Holliday escrita por blindrepata


Capítulo 5
Decepções


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Me desculpem não ter postado o capítulo antes do Natal.
Espero que todos estejam bem!



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— Você não está sozinho, está? – Jane pergunta e Kurt apenas confirma com a cabeça.

— Me desculpa. – Ele fala.

— Não, não! Eu devia ter... Nossa!

— Ei, Jane... – Ele tenta falar.

— É serio, não se preocupe. – Jane se desculpa.

— Quem é, papai? – Uma garotinha de olhos claros surge por trás de Kurt deixando Jane surpresa.

— “Papai”? – Pergunta a moça.

— É, eu sou o papai. – Jane, sorri, sem palavras. – Jane, essa é minha filha, Sophie. – O rapaz apresenta a menina. – Sophie, esta é minha amiga, Jane.

— Tudo bem? – Pergunta a menininha para Jane.

— Tudo, obrigada. E com você?

— Tudo bem. – Responde a menininha. – Quer entrar?

— Não, eu...

— Oi. – Outra garotinha surge agarrada a um ursinho de pelúcia.

— Vem cá. – Kurt fala pegando a menininha no colo.

— Papai, quem é? – Pergunta a garota.

— Esta é Jane. – Explica ele. – Jane, esta é minha caçula, Olívia.

Olívia devia ter cinco anos, enquanto Sophie deveria ter uns sete. As duas eram um pouco parecidas, porém a mais velha parecia muito com o pai, enquanto a caçula, nem tanto.

— Sophie e Olívia. – Falou Jane, se lembrando dos telefonemas recebidos por Kurt enquanto estava com ela.

— Pai. – Sophie chama Kurt.

— Desculpe. Entre, Jane. – Pede Kurt depois de advertido pela filha.

— Não, eu não vou entrar... – Jane para diante de três olhares suplicantes e não resiste.

Ela se vê no interior de uma casa grande, toda decorada com tema natalino. O ambiente é organizado, porém tem algumas coisas infantis pela sala.

— Papai, podemos tomar chocolate quente? – Pede Olívia. – Com marshmallows. – Completa Sophie.

Kurt confirma com a cabeça e coloca a filha no chão.

— Pai, pegue o casaco dela. – Fala Sophie.

— Sim, por favor. – Kurt vai até Jane, pega o casaco e o pendura.

— Obrigada. – A morena agradece. – Você é casado? Responda rápido. – Pergunta Jane de forma que as garotas não possam ouvir.

— Não!

— Você parece minha boneca Susie. – Diz Olívia quando vê Jane sem o casaco. A morena vestia uma saia branca abaixo do joelho e uma blusa preta de seda.

— Obrigada. – Disse ela.

— Isso é pra gente? – Pergunta Olívia vendo a sacola que Jane trouxera.

— Sim. – A garota entrega a sacola de compras para as meninas. – Menos o vinho. – Adverte ela.

As meninas saem felizes para desvendar o que há dentro da sacola. Jane havia comprado queijos, frios e alguns salgadinhos para ela e Kurt. Jamais imaginara encontrar duas garotinhas tão simpáticas como aquelas. Ela queria matar Kurt por não ter lhe contado.

— Desculpe por não ter te contado. – Fala Kurt um pouco distante das meninas.

— Você é d-i-v-o-r-c-i-a-d-o? – Pergunta ela soletrando.

— V-i-ú-v-o. – Responde ele. – Há dois anos.

Jane se espanta por um rapaz tão jovem, viúvo, parecer cuidar sozinho de duas garotinhas e uma casa enorme.

— Jane, Você aceita tomar chocolate quente? – Oferece ele se lembrando do que as meninas pediram alguns minutos antes.

— Ah eu adoraria. – Responde ela vendo os olhares ansiosos das meninas.

Kurt as leva para a cozinha. O ambiente é muito aconchegante. Ela repara em alguns desenhos em folhas de papel e algumas fotos ao longo das paredes. A morena jamais imaginaria um momento como esse ao lado de Kurt. Ele lhes servindo chocolate quente, com duas garotinhas adoráveis em uma cozinha tão familiar. Ela não conseguia imaginar qual seria a próxima surpresa que ele guardava.

