Starting a Family escrita por Nana Fantôme


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Hello, amores! Falei que postaria no final de semana mas tive uns imprevistos. Desculpa!



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Esme caminhava de um lado ao outro ansiosa para a chegada tão esperada dos filhos. Os olhos de tempos em tempos iam para o vidro das janelas da sala da casa de Carlisle.

Os passos do marido descendo a escada chamaram sua atenção. Se virou a tempo de o ver aparecendo no batente da porta da sala. O olhava com ansiedade.

— Eleazar acabou de ligar e avisar de que eles já receberam alta e estão saindo do hospital. – Comunicou.

— Ótimo. Você tem certeza de que era melhor Edward e Rosalie ficarem uma semana a mais para poder vir junto com Alice? Eles já poderiam estar aqui a essas horas.

— Não tínhamos muito tempo na última semana para poder receber os dois apropriadamente. E essa semana a mais foi essencial para organizar os quartos de maneira que ficasse pronto para os recepcionar. Conversamos sobre isso quando a alta deles estava para sair.

Fez um beicinho nos lábios.

— Eu sei.

Carlisle não pôde deixar de admirar a expressão da esposa. Achava adorável o beicinho dela quando estava chateada.

— Então vamos com calma, tudo bem?

— Tudo bem. – A cabeça dela já se direcionava para outras coisas – As roupas que trouxe para ficar no seu closet já estão mesmo ajeitadas? Usei algum espaço a mais do que você destinou para mim? Você acha que eu deveria ir lá e arrumar novamente? E o quarto das crianças? Você acha que está tudo no lugar? Eu vi, mais cedo, uma almofada fora do lugar lá no quarto de Rosalie. Eu deveria ir lá para arrumar, não é? Vou lá.

Ela deu um passo para seguir em direção as escadas mas o marido a parou no meio do caminho.

— Calma. Respira fundo. – Ele fez o movimento de inspirar e expirar que foi acompanhado por ela – Ótimo! Agora, está tudo no lugar. Suas roupas estão bem arrumadas lá e você mesma colocou tudo no lugar. Não tem nada fora do lugar no quarto das crianças e eu acabei de vir lá de cima para garantir que tudo está do jeito certo.

— Mas eu vou lá rapidinho.

— Agora não. – Olhou para algo atrás dela – As crianças chegaram e temos que ir lá na entrada os receber.  

Esme pulou se virando rapidamente ficando levemente tonta. Os olhos ávidos para identificar as crianças mas a única coisa que encontrou foi parte do carro cinza de Siobhan.

Segurando a mão de Carlisle, Esme puxou o marido para o corredor onde abriu a porta principal em um supetão. O riso de Carlisle pôde ser ouvido pelos integrantes da carro.

Os olhos de Alice que estavam fechadinhos se abriram e brilharam ao ver os pais parados na porta da enorme casa. Mesmo de longe, Esme pôde ver a menina pronunciando a palavra mamãe e o coração dela se encheu de alegria.

— Eles estão aqui. – Os olhos não saiam do carro com medo de que algum deles desaparecesse.

Carlisle passou o braço envolta dos ombros dela, amparando sua euforia.

— Sim, estão.

— Finalmente. – Foi impossível os olhos dela não se encherem de lágrimas.

A última semana foi muito cansativa e preocupante para Esme. Passou todos os dias revezando entre o quarto de Alice e de Edward e Rosalie. Ficou mais tempo no hospital do que em casa. Para ela era um alívio todo aquele terror ter chegado ao fim.

Todo o tempo com os filhos foi uma ótima desculpa para fugir de Carlisle e sua conversa sobre o beijo. Não sabia como explicar ao homem o que a motivou a beijá-lo e tinha muito medo do que ele falaria ou, até mesmo, proporia sobre a relação dos dois.

Aguardou ansiosamente todos os três descerem do carro. Rosalie desceu segurando duas mochilas. Ficou claro para Esme que uma era dela e outra de Edward, tendo em vista de que o adolescente saiu sem sua mochila. Alice também tinha uma mochila nas costas.

