A Criança do Labirinto escrita por Daniela Lopes


Capítulo 3
O Estrangeiro


Notas iniciais do capítulo

As coisas começam a esquentar.
Helen está cada vez mais envolvida com Jarod, ma não sabe o que está por trás da inocente fachada do estrangeiro.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797624/chapter/3

No dia seguinte, Helen acorda no horário certo e sentiu-se descansada, apesar de dormir tarde da noite. Preparou um café da manhã e deixou na mesa de centro da sala com um bilhete e o número de telefone do trabalho. Saiu para o ponto de ônibus e trabalhou durante todo o dia como se estivesse ligada numa tomada, tamanha a sua energia.

Também parecia aérea às conversas ao seu redor e quando o expediente terminou por volta da 21 horas. Saiu como um foguete, tomando o primeiro ônibus que passou para casa.

            Dentro do ônibus, avaliou tudo o que aconteceu até ali e tocou a cabeça, se dando conta de que Jarod era um completo estranho, cuja índole ela não conhecia e o risco que correu deixando que ele pernoitasse em sua casa, a fez pensar que havia perdido o juízo. Esperando encontrar a casa saqueada, ela se deparou com a mesa da pequena copa arrumada e Jarod no fogão, de avental e completamente à vontade com o que fazia.

            Desarmada pela cena, ela ficou um tempo parada na entrada, quando ele se virou e sorriu:

—Olá! Fiz espaghetti!

            Helen foi à geladeira e pegou um vinho que ganhara no natal passado e nunca teve vontade de abrir. Sentou-se, serviu a bebida e foi servida de uma suculenta macarronada, para em seguida terminarem bebendo toda a garrafa.     

            Aquecidos pela bebida e satisfeito pela comida saborosa, decidiram sair para a rua, caminhando devagar, enquanto conversavam sobre coisas triviais. Jarod narrava suas viagens pelo mundo até decidir viver na Irlanda definitivamente. Trabalhava em lugares diferentes por pouco tempo, sempre fugindo da polícia de imigração, sempre conseguindo se virar com pouco dinheiro ou nenhum. Helen ouvia suas histórias com o coração acelerado e se perguntava por quê.

            No caminho de volta ao apartamento, ela perguntou:

—Jarod... Eh... Sei que é algo que você não gostaria de recordar, mas quem eram aquelas pessoas que te agrediram?

            Ele suspirou:

—Queriam dinheiro ou drogas... Quando descobriram que eu tinha muito pouco, me bateram. Posso dizer que já aconteceu antes, mas dessa vez eles realmente tinham a intenção de me matar. Você salvou minha vida. Sua coragem salvou minha vida... Não me conhece e me recebeu em sua casa sem perguntas ou desconfiança. Eu... Realmente não sei como te agradecer.

            Ela sorri e coloca os braços para trás:

—Já me recompensou com um jantar maravilhoso! Onde aprendeu a cozinhar?

—Trabalhei em restaurantes e bares... No momento estou procurando emprego e...

            O rosto de Helen se ilumina:

—Oh! Tem um bar na galeria onde trabalho que precisa de funcionário... Se quiser marco uma entrevista, mas antes precisa ficar livre dessas manchas roxas pelo corpo!

            Ele sorri e balança a cabeça:

—Ok. Está tarde. Vamos entrar?

            Jarod lavou a louça e guardou tudo. Helen arrumava a cama para ele, que entrou no quarto:

—Já posso dormir no sofá e...

—Negativo! Você ainda é um paciente e não pode abusar da sorte.

—Não acho certo que durma no sofá. Precisa estar descansada para o trabalho e...

—Tenho dormido tão bem nos últimos dias e... Bem, há anos sofro de insônia. Vai entender!

            Ele sorri e se senta na cama:

—Então vou dormir agora. Boa noite.

—Boa noite e obrigada pelo jantar!

            Ele acena e ela fechou a porta atrás de si. Trocou de roupa e deitou-se no sofá, pensando no jantar e na presença de Jarod ali. A ideia de conseguir um trabalho para ele na mesma galeria que ela surgiu do nada e ela sentiu-se estranha. Estava forçando a barra? Talvez ele tivesse outros planos e não quis fazer-lhe uma desfeita se recusando.

