mais novo de Zeus.

— Oi. – ele sorriu de volta – Você está linda, como sempre.

O coração da morena bateu mais rápido. Aquele era um encontro entre amigos, saindo para jantar e vendo uma peça mas no fundo, fingia ser um encontro de verdade.

— Só vou pegar o meu casaco e podemos ir.

Caminhou até o armário de casacos, pegando o casaco que combinaria com o vestido. Passou a mão na bolsa que já havia deixado estrategicamente na mesa.

— Você vai amar a peça – falou animada enquanto trancava a porta principal.

Ela se virou animada mas o olhar preocupado dele, fez com que o sorriso sumisse dos seus lábios e a expressão preocupada tomasse conta de todo o seu rosto.

— Aconteceu alguma coisa? – deu um passo na direção dele, sentindo a necessidade de tocar o seu braço.

— Eu fui chamado no hospital. – mostrou a ela o pager.

Foi como se um balde de água fria fosse jogado nela. Se sentiu mortificada por achar que ele havia ido ali na sua porta para irem ao encontro. Sabia que algo assim iria acontecer.

— Oh! Nossa, desculpa. Cheguei as conclusões erradas. – riu sem graça – Marcamos isso para outro dia, ainda consigo mudar a data dos tickets.

Deu um passo em direção a porta da casa quando Carlisle a segurou pela mão. O olhou confusa mas o sorriso dele fez com que ela o aguardasse dizer algo.

— Eu fui chamado porque é Mary. Preciso ir ver o que aconteceu mas se você não se importar, podemos ir de lá para o M at Miranova. Não devo demorar.

— Acho melhor você ir sozinho, não quero atrapalhar e você vai acabar querendo apressar as coisas porque estou lá.

— Não, quero que você a conheça. Falo tanto daquela pestinha para você e nunca pude fazer as devidas apresentações.

Esme parou um tempo analisando as expressões de Carlisle e procurando algum traço que fosse diferente de honestidade nele. Não queria ser um empecilho para o médico.

— Tem certeza? – questionou quando viu apenas sinceridade ali.

— Tenho. Você vai a amar.

— Tudo bem – o sorriso voltou ao rosto de Esme.

Ela tinha que admitir, estava mais animada agora com essa notícia. Vinha escutando e muito sobre a pequena garotinha que vivia indo e voltando para a ala psiquiátrica.

— Você já convenceu o seu médico de que a garota não é esquizofrênica?

Caminharam lado a lado até o jardim da casa de Carlisle onde entrariam no carro dele e seguiriam até o hospital onde ele trabalhava.

— Não, mas ela não ajuda muito tendo estes surtos.

— Mas você me disse que apesar de falar coisas estanhas, ela não tem nenhum sinal de esquizofrenia.

Carlisle abriu a porta da bela Mercedes que possuía para que ela entrasse. Deu a volta assim que fechou a porta dela.

— Sim, mas não tem nada que explique os surtos da menina. – comentou quando colocava o cinto.

Com calma e destreza, o carro foi tirado da garagem e seguiram o trajeto.

— E não há nada que você possa fazer por ela? – aquela preocupação materna que ele sempre admirava em Esme, estava presente.

— Posso, estou adiando um ótimo jantar, com uma bela mulher e ótima amiga, em minha folga para a acalmar.

O carro parou no sinal vermelho, fazendo com que Carlisle pudesse ver o sorriso amável que recebia dela. Era um daqueles sorrisos que sempre o encantavam quando conseguia ver.

— Você é um ótimo médico.

— Eu tento.

O carro voltou a se movimentar.

— E onde estão os pais dela?

— Bom, o pai matou a mãe bem na frente de Mary, o que não ajudou em nada os surtos. Ela foi para o sistema quando tinha quatro anos. Apesar de tudo isso, ela é uma garota muito feliz e animada ... quando eu estou por perto.

— Parece que você tem uma paixonite no hospital – a risada de Esme, o fez sorrir involuntariamente.

— Mary não tem uma paixonite por mim, ela me vê como ... um pai. Ela gosta de mim e gosta de me contar o dia dela. É uma criança muito carente de afeto.

— Você seria um bom pai – ela pensa alto.

— Obrigado! - Carlisle parou por um minuto pensando na frase de Esme -Engraçado, você é a segunda pessoa a comentar isso.

— Como assim?