O casal aguardou Siobhan abrir o porta-malas para que as outras roupas e brinquedos fossem retirados mas se decepcionaram ao ver que a assistente social passou a cruzar o jardim com os três.

— Eles só têm uma mochila de roupas? – Esme sussurrou para o marido enquanto estavam parados na varanda da casa esperando que eles os alcançarem.

— Parece que sim. – Ele a respondeu no mesmo tom.

— Oh, Carl. – Tentava ao máximo não chorar – Temos que comprar roupas novas para eles.

— Vamos fazer isso o mais rápido possível, não se preocupe.

— Podemos pedir ajuda para eles e deixar que escolham o que gostam, não é? – Lançou a ele um olhar esperançoso.

— Claro, meu bem. – Lhe deu um beijo na testa para a acalmar– Alice e Rosalie vão adorar.

Os rostos dos dois se viraram para a frente novamente ao escutarem as muletas de Edward baterem na escada. Carlisle mais do que depressa ajudou o filho a subir enquanto Esme descia para saudar as filhas.

Fazia apenas algumas horas que havia saído do hospital mas sentia uma saudade imensa deles. Se abaixou para ver o rostinho que expressava dor e curiosidade.

— Ta vendo, meu amor, não menti que a gente se veria de novo bem rapidinho.

Comentou se lembrando da sessão de choro de Alice teve após Esme anunciar que teria que a deixar no hospital para voltar para casa. O coração dela quase não aguentou pelo choro sofrido mas Carlisle a rebocou de lá.

— Essa é a sua casa? – A vozinha infantil soou curiosa.

— É a sua casa. – Cutucou a barriguinha dela causando cócegas – Você vai adorar o seu quartinho. Que tal todos nós entrarmos?

— Bom, é aqui que eu me despeço. – Siobhan falou mais alto para que pudesse ser ouvida – Vou deixar vocês se acomodarem e dar privacidade para esse momento tão íntimo. Volto para outras visitas e ver como estão indo.

— Não quer entrar e tomar um café? – Esme convidou gentil.

— Não, vou deixar vocês curtirem as crianças com calma.

Siobhan se despediu das crianças e caminhou de volta para seu carro. Todos os cinco ficaram na varanda vendo o automóvel sumir na rua.

— Então vamos entrar? – Carlisle sugeriu quando o carro virou a esquina sumindo da vista deles.

— Vamos. – Esme falou animada.

Todos caminharam com calma no ritmo que Edward conseguia se locomover com as muletas. Esme recolheu de todos a mochila deixando no chão ao lado da porta.

— Que tal fazermos um tour pela casa? Para vocês conhecerem a nova casinha de vocês.

Alice que segurava na mão de Esme deu um passo para o lado de Carlisle e puxou sua blusa duas vezes para chamar sua atenção.

— Doutor Cullen. – A curiosidade era uma expressão que nunca saia do rosto da menina – Agora vamos morar aqui?

— Vão sim, meu bem.

— E a mamãe vai ser a mamãe de verdade?

— Isso mesmo.

— E agora você é o papai?

Carlisle trocou um rápido olhar com a esposa que apenas deu de ombros deixando claro que ele quem decidiria sobre aquilo.

— Isso. – Pegou a menina no colo – A partir de agora vocês podem chamar Esme de mamãe e eu de papai.

Edward e Rosalie trocaram um olhar desconfortáveis com aquela alternativa. Nunca alguém tinha pedido que eles os chamassem assim antes.

— Vamos conhecer a casa então – Edward sugeriu tentando fazer o assunto morrer logo.

— Acho melhor começarmos pelos quartos porque aí não precisamos ficar subindo e descendo as escadas. – Esme orientou.

Caminharam pelo corredor principal da casa onde se dava acesso aos cômodos do primeiro andar e a escada. Subiram com a mesma calma que entraram na casa.

