Shun segue preso no chicote de June de Camaleão, que quer impedir ele de ir até o Santuário.

— Por que você saiu da Ilha de Andrômeda e veio ao Japão? Foi o Santuário quem a mandou aqui?

June fica ainda mais séria quando escuta Shun citar ordens do Santuário.

— Não.  – Ela eleva seu tom de voz. — Só vim aqui impedir que você jogue sua vida fora. Você e aqueles poucos cavaleiros de Bronze não são nada diante dos cavaleiros de Ouro e do Grande Mestre. Nenhum de vocês vai voltar vivo.

Shun faz força, mas não consegue se desvencilhar do chicote.

— Mas e o nosso mestre Daidaros de Cefeu June? O que ele pensa de você ter vindo até aqui?

June fecha os olhos e começa a deixar as lágrimas rolarem. Shun fica preocupado.

— O que foi June?

— Um cavaleiro de Ouro esteve na Ilha de Andrômeda a mando do Grande Mestre. Ele veio atrás do nosso mestre, porque ele não respondia os chamados do Santuário...

June se lembra do que acontecera há poucos dias. Ela estava dormindo quando ouviu uma grande explosão. A Ilha tremia.

— O que está acontecendo?

June saiu para fora da casa e viu um brilho dourado tomando a Ilha. Vários aspirantes da Ilha se afastaram a mando de Daidaros. Alguém tomado por esse brilho ficou de frente ao cavaleiro de Prata guardião da Ilha.

— Você não cumpriu as ordens do Grande Mestre. Sabe que sua obrigação era levar até ele seu discípulo morto por lutar por causas pessoais. Você é um rebelde Daidaros de Cefeu! – Dizia o cavaleiro de Ouro.

— Não sou rebelde, simplesmente sei que o Santuário está dominado pelo mal. Já soube de vários soldados que foram mandados para lugares diferentes para dar ordens aos humanos comuns a força! Isso sim é agir por interesse pessoal do Grande Mestre.— Respondeu Daidaros.

— E o que isso importa? A justiça quem faz são os mais fortes mesmo. E o mais forte é o nosso Mestre do Santuário. – Respondeu o cavaleiro de Ouro.

Daidaros se mostrou bastante incomodado.

— O Grande Mestre tinha que seguir as vontades de Athena. E nossa deusa jamais agiria dessa forma impondo a força e com tanta maldade!

— Já disse! O que isso importa? Ele é o líder, ele se impõe na força. Se ele é o líder, é o que Athena deseja.

Daidaros se irrita ainda mais com a insinuação do cavaleiro de Ouro.

— Eu duvido! – Grita o cavaleiro de Prata.

O cavaleiro de Ouro que emitia grande luz que dominava toda a Ilha ofuscava a visão de June, que se aproximou de seu mestre sem conseguir enxergar o homem.

— Mestre!

— June de Camaleão, saia já da Ilha. – Exige Daidaros.

— Mas mestre...

Daidaros ficou na frente de June de costas a ela e de frente a grande luz.

— É uma ordem. Esse homem veio matar a todos da Ilha que não cumprem ordens do Santuário corrompido.

Começou um terremoto na Ilha. Daidaros empurrou June e foi para cima do cavaleiro de Ouro.

— Não vou deixar você usar os desmandos do Grande Mestre aqui na Ilha que eu comando. Receba as minhas: “Correntes místicas”.

— Isso é inútil contra o cavaleiro de Ouro da constelação de Peixes. Morra Cefeu!

O ataque do cavaleiro de Peixes é poderosíssimo. A Ilha é toda comprometida. Daidaros suportou o quanto conseguiu, mas acabou sucumbindo diante do poderoso cavaleiro de Ouro. June foi jogada no mar e pouco depois navios da Etiópia vieram salvar ela e alguns aspirantes. A Ilha ficou sem nenhum morador, ainda sofrendo alguns terremotos.

Shun chora ao ouvir o que June o contou.

— Você está querendo me dizer que o mestre Daidaros...

