Emma & Jake escrita por Almofadinhas


Capítulo 30
Capítulo 30 ❄ Emma


Notas iniciais do capítulo

Oii! Antes de tudo, eu quero me desculpar pelo atraso em postar esse capítulo. Acho que deixei vocês quase uma semana sem nada, perdão.
Tenho mais alguns comentários a fazer, mas vou deixar isso para o final.
Sem mais delongas, tenham uma boa leitura!



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Fecho os olhos e respiro fundo, sentindo o ar gelado e familiar invadir os meus pulmões. Tudo o que eu queria era ficar deitada aqui, pelo menos por alguns minutos, fingindo que eu não preciso me levantar e seguir em frente. Quem sabe eu poderia enganar meu cérebro e fazê-lo acreditar nisso.

Em algum lugar à minha direita, ouço o som de lâminas se aproximando.

— Emma, está tudo bem aí? – Maggie pergunta, a preocupação é perceptível no seu tom de voz – Você se machucou?

— Não, não foi nada – respondo – Eu estou só...

Abro os olhos e a vejo me observando com cuidado. Maggie oferece sua mão e eu a agarro, levantando do gelo.

— Vamos fazer uma pausa, ok? – ela propõe.

— Ok. Obrigada, treinadora.

Ela me dá um sorriso afetuoso e patina ao meu lado até a borda do rinque, onde minha garrafinha de água está me esperando. Bebo alguns goles e me recupero da minha última queda. Não foi nada demais, mas por alguns instantes o ar foi roubado dos meus pulmões.

— Podemos ir de novo – eu informo, observando meus patins e tirando o excesso de gelo que está grudado nas lâminas.

— Tem certeza?

— Tenho. Vamos desde o começo?

Maggie assente e repete:

— Desde o começo.

Volto para o local onde eu estava no momento em que caí e retomo meu treino sob o olhar atento de minha treinadora.

Acho que nunca estive tão nervosa em uma temporada de patinação como estou agora. Mas também nunca estive em uma temporada que possui os Jogos Olímpicos de Inverno como competição. Até então, o Campeonato Mundial era a competição mais importante que eu já fui selecionada para participar.

É assustador e ao mesmo tempo empolgante pensar que, em poucos dias, eu estarei pisando (acho que “patinando” seria a palavra mais correta) numa arena olímpica. Meu coração acelera só de imaginar. Meu maior sonho desde que comecei a levar a patinação artística a sério está, finalmente, se tornando realidade. Independentemente do meu resultado (porém é óbvio que quero ir bem) já me sinto realizada e honrada por ter sido escolhida para representar meu país.

Por causa das Olimpíadas, minha psicóloga me vê com mais frequência também. Preciso dela para me manter focada e sem pirar.

Quando meu treino dentro e fora do gelo termina, eu passo no vestiário pegar os meus pertences e me preparo para ir embora do Centro. Ao invés de ir direto para a saída, eu desvio meu caminho e paro próximo ao rinque. Quero observá-lo uma última vez antes de ir embora, fazer uma prece silenciosa e agradecer por todos os anos em que eu estive aqui; anos que agora me levaram aos Jogos Olímpicos.

Uma turma de garotas está no gelo, treinando suas habilidades no hockey, deslizando através de cones, pneus e marcações. Elas são ótimas.

Observá-las me traz à memória um certo indivíduo de cabelos loiros, olhos castanhos e um sorriso cativante. Há algum tempo atrás, ele estaria chegando ao Centro para treinar as crianças da turma seguinte; agora, outro professor assumiu essa função.

Sei que Jake sente falta de estar aqui, mas ele precisava seguir em frente. Isso me faz pensar em algo que minha mãe dizia a mim e aos meus irmãos: às vezes precisamos abrir mão de coisas que gostamos para nos agarramos a outras oportunidades. Eu só fui entender isso quando vi que, para seguir na patinação, precisaria abrir mão de alguns momentos da minha vida.

Pisco algumas vezes quando percebo que ainda estou parada próxima ao rinque, com o olhar focalizado num ponto qualquer do gelo. Devo estar parecendo uma estranha parada aqui, por isso ajeito a minha mochila no ombro e deixo os pensamentos melancólicos de lado, caminhando de volta para a saída do Stepanova Ice Center.

✦✦✦

Chego em casa doida para tomar um banho, jantar e ir direto para a cama. Sei que isso não será possível porque deixei algumas coisas pendentes. Por “coisas”, eu quero dizer “a minha mala”. Detesto arrumar a mala. É claro que já deixei o trabalho adiantado, mas ainda falta organizar boa parte dos meus pertences. Preciso estar preparada para ficar praticamente fevereiro inteiro fora de casa.