A morena presencia uma discussão entre as garos sobre quem ganhou mais marshmallows, e vê Kurt amenizar a situação entre as duas. As meninas se divertem e pedem ao pais para fazer algumas brincadeiras com as quais estão acostumadas. Kurt parece inibido perto de Jane, mas a morena o incentiva e ele faz o que as meninas pedem.

— Jane, quer saber de uma coisa? – Pergunta Sophie. – Nós temos uma tendo no nosso quarto de brincar. Quer ver?

— Não. – Fala Kurt. – Jane não vai engatinhar dentro de uma tenda.

— Você não gosta de tenda, Jane. – Pergunta Olívia.

— Gosto sim.

Havia no quarto muitos brinquedos, entre bonecas, bichinhos de pelúcia, livros, jogos de montar. Tudo o que se pudesse imaginar em se falando em brinquedos. Era uma tenda encantadora. O espaço interno era enorme. O chão era acholchoado, e o interior era revestido com renda e babados.

— Deite, Jane. Pode usar meu travesseiro. – Ofereceu Sophie.

— Obrigada.

— Pode deitar. – Pediu Olivia.

Todos se acomodaram dentro da tenda. Kurt e Jane no centro. Olívia ao lado de Jane e Sophie ao lado de Kurt.

— É lindo aqui. – Disse Jane encantada. – Quem recortou essas estrelas. – Perguntou ela apontando para o teto da tenda cheio de estrelas coloridas penduradas em barbantes também coloridos.

— Nós! – Respondeu Sophie.

— Os três mosqueteiros! – Gritou Olívia.

Fez-se silêncio no local enquanto todos contemplavam o momento. As meninas pela novidade de ter uma garota diferente em casa. Jane por ter conhecido garotas tão doces. Kurt, por ter Jane ali junto a eles.

— Jane... – Olívia a chama. – Você tem um cheiro gostoso.

— É mesmo? – Pergunta Jane.

— É sim, eu adoro perfume, mas ele não me deixa usar. – Disse a menina se referindo ao pai.

— Porque seu cheiro já é gostoso. – Fala o pai olhando para a menina.

— Sou mais velha e posso usar. – Jane fala para Olívia.

— Isso mesmo. – O pai confirma.

A conversa continua no interior da tenda. Nunca, nesse planeta, Kurt imaginara trazer uma mulher para sua casa, e muito menos, ter aprovação das meninas. Era incrível, como estavam se dando bem.

— Jane. – Chama Sophie. – Se quiser dormir aqui, tudo bem. Podemos juntar nossas camas. – Oferece a garota. – Kurt sorri sem graça diante da declaração da menina.

— Obrigada por me convidar, mas vou deixar para outro dia. Tudo bem?

— Sim.

— Aqui nunca vem gente grande que seja menina. – Declara Olívia.

— Sim. Eu adorei. – Confirma Sophie.

 

— Não imaginava alguém fazer tanto sucesso com minhas filhas como você. – Fala Kurt se aproximando de Jane que o esperava na biblioteca, localizada no piso inferior.

— Elas são maravilhosas. – Declara a mulher.

— Elas assumiram o papel de minhas protetoras. Mas não gosto muito, pois elas ficam preocupadas comigo.

— Por que não me contou sobre elas? – Pergunta Jane agora mais séria.

— Eu não falo delas para as mulheres com quem eu saio. – Explica ele. – É mais fácil ser um cara solteiro normal. É difícil ser quem eu realmente sou. – Confessa o rapaz. – Sou pai, trabalho. Sou mãe e pai. Geralmente, estou sobrecarregado e cansado. Acho mais fácil separar minha vida. Neste fim de semana elas ficaram com os avós, por isso consegui ficar com você. Eu não tenho ideia de como namorar sendo pai.

— Entendi. E como eu ia embora em uma semana, você não me contou. Eu entendo. – Fala Jane.