Ao alcançarem o segundo andar, o corredor principal diferente da linha reta do primeiro andar, contornava as escadas fazendo um quadrado. Esme se dirigiu para a porta mais perto da escada. Ao abrir deu espaço para que os adolescente pudessem entrar. Alice já mantinha a cabeça apoiada no ombro do pai.

— Este quarto é o de Edward. – A matriarca comunicou.

O quarto possuía papeis de parede em tons azul escuro com detalhes em marrom. Todos os moveis ali dentro eram pretos, da escrivaninha à mesa de cabeceira. Ao lado oposto a porta principal, possuía uma pequena porta que dava em direção ao closet bem panejado.

O cômodo também possuía um frigobar ao lado da mesa de estudos. A cama queen size estava bem arrumada com colchas e travesseiros bem aconchegantes embaixo da janela. A parede em frente a cama era completamente fechada com estantes que possuíam livros e discos de vinil.

— São meus livros e discos. – Carlisle comentou ao ver o olhar do garoto nas prateleiras. – Esme disse que você poderia se interessar. Estavam guardados em um monte de caixa no sótão. Pensei em passar todos eles para você.

Edward puxou um vinil do Led Zeppelin e olhou intrigado para o pai.

— Sempre pensei que você curtia música clássica. – Comentou impressionado.

— Eu sempre gostei de um pouco de tudo. – Deu de ombros justificando.

Carlisle cruzou o quarto parando ao lado do filho e abrindo duas portas embaixo da estante principal. Um sistema de som de última geração e uma vitrola estavam perfeitamente posicionadas ali.

— A vitrola era do meu pai. Ele passou para mim quando tinha um pouco mais que sua idade e agora estou passando para você. Não sei se gosta de música mas podemos mexer nas coisas aqui para ficar mais a sua cara.

— Eu gosto de música. – O garoto comentou.

Esme suspirou aliviada por ter acertado no gosto do filho mesmo com apenas uma semana de convivência. Ela indicou para que todos voltassem para o corredor principal.

Caminharam pelo corredor parando na segunda porta. Ao abrir se depararam com um cômodo todo em bege e rosa pastel. O quarto de Rosalie possuía uma disposição dos moveis diferente das de Edward.

Apesar de ter também uma cama queen size muito bem arrumada com travesseiros e almofadas em tons de rosa e branco. A cama ficava na parede adjacente a da janela vitoriana ao qual a garota poderia se sentar.

O closet possuía mais espaço do que o do mais velho. E diferente do quarto de Edward, Rosalie possuía uma televisão em frente a cama no lugar de estantes de livros com sistema de som.

Uma pequena mesa de camarim estava bem organizada com maquiagem e itens de beleza perto da porta do closet. E uma delicada mesa de estudos ao lado da janela.

— Este quarto é lindo. – Alice comentou levantando a cabeça para olhar melhor o lugar.

— Este quarto é para Rosalie. – Esme tratou logo de responder para que a caçula não tentasse ficar ali – Pensei em deixar uma televisão aqui para quando tiver insônia.

Rosalie estava impressionada em como Esme pensou em cada detalhe para os quartos mesmo que só tenha feito algumas perguntas sutis para ela e Edward em uma noite de filmes. Se agachou passando os dedos pelo tapete felpudo que se estendia por baixo da cama.

— É lindo. – elogiou – Obrigada.

— De nada. – Esme foi quem respondeu – E igual, Carl falou para Edward, você tem liberdade para mudar o que quiser daqui. Este é o seu cantinho.

Em perfeita sincronia, todos saíram do quarto de Rosalie e caminharam para a porta ao lado e uma das mais distantes da escada. A porta de Alice era a mais diferente de todas as portas do corredor. A destinada ao quarto de Carlisle apesar de ser dupla, era branca como todas as outras. Já a de Alice era branca mas cheio de detalhes coloridos.

Assim como a porta, o quarto também era todo colorido. Por não ter uma cama queen e sim uma infantil destinada a faixa etária da caçula, o quarto parecia maior do que os demais. Uma parede era toda pintada com fadas e nuvens.