            Naquela semana, Manoela voltou duas vezes ao apartamento de Helen e examinou Jarod. Trazia os resultados dos exames e informou que tudo estava bem com ele, sem infecções ou qualquer outro tipo de doença, o que acalmou Helen. A enfermeira espantou-se com a recuperação do rapaz e analisou o comportamento de Helen perto dele. Era visível que a moça estava interessada no estrangeiro e ele parecia afeiçoado à ela. Manoela caminhava até o passeio quando se virou para Helen e disse:

—Como se sente, querida?

—Em... Que sentido?

—Em relação ao rapaz.

            Helen olha os pés e sorri:

—Ele é uma pessoa legal. E apesar de sua história de vida conturbada, eu estou surpresa o quanto é cavalheiro e inteligente...

—Ele nunca...

—Não! Ele...

            O rosto de Helen fica corado e ela suspira:

—Pareço uma adolescente boba, não é?

—Não, querida... Parece alguém que esperou muito tempo por alguma coisa boa acontecer.

            Helen abraça Manoela:

—Obrigada por sempre estar por perto.

—Disponha, menina... Boa noite!

            Helen vê a enfermeira atravessar a rua e voltar pra casa. Retorna ao seu apartamento e chama por Jarod. O silêncio a deixa preocupada e ela bate na porta do quarto:

—Olá? Posso entrar?

            Não há resposta e Helen abre devagar, se deparando com o italiano deitado na cama semi atravessado, o antebraço cobrindo os olhos e a camisa aberta no peito. Helen coça a nuca e pensa que ele não podia ficar naquela posição e decide ajudá-lo, mesmo dormindo. Ela se aproxima e puxa as pernas dele devagar, ajeitando o corpo dele no colchão, afastando as cobertas e tirando os sapatos dele, para em seguida ajeitar o travesseiro sob a cabeça do rapaz. Ela estava inclinada sobre ele, sentido a respiração quente em sua face.

            Ela analisa aquele rosto agora querido e se afasta devagar. Jarod parecia confortável e ela saiu do quarto, pensando na semana que terminava. Ele estava se recuperando e logo, certamente voltaria para seu lugar ou para alguém. A ideia fez Helen sentir-se estranha e ela sentou-se no sofá imaginando Jarod sorrindo para uma garota, bonita com certeza, descolada e livre.

            Helen esfregou o rosto com as mãos e murmurou:

—Pare com isso! Você não tem o direito de sentir... Ciúme dele.

            Ela recosta no sofá e fecha os olhos. Não queria admitir que estava afeiçoada ao italiano e gostaria de tê-lo por perto por mais tempo. No dia seguinte, ela deixou o café da manhã pronto e um bilhete desejando um bom dia ao seu hóspede. Ela procurou o gerente da galeria e agendou uma entrevista para Jarod, explicando a situação delicada dele sobre a questão da imigração e o homem questionou se ela confiava no candidato. Helen analisou a pergunta e disse que sim.

            Marcada a entrevista, ela correu pra casa no fim do dia e encontrou a mesma trancada e vazia. Helen olhou cada canto e tudo parecia normal, exceto pela ausência do rapaz. Ela suspirou e sentou-se na cama:

—Ele... Oh, céus! Que sensação estranha. Acho que foi melhor... Ele não poderia permanecer aqui indefinidamente e eu não podia mantê-lo contra a vontade se nós...

            Helen sente o rosto aquecer e os olhos se encherem de lágrimas. Ela abraça o travesseiro e chora em silêncio. Voltaria a ser uma solitária cuja rotina consistia num trajeto monótono de casa para o trabalho e vice-versa.

            Adormeceu ali mesmo e não percebeu a porta da sala se abrir. Tampouco ouviu quando a porta do quarto afastou-se e olhos brilhantes a observaram no escuro do cômodo. Mãos gentis tiraram seus sapatos e a cobriram com um edredom quente. Dedos longos acariciaram seu rosto levemente inchado pelo choro.