— Pensei que seria difícil pra elas conhecer alguém que nunca mais veriam.

— Você está certo. – Conclui a moça. – Está mais complicado do que pensamos.

— É. Eu sou um editor de Londres. Você uma produtora de Los Angeles. Somos de mundos diferentes. – Conclui ele.

— Sim. Concorda ela.

 

— Bom dia! – Tasha entra na casa de Arthur e o cumprimenta com alegria.

— Tem nove filmes estreando hoje. – Declara o homem com o jornal na mão. – Eu lembro quando eram nove por mês.

— A indústria não para, Arthur. – Explica a mulher. – Eu peguei sua correspondência. – Ela fala o entregando envelopes com algumas contas.

Ele pega os envelopes, separa alguns e atira um envelope grande direto na lata de lixo.

— Por que você fez isso? – Pergunta ela sem acreditar no que via. – É uma carta da Associação dos Roteiristas da Costa Oeste.

— Vivem me escrevendo a mesma coisa.

— Pode ser importante.

— Não é. – Fala o homem. – Querem me fazer uma homenagem. Uma noite comigo. Seria horrível.-

— Pram mim, parece ser brilhante. – Fala Tasha pegando o envelope no lixo.

— A não ser que você ache interessante subir em um palco com um andador, parecendo que tem cem anos de idade, com dez pessoas a assistindo. Não vou. Pode esquecer. – Fala ele irredutível.

— Posso abrir? – Pergunta ela e Arthur dá de ombros.

— “Uma noite com Arthur Abbot!” – Tasha lê toda a carta onde pedem para que ele confirme sua presença em uma noite especial de homenagem em agradecimento a seus feitos como roteirista. – Arthur, parece importante, e querem fazer isso logo.

O homem não fala nada, pois não sente vontade de ir à essa ‘noite de homenagem’ em sua condição.

— Olhe só. – Fala Tasha sentando em uma cadeira ao lado dele. – Com um pouco de exercício você consegue subir sozinho até lá. E eu poderia ser sua acompanhante. – O incentiva ela.

— Eu a levaria com prazer, querida, mas não vou. – Fala ele. – Mas qual seria sua proposta para me deixar em forma?

— É fácil. – Explica ela.

Tasha o leva para sua casa, ou seja, a casa de Jane e mostra para Arthur a infinidade de exercícios que pode ajudá-lo a fazer dentro da piscina aquecida. A mulher acredita que com um pouco de escorço, em poucos dias, Arthur conseguiria andar sem ajuda.

Relutante, o homem responde a carta confirmando sua presença na noite de homenagem.

Tasha passa o dia com Arthur e o policia o tempo todo para que o homem não faça uso do andador. Ela sabe que ele consegue andar, só precisa sair de seu comodismo. Ao final do dia, a morena está muito feliz por ter conseguido convencê-lo e também por ver seu progresso.

— Alô! – Fala ela atendendo o celular.

— Não vai mais voltar, irmãzinha? – Pergunta Kurt do outro lado da linha.

— Oi Kurt! Como você está? – Pergunta ela alegre em falar com o irmão.

— Estou bem e você?

Tasha conta que conheceu Arthur e explica ao irmão tudo o que aprendeu sobre o homem.

— Ele é vizinho de Jane. – Explica ela. – Aliás, você deveria ir lá conhecê-la.

— Na verdade eu já fui. – confessa ele.

— Tem outra ligação. Espere um segundo.

— Oi Tasha, aqui é Jane. – Fala a voz feminina do outro lado.

— Oi! Tudo bem? – Pergunta Tasha.

— Sim, e com você?

— Estou bem. Pode esperar um pouquinho. Meu irmão está na outra linha.

— Kurt? – Pergunta Jane.

— Sim. Ele disse que te conheceu.

— Como ele está? – Pergunta Jane que não o via desde o dia anterior.

— Bem, eu acho. Pode esperar?

— Sim.

— Desculpe, era a Jane. – Explica ela ao irmão.