Oficialmente, os Jogos Olímpicos têm inicio no dia 09 de fevereiro, com a cerimônia de abertura. O último evento acontece somente no dia 26, com a exibição de gala. Nesse meio tempo, eu tenho quatro competições agendadas: dois programas curtos e dois programas livres, nas modalidades individual e patinação por equipes (na qual eu e os outros patinadores do país formamos a equipe do Canadá).

Eu fecho a porta de casa e grito para que meus pais escutem:

— Cheguei!

Espero alguém gritar um “ok” de volta, mas ninguém responde (nem mesmo Axel vem me ver). Ao invés disso, minha mãe aparece quando eu já estou nos primeiros degraus da escada. O pano de prato em suas mãos e o cheiro delicioso vindo da cozinha me informam que ela está preparando o jantar.

— Olá, querida. Como foi o treino hoje?

— Oi, mãe. Foi tranquilo.

— Último treino no Centro antes das Olimpíadas, hein? – ela sorri – Vá tomar banho e venha jantar.

— Sim, senhora – eu digo, batendo uma continência.

Minha mãe balança a cabeça. Eu subo dois degraus quando minha mãe diz:

— Ah, Emma, chegou uma coisa para você. Está no seu quarto.

— Eu nem comprei nada online – falo, franzindo a testa e tentando imaginar o poderia ter chegado para mim. Será que alguém me mandou um presente? Estranho.

— Suba logo, o jantar já está quase pronto.

Eu termino de subir as escadas apressada. Estou morrendo de curiosidade para descobrir o que chegou para mim mais cedo.

Abro a porta do meu quarto com expectativa e encontro Axel correndo na minha direção, pulando e abandando o rabo. Por que diabos fecharam ele aqui dentro? Não há nenhum pacote ou algo diferente em cima da cama. Tudo está exatamente do jeito que eu deixei.

— Oi, garoto – digo, coçando a cabeça de Axel – Como você está, hein? Por que te deixaram aqui?

Ele lambe a minha mão e eu rio. Consigo desviar dele e vou em direção a cama, procurando o que quer que tenha chegado para mim. Deixo minha mochila no chão e largo o celular na mesa de cabeceira. Já estou quase descendo para perguntar a minha mãe se ela tem certeza da informação que me passou quando vejo um vulto saindo de trás da porta e falando “BU!”.

Solto um berro.

— Emma! Pelo amor de Deus, sou eu – Jake consegue dizer enquanto gargalha. Axel, que se assustou com meu grito, foi se esconder atrás das pernas dele.

Sinto meu coração pulsar na garganta. Fico parada por alguns segundos, completamente perdida e tentando me recuperar do susto.

Jake? – pergunto, mesmo sendo óbvio que é ele – O que você está fazendo aqui?!

— Uma surpresa – ele diz, tentando recuperar o fôlego que perdeu ao rir da minha cara de espanto.

Eu ainda estou um pouco em choque, parada ao lado da minha cama, por isso é ele quem se aproxima e me abraça, beijando o topo da minha cabeça. Recobro o resto dos sentidos quando sinto o cheiro do seu perfume.

— Meu Deus, o que você está fazendo aqui? – eu repito, o abraçando de volta.

Ele não responde imediatamente, porque eu levanto a cabeça e o beijo. Como eu estava com saudades do seus lábios nos meus!

— O time tem dois jogos marcados aqui na cidade, um amanhã e o outro depois de amanhã. Ao invés de vir só amanhã cedo com o pessoal, eu vim para cá depois do treino de hoje – ele explica.

Eu finalmente me solto do seu abraço e o encaro. Jake vive viajando com o time por causa dos jogos. No início dessa semana, ele ainda estava no outro lado do país, em Montreal. Eu sabia que ele tinha voltado para Calgary, mas nem imaginei que ele viesse para cá.

No início, eu acompanhava o calendário de jogos e sempre sabia para onde ele estava indo. Agora, como eu ando com a cabeça ocupada demais, é Jake quem me informa para onde ele e o time estão indo. Aposto que ele não me contou de propósito.

— Você acha mesmo que eu ia deixar você ir para a França sem me despedir? – Jake continua.

Eu sorrio. Tudo o que eu mais quero agora é ficar com ele e matar a saudade, mas então lembro que minha mãe está com o jantar quase pronto lá embaixo.

— Jake, eu preciso tomar banho. Você vai ficar para o jantar?

Ele assente.

— Seus pais me convidaram ainda ontem.

— Ontem? Eles sabiam que você viria?!

— Sim.

Então eu era a única desinformada. Legal.

Enquanto eu vou tomar banho, Jake desce para ficar com a minha família. A maior parte do jantar consiste em diálogos chatos entre meu pai e meu namorado. Os dois entram numa discussão sobre hockey que faz eu e minha mãe revirarmos os olhos. Talvez eu devesse ter arranjado um genro que não fosse atleta para o meu pai.

