Emma & Jake escrita por Almofadinhas


Capítulo 13
Capítulo 13 ❄ Jake




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797291/chapter/13

A final de hockey contra o pessoal da British Columbia estava marcada para o sábado, dia 21 de março. Como o jogo seria na casa do time adversário, saímos de Edmonton às 05 da manhã na sexta-feira. A viagem dura umas 14 horas até Vancouver e eu vou dormindo durante a maior parte do trajeto.

Quando o motorista finalmente estaciona o ônibus num restaurante para podermos almoçar, aproveito para avisar minha família que já estou na metade do caminho. Geralmente meus pais gostam de ir me assistir jogar, principalmente nos jogos mais importantes. Esse ano, entretanto, o calendário de jogos coincidiu com o Campeonato Mundial de Patinação Artística.

Já em Vancouver, depois de jantar com o resto do time, eu, Hunter e Connor voltamos para o dormitório que nos deram. Nós tentamos encontrar alguma coisa boa passando na TV, mas não há muitas opções. Hunter decide deixar num canal que exibe um jogo de futebol entre dois times dos quais eu nunca ouvi falar. No fim das contas, mais conversamos sobre assuntos aleatórios do que assistimos ao jogo.

Enquanto os dois discutem sobre uma aula que fazem juntos, eu pego meu celular e deito na minha cama, vendo o que teve de bom nas redes sociais hoje. Logo no início do meu feed aparece a foto de um casal de patinadores da dança no pódio do Campeonato Mundial. Mais adiante, vejo uma foto de Emma em seu programa longo. Respondo seu story enviando os parabéns pelo Mundial. Quando o sono começa a chegar e eu me preparo para ir dormir, escuto meu celular vibrando. Penso em ignorar, mas pode ser alguma coisa importante, por isso decido dar uma olhada. É Emma.

 

Obrigada! E eu nem fui tão bem quanto deveria, tive alguns erros bestas e caí durante o longo ontem.

 

Não sei que horas são na Suécia, mas com certeza ainda está cedo para ela já estar respondendo a mensagem que mandei há pouco tempo. Vejo que ela continua online, então respondo.

 

Se isso foi ir mal, tenho pena das outras competidoras quando vc decidir ir bem. 5º lugar num mundial é ótimo!

 

Eu sei, estou muito feliz por isso (só acho que poderia ter ido melhor).

 

 Entendi.

 

Logo em seguida envio outra mensagem, mudando de assunto.

 

Vc não deveria estar dormindo?

 

Eu é que te pergunto, Jake. Você não tem que jogar a final hj/amanhã?!

 

Amanhã. Ainda são 22:34h.

Que horas são aí?

 

07:35h.

 

Vc nem patina hoje e já está acordada??

 

Não consigo voltar a dormir.

Estou ansiosa para ir passear pela cidade agora de manhã. 

Tente adivinhar onde eu vou. 

 

Não faço ideia, nunca fui para Estocolmo.

 

MUSEU DOS ABBAAAAA!

 

Eu rio de tamanha empolgação. Emma já tinha me dito que gostava das músicas da banda. Acredito que esteja realmente empolgada para ir conhecer o museu.

 

Eu nem sabia que eles tinham um museu por aí. 

Depois me conta se é legal.

 

Sim, pode deixar.

Se eu não me engano a banda foi formada aqui em Estocolmo.

E que horas é o seu jogo?

 

Não fazia ideia.

É as 16h.

 

Ah, que merda, eu provavelmente já vou estar dormindo.

Boa sorte, então! Lily vai estar aí assistindo... ganhem o jogo para ela poder zoar meu irmão.

 

Coitado, Emma.

 

Coitado nada, ninguém mandou ir estudar em outro estado.

 

Eu sorrio.

 

Pode deixar, vou dar o meu melhor amanhã.

 

Acho bom. 

Enfim, você deve estar cansado depois da viagem e precisa estar bem para o jogo, vá dormir. E cuidado com a sua perna cagada.

 

Mais alguma recomendação, treinadora?

 

Não, por hoje é só. Boa noite.

 

Bom dia.

 

Eu mal bloqueio o celular e já percebo Hunter e Connor me encarando com sorrisinhos maldosos.

— O que foi? – pergunto.

— Quando você vai apresentar ela pra gente, Jake? – Connor pergunta.

— É – Hunter concorda – Achei que nós fossemos amigos.

— Não sei do que vocês estão falando – respondo.

— Ele acha que a gente é bobo, Connor – Hunter diz para o amigo.

Meu companheiro de time balança a cabeça.

— Encare os fatos, Jake. Você está gostando de alguém.

Eu rio, sentindo meu rosto começar a esquentar. Péssima hora para começar a ficar nervoso.

— Hm, não – respondo.

— Não precisa esconder as coisas, a gente aceita caras comprometidos no time – Hunter brinca – Olha nosso capitão, namora com a Kate desde o ensino médio.

— Verdade. Até o Carter arrumou alguém no ano passado!

— Agradeço a preocupação, mas estou de boa – respondo, na tentativa de acabar com o assunto.

Meus amigos se encaram. É uma batalha perdida, sei que os dois não vão aceitar nada do que eu diga, a menos que eu fale exatamente aquilo que eles desejam ouvir. 