— Ele está morto! Essa é a força do Santuário! Você não tem a menor condição de fazer nada, não irei permitir que você vá!

June aperta tanto o chicote que Shun começa a sangrar. Ele pensa em seu mestre, em tudo que aprendeu em seus treinamentos. Shun explode seu cosmo e se desprende do chicote. Ele lança um ataque que pega June em cheio.

— Aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh...

— Não June... Eu não queria...

June bate as costas e a cabeça em uma pedra e fica zonza. Shun socorre June que chora.

— Shun eu já perdi o mestre Daidaros... Eu não quero que você morra também... Você tem que aproveitar sua vida, não jogá-la fora. – Diz a amazona.

— June eu sei que você queria que eu aproveitasse minha vida, esse é o ideal. Mas tem momentos que temos que nos arriscar. E agora que soube da morte do meu mestre tenho mais um motivo para ir até esse Santuário para ajudar a acabar com tanta maldade.

June chora e perde a consciência. Shun a pega no colo.

Na mansão Kido os cavaleiros e Saori estão afoitos.

— Já é tarde e nada do Shun. Sem dúvidas aconteceu algo! – Comenta Seiya.

— Se o Shun não veio, eu estou aqui. — Shiryu surge com sua urna nas costas e olhos vendados.

Saori, Seiya e Hyoga sorriem.

— Shiryu você também quer ir ao Santuário? Mas você ainda está cego, poderá morrer! – Comenta Seiya, recebendo um cutucão de Hyoga.

— Você acha que eu deixaria você morrer sozinho Seiya? – Shiryu debocha.

Todos riem. Saori se aproxima de Shiryu.

— Muito obrigada Shiryu. Você é muito corajoso, um legítimo cavaleiro.

— Então vamos embora. O Shun deve ter ficado com medo, ele nunca foi muito corajoso. – Se intromete Tatsumi, irritando a todos.

Seiya chega bem perto do mordomo e o empurra.

— Cala a sua boca. Shun é um cavaleiro hoje, não é o mesmo de antigamente.

— Será? Nenhuma pessoa muda da noite para o dia. Sendo ou não cavaleiro a covardia dele é a mesma.

Seiya derruba Tatsumi no chão.

— Você sabe muito bem que tipo de treinamento ele recebeu seu imbecil. Você mesmo disse a Ikki que ele nem voltaria, ele voltou e mudou muito do que era.

Shun surge nesse momento com June no colo.

— Desculpem pelo atraso.

— O que aconteceu Shun? Estávamos preocupados. Quem é essa garota? Ela está ferida? – Questiona Seiya.

— Ela se feriu quando tentou me impedir de vir aqui. Ela foi minha parceira de treinamento e revelou que o Santuário atacou a Ilha de Andrômeda e matou meu mestre.— Uma lágrima cai dos olhos de Shun. – Saori será que June pode ficar na sua mansão até a gente voltar?

Tatsumi se aproxima gritando.

— Nós vamos para a Grécia e você quer que a senhorita acolha uma desconhecida? Está louco?

Agora é Hyoga quem derruba Tatsumi.

— O Seiya já não o mandou calar a boca? Não percebeu que a garota também é uma amazona de Athena?

Saori fica diante de Shun.

— Claro que pode Shun. Os empregados irão cuidar dela!

Tatsumi fica contrariado. Shun olha para June.

— A June me salvou e ajudou várias vezes na Ilha de Andrômeda. Hoje ela veio tentar nos impedir de irmos até o Santuário, ela acha que não voltaremos de lá.

June desperta. Ela olha para Shun e se levanta.

— June que bom que você despertou. Você ficará na casa da Saori. Não se preocupe, eu vou voltar! – Diz Shun.

— Não, eu vou com vocês!

— June! – Shun se surpreende.

June se levanta e se aproxima de Saori. Ela fecha os olhos.

— Era desse cosmo que o mestre Daidaros falava... Athena!

June se ajoelha e reverencia Athena.

— Permita-me Athena, como sua amazona e sabendo do mal que está no Santuário, ir junto de vocês. Perdi meu mestre, se o Shun for e não voltar, eu também não irei voltar!