Depois que terminamos de comer e ajeitamos tudo na cozinha, meu pai vai trabalhar no escritório enquanto minha mãe volta a ler seu livro na sala de estar. Eu subo com Jake para o meu quarto, pois ainda preciso arrumar a minha mala.

— Deixem a porta aberta, hein – meu pai fala, meio brincando, meio falando sério. Acho que ele nunca vai deixar de me ver como o bebezinho dele.

Jake me ajuda a dobrar algumas roupas que faltam e a conferir se a minha lista de produtos de higiene e beleza está completa. Eu viajo depois de amanhã, às 08 da manhã, por isso não quero esquecer nada – e é a lista quem me ajuda a conferir se peguei tudo. Eu faço listas para quase tudo.

— Que horas é o seu voo, mesmo? – Jake questiona quando eu fecho um nécessaire cheio de maquiagens e coloco ao lado da mala, que está aberta num canto do quarto.

— Às oito.

— Então eu vou com você no aeroporto.

— Eu vou sair daqui tipo, às cinco da manhã, Jake.

— Tá.

— Você não tem jogo amanhã a noite? Deveria aproveitar para descansar.

— Sim, mas eu também tenho treino às sete. Posso acordar mais cedo e ir com você, sem problemas.

Jake é teimoso. Eu sei que ele não vai mudar de ideia quanto a isso, por isso não discuto. Apesar de não precisar, fico feliz por ele querer me acompanhar até o aeroporto, mesmo que esteja cansado do jogo e tenha que treinar pela manhã. Eu também não posso discutir porque faria a mesma coisa por ele.

Deixo mais um casaco próximo a mala e vou para a cama. Deito ao lado de Jake e aninho a minha cabeça em seu peito, sentindo seus braços me envolverem.

Eu sempre soube que a distância pesaria no nosso relacionamento. Nós mal nos vemos pessoalmente, para falar a verdade. Algumas vezes eu até pensei em terminar tudo, talvez assim as coisas fossem mais fáceis para nós; mas a realidade é que nada é simples para nenhum de nós.

Quando eu vejo seu sorriso brincalhão, ouço suas piadas ruins e provocações, sinto seus braços ao meu redor, seus beijos e sua pele contra a minha, eu sei que nunca abriria mão de Jake, não importa qual for a distância ou o tempo que nos separe. Eu o amo com todas as suas qualidades e defeitos.

Jake passa os dedos distraidamente pelo meu cabelo. Eu fecho os olhos, aproveitando seu carinho enquanto posso. Sinto o sono chegar, mas me recuso a dormir.

— Eu estou tão orgulhoso de você, Emmys. Te vejo treinar há tantos anos; é incrível ver aonde você chegou – Jake murmura.

— Acho que a minha ficha ainda não caiu, sabia? Parece tão irreal.

— Talvez você só se dê conta quando chegar lá.

— É, talvez.

Sinto a mão de Jake passar pelas minhas costas, subindo e descendo.

— Eu vou torcer muito por você. Só queria que fosse pessoalmente.

— Tudo bem, você tem os seus jogos aqui. Ganhe todos eles, ok?

Jake ri.

— Não posso prometer nada, mas estamos dando o nosso máximo no time.

Eu suspiro, feliz. Quando eu poderia imaginar que estaria indo para as Olimpíadas enquanto meu namorado está jogando profissionalmente num time ótimo?

— Amo você, Jake – eu digo, por fim. Quero que ele sempre se lembre disso.

— Eu também amo muito você, Emmys.


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Notas finais do capítulo

Enfim, o último capítulo!

Acho válido dizer que "Emma & Jake" começou num surto da quarentena kkkk. Sei que a história não está perfeita nem nada, mas eu adorei poder me distrair de todo esse caos que estamos vivendo dando vida à essa história. Espero que ela tenha distraído/entretido (??) vocês, mesmo que apenas por alguns minutos do dia, da mesma forma que aconteceu comigo.

Também gostaria de agradecer a todos que passaram por aqui, acompanhando a história, comentando e até favoritando. Muito, muito, muito obrigada ❤

Este daqui pode até ser o último capítulo, mas talvez não seja o fim. Eu sou bem daquelas que gosta de imaginar que os casais de quem eu gosto ficam juntos até o fim da vida sim kkkk (até pq dando errado já basta a realidade).
Justamente por isso, planejo postar pelo menos algum capítulo bônus, tipo um epílogo ou coisa assim.

Agora sim terminei o meu textão. Mais uma vez, obrigada ❤

(P.S: Eu não sei se alguém gosta de patinação, assim como eu, mas em todo caso, vou deixar duas recomendações que eu gosto muito aqui: o livro From Lukov With Love e a série Spinning Out... ah, tem o filme Kiss and Cry, mas ele é baseado numa história real e triste)



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