Emma & Jake escrita por Almofadinhas


Capítulo 26
Capítulo 26 ❄ Emma




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— Vamos, Emma – minha irmã me diz, puxando minha mão.

— Calma aí. Meu cadarço soltou.

Me abaixo, amarrando o cadarço do meu all-star, e sigo com Lily em direção a arena onde o time de hockey da Universidade de Alberta enfrentará o pessoal da Universidade Mount Royal.

Esse é o último ano de Jake na faculdade e até agora eu só assisti dois jogos dele pessoalmente. Eu sei, péssima namorada. Em minha defesa, em setembro e outubro nós ainda não estávamos namorando. Em novembro, eu consegui assistir um e em dezembro assisti outro. Também não era minha culpa se eles jogavam várias vezes fora de casa e se alguns jogos foram agendados bem na semana das Nacionais, quando eu estava em Vancouver.

Mas ei, eu nunca deixei de desejar boa sorte e acompanhar o desempenho do seu time nos jogos. Eu simplesmente acompanhava o esporte de uma maneira diferente.

Agora, aqui estou eu, pronta para assistir pela terceira vez o meu namorado jogar.

Sigo com Lily pela arena, em busca de suas amigas. Nós combinamos de sentarmos juntas, por isso vamos observando atentamente os lugares conforme nos deslocamos pela arquibancada.

Muita gente já está aqui, o que torna a tarefa mais complicada, porém logo encontramos as três amigas de Lily sentadas numa fileira ao alto. Eu cumprimento as garotas e me acomodo entre minha irmã e um homem segurando uma prancheta.

O homem me encara com as sobrancelhas franzidas, como se tentasse se lembrar de algo. Eu desvio o olhar rapidamente, desconfortável, e sento no meu assento.

— Ei, Emma – Samantha, uma das amigas de Lily, me diz – Parabéns pelo ouro nas Nacionais no mês passado. Eu te assisti pela internet, você foi incrível.

— Ah, obrigada!

Nós continuamos conversando assuntos triviais até os jogadores começarem a entrar no rinque.

De um lado, tem-se os jogadores da Universidade Mount Royal, vestindo uniformes azuis com as letras M.R.U bordadas no centro do peito. Do outro lado estão seus adversários, usando uniformes brancos com detalhes verde e amarelo. Minha atenção se desvia para um jogador em especial, o número 36.

— Queria entender por que eles ficam tão atraentes quando estão de uniforme – Victoria comenta ao lado de Lily.

— Nossa, sim! – Samantha concorda.

— É porque o capacete disfarça o rosto deles – minha irmã responde.

— Coitados, Lily – Amanda diz, rindo conosco.

Quando o jogo começa, fica um pouco difícil distinguir quem é quem. Preciso ficar procurando pela camisa 36, cujo sobrenome “Stepanova” está escrito em cima.

Para mim, o hockey é um esporte um tanto quanto caótico. Eles se movem rápido demais, mal tenho tempo de raciocinar sobre o que está acontecendo. O puck? Esqueça, eu raramente o vejo deslizando pelo gelo.

Jake já me fez assistir alguns jogos de seu time favorito com ele, mas na televisão é outra coisa. Tem replay, câmera lenta e, principalmente, explicações sobre o que aconteceu. Ao vivo, tudo é bem mais confuso para mim.

O primeiro gol sai ainda no primeiro tempo, colocando a Universidade de Alberta em vantagem. Pelo o que eu sei, eles precisam vencer com dois pontos a mais do que os adversários para se classificarem para as semifinais, que acontecem no fim do mês.

Pelo canto do olho, reparo no homem rabiscando alguma coisa em sua prancheta enquanto conversa com um outro senhor sentado ao seu lado.

Eu não costumo ser do tipo enxerida, mas não consigo deixar de olhar (discretamente) seus papéis quando reconheço o nome do meu namorado em uma das folhas. De repente, sei quem esse homem é. Ele deve ser um dos olheiros que vêm acompanhando os jogadores ao longo da temporada – Jake já havia me contado sobre eles.

— Lily – chamo, cutucando minha irmã e sussurrando no ouvido dela – Tem um olheiro sentado do meu lado.

— É?

Ela se inclina em seu banco e tenta enxergar o homem sentado à minha direita.

— Ah, é verdade – ela murmura de volta – Quer ajuda para elogiar em voz alta o meu cunhadinho?

— Não! Quer dizer, não iria ser muito forçado a gente começar a elogiar ele agora? Não quero parecer a torcedora louca pelo jogador e acabar fazendo o olheiro pegar um ranço de Jake.

— Você é quem sabe, Emma.

Apesar disso, nós começamos a comemorar um pouquinho mais cada jogada bem feita de Jake.

— É isso aí, Stepanova! – ouço Lily gritando uma hora – Tire o puck deles!

O apito soa, anunciando o fim do primeiro tempo.

Me ajeito no banco para conversar com minha irmã e suas amigas durante o intervalo, quando sinto um leve cutucão no meu braço. É o homem da prancheta.

— Desculpe o incômodo – ele diz assim que me viro – Mas você é Emma Warter, a patinadora?

— Se você diz Emma Wright, sim, sou eu – respondo.

— Ah, perdão.

— Imagine – respondo dando um sorriso, para que ele não se sinta envergonhado.