            O silencioso invasor saiu dali e foi até a cozinha. Guardou alguns alimentos na geladeira e sentou-se no sofá, desfrutando do silêncio e escuridão da sala. Ao redor dele, três esferas de cristal rodopiavam e mostravam imagens de um reino rodeado por um imenso e terrível labirinto. Tudo caminhava conforme planejava. Tudo seria como ele queria dali pra frente. Nada sairia do seu controle como da outra vez, quando uma jovem humana o enganou e brincou com seus sentimentos.

            Sentado no sofá, a forma humana de Jarod tornou-se a figura imponente e arrogante de Jareth, o Rei goblin. Ele olhou ao redor e suspirou:

—Humanos se cercam de toda sorte de quinquilharias. Não me admira que tenham tanta coisa e no fim não possuam coisa alguma. Patéticos...

            Nisso, ele ouviu um barulho vindo do quarto e transformou-se de novo no italiano. A porta abriu e Helen saiu, sonolenta e cambaleante. Ela seguiu para a cozinha e bebeu um copo de água, mecanicamente. Então ela virou a cabeça de volta, devagar, na direção de Jarod, parado de pé no meio da sala, olhando para ela.

            Ela deixou o copo cair no chão com um baque surdo e correu até ele, abraçando o rapaz de uma vez e com força, fazendo-o recuar alguns passos. Ele segurou-a e riu:

—Ei! O que foi?

            Ela apertou-o nos braços e falou com voz embargada:

—Achei que... Você tinha ido pra sempre e que nunca mais ia te ver e... Oh, céus! Desculpe! Desculpe!

            Ela se afasta, envergonhada, mas ele a segura de volta e diz:

—Voltei ao hotel onde deixei minhas coisas. Se vou a uma entrevista de trabalho, preciso de roupas e documentos, não?

            Ela ri, ainda abraçada por ele, sentindo-se tola e feliz na mesma proporção. Ele afagou seus cabelos e murmurou:

—Você chorou por minha causa?

            Ela escondeu o rosto no ombro dele e riu:

—Fiquei preocupada! Eu... Pareço uma tola por isso... Não tenho o direito de...

            Ele se afasta e a olha por um momento:

—Eu fico feliz que alguém sinta minha falta ou chore por eu não estar por perto. Sono un uomo fortunato per avere il tuo cuore...

            Helen sente o corpo aquecer e o coração acelerar. Ainda segura nos braços dele, ela baixa olhar e sorri, adoravelmente encabulada pela repentina intimidade daquelas palavras:

—Isso foi... Eu não entendi nada das últimas palavras que disse, mas foi a coisa mais bonita que já ouvi de alguém.

            Jarod segura o rosto dela entre as mãos e se inclina:

—Vai entender agora...

            A carícia dos lábios dele envolve a boca de Helen. Ela não resiste ao contato e ergue os braços, envolvendo o pescoço dele e estreitando-o contra seu corpo trêmulo. A doçura e sensualidade daquele momento era algo que ela não esperava encontrar, após tanto tempo, em alguém praticamente estranho. Ele abraçou-a com força, sentindo-a entregue, totalmente à sua mercê. Ela confiava nele e isso era bom. Seus planos estavam seguindo a direção desejada e não havia como voltar atrás.

            O Rei goblin se vingaria do mundo dos humanos, de Sarah. Ele teria seu prêmio e naquele momento decidiu desfrutar do que Helen oferecia. Ergueu-a nos braços e ainda com seus lábios nos dela, seguiu para o quarto, onde depositou a mulher com cuidado na cama.

O rosto e colo dela estavam corados, as pupilas dilatadas, o coração acelerado e a pele quente dos braços transmitiam a ele tudo o que ela sentia naquele momento. Jareth, transmutado no humano Jarod, conhecia os sinais de atração física e mais além. Conhecia o desejo e o que o movia. Estar na companhia da mulher humana não seria novidade para ele, que conhecia os encantos das ninfas e fadas do mundo feérico.