O tapete macio se estendia por todo o cômodo. A parede oposta a cama era toda feita de nichos onde se tinham os variados tipos de brinquedos. Podia se ver bonecas a jogos de tabuleiro para crianças.

A mesa de estudos era de tamanho infantil e possuía um sofá na mesma altura. Os olhos de Alice olhavam tudo com muita curiosidade fascinação. Desde a mesa de pinturas até os quadros de bailarinas pendurados na parede. A janela vitoriana era idêntica a de Rosalie.

— É muito lindo. É meu? – Questionou assustada.

— Sim, meu bem. – Esme foi até ela lhe sorrindo – Você gostou?

— Eu amei. – Indicou que queria descer.

Assim que Carlisle a colocou no chão, caminhou direto para a estante onde possuía almofadas ao lado para que pudesse ler. Pegou alguns livros para observar mesmo que ainda não lesse direito.

— Vem, – Carlisle a chamou – vamos terminar de conhecer a casa e depois você pode vir brincar o tanto que quiser.

Se direcionaram para o banheiro que os três dividiram. Esme se preocupou em atender todos eles deixando alguns brinquedos perto da banheira a itens de higiene que um adolescente necessitaria. Quando estavam de volta ao corredor prontos para descer Rosalie chamou a atenção de todos.

— E lá? O que tem ali? – apontou para as portas duplas em frente ao quarto de Alice.

— Este é meu quarto. – Carlisle comunicou.

O quarto era algo que nenhuma das crianças tinha visto antes. A enorme cama king size ocupava quase completamente a parede oposta a porta. Duas mesas de cabeceira estavam perfeitamente posicionadas em cada lado da cama. O tapete dali era macio mas não felpudo. E a enorme televisão estava pregada em um painel perfeitamente esculpido.

A janela que dava em direção à rua era tão grande quanto as que possuía no quarto das meninas. A parede oposta possuía portas duplas que davam acesso ao enorme closet do quarto do casal e uma porta menor que dava acesso ao banheiro.

O papel de parede branco quase não possuía detalhes se não fosse pelas molduras em linha reta dando uma sensação de textura nas paredes. As luminárias se penduravam da parede até a altura da cama. As cômodas e mesas de canto tinham a mesma tonalidade que a cabeceira da cama.

— Uau. – Rosalie comentou.

— Carl gosta de um bom luxo. – Esme comentou – O chuveiro daqui faz até massagem.

— Eu passava muitas horas em pé em uma sala de cirurgia, tinha que dormir bem.

— E aquela cama é só para vocês? – Edward comentou assustado com o tamanho da cama.

Esme e Carlisle se entreolharam sem saber ao certo o que responder. Não haviam conversado sobre o que diriam ou não sobre o relacionamento dos dois.

— Sim. – Carlisle deu de ombros por fim.

— Vamos voltar para o primeiro andar e mostrar todos os cômodos de lá. – Esme incentivou.

Todos desceram sem pestanejar. A enorme sala de televisão, possuía um sofá tão grande quanto a parede em que se encostava foi o ponto favorito de Edward. A cozinha com vista para o quintal dos fundos e uma enorme despensa impressionou Rosalie.

O escritório que Carlisle possuía na casa também foi apresentado, assim como o banheiro do primeiro andar. Mas foi a área da piscina que encantou todos os três. Várias espreguiçadeiras ao longo do comprimento dela e um gramado verde que se podia ver a casa de Esme.  

Aquela casa era uma das poucas do bairro que possuía tanto espaço e uma piscina tão grande. Possuía escadas e luzes dentro dela como um pequeno ofurô para dias mais frios.

— Podemos nadar aqui? – Edward quis saber.

— Depois que você tirar esse gesso. – Esme foi sucinta. – Vamos voltar para a cozinha, preparei um café da tarde cheio de gostosuras para vocês.

Alice olhava para a mãe curiosa.

— Café da tarde? Igual o chá da tarde das princesas?