— Chegaram dois adolescentes ontem à noite, são de um lar adotivo e eu queria poder ajudar mais eles. Sinto que poderia fazer mais. De alguma forma me preocupo com eles e o que pode ser o futuro dos dois. E Siobhan, a assistente social, me fez perceber que tenho uma preocupação paterna.

— Você pensa em ter filhos? – a curiosidade foi mais forte que Esme.

— Claro, quer dizer, já não sou mais novo. Tenho quarenta e dois anos e passo parte do meu tempo no hospital, difícil construir uma família assim. O tempo que tenho passado no hospital, passou tão rápido que nem ao menos percebi o quão tarde estava para ser pai.

— Nunca é tarde para ser pai.

— E você? – ele virou o rosto para ela com curiosidade.

— Bom... – suspirou pensando se dizer a verdade estragaria ou não a noite.

— Se não quiser falar, tudo bem. – Carlisle foi o mais compreensivo possível. Queria que aquela noite fosse agradável, e não um fator para deixar a amiga desconfortável.

— Não, tudo bem. Eu fui casada antes, me casei nova. Achei que ele era o cara certo e descobri duramente que não. Sempre quis ser mãe mas as coisas nunca deram certo.

— Nunca é tarde para ser mãe. – ele repetiu as mesmas palavras que ela.

— Eu já não sou mais nova.

— Você fez trinta e oito anos outro dia, fui à sua festa.

— Tem quase um ano isso, Carl. – ela constatou rindo.

— Já? – perguntou surpreso. – Não importa, isso não muda o fato de que ainda pode engravidar a qualquer momento.

Esme sentia que aquele era o momento da verdade. Ainda era doloroso dizer aquilo mas precisava contar aquilo a mais alguém.

— Meu ex marido ... ele tentou matar o meu bebê quando ... bom, estávamos juntos. Ele achava que aquele não era o momento e acabou me ... esfaqueando, em meio a uma briga, quando estava grávida. Foi doloroso e horrível de passar, já me sinto melhor agora – ela resolveu acrescentar quando Carlisle fez sinal de que encostaria o carro – já estou melhor. Passei os últimos quinze anos lidando com a dor e a perda.

— Você não quer ter mais filhos? – Carlisle perguntou preocupado com a história da amiga.

— Sim, sonho com isso todos os dias mas meu útero foi danificado e não posso mais engravidar. 

— Seriamos ótimos pais.

— Sim. – o sorriso de Esme foi triste demais para que Carl pudesse aceitar, compensaria com uma noite agradável.

O carro entrou no estacionamento e Carlisle o parou na sua vaga. Desceu do automóvel, dando a volta e abrindo a porta para Esme. Caminharam lado a lado para dentro do hospital, a mão dele ficou bem posicionada nas costas dela.

— Doutor Cullen – o residente de ortopedia veio correndo em sua direção.

— É assim sempre? – Esme questionou quando via o garoto agitado.

— Sim – suspirou cansado enquanto aguardava John Kimmel os alcançar. – Esme esse é John Kimmel, residente ortopédico. Kimmel, está é Esme.

O residente nunca tinha visto o diretor médico com uma mulher antes, muito menos uma tão elegante quanto aquela. Só parou de encarar a mulher quando o loiro coçou a garganta chamando sua atenção.

— Certo! – Kimmel falou sem graça – Edward Masen precisa de uma cirurgia na mão mas está resistente.

— A tutela dele é do estado, não cabe a ele decidir.

Carlisle deu um passo em direção ao elevador, conduzindo Esme a fazer o mesmo mas foram parados por John mais uma vez.

— Nós sabemos, doutor, mas ele não quer sair do quarto de Rosalie Hale.

Os vizinhos trocaram um olhar preocupado. Esme não precisava de mais informações para saber que eram os irmãos que Carlisle comentou dentro do carro.

— Preciso ir a ala psiquiátrica primeiro e depois vou conversar com Edward sobre a cirurgia.

— Obrigado, doutor. – John acenou com a cabeça para Esme antes de sair. – Prazer em conhecê-la, senhora Cullen.

Os olhos de Esme se arregalaram ao ser chamada assim, não esperava tal conclusão do residente. Carlisle se mostrou tão sem graça quanto ela, pois tirou a mão desconfortavelmente das costas dela.

— Desculpe por isso – Carlisle começou.

— Não, tudo bem. Então, vamos ver Mary. – resolveu desviar o foco dos dois para algo além daquele desconforto.

— Isso, claro. – ficou aliviado que ela não fez daquilo um alvoroço.