Helen analisou o rosto do estrangeiro e sorriu. Ele deitou-se devagar sobre ela, segurando seus pulsos e levando os braços dela para cima, ao lado de sua cabeça. Ele beijou-lhe o pescoço e o queixo e a jovem suspirou, permitindo que os lábios dele provassem sua pele. Mais uma vez se beijaram e Jarod desabotoou a blusa dela devagar, torturando-a com sorrisos e olhares, parecendo dizer que o prazer não poderia ser apressado.

Quando já estavam despidos de suas roupas, Jarod segurou Helen por baixo dos braços e ergueu seu corpo até ele. Ajoelhado na cama, ele a trouxe mais perto e fez com que sentasse em seu colo. Devagar, ela encaixou-se nele e gemeu, apoiando a testa no ombro do rapaz, iniciando um suave movimento dos quadris e ele acompanhou-a. Sua boca sugava e mordiscava a pele do ombro dela, suas mãos subiam e desciam por suas costas, apertando e beliscando de leve em pontos que fizeram o corpo de Helen tremer, tomada pelo desejo e ternura que sentia.

Ele inclinou-a para trás e acariciou a pele entres os seios até o umbigo dela. Helen virou a cabeça e, de olhos fechados, deixou que ele a embalasse. Sua mente parecia nublada, sublimada pelo que sentia. Ele parecia totalmente consciente do ato, dos movimentos e das sensações que transmitiam um para o outro.

Num dado momento, inclinou-se para frente e pousou a mulher na cama, ainda nela, movendo-se com ela sem interromper o contato tão íntimo. Seus lábios moviam-se sobre sua pele, ombros, seios, pescoço e por fim voltaram à boca. O beijo naquela pele macia e quente, a língua adocicada e inquieta. O cheiro diferente que ele descobriu em Helen fez Jarod, por um segundo, esquecer-se do labirinto, dos duendes e de sua condição de Rei. Então ele recordou-se de Sarah, sua recusa e tudo o que ele sentiu antes de ser enganado e deixado por ela.

Sua face endureceu na mesma hora e seu corpo retesou-se sobre o de Helen. A mulher não percebeu, não viu o brilho perigoso nos olhos dele e quando veio o clímax, ela arqueou as costas e puxou Jarod para um abraço longo e acolhedor. Beijou-o de olhos fechados, murmurando que o amava. Ele devolveu o beijo em silêncio e suspirou na boca dela, fazendo-a cair imediatamente num sono mágico.

Libertado de seu abraço, Jarod voltou a ser o Rei goblin e permaneceu sentado na cama, nu, ao lado da amante adormecida. Ele analisou-a por algum tempo, usando seus poderes para descobrir qualquer coisa que não fizesse dela a candidata ideal para o que planejava.

Ela era saudável e esbelta. Estatura mediana, mãos e pés harmoniosos. Seus cabelos eram ruivos com nuances douradas e levemente cacheados, caíam até quatro dedos abaixo da orelha. A pele de todo o seu corpo era branca e uniforme, sem cicatrizes, apenas leves sardas nas bochechas e nariz. Os lábios eram pequenos e bem desenhados, mas os olhos de Helen eram o que ela tinha de mais bonito, verdes e cristalinos como pedras preciosas e Jareth deu-se por satisfeito em investir naquela humana.

Então algo mais surgiu em sua análise mágica. Ela era estéril.

Helen abriu os olhos quando o despertador tocou ao lado da cama. Ela virou-se e sorriu, vendo o rosto de Jarod bem perto do dela, adormecido. Ela beijou-lhe a ponta do nariz e ele abriu os olhos:

—Bom dia...

—Bom dia... Dormiu bem?

            Ela abraçou-o e suspirou:

—Como uma criança de colo...

—Fico feliz.

            Ela aproximou-se mais dele e falou:

—Eh... Jarod... O que aconteceu ontem à noite... O que foi aquilo?

            Ele sorriu e pousou a testa na curva do pescoço dela:

—Amore à prima vista...

—E isso quer dizer...

— Que estamos apaixonados à primeira vista.

            Ela sorriu e seu rosto pareceu se iluminar, o que deixou Jarod surpreso. Seres humanos eram inconstantes e facilmente influenciáveis, salvo algum que tivesse a personalidade forte e decidida. Tal como Sarah Williams demonstrou ser. A súbita lembrança da garota fez o semblante de Jarod mudar e ele ergueu-se da cama:

—Preciso me aprontar. É hoje que vou àquela entrevista?

