You remind me of home. escrita por Jones


Capítulo 2
But I close my eyes and I somewhere else just like magic.


Notas iniciais do capítulo

A gente começa pedindo desculpas pela demora, mas dezembro é um mês caótico para todo o professor de inglês que tem muitas pautas para finalizar T.T
Mas a boa notícia é que a fic tá terminada e os dois capítulos recentes já foram agendados! AEAEAE ♥

Obrigada a todos que estão lendo e comentando. Eu vou responder tudo eu prometo!
Agradecimentos ao projeto, a minha beta e BFF, e a Taylor Swift.



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Hermione Granger olhou para o clima lá fora, a tempestade não dava trégua. Era impossível não associar com a sua mais mórbida lembrança.

Não. Nem o seu maior inimigo deveria enfrentar rodovias escorregadias e neve incessante. Parece que estava realmente presa a Ronald Weasley, já que não era nenhum monstro. E bem, existiam maneiras piores de se passar o natal e pessoas piores para se ver presa a.

— Vinho? Whisky? - Hermione oferece com as mãos nos bolsos, andando em direção a cozinha. - Eu não preparei um jantar de natal, porque obviamente não esperava companhia.

— Você não precisa se incomodar comigo. - ele murmurou, seguindo-a até a cozinha.

O estômago de Ronald fez um barulho retumbante, como se um bicho adormecido tivesse despertado e faminto.

— Sua barriga diz outra coisa. - ela riu pela primeira vez desde que ele apareceu. - Macarrão?

— Qualquer coisa. - ele confessou com o rosto em chamas para o seu estômago que não parava de roncar. - Eu posso te ajudar.

— Eu tenho scones e yorkshire puddings na geladeira. Podemos esquentar. - ela franziu o nariz pensando no que poderia oferecer para o visitante. - Você aceita um vinho enquanto preparamos o jantar?

— Aceito. - ele murmurou, estranhando a simpatia repentina de sua anfitriã.

Ronald não queria fazer nada para estragar aquele momento de estranha cordialidade. Entretanto, enquanto o vinho o deixava mais vermelho no rosto, também o desinibia um tanto quanto demais.

— Você cozinha muito bem. - ele disse dando uma garfada no macarrão, finalizando seu terceiro prato aliás. - Minha nossa, eu estava faminto.

— Mal deu para notar. - ela ironizou, também bebendo seu vinho.

— Por que você é assim? - Ronald disse antes que seu cérebro levemente alterado pudesse pensar em filtrar suas palavras.

— Assim como? - ela semicerrou os olhos.

— Você mora numa fazenda de árvores de natal. - o rapaz disse como se estivesse falando a maior das obviedades. - E age como se tivesse roubado o natal.

— Você está me chamando de Grinch?

— Eu esperava que você não pegasse a referência. - ele murmurou para si mesmo.

— Quando sua referência é um livro infantil do Dr. Seuss... Não é tão difícil. - ela cruzou os braços.

— Eu estava pensando mais no filme do Jim Carey. - Ronald também cruzou os braços.

— Eu te faço um jantar e você me insulta na minha casa. - ela franziu os lábios. - E ainda referencia o filme e não o livro.

— Um jantar maravilhoso, eu devo acrescentar. - ele murmurou novamente, dessa vez lembrando-se de parecer envergonhado. Não foi a educação que Molly Weasley deu para ele. - E você é mais bonitinha que o Grinch.

— Bonitinha? - ela murmura, mas o tom rosado chega a suas bochechas e ela mal consegue disfarçar ou colocar a culpa no vinho. - Bonitinha é feia arrumadinha.

— Minha mãe costuma dizer isso. - ele ri e percebe que ela está reprimindo um sorriso também. - Eu estou sendo injusto, grinch. Você é linda.

— E você bebeu demais.

— E você não aceita elogios.

— E você tem zero tato.

— E você mora numa fazenda de árvores de natal sem uma meia na lareira, sem um pisca-pisca. E MEU DEUS, sem uma árvore de natal.

— Alguém já te disse que você é levemente intrometido? - Hermione girou os olhos. - E que a gente não deve consumir produtos do nosso próprio estoque?

— Uma árvore. Numa fazenda de árvores. No natal. - ele imitou o movimento de girar os olhos.

De supetão ele se levantou. Colocou o casaco que estava pendurado atrás da porta e as luvas.

— O que você está fazendo? - ela se levantou enquanto ele abria a porta para o frio congelante do lado de fora.

— Te comprando uma árvore. - ele encolheu os ombros. - Você aceita cartão de crédito?

— Estamos no meio de uma tempestade. - ela arregalou os olhos. - E você não me parece uma pessoa que saiba cortar uma árvore de natal, sem ofensas.

— E você sabe, Grinch?

— Eu tenho funcionários. - ela girou os olhos novamente. - E obviamente que eu sei, eu tenho uma fazenda de árvores de natal.

Hermione não sabia o que a motivou, se era o sorriso embriagado de seu "não-convidado", o desafio que despertava em si a mais competitiva das criaturas ou as lembranças de quando ela não via o natal com tanto cinismo. Quando seus pais escolhiam uma árvore da sorte e a levavam para a sala de casa antes do natal e a enfeitava com uma quantidade absurda de bolas, estrelas e sininhos que faziam barulhinhos a cada vez que o vento soprava.