— Mas June, você veio me impedir...

— Eu sei Shun, mas eu senti o grandioso cosmo de Athena. Eu quero ir com vocês!

Saori se aproxima de June.

— Será ótimo ter outra garota com a gente. Você pode ir sim June.

Seiya é o primeiro a entrar no avião.

— Agora podemos ir. O destino é o Santuário na Grécia!

SANTUÁRIO – GRÉCIA

SALÃO DO GRANDE MESTRE

O Grande Mestre está sentado no trono pensativo. Um homem adentra a sala com um capuz cobrindo seu rosto e corpo.

— Com licença Grande Mestre. Já trajei a roupa que me pediu!

— Ótimo. Agora tenho algo para lhe entregar.

O homem se aproxima do trono e o Mestre do Santuário o entrega um pequeno baú. Ele abre e se assusta.

— Mas senhor, isso é...

— Você é o homem ideal para usá-la. Pode ter certeza que Athena ficará muito agradecida quando cumprir tal missão!

O homem fica com as mãos trêmulas segurando o baú.

— Senhor, mas não acho que seja necessário usar isso. É uma humana impostora e...

— Basta! Vai desobedecer minhas ordens? Ou melhor, vai ir contra a vontade de Athena?

O homem abaixa a cabeça.

— Não senhor. Farei o que está sendo ordenado.

O homem encapuzado se retira. O Grande Mestre se levanta do trono.

— Hihehahahahaha. Adeus Athena. Esse é o seu fim!

Dentro do avião os cavaleiros estão sentados nas poltronas partindo para a Grécia. Na cabine Tatsumi se sentou ao lado do piloto. Na primeira fileira Saori está sentada ao lado de June. Na fileira do meio estão Seiya e Shun e na última fileira Hyoga e Shiryu. Eles estão conversando sobre os fatos que todos sabem até o momento.

— Pessoal para mim foi uma grande surpresa descobrir que meu velho mestre é o cavaleiro de Ouro de Libra. Mais ainda que o Mu, o restaurador de armaduras de Jamiel é o cavaleiro de Ouro de Áries. O Mu chegou nos 5 Picos quando eu estava lutando com o cavaleiro de Ouro de Câncer chamado Máscara da Morte. O homem com esse nome terrível mostrava estar bastante ciente do mal que fazia, mas dizia que o Grande Mestre era o símbolo da justiça.

— No ataque a Ilha de Andrômeda eu só escutei aquele temível cavaleiro de Ouro dizendo ser da constelação de Peixes. Não consegui avistá-lo, mas ele era muito poderoso. Ele seguindo as ordens do Grande Mestre fez tudo aquilo na Ilha de Andrômeda. – Comenta June, que está está zonza.

Seiya se mostra muito agitado. Ele não nega o quanto está incomodado.

— Eu não consigo compreender. Eu treinei durante seis anos no Santuário e só ouvi falar bem do Grande Mestre. Mas parece que depois várias informações de atitudes maldosas dele foram descobertas. Como pode um mesmo homem ter tantas atitudes diferentes?

— O meu mestre Camus sempre dizia que o Mestre do Santuário era um homem justo e bondoso. Mas simplesmente ele mandou alguém afundar o navio onde repousava minha mãe por pura maldade. – Diz Hyoga aproveitando o comentário de Seiya.

Shiryu sente o vento bater em seu rosto abrindo um pouco a janela do avião sem conseguir enxergar.

— Eu fico me perguntando se o Grande Mestre que entregou a armadura para o Seiya é o mesmo que esteja fazendo essas barbaridades.

Saori se levanta da prontona e de pé olha um a um.

— Ele parece duas pessoas diferentes. Uma que parece um anjo, outra a encarnação do mal. Com isso eu tenho outra teoria. Talvez o Grande Mestre seja um dos cavaleiros de Ouro!

Todos os cavaleiros olham entre si após o comentário de Saori. Eles ficam ainda mais agitados.

