A Criança do Labirinto escrita por Daniela Lopes


Capítulo 4
Mudança de planos


Notas iniciais do capítulo

O romance continua e a proposta de Helen ao italiano faz a moça sonhar mais longe.
Próximo de alcançar seu objetivo, Jarod faz os últimos preparos para o que viria a seguir. A mulher humana saberia em breve porque foi escolhida.



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Aquela terceira semana se resumiu em trabalho, passeios no fim de semana e Helen estava cada dia mais envolvida com os preparativos do futuro casamento. Numa sexta-feira, depois do trabalho, saíram para dançar e beber. Por volta das três da madrugada, seguiram para tomar um táxi pra casa, quando um homem estranho abordou os dois com uma faca. Pediu dinheiro e a bolsa de Helen, mas Jarod o enfrentou.

            Helen viu quando o sujeito tentou esfaquear o italiano e quando este rechaçou cada golpe, desarmou o ladrão e o atingiu com uma série de socos, fazendo o mesmo fugir, ferido e assustado.

Encostada no muro, Helen segurava o rosto entre as mãos, muda de medo e emoção, quando Jarod caminhou até ela, agitado e felino. Ela tocou o rosto e ombros dele:

—Você... Oh, céus! Está ferido? Aquele homem horrível veio do nada e...

            O silêncio de Jarod calou-a. As mãos dele seguraram os pulsos dela e o corpo dele prensou-a contra a parede. Sua boca buscou a dela com urgência:

—Helen... Eu a quero agora!

            Puxou o vestido da mulher até a altura de cintura. Sem esforço, ele abriu o zíper da calça e afastou a calcinha dela. Tomou-a ali mesmo, apoiados no muro, na semi escuridão da rua. Ela gemeu na boca do estrangeiro, moveu seu corpo no ritmo frenético dele e apoiou-se em seu ombro, enfraquecida, quando a explosão de prazer tomou conta de ambos.

            Ajudando a mulher a se recompor, ele abraçou-a:

—Desculpe... Isso foi intenso. Eu não devia...

—Foi incrível...

            Ambos riram e pouco depois, estavam num táxi a caminho de casa, onde tomaram banho juntos e caíram no sono momentos depois. O sábado foi preguiçoso, onde passearam no parque da cidade, foram ao cinema e depois ficaram em casa jogando cartas, algo que Jarod percebeu ser péssimo e Helen vencer todas as partidas. No domingo, Helen trabalharia até 13 horas, então deixou Jarod adormecido e saiu pesarosa. Cada vez mais queria estar ao lado dele, sentir o abraço dele, sentir-se amada por ele.

            Helen saía do trabalho quando viu Jarod esperando por ela no estacionamento. Ela sorriu ao vê-lo:

—Oi!

            Ele sorri de leve e pegou-a pela mão:

—Vamos dar uma volta?

            Ela segurou a mão dele e caminharam juntos, em silêncio. O toque de Jarod era suave, mas o corpo dele parecia tenso. Pensativa, ela apenas andava ao lado dele e quando chegaram a uma praça quase deserta, ele parou e virou-se:

—Helen.

            Ela recebeu o olhar dele e sorriu:

—Está misterioso...

—Eu... Quero te dar uma coisa...

            Ela o viu tirar um saquinho de tecido preto, surrado e encarou-o. Ele segurou a mão dela e depositou um pingente estranho, redondo e parecendo antigo. Era um metal escuro mesclado com dourado, suspenso por um fino cordão de seda trançado. No centro do pingente havia um estanho desenho em alto relevo, semelhante ao símbolo do infinito mesclado a um arabesco que poderia lembrar as voltas de um labirinto.

            Helen olhou o objeto em sua palma e sorriu:

—É lindo!

            Jarod olha o rosto de Helen por um longo tempo, analisando as feições dela, observando a reação dela ao ter o colar na mão. Por fim ele fala:

—É antigo sim... Talvez tão antigo quanto esse mundo. Eu quero que use isso todo o tempo. Não tire por nada, nem durante o banho.

            Ela o olha e toca o rosto dele:

—Está apreensivo... Aconteceu alguma coisa?

—Não é nada... Só quero que se lembre de mim quando não estivermos perto um do outro...

            Ela sorri:

—Não é difícil fazer isso... Obrigada por esse presente!

            Ele a abraça e fala:

—Está com fome? Vamos comer em algum lugar ou prefere que eu prepare alguma coisa?

—Te ajudo na cozinha!

            Dali eles seguem para a casa de Helen, onde prepararam o almoço e depois ficaram deitados no sofá da sala, abraçados e silenciosos. Helen olhava o pingente e esfregava o polegar no desenho. Jarod observava o comportamento dela, enquanto sentia cada vez mais necessidade de voltar ao seu reino.