— Se não for muito abuso da minha parte, srta. Wright, será que eu posso te pedir um autógrafo? – ele questiona, parecendo sem jeito – Minhas filhas começaram a patinar recentemente e elas são fascinadas em você, assistem todas as suas competições.  

Eu sorrio ao ouvir as palavras do homem. Comentários assim sempre me deixam extremamente feliz.

— Sem problemas, senhor... Me perdoe, acho que não perguntei seu nome.

— James Chen.

— Sem problemas, então, sr. Chen. Você tem algum papel em que eu possa escrever? Eu não trouxe nada para o jogo.

— Ah sim – ele diz, revirando as folhas de sua prancheta até encontrar alguma folha que seja rabiscável— Aqui.

Ele me passa o papel e a caneta, apoiados em sua prancheta.

— Qual o nome das suas filhas?

— Alicia e Gabrielle – o sr. Chen responde, continuando – Sabe, Alicia é a mais velha, está com 7 anos agora. Já Gabrielle vai fazer 5. Elas estão tão encantadas pela patinação que eu tive que matricular as duas no ano passado. Se deixar, elas passam horas e horas assistindo as competições e tentando reproduzir as coreografias em casa, dizendo que são famosas atletas internacionais. Devo dizer que a senhorita é uma grande inspiração para as minhas filhas.

— Sério?! Me sinto muito honrada em ouvir isso.

— Eu não entendo muito de patinação, mas sei que você é uma excelente patinadora, srta. Wright. Obrigado por representar nosso país tão bem.

— Eu é quem agradeço!

Termino de escrever dois recados, um para cada garota Chen. Torço para que as minhas palavras continuem incentivando as duas, tanto no esporte quanto na vida. Eu mesma já fui como elas e hoje posso dizer que tenho a honra de ser, pelo menos um pouquinho, parecida como meus ídolos da patinação. Espero que eu seja uma boa referência para essa nova geração de patinadores.

Devolvo a caneta e a prancheta para o sr. Chen.

— Muito obrigado – ele agradece.

— Por nada.

O sr. Chen guarda a folha assinada com cuidado e se vira para mim, mais uma vez parecendo envergonhado.

— Será que eu posso tirar uma foto com você? Para mostrar às minhas meninas.

— É claro.

Ajeito meu cabelo e tiro uma foto com o olheiro, que me agradece novamente.

— Está gostando do jogo? – eu pergunto antes que a nossa conversa termine, tentando parecer calma e descontraída.

— Ah, sim. O time está fazendo ótimas jogadas.

— É verdade – eu concordo, mesmo sem fazer ideia de quais foram as “ótimas jogadas” – Eu estou achando o time da Universidade de Alberta muito bom.

Talvez seja errado, mas eu não podia perder a oportunidade de saber o que o olheiro está achando do jogo. Além disso não me custava nada, já que toquei no assunto, fazer um elogio ao time.

— Você sempre assiste aos jogos deles? – o sr. Chen me pergunta.

— Ah, nem sempre, só quando dá. Minha irmã, essa sentada ao meu lado, estuda aqui. Algumas vezes eu venho torcer para sua universidade – respondo, o que não deixa de ser verdade. Não queria deixar claro que, por acaso, eu namoro um dos defensores do time.

— Ah, sim. Bem, obrigado pela atenção, srta. Wright.

— Imagine. Mande um abraço para as suas filhas, ok?

— Elas ficarão muito contentes quando eu contar que te vi aqui e entregar os bilhetes que você escreveu. Obrigado de novo.

Dessa vez o assunto morre e nós não voltamos a conversar.

 

No último tempo, vejo o time da UA manter o placar com dificuldade. O jogo está 6x5 e os adversários jogam muito bem (pelo menos eu acho que jogam). Do meu lado, o sr. Chen conversa bastante com seu amigo e faz várias anotações em sua prancheta.

Mesmo mal vendo onde o puck está, sei que na maior parte do tempo ele está sob a posse do nosso time. Apesar disso, as jogadas de ataque são bem menos frequentes do que as jogadas de defesa. Jake e os outros estão tendo um trabalho e tanto tentando manter os adversários longe do gol.

Solto um “ai!” quando vejo Jake bater com força na borda do rinque enquanto tentava recuperar o disco para seu time. Não tenho certeza do quanto esse uniforme enorme protege do impacto.

Ele patina para fora do gelo, sendo substituído por outro defensor. Ignoro o jogo e observo Jake agarrar uma garrafinha de água e virá-la em direção a boca. Ele conversa alguma coisa com seu treinador antes de voltar ao jogo, dando uma palmada nas costas do garoto que o substituiu. Um jeito bruto de agradecimento. 

No gelo, os adversários perdem a posse do puck com uma jogada de Matthew Smith. Ele manda o disco para seu colega, que patina desviando dos jogadores da M.R.U e passa o puck para Alex Pike. Quando eu penso que perdemos o ataque para o outro time, Louis Moir arremessa o disco recém recebido direto para dentro do gol.

A torcida grita e comemora.

Faltando 4 minutos para acabar o jogo, os garotos conseguem subir o placar para 7x5. Torço para que eles consigam manter os pontos desse jeito.


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Notas finais do capítulo

Eu adoro colocar links de vídeos aleatórios que me conectam ao universo que escrevo (podem me julgar), por isso aqui vai mais um: https://www.youtube.com/watch?v=Pi5mVFR8yVQ



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