— Cara, o time todo já percebeu que você está diferente.

— Diferente? – pergunto.

Em que momento meus companheiros de time decidiram que iam me achar "diferente"? Eu não fazia ideia disso. 

— É.

— Diferente por quê?

— São duas coisas principais que te entregam, meu amigo – Connor explica, contabilizando nos dedos o que quer que seja – Já faz um tempinho que você não fica com nenhuma menina.

— Não faz tanto tempo assim – retruco.

— Quando foi a última vez que você ficou com alguém? Naquela festa no mês passado?

— Talvez. Depois disso eu me machuquei no jogo, lembra?

— Isso já é bastante tempo para você.

— Discordo – afirmo – E qual é a segunda coisa?

— Ah, sim – Connor retoma seu pensamento, segurando um segundo dedo – Seu celular.

— O que tem ele?

— Nessas últimas semanas você passou mais tempo no celular – Hunter diz – Você quase nunca usava o telefone.

— E daí? Isso não diz nada.

— Não, mas seu sorrisinho bobo diz.

— Eu não sorrio!

— Sorri sim – Connor fala, apertando minhas bochechas – Tão fofo.

Dou um tapa em sua mão, para tirá-las de minhas bochechas. Tenho certeza que não fico sorrindo para o celular, os dois devem ter inventado essa última parte para tentar arrancar alguma informação de mim.

— Aprecio a investigação de vocês, mas não tem nada rolando entre nós.

— Ahá! Então há um nós! – Hunter diz, sorrindo animado.

— Não! Vocês dois estão entendendo tudo errado, puta que pariu.

— Nem vem, Jake. Fala logo.

Solto um suspiro de frustração. Deveria ter pensado e escolhido melhor as palavras antes de conversar com esses dois. Connor e Hunter me encaram esperando que eu diga alguma coisa. Sei que não vão me deixar em paz tão cedo, então abro o jogo.

— Vamos dizer que hipoteticamente eu esteja, de fato, conversando com alguém.

Hipoteticamente, ok.

— É, hipoteticamente. Ela mal saiu do estágio em que me detestava e, hipoteticamente, agora que estamos começando a conversar civilizadamente. Por um acaso eu descobri que temos algumas coisas em comum e que gosto de conversar com ela.

— Amor e ódio, já começou bom – Connor comenta – Continue.

"Amor e ódio". Sério, Connor?!

— Hipoteticamente, mesmo que eu gostasse dela, não acho que algum dia ela vá gostar de mim de outra forma. Então vocês podem desistir do que quer que estejam pensando que vá acontecer entre nós. Eu nem devo fazer seu tipo, para início de conversa. 

— Qual é, você é o tipo de todo mundo, Jake.

— Eu sou o seu tipo, Connor? – brinco.

— Ah, não. Prefiro alguém mais forte.

— Otário.

Connor ri.

— E qual seria o tipo dela?

— Sei lá.

— Nenhum ex namorado de referência? – Hunter pergunta.

— Acho que ela namorou há alguns anos, mas nem sei quem era o cara.

— E essa tal garota tem algum nome? Hipoteticamente

— Não, nem tente – aviso.

Connor suspira, chateado com minha falta de informações.

— Tudo bem. Eu só acho que, hipoteticamente, você deveria tentar falar com ela.

— E estragar tudo? Não, obrigado.

— Por que não? – Hunter pergunta.

— Vocês não ouviram o que eu disse? Não vale a pena correr o risco de arruinar tudo. Primeiro pelo óbvio, ela não gosta de mim e vai achar que eu estou com algum problema mental se eu disser algo. Segundo porque eu não sei se estou pronto para um relacionamento e, definitivamente, ela merece coisa melhor. Fora as inúmeras variáveis entre nós que não posso dizer quais são sem me comprometer.

— Você está sendo um cagão, Jake.

— Obrigado.

— Estou falando sério. Não sei o que está rolando, mas se em algum dia você criar coragem e abrir essa sua boca para falar com ela, pode contar conosco para o que precisar.

Hunter balança a cabeça, concordando com o amigo.

— Se eu mudar de ideia, vocês serão os primeiros a saber, pode deixar.

— Acho bom mesmo. 

— Será que eu posso dormir agora ou vocês têm mais perguntas sobre minha vida amorosa?

— Por hoje era isso.

— Talvez amanhã tenha mais, nunca se sabe.

— Vou ficar no aguardo, então.

Talvez eu seja um cagão mesmo, mas Emma não é do tipo que merece alguém como eu. Já tive uma paixonite platônica por ela antes e lidei com isso, posso muito bem lidar de novo. É melhor e mais seguro do que colocar em risco essa amizade ou o que quer que seja que nós estamos construindo. 

✦✦✦

Eu já imaginava que esse não seria um jogo fácil, mas também não pensei que seria tão difícil. No intervalo do primeiro tempo, nosso treinador constata o que já havíamos percebido: eles estão focando mais no ataque do que na defesa. Nosso time precisa focar no ponto fraco deles e atacar por aí, já eu e Connor precisamos dar nosso máximo na defesa (como se já não estivéssemos fazendo isso).

Voltamos para o jogo e