— Igual os das princesas. – Respondeu pegando a menina no colo – É uma refeição de boas-vindas porque vocês agora estão em casa e se tudo der certo, para sempre.

A caçula olhava para a mãe com a testa enrugada.

— Vamos morar aqui até ficar velhinhos?

— Isso, até ficarmos velhinhos.

Beijou a bochecha da menina antes de caminhar de volta para a cozinha.

Os três ficaram impressionados com a quantidade de comida que a mesa de dez lugares possuía. A ilha no centro da cozinha também tinha mais uma variedade infinita de comidas.

— Como não sabemos do que gostam, acabamos comprando um pouco de cada coisa. – Esme encolheu os ombros.

— Parece tudo delicioso – Rosalie elogiou.

— Então vamos nos sentar e aproveitar. – Carlisle incentivou.

[...]

Já se passava das dez da noite, Esme e Carlisle estavam no quarto de Alice cuidando das dores de cabeça da menina. Aquela parecia ser a oportunidade perfeita para Rosalie entrar as escondidas no quarto.

Saiu do seu quarto passo a passo e atravessou o corredor. Abriu a porta de fininho encontrando o quarto todo escuro. Se decidia em acender ou não a luz quando a voz rouca soou no pelo cômodo.

— O que foi?

— Estava dormindo? – Sussurrou.

— Quase. – Edward acendeu a luz do abajur ao lado da cama olhando para a irmã – O que você queria?

— Conversar apenas.

Ela entrou no quarto e subiu na cama dele, apreciando o colchão macio do irmão. Se acomodou na cama de uma forma que ficava próxima de Edward mas não o machucava.

— Já está sentindo falta de dormir no mesmo quarto que eu?

Ambos estavam deitados olhando o teto.

— Seria estranho se eu falasse que sim?

Virou a cabeça para poder olhar o irmão.

— Não, eu também estou achando estranho ter um quarto só meu.

— E enorme e bem decorado.

Rosalie levantou a cabeça, olhando em volta.

— Você quer dormir aqui comigo hoje? A cama cabe nós dois.

— Não, vou aproveitar o meu quarto novo, minha cama nova, minha tv nova ... eu estou achando isso tudo muito surreal.

— Eu também.

Ambos ficaram contemplativos enquanto olhavam o teto. Uma música baixa tocava pelo quarto.

— Eles são diferentes, Ed. – Rose sussurrou.

— Eu sei.

Os olhos dela estavam cheios de lágrimas e um nó se formou na garganta.

— Temos uma família. – Controlou ao máximo a voz de choro.

— Ainda é muito cedo para dizer isso.

— Não, Edward. Estamos em uma casa maravilhosa, juntos, eles ainda adotaram Alice. Eles estão muito empolgados porque estamos aqui. Isso aqui é diferente de todas as casas que vivemos antes.

— Só estamos aqui por algumas horas.

— E já foi o suficiente para ver a grande diferença. Me sinto em casa aqui, você não?

Edward deu de ombros.

— Não sei dizer, lembro muito pouco da minha vida antes dos lares adotivos.

Rosalie apoiou sua cabeça na mão quando se ajeitou para olhar Edward cara a cara.

— Preciso fazer uma pergunta muito séria para você.

— Eu já prometi que vou me comportar. – Ele revirou os olhos impaciente.

— Não é isso.

Rose mordeu os lábios receosa da pergunta mas aquilo martelava na sua cabeça desde que percebeu que aquela era uma grande oportunidade para ter uma família.

— Pergunte então.

— Você vai procurar pela sua mãe?

— Rose ...

— Não, Edward. – Ela o cortou - Eu preciso saber se você vai fugir daqui como sempre fez em todos os lares que vivemos. Sei que não fazia aquilo só porque estava insatisfeito com as casas que nos colocavam. Já te encontrei várias vezes procurando por ela.

— Não fale besteiras.

— Não minta para mim. – Foi incisiva – Eu te conheço e sei que assim que souber o paradeiro dela você vai atras.