 Caminharam em direção ao elevador. Subiram para a ala psiquiátrica em completo silencio. Carlisle nem ao menos sabia explicar o porquê de John ter achado que eles eram um casal.

— Ainda bem que o senhor chegou doutor – foi saudado assim que as portas do elevador se abriram.

Caminharam até o balcão onde já se podia escutar a nova gritaria que ocorria no terceiro quarto do corredor. Os olhos de Esme não saiam do entre sai daquele cômodo.

— É Mary? Pensei que tinham dado a ela um calmante.

— E demos, Cullen. – o médico responsável pelo caso saiu do quarto indo de encontro ao diretor. – Demos uma dosagem pequena como nós tínhamos combinado, mas você demorou demais e o efeito está passando.

— Vim o mais rápido que pude, Denali. Como ela está?

O médico deu uma única olhada para Esme, se perguntando o porquê de a mulher estar ali mas resolveu focar em sua paciente. Carlisle e o doutor Denali, tinham muitas diferenças profissionais mas ambos queriam o bem para a paciente.

— Ela está mais agitada que o normal. Desde que acordou novamente, ela mordei o meu residente, tem gritado que a mãe dela está vindo e que quer ir para casa.

— Você já ministrou a segunda dose de calmante? – Carlisle questionava o médico enquanto caminhava corredor a dentro.

Esme não soube o que fazer, se deveria seguir ou ficar ali no corredor até que tudo estivesse sob controle. Os médicos estavam muito entretidos na pequena discussão entre os dois para perceberem que ela os seguia.

Ela caminhou até a porta no quarto da paciente. A garotinha não deveria ter mais do que seis anos e mesmo assim havia dois enfermeiros a encurralando em um canto enquanto um terceiro preparava uma dose de calmante.

— Ela não deveria estar aqui, Cullen – o médico falou indicando com o dedo Esme.

Ao escutar o nome do diretor médico, a paciente se calou e encarou a porta. Com uma habilidade surpreendente, Mary passou pelos dois enfermeiros e correu em direção a porta.

Todos esperavam que ela fosse direto para o doutor Cullen, que havia se tornado um amigo. Mas, para a surpresa de todos, a garota só parou quando agarrou as pernas de Esme. Os bracinhos seguraram as pernas da mulher com toda força, o rosto estava escondido entre os bracinhos dela e a perna de Esme.

— Você a conhece? – doutor Denali questionou Esme.

A surpresa no rosto da mulher era visível para todos, ela nunca havia visto a menina antes.

— Não – balançou a cabeça também para que ficasse claro.

— Ok, vamos dar vinte miligramas ...

— NÃO! – Mary gritou interrompendo o médico – Fala para eles que não quero dormir. Quero ir para casa.

Os enfermeiros deram um passo à frente na intenção de tirar Mary de perto de Esme. Ela colocou as mãos, protetoramente, nos ombros da menina como uma forma de impedir que a tirassem dali.

— Carl – ela olhou para Carlisle de forma assustada.

Ele saiu do transe em que estava e se agachou na altura da garota, com o intuito de a acalmar.

— Oi Mary, querida. – ele lançou um sorriso encorajador. – Está tudo bem. O doutor Denali não vai te medicar mas você tem que prometer se comportar. Tudo bem?

O rostinho da menina saiu do esconderijo e pela primeira vez, ela olhou para o médico. Pela primeira vez, Carlisle viu esperança nos olhinhos dela. Ele não sabia explicar mas de alguma forma, a menina se sentia segura com Esme por perto.

— Tudo bem – a menina falou docemente.

— Ok. – o médico fez um carinho nos cabelos batidinhos da menina e se levantou – Acho que ela vai se comportar, vamos conversar com ela por alguns minutos.

Denali não se sentia seguro em deixar a menina sozinha com os dois, ainda mais com uma desconhecida mas era completamente visível de que a menina estava mais calma.

— Tudo bem – ele disse finalmente. Ele indicou para os enfermeiros saírem. – Vou estar logo ali fora, qualquer coisa só chamar.

— Tudo bem – Carlisle concordou.

Mary esticou os bracinhos para que Esme a pegasse no colo. A mulher se resetou por alguns segundos mas pegou a garotinha no colo. Caminhou com ela para dentro do cômodo e se sentou na cama.

— Você conhece Esme? – o médico resolveu fazer a pergunta que rondava em sua cabeça.