            Naquela noite, fizeram um passeio pelas ruas tranquilas do bairro onde Helen morava. O vento soprava forte, como se uma tempestade estivesse a caminho. De volta ao apartamento, Jarod aproximou-se da mulher e falou:

—Preciso voltar ao hotel onde me hospedei. Esqueci uma coisa lá.

—Vou com você e...

—Não é preciso. Quero que descanse agora. Não vou demorar...

            Ele a ergue nos braços e segue com ela até o quarto. A deita com cuidado e acaricia os cabelos dela, beijando seu rosto e sua boca com beijos curtos. Ela riu e fechou os olhos, recebendo aquelas carícias até que caiu no sono, encolhida e aquecida no abraço do estrangeiro. Ele parou e afastou-se devagar. Ergueu a mão e esta brilhou sobre o corpo de Helen.

            Jarod fechou os olhos e murmurou estranhas palavras. Sorriu e falou:

—Está feito...

            Ele saiu do quarto e olhou tudo ao redor. Abriu os braços e voltou a ser o Rei goblin Jareth. Seguiu até a janela, abriu-a e saiu por ela em forma de coruja. Ganhou o céu noturno e desapareceu sem deixar vestígio.

            Durante a semana que se seguiu, Helen visitou todos os hospitais mais próximos e delegacias de polícia. Levava alguns pertences de Jarod e seus documentos para que algum investigador tivesse por onde começar. O sumiço do namorado deixou a mulher desesperada, recordando-se da noite que viu o mesmo sendo agredido por um grupo de arruaceiros. A ideia de que ele poderia ter sido atacado daquela forma encheu o coração da jovem de terror. Sabia que existiam pessoas em seu país que odiavam estrangeiros e não se importavam em externar isso da pior forma.

            Um investigador estava à frente do caso, buscando saber sobre o estrangeiro e seus passos até ali. Numa dessas buscas, ele informou a Helen o que ela não esperava descobrir:

—Senhorita McVeigh... Eu preciso saber detalhes sobre seu relacionamento com o desaparecido.

—Somos namorados. Ele... Trabalhava num restaurante vizinho ao meu e...

—Esse homem não existe. Não há registro dele na embaixada italiana, as digitais não batem com nada que exista em arquivo. Um conhecido meu cruzou dados com a suposta cidade natal desse rapaz e nada foi localizado. O nome Jarod Crestani não existe, o que me leva a crer que esses documentos podem ser uma falsificação perfeita, quase impossível de detectar. O que me deixa encucado é que não há registro da saída dele de lugar algum, não deixou o país, não há cadáver. Nenhuma câmera, nenhuma testemunha... É como se ele nunca tivesse existido! Ele... Levou alguma coisa de você ou de sua casa? Pediu dinheiro ou...

—Não! Ele nunca me pediu nada! Estávamos pensando em casamento para daqui a alguns meses e ele me deu um colar antes de desaparecer!

            O policial analisou a joia e falou:

—Talvez essa joia possa nos dar uma pista. Gostaria de fotografá-la, se não for problema pra você...

            Ela tira o objeto do pescoço e espera o policial voltar da sala do perito criminal. Pouco depois, ele retorna e entrega o objeto:

—Feito! Aguarde que entraremos em contato e se ele aparecer, nos avise, sim?

—Está bem! Está bem! Por favor, me dê alguma resposta assim que tiver algo.

            Ela sai da delegacia e retorna ao trabalho, trabalhando mecanicamente, sentindo-se abatida e temerosa por alguma má notícia. O patrão de Jarod lamentou o sumiço do rapaz e pediu Helen que o mantivesse informado. Os colegas de trabalho davam apoio para que ela ficasse tranquila, mas isso não ajudava muito.

            Vinte e dois dias haviam se passado. Helen trabalhava fazendo horas extras para não ficar sozinha em casa. Preferia chegar e cair de sono na cama, evitando pensar na ausência do namorado. Durante esses dias, sentia-se cansada e enjoada. Tudo o que comia parecia não cair bem e ela achou que estava doente. Procurou Manoela para buscar uma orientação e a enfermeira sorriu:

—Já pensou na possibilidade de estar grávida?

            Helen riu:

—Lembra que eu não posso ter filhos? Mesmo que eu quisesse, seria um processo longo e eu não tenho todo o dinheiro para começar um tratamento... Aquele miserável do meu ex-marido teve a ousadia de me dar um calote!

—Ainda bem que é passado, querida. Como estão as buscas pelo italiano bonito?

            A jovem suspira:

—Nada ainda... Eu... Fico especulando se ele decidiu... Voltar para seu país. Ou quem sabe era um agente disfarçado em missão e precisou deixar tudo e fugir!

            Manoela riu e abraçou Helen:

—Ele vai aparecer, querida! Tenha fé!

            Helen fecha os olhos:

— Só quero que ele esteja bem, Manoela... 

Continua...


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Notas finais do capítulo

O sumiço repentino do noivo torna os dias de Helen um inferno, enquanto isso ela sente que está diferente. O que poderia ser?



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