Edward se manteve em silencio sem coragem de olhar para a irmã.

— Ela é minha mãe, Rosalie. Você entenderia se a sua ainda estivesse viva.

— Eu entendo que você tenha uma conexão com ela e que queira o bem dela mas você tem que perceber que não é exatamente isso que ela faz por você.

— Você não sabe da nossa relação.

— Ela te quis te trocar por duas seringas de metanfetamina quando você era criança e foi por essas e outras que você acabou no sistema. Sempre que ela aparece você é pego pela polícia fazendo alguma coisa ilegal para conseguir dinheiro para ela. Então eu preciso saber se você vai fazer alguma burrada que vá causar a nossa guarda e a de Alice.

— Rosalie, chega. – a irritação dele era quase palpável.

— Você precisa entender que não somos mais só nós. – ela segurou o rosto dele para que pudessem se olhar nos olhos. O olhar cheio de amor e esperança dela encara o de raiva e tristeza dele – Carlisle e Esme só tem nos dado amor e carinho. Eles estão nos proporcionando um conforto e segurança que nunca tivemos antes na vida nem com os nossos pais e você mais do que ninguém sabe disso. E eles não merecem nada menos do que a nossa gratidão.

Empurrando a mão da irmã e se virando de costas para ela, falou sucinto:

— Feche a porta quando passar.

Rosalie suspirou derrotada e se levantou sem dizer nada. Conhecia Edward bem o suficiente para saber que ele precisava de um tempo para poder digerir tudo o que ela tinha dito.

Caminhando de volta para seu quarto, presa em pensamentos, encontrou Esme saindo de fininho do quarto de Alice. Parou no meio do corredor encarando a mãe fechar a porta do quarto.

— Oi querida – Esme a saudou quando percebeu a filha ali parada – ainda acordada?

— Sim, estava conversando com Edward.

— Ele já dormiu? Queria desejar boa noite.

— Dormiu a pouco tempo e ainda me deixou falando sozinha – Resolveu mentir.

Esme sorriu imaginando a cena.

— E você está sem sono? – Rosalie deu de ombros – Quer ver um filme antes de dormir?

— Não está cansada?

— Hoje o dia foi cansativo mas ver um filme sempre é uma boa pedida para fazer o sono chegar mais rápido.

— Tudo bem se for na televisão do quarto em que estão as minhas coisas?

— É o seu quarto, querida. E não, não tem problemas em ser lá.

As duas seguiram juntas para o quarto. Esme aproveitou o momento para alongar um pouco o corpo. Alice só dormiu quando a pegou no colo.

— Está tudo bem? – Rosalie a olhou preocupada – Quer que eu chame Carl... pa ...

Coçou a orelha desconfortável em usar a nova palavra.

— Você não precisa nos chamar de papai ou mamãe se não se sentir confortável com isso. Sei que Carl disse isso mais cedo mas entendemos que vocês tinham uma vida antes de nós e uma história diferente. Além de serem maiores que Alice, a cabecinha dela ainda é diferente da de vocês e essas palavras têm um outro significado.

— É estranho. – Admitiu sentando-se na cama.

— Imagino que seja mesmo. – Esme aproveitou para se ajeitar melhor na cama.

— Eu não me lembro muito bem dos meus pais. – Resolveu contar – Eles morreram em um acidente de carro quando eu tinha quatro anos. Mas na minha cabeça eles estão em um pedestal e quando se cresce em lares adotivos as coisas são diferentes. Essa coisa de família, essas famílias de comerciais de margarina são pura invenção.

— Bom, nenhuma família é perfeita como as de comercial de margarina, isso é bem uma verdade, mas nós somos uma família agora.

— As papeladas da adoção ainda não saiu.

— Mas isso não nos faz menos família.

— Mesmo se a gente fugir de casa?

— Se vocês fugirem de casa nós vamos ficar muito preocupados e fazer de tudo para ter vocês de volta mas eu espero que isso nunca aconteça.

