Ad Redemptio escrita por Glasya


Capítulo 1
O Jogo


Notas iniciais do capítulo

Hades e Perséfone escolhem seus alvos...



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— Perséfone! Essa é a ideia mais diabolicamente divertida de todas, você é um verdadeiro geniozinho do mal! — Exclamou Hades, atônito. —  Oh, e como eu AMO esse seu lado cruel!

 

Imediatamente tomou sua esposa nos braços e rodopiou com ela, a beijando apaixonadamente.

 

— Aprendi com o melhor! —  A deusa da primavera sorriu sugestivamente enquanto corria os dedos pelo queixo e pescoço de seu marido, se aproximando novamente para outro beijo, um pouco mais contido.

 

— Não, é sério! De todas as suas ideias, botar mortais pra caçar um tesouro imaginário é só fantástica! Um outro nível de maldade! Eu mal posso esperar pra ver isso, vai ser tão divertido!

— Que ótimo que está empolgado, meu amor! — Perséfone se afastou a passos ágeis, tomando nas mãos o Livro dos Mortos. — Vejamos, primeiro precisamos selecionar dois mortais ambiciosos e orgulhosos. Quanto mais orgulhosos, melhor… mas eles têm que ser inteligentes. Espertos, no mínimo. Então esqueça idiotas como Gaston.

 

— Certo, certo… Droga, eu gosto do Gaston, ele é um cara engraçado. Adoro ver ele fazendo burrada nos nossos joguinhos! Ha!

 

—  Entendo. Mas para este joguinho em especial, temos que ser um pouco mais… Seletivos. — Perséfone virou as páginas do livro avidamente por alguns segundos até finalmente parar. — Que tal ele?

 

— Hm? — Hades se aproximou de Perséfone novamente e se inclinou sobre seu ombro para olhar o livro. — Claude Frollo? Por que? O cara é o tédio em pessoa! Um desgraçado piromaníaco cheio de culpa cristã, nada divertido.

 

— Sozinho ele é bem tedioso, de fato. Mas isso o faz a contrapartida perfeita para… — Ela virou mais uma página do livro — Ela.

 

— Esther Gothel… É, eles podem bater um papo sobre trancar crianças em torres, né?

 

— Ela é inteligente, manipuladora, exímia mentirosa, fisicamente mais forte do que aparenta e além de tudo uma feiticeira muito talentosa. Tudo o que nosso pequeno ministro da justiça mais teme em mulheres.

 

Mulheres são o que ele mais teme em mulheres. 

 

— Por outro lado, ele é metódico, academicista, orgulhoso, hipócrita e arrogante. Tudo o que ela mais despreza em um homem.

 

— Todo homem é desprezível.

 

— Ambos buscam vida eterna, mas de jeitos diferentes. Uma busca por juventude, o outro por canonização… Nada que não possa ser conquistado através de uma mítica relíquia mortal chamada "pedra filosofal". Tudo o que temos que fazer é dizer a cada um que o objeto está em posse do outro, e assistir de camarote os bastardos se degladiarem por um mito.

 

— Persie, sua malvada! — Hades pôs uma mão sobre o peito fingindo indignação, mas sua encenação irrompeu em uma gargalhada. — Já disse que eu amo a sua crueldade de inverno?

 

— Já sim! Agora vejamos, para que lugar no tempo e espaço deveríamos enviá-los...? Oh, que tal para o castelo do Fera?

 

— Err… Bem, sabe, Persie meu bem… É melhor mantermos eles onde poderiam ter estado em vida. A gente não pode correr o risco de chamar a atenção pro que estamos fazendo… Se Zeus descobre, estamos ferrados.

 

— E desde quando você tem medo do seu irmão?

 

— Eu não tenho medo dele, eu só não quero ele enchendo o meu saco, sabe como é né…

 

— Amor, eu já limpei a sua barra uma vez, eu posso limpar de novo. Quem não escutaria as palavras da doce deusa da primavera?

 

— Eu sei, eu sei, minha plantinha carnívora… E eu agradeço muito por isso, mas sabe, uma temporada no Tártaro não é a minha primeira escolha pra umas férias.

 

— Tudo bem… — Perséfone bufou, não fazendo questão de esconder sua frustração. — França ou Alemanha, então.

 

— França.

 

— Oh, eu esperava ver um velho rico tentar se virar na mata…

 

— Hahaha! Gothel ia comer ele vivo! Ia dar até pena… Mentira, não ia não. Mas eu gosto de ser justo, a única vantagem do cara é o dinheiro, se tirar isso dele fica fácil demais pra ela… E a gente quer o conflito, o drama!

 

— “Gosto de ser justo”, essa foi boa… Que maneira sutil de dizer que você está com pena dele. — Perséfone passou os braços ao redor do pescoço de Hades, fechando o livro. — Parece que você está amolecendo… Espero que eu não tenha nada a ver com isso…

 

— Eu? Amolecendo? — Hades tomou o rosto da esposa entre as mãos e aproximou seu rosto até que seus narizes se tocassem, balançando a cabeça para que se esfregassem um no outro. — Nunca, minha florzinha espinhosa das planícies selvagens… Na verdade, você me tornou ainda pior.

 

— Ah, você sempre vai ser meu malvadão… — Perséfone sorriu e selou os lábios do marido com um leve beijo, se afastando logo em seguida. — Certo, então mande-os para a França, século quinze. Você busca Esther, eu busco Claude… Onde ele está, a propósito?

 

— Ele fica o dia todo na Praia das Almas Perdidas, rezando como se isso fosse adiantar de alguma coisa. Ele acha que tá no "purgatório" ou sei lá o quê. Acredita que ele uma vez me chamou de diabo? Há! Eu, o Deus do submundo, comparado a um mero diabo! Absurdo!

 

— Oh, meu bem… Não fique assim, o diabo não passa de uma historinha de ninar se comparado a você!

 

— E não é? Afinal eu sou-

 

— Agora, ao trabalho. — Perséfone abanou as mãos, instigando Hades e tomar seu rumo em direção ao alvo. — Nos encontramos aqui em meia hora… Que comecem os jogos! HAHAHAHAHA!


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Notas finais do capítulo

O Corcunda de Notre-Dame se passa no século XV enquanto Enrolados no século XVIII... Teoricamente seria impossível para os personagens de ambas as histórias coexistirem, mas além da *magia divina* operando, ainda tem o fato de Gothel ter, no mínimo, 400 anos segundo sua página da fandom wikia (a propósito, o vestido usado por ela durante o filme é ainda mais antigo, datando do século XIII). Então, tecnicamente, ela poderia ter estado em vida na França do século XV.



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