E lá estava ela, na temperatura negativa com um completo estranho cortando a pior árvore de natal de sua fazenda. Aquela minúscula que ninguém quis e que sobrava sozinha no meio do seu campo de árvores.

— Não é a mais vistosa, mas eu meio que gosto dela. - Ronald murmurou enquanto carregava a árvore em direção a casa. - Me lembra você.

— Ah, obrigada. - ela murmurou ironicamente. - Grinch, bonitinha e nada vistosa.

— Não foi o que eu quis dizer. - as orelhas dele tiveram a decência de ficarem vermelhas e sua voz um pouco tímida. - Eu quis dizer que é uma árvore que pode se beneficiar de um pouco do espírito natalino.

— Entendi. - ela olhou para os próprios pés. - Nem sempre foi assim, sabe?

Ele ficou em silêncio esperando que ela continuasse a falar. Hermione abriu a porta de casa e deixou Ronald e seus sapatos cheios de neve entrarem em sua casa. Jogou mais lenha na lareira para esquenta-los e sumiu por alguns minutos.

Ronald começou a andar de um lado para o outro preocupado com o fato de que mais uma vez tinha metido os pés pelas mãos e falado a coisa errada logo agora que eles estavam se dando bem. E ele gostava dela, por incrível que pareça com as coisas esquisitas que saiam de sua boca... Talvez ele precisasse de ajuda profissional para aprender a diferenciar um flerte de um insulto.

Ela era bonita, de um jeito inclusive injusto. Era beleza demais. Ronald não tinha certeza de que ele tinha visto alguém tão bonita, mesmo com os cabelos bagunçados e um suéter com moletom. Obviamente tinha o fato de que ela era inteligente, era claro pela quantidade de livros organizados maravilhosamente pela casa... E ainda tinham os comentários rápidos curtos e irônicos.

Ela era encantadora, ao mesmo tempo que não era.

Quando ela voltou a sala, tinha os olhos vermelhos e uma caixa grande escrita: enfeites de natal.

— Às vezes eu fecho os olhos e eu estou em um lugar diferente, como num passe de mágica. - ela sorriu, com as lágrimas caindo devagar em seu rosto. - E o engraçado é que este lugar é aqui.   Anos atrás.

Ronald luta contra a vontade que tem de se aproximar dela e secar as lágrimas de seu rosto. Se contenta com chegar mais perto e deixar seus dedos da mão encostarem-se aos dela, enlaçando seus dedos mindinhos e evitando olhar para o rosto dela. Ela não afasta os dedos dos dele.

— As pessoas costumavam vir aqui, não só comprar suas árvores de natal, mas dançar sob as luzinhas coloridas enquanto meu pai tocava violão. - ela sorriu com a lembrança. - Todo mundo empacotado com seus casacos e luvas, tomando cidra... Laços, fitas, enfeites...

Pela primeira vez ele não precisou perguntar para saber o que fez tudo mudar. Até ele distraído quanto fosse, meio alheio aos sentimentos alheios e dicas sociais, sabia que a partida dos pais dela tinha transformado tudo.  Se nem ele, com seis irmãos e cunhado, cunhadas, sobrinhos e etc, sabia o que faria se perdesse Arthur e Molly, imagina Hermione cuja única família eram os pais.

— Foi um acidente de carro, numa nevasca como essa. - ela respondeu a pergunta silenciosa. - E por incrível que pareça, na véspera de natal... Eles foram socorrer uma vizinha e bem, o vizinho mais próximo está a quilômetros daqui. E eu estava longe, na faculdade. Eu nem disse adeus.

Ronald não sabia o que fazer quando pessoas choravam perto dele. Por mais que parecesse, não era insensibilidade. Talvez fosse sensibilidade até demais, já que ele não sabia o que fazer com as mãos e tinha vontade de chorar também... Mas se chorasse também, o quão vergonhoso seria? Prendeu as lágrimas apertando os olhos e decidiu colocar toda a mão sobre a dela, tentando oferecer algum tipo de apoio.

— Você quer enfeitar a árvore? - ele perguntou, tentando mudar de assunto e ao mesmo tempo fazê-la sorrir. - Eu não conheci seus pais, mas acho que o natal parecia ser o feriado favorito deles.

— E era. - ela sorriu triste. - Deve ser por isso que eu nunca consegui viver isso tudo novamente.

— Você é bonita e generosa demais para passar os natais tristes. - Ronald disse de maneira honesta antes que pudesse pensar. Ele percebeu que estava fazendo isso mais que o normal essa noite.

— Sou? - ela sorriu timidamente.

— É... Quer dizer... Você sabe. - ele coçou o cabelo e se virou para o pinheiro não enfeitado, esperando que ela não tenha notado seu rosto completamente vermelho.

Hermione conseguia ver suas orelhas acesas e sorriu um pouco mais confortável. Eles arrumaram a árvore enquanto bebiam mais garrafas de vinho e conversavam amenidades e coisas sem sentido, ouvindo músicas natalinas.

E levemente alterada pelo álcool com o maior sorriso no rosto dos últimos anos de sua vida, ela pensou: talvez ter uma companhia no natal depois de tanto tempo não fosse uma coisa ruim.

Não era uma coisa ruim mesmo.


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Notas finais do capítulo

FELIZ NATAL ATRASADO ♥



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