— Mas por que você pensa isso Saori? – Pergunta Shun.

— É só uma suposição, mas vendo os cavaleiros de Ouro que conhecemos: Aioria de Leão, Aioros de Sagitário, Mu de Áries, Mestre Ancião de Libra, Máscara da Morte de Câncer, esse cavaleiro de Peixes... Cada um deles representa um dos doze signos do Zodíaco, então são protegidos pelas constelações da eclíptica atravessada pelo sol. Isso me leva a crer que os cavaleiros de Ouro são doze no total, cada um representando uma dessas constelações. E dessas constelações apenas uma delas é conhecida por ser dúbia, igual a possível personalidade do Grande Mestre do Santuário: a constelação de Gêmeos.

Os cavaleiros veem sentido na suposição de Saori. O piloto os interrompe:

— Senhorita Saori, nós vamos aterrizar em Atenas!

Seiya avista lugares ao redor do Santuário em que treinava com Marin. Ele se pergunta por onde andaria sua mestra.

— O Santuário fica alguns quilômetros de Atenas, onde todos os cavaleiros devem se reunir. É um local muito difícil de se encontrar, mas sem dúvidas eu reconhecerei esse local e chegaremos. Eu só conseguia achar na companhia de Marin.

O avião aterriza. Todos descem desconfiados. Eles avistam um ambiente vazio.

— Mas não tem ninguém aqui! – Diz Hyoga.

Logo vários soldados do Santuário seguem correndo com várias lanças.

— Chegaram os traidores!

Eles lançam as lanças, que são detidas por Seiya, Shiryu, Hyoga e Shun. Eles derrotam vários soldados e June, que ainda estava debilitada por ter batido a cabeça, é acertada na barriga por uma lança.

— June! – Grita Shun.

Shun segura June no colo. Seiya sente um cosmo conhecido.

— Eu conheço esse cosmo...

— Venham, por aqui! — Marin surge escondida atrás de um pilar. Ela está com um capuz.

Seiya sorri ao ver sua mestra. Ele corre em sua direção e ela tenta se manter oculta.

— Senti seu cosmo próximo Seiya. Estou foragida por ser considerada traidora.  Recebi o apoio de alguns soldados que estão fazendo oposição ao Grande Mestre e estou me escondendo por aqui.

Marin se aproxima de Saori e se curva. Saori agradece Marin.

— Atravessem aquela ponte suspensa que vocês chegarão ao Santuário. Quanto à garota ferida, deixem que eu cuide desse ferimento dela, é coisa simples.

— Eu ainda estava zonza e fui pega de surpresa. – Diz June.

Marin apoia June em seu ombro e Shun agradece. Os cavaleiros se aproximam da ponte suspensa e Marin deixa o local com June.

— Vejam. Um homem nos viu e está vindo nos recepcionar.— Diz Saori.

Um homem encapuzado recepciona Saori, Tatsumi e os cavaleiros.

— Você é a senhorita Kido?

Saori confirma e o homem a cumprimenta cordialmente.

— Me sigam que logo estaremos no Santuário.

Tatsumi fica na entrada do Santuário a pedido de Saori. Ela e os cavaleiros adentram ainda bem atentos a qualquer ataque. Seiya reconhece o local que treinou, porém o homem os leva a um lugar onde Seiya nunca teve a permissão de ir.

— Sejam bem vindos ao Santuário. O Grande Mestre quer receber você e seus cavaleiros senhorita.

— Então o Grande Mestre recebeu minha carta? – Pergunta Saori.

 - Sim. Venham comigo. – Responde o encapuzado.

Os cavaleiros olham entre si estranhando.

— Que estranha toda essa cordialidade. Foram só aqueles soldados que entraram no nosso caminho, mas aqui no Santuário ninguém nos recebeu de forma rude. Será que enfim eles resolveram dialogar com a gente?— Pergunta Seiya.

Os cavaleiros e Saori seguem o homem encapuzado, porém eles seguem desconfiados. Shun e Hyoga estão bastante impressionados com o Santuário.