            Helen sentou-se em seguida:

—Sim. Vou pegar uma toalha para você.

            Ela foi até o banheiro e abriu o armário. Tirou uma toalha limpa e perfumada e olhou-se no espelho. Os cabelos desalinhados e a cara de sono a fizeram rir:

—Meu Deus! Estou um desastre!

            Então Jarod entrou e olhou para ela, pelo espelho. Helen corou e sorriu:

—Não me olhe assim! Eu estou...

—Linda...

            Ela virou-se e recebeu, surpresa, um beijo longo e os braços do estrangeiro ao redor de sua cintura. Helen afastou-se devagar:

—Nós... Vamos nos atrasar. Use esta toalha...

            Ela saiu rapidamente e ele riu, olhando a si mesmo no espelho:

—Muito bem, italiano... Continue assim e breve vamos colher o que queremos desse mundo miserável...

            Jareth tomou banho. A sensação de conforto e prazer ao sentir a água quente escorrer pelo seu corpo fez o Rei goblin pensar que o mundo humano tinha lá suas compensações. Ele poderia se acostumar com aquilo, mas seu mundo proporcionava outros benefícios e disso ele não abriria mão.

            Eram oito horas da manhã e Helen entrou na galeria do pub onde trabalhava. Deixou Jarod sentado numa das mesas e foi registrar seu ponto. Conversou com seu gerente e saiu por alguns minutos, levando o estrangeiro até o gerente do bar e restaurante vizinho.                           Lá, Jarod levava seus documentos e foi apresentado ao dono do estabelecimento. Helen deixou-o e voltou aos seus afazeres, enquanto o Rei goblin se divertia fingindo ser uma pessoa em busca de um trabalho ordinário. O proprietário tinha parentes na Itália e simpatizou-se com Jarod:

—Então nasceu em Pinerolo! Bela cidade! Lindas montanhas, não?

—Sim! La mia città ha montagne belle come le curve di una bella donna!

            O proprietário começou a rir e Jarod esperou. Precisava manter o personagem para que nada saísse de seu controle. O Homem pigarreou:

—Ragazzo! Non ascolto un buon italiano da molto tempo.

            Jarod sorri, simpático e o homem bate na mesa:

—Então vamos começar por suas atribuições! Me conte onde e como trabalhou. Quanto tempo tem aqui na Irlanda e qual sua pretensão salarial.

            A entrevista foi tranquila e não demorou para que o proprietário levasse Jarod até a cozinha do restaurante, onde o estrangeiro preparou uma frittata com cogumelos e cebola. Ele fazia tudo usando seus poderes mágicos e caiu rapidamente nas graças do homem, que provou o prato e declarou:

—Amigo... O emprego é seu!

            Jarod sorriu, satisfeito e voltaram ao escritório para assinar o contrato de emprego. Durante todo o expediente, o estrangeiro conheceu os funcionários, as rotinas e rapidamente aprendeu suas funções. Durante uma pausa, saiu dali e foi ao pub, falar com Helen. Viu a mulher atendendo os clientes com um sorriso no rosto. Sabia que ela estava assim por sua causa e ficou satisfeito. Ele acenou e ela terminou o que fazia, pediu uma pausa ao chefe e saiu.

            Lá fora, Jarod segurou sua mão e beijou-lhe os dedos:

—Cara mia...

            Ela sorriu e preguntou:

—Pelo uniforme...

—Estou dentro!

            Ela riu e pulou nos braços dele. Beijou seu rosto e murmurou:

—Que tal se a gente comemorar hoje à noite? Sair pra dançar, beber um vinho...

—Perfeito...

—Combinado então! Preciso voltar! Parabéns!

            Ele sorriu e assim que ela sumiu de suas vistas, seu rosto tornou-se sombrio. Retornou ao restaurante e atendeu clientes, ajudou no caixa e na cozinha, conheceu tudo que fazia o local funcionar e ao fim do expediente, recebeu um elogio do dono pelo empenho e capacidade. Saiu dali por volta das 22 horas e esperou por Helen no estacionamento da galeria.