— Como ela estava? – Tasha estranha Kurt e Jane fazendo a mesma pergunta.

— Bem, e me pediu para perguntar como você estava.

— Pode perguntar como ela está e vir me falar? – Pede o rapaz.

— Estou bem. Diga que estou passeando com o Tobby na vila. O que ele anda fazendo?

— Não tenho certeza. – Fala Tasha ainda confusa. – Quer que eu pergunte?

— Sim. – Jane confirma.

— Só um momento. – Tasha muda a linha do celular. – Eu não acredito que você transou com a mulher que está na minha casa! – Fala a mulher com a voz alterada.

— Ele contou pra você? – Pergunta Jane assustada.

— Oh meu Deus! Acho que a linha não mudou. – Fala Tasha assustada por Jane tê-la ouvido falar daquela forma. – Pensei que estivesse falando com Kurt. – Explica ela. – Eu sinto muito.

Tasha aperta novamente nos botões do telefone.

— Kurt, eu não acredito que você transou com Jane! Ela me perguntou se tinha homem na cidade e eu disse que não. E você foi até lá e dormiu com ela!

— Ainda sou eu. – Fala Jane do outro lado da linha.

— Me desculpe. Vou desligar e tentar ligar pra ele.

Tasha finaliza a ligação irritada e o celular toca novamente.

— Alô. – Fala Tasha chateada.

— Alô! É o Reade. Eu estou com problemas? – Pergunta ele percebendo a irritação na voz da moça.

— Oh Reade! Não. Me desculpe.

— O que vai fazer na véspera de Natal? – Pergunta ele após dar uma risada.

— Nada demais. Daqui a pouco vou até a locadora pegar alguns filmes da lista do Arthur.

— Quer companhia? – Oferece ele.

— Eu adoraria. – Responde ela feliz por ele ter oferecido.

— Poderíamos assistir juntos e chamar sua amiga e eu levaria Roman, o que acha?

— Acho ótimo.

 

Reade encontra Tasha na locadora e a surpreende com um milk shake de chocolate.

— Você está linda! – Fala Reade gentilmente.

— Obrigada. Me sinto bem. Estou me exercitando com Arthur. – Ela explica. – O que foi? – Pergunta ela quando ele ri do que ela havia falado.

— Nada. É que deve ser demais se exercitar com ele. Só estou tentando imaginar a cena.

— O exercício não é tao bom, mas... Pare de rir! – Pede ela. – Você poderia me ajudar.

Tasha explica a Reade o que está fazendo com Arthur e o rapaz se mostra muito interessado em fazer parte da preparação do homem mais velho para esse momento tão memorável.

Os dois se perdem por vários minutos enquanto o rapaz pega vários filmes explicando algo sobre a produção e a trilha sonora de cada um. Após escolherem alguns filmes.

— O que foi? – Tasha pergunta ao ver Reade congelado olhando para o lado de fora da locadora que tinha todas as paredes de vidro.

A morena vê Reade correr para fora surpreendendo Meg com um rapaz. Do interior da locadora, ela fica com o coração na mão ao ver a expressão de tristeza dele diante da confirmação do que ele já sabia.

— Por que sempre escolho a garota errada? – Pergunta Reade quando já está dentro do carro com Tasha.

— Você não tinha como saber disso.

— Eu sabia que ela não era a certa.

— Olha, você pode não acreditar, mas tenho uma história parecida com essa. Acho que nós dois temos o azar de gostarmos de uma pessoa que não gosta de nós. Reade fica em silêncio enquanto ouve a morena contar sua história.

— Você acha que está tudo bem para hoje à noite? – Pergunta Tasha com uma ponta de tristeza pela possibilidade de não conseguirem fazer o programa que combinaram. – Posso cancelar com a Patterson.

— Não. De jeito nenhum! Nós vamos fazer nossa noite de filmes. – Confirma o rapaz.

— Ok! – Fala uma Tasha sorridente.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam do capítulo? Me digam tudo o que estão pensando!
Beijos e até breve!



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