— Não mas eu vou. – ela respondeu enquanto mexia em uma mecha dos cabelos castanhos de Esme – Eu gosto do seu cabelo.

— Obrigada, querida. – lançou um sorriso para a menina. Levantou a cabeça e arregalou os olhos para Carlisle.

— Querida, por que você estava gritando com o doutor Denali e os enfermeiros?

— Eu não gosto deles. – confidenciou – Eles ficam me picando com a agulha e me fazem dormir.

— Mas, meu bem, eles fazem isso para te ajudar a se acalmar.

— Mas eles nunca acreditam no que eu estou dizendo.

— O que você estava dizendo, Mary? – Esme resolveu entrar no assunto.

— Alice – a menina a corrigiu. – Você pode me chamar de Alice, gosto mais.

— Uau, Alice é um nome muito lindo.

— A minha mãe também achava, Mary foi o meu pai que escolheu e Alice a minha mãe. – começou a tagarelar – Mamãe me chamava de Alice o tempo todo, só quando estava brava que gritava “Mary Alice, venha aqui agora”.

Alice falou de uma forma tão fofa que fez com que Esme risse. A risada dela fez com que a menina a olhasse encantada.

— Por que eu não posso te chamar de Alice? – Carlisle questionou a menina.

— Se você quiser também pode. – deu de ombros.

Esme estava surpresa como a menina que acabou de conhecer havia mudado de uma hora para outra, deixando de ser uma garotinha enfurecida para uma doce.

O pager de Carlisle bipou chamando sua atenção. Ele leu rapidamente o conteúdo da mensagem e olhou para as duas.

— Preciso ir até Edward e conversar sobre a cirurgia que ele vai fazer.

— Posso ficar aqui mais um pouco? – previa que se saísse Alice voltaria a surtar.

— Não acho uma boa ideia. – os olhos dele iam de uma para a outra.

— Eu vou ficar bem. – garantiu.

— Tem certeza?

— Sim.

— Vou avisar ao doutor Denali que você vai ficar aqui mais um pouco. Me encontre perto do elevador. Alice, preciso que você se comporte, tudo bem?

Ele olhou para Esme que afirmou com a cabeça e recaiu os olhos para Alice, ela possuía um lindo beicinho nos lábios mas acenou com a cabeça também. Muito relutante, ele resolveu deixar as duas sozinhas.

— Que coelhinho bonitinho – Esme resolveu puxar assunto pegando o bicho de pelúcia que estava na cabeceira da cama.

— É o Bunny – Alice falou docemente.

— Que nome bonito – elogiou.

— Você gosta? Denalli acha que é um nome bobo.

— Não tem nada de bobo em Bunny, é bem bonito.

— Eu também acho. – Alice falou de forma mais empolgada. – Você gosta de coelho?

— Gosto, adoro animaizinhos. Eu tinha um gato chamado Cat.

A risada de Alice foi como música para os ouvidos de Esme que abriu um enorme sorriso. Instintivamente, passou os dedos nos curtos cabelos da menina.

— Cat? Não é nada original – a garota tinha um sorriso enorme.

— Mas ele era um gato. – Esme deu de ombros fingindo indiferença.

— Se eu tivesse um gato ele chamaria ... Mimi.

— Oh, pensei que daria o nome de Cheshire.

— Chesthuri? – as sobrancelhas de Alice se curvaram de uma forma que Esme achou muito fofa.

— Cheshire – corrigiu – é o gato de Alice no país das Maravilhas, nunca assistiu?

— Acho que não.

— É um filme muito legal e a personagem principal tem seu nome.

— Quero ver um dia.

— Vou trazer para você assistir. – Prometeu.

— Você vai vir mais vezes? – os olhinhos da garota brilharam.

— Vou.

— E vamos para casa?

— Para casa? – Esme ficou confusa.

— É, eu quero ir embora.

— Querida, – relutou em uma forma melhor de conversar sobre isso com ela sem que iniciasse um novo surto – não posso te levar para minha casa.

— Pode sim, eu sei que você vai ser a minha mãe um dia.

— Alice ... – não sabia como continuar.

— Tudo bem, não precisa ficar assustada – Alice a abraçou. – Você quer ver o vestidinho que o doutor Cullen me deu?

Antes que Esme pudesse continuar a conversa, Alice pulou do seu colo e correu até o puff que ficava no canto do quarto. Estava muito assustada com o que a garotinha havia dito.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Juro que Alice não é vidente nem nada.
Até semana que vem.



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