            Helen guardou o restante do material que usava no balcão e trancou tudo. Despediu-se dos colegas e saiu para a noite fria. Viu à distância o italiano parado, mirando as estrelas distraidamente e sentiu o coração bater mais rápido. De repente se viu apaixonada por ele, como se estivesse enfeitiçada e aproximou-se, sorrindo.

            Ele voltou seu rosto para a moça e sorriu. Ela avançou mais rápido e abraçou-o, colando seu rosto no dele, sentindo o calor de seu abraço e sentindo-se feliz. Ele sentiu o corpo dela vibrando, emitindo uma energia que ele recordou em outra pessoa. A lembrança do baile de máscaras em seu castelo chegou até ele e a visão de Sarah, vestida como uma princesa, ocupou seus pensamentos. Naquele dia, enquanto dançava com ela, sentiu-a vibrar em seus braços, encantada por algum tempo, até perceber que estava sendo envolvida pela magia dele e assustou-se, fugindo, deixando o Rei.

            Helen percebeu que ele ficou quieto naquele momento e tocou o peito dele:

—Jarod? Tudo bem?

            Ele soprou uma mecha de cabelo do rosto dela e sorriu:

—Tudo. Vamos embora?

            Ela seguiu de braços dados com o estrangeiro. Tomaram o ônibus até o apartamento dela e entraram. Helen acendeu as luzes, mas o rapaz falou:

—Deixe apagada...

            Ela voltou-se para ele e olhou o rosto sério do italiano:

—O que...

            Ele suspirou e aproximou-se:

—Eu... Não sei como posso te agradecer. Você não me conhecia e fez tanto por mim, de uma forma tão generosa! Salvou minha vida ao me trazer pra cá e eu...

            Ela toca o rosto dele e sorri:

—Já me agradeceu... Me sinto viva. Não acreditava que meu coração podia sentir felicidade depois de tantas decepções e você surge pra me mostrar que eu ainda o tenho.

            Ele a abraça e beija seu rosto devagar, seguindo rumo aos lábios dela até mergulhar neles, amorosamente. Desistiram de sair e decidiram que podiam comemorar o dia nos braços um do outro. E na cama, Jarod contou que fazia planos de alugar um apartamento ali perto, comprar um carro e conseguir um visto para sua situação irregular no país. Helen ouvia tudo, enquanto seus dedos passeavam pelo peito nu dele. Então ela falou:

—Quer casar comigo?

            Ele ergueu o rosto na direção dela:

—O que disse?

—Essa coisa da imigração... Vamos resolver.

—Helen... Eu não posso aceitar que...

            Ela coloca o indicador sobre os lábios dele:

—Shh. Ouça. Não precisa alugar apartamento algum. Pode ficar aqui comigo... Eu... Desculpe. Estou parecendo muito apressada, não? Mas se a imigração ver que você tem um lugar fixo e está se relacionando com uma nativa, o green card pode ficar mais fácil!

            Ele a olha por um tempo. Acaricia o ombro dela:

—Quer mesmo se casar comigo?

—Quero...

            Ele beija a testa dela e a aperta entre os braços, Ela fecha os olhos e diz:

—Jarod... Eu preciso te contar que... Não posso ter filhos. Não sem um tratamento intenso e... Eu pretendo fazer isso. Acho que é justo te contar se você decidir ser pai e... Mudar de ideia quanto ao...

            Ele se vira e pousa sobre ela, devagar, sensual:

—Helen... Eu não me importo com nada disso.

            Ela sorri e sente lágrimas nos olhos. Naquele momento, o Rei goblin percebe toda a fragilidade da mulher diante dele. Percebe também que o que viria em seguida seria ainda mais difícil, mas ele não queria se importar. Somente sua vontade teria prioridade ali. Beijou-a. Acariciou o corpo dela e por fim recebeu o amor dela, quente e intenso.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O coração de Helen está apaixonado, porém o coração do Rei goblin amarga o desprezo de Sarah Williams. Será que a ruiva perceberá que algo pode estar errado?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Criança do Labirinto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.