Rosalie fez uma rápida oração em sua cabeça para que aquilo não acontecesse mesmo. Ficaria na cola de Edward para que ele não fizesse qualquer burrada.

[...]

Esme acordou com o fino som insistente. Olhou em volta encontrando Rosalie segurando sua mão com firmeza, a televisão ainda ligada. Percebeu que acabou pegando no sono durante o filme, nem ao menos tinha trocado de roupa.

O som começou novamente e com muito cuidado se soltou de Rosalie que acordou em um sobressalto assustada. Olhou em volta e só se acalmou quando viu Esme.

— Aonde você vai? – questionou à mãe.

— Vou ver o que está acontecendo.

— Você volta?

O olhar aterrorizado da menina fez com que a resposta de Esme não fosse outra.

— Volto.

Seguiu o som e quanto mais perto ficava mais identificava o choro angustiante de Alice e a voz de Carlisle.

— Querida, Esme não está aqui. – Ele sussurrava enquanto ninava a filha.

— Estou aqui. – Esme disse ao abrir a porta.

— Esme? – Carlisle forçava as vistas para poder ver além das curvas da mulher na penumbra.

— Mamãe? – O choro de Alice sessou rapidamente.

— Oi, meu amor. – Foi ao encontro da filha a tirando com facilidade do colo do marido.

— Minha cabecinha ta doendo. – O choro da menina voltou na mesma velocidade.

— Não precisava ter vindo lá da sua casa, Es. – Carlisle sussurrou para ela.

— Eu estava no quarto de Rosalie, acabei pegando no sono durante um filme. – Uma mão de Esme foi automaticamente para as costas da filha fazendo um carinho – Você já deu o remédio?

— Sim. – Carlisle mostrou o frasco na mão – Daqui a pouco faz efeito mas ela só quer saber de você.

— Tudo bem. – Indicou com a cabeça a porta do quarto – Pode ir dormir que eu cuido dela.

— Acho melhor eu ficar caso a dor não passe.

— Você não precisa ir ao hospital amanhã? Tudo bem, eu fico aqui. 

— Eu só preciso assinar as papeladas da minha licença.

— Vai ser apenas uma semana, você deveria aproveitar para descansar e não virar a noite aqui.

O choro de Alice foi sessando gradativamente à medida que o remédio fazia efeito. A porta foi aberta por uma Rosalie receosa.

— Como ela está? – Questionou aos pais.

— Ela está bem, querida. – Carlisle garantiu – Pode voltar a dormir.

— Eu vou me deitar com Rosalie e levar Alice para dormir com a gente. – Esme anunciou.

— Não precisa ir dormir lá no quarto, só estava assustada. Não posso ficar te monopolizando. Pode ir para a sua cama, Carlisle deve ter ficado esperando você voltar.

Esme evitou olhar para o marido com o comentário de Rosalie.

— Alice não vai mexer quase nada, prometo. – Esme garantiu. – Carlisle não vai se incomodar de dormir sozinho.

Caminhou com as meninas de volta para o quarto da mais velha. Ajeitava Alice na cama quando uma leve batida na porta anunciou a chegada de Carlisle.

— Trouxe isso para você. – Estendeu um conjunto de pijamas que era uma das muitas roupas que havia trazido da sua casa para a dele.

— Obrigada. – Se aproximou pegando as peças de roupa.

Carlisle aproveitou a proximidade para depositar um beijo na têmpora da esposa.

— Boa noite. – Sussurrou para ela.

— Boa noite. – Sussurrou de volta.

— Qualquer coisa é só me chamar.

— Tudo bem.

— Não hesite. – Ele a olhou firme.

— Não vou. – Garantiu.

Fechou a porta assim que ele passou por ela. Ficou agradecida pela atenção que Carlisle teve com ela. O sorriso que não sabia que mantinha no rosto se aumentou quando se virou vendo a cena de Rosalie e Alice deitadas abraçadinhas na cama. 


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Notas finais do capítulo

Aiai, família finalmente em casa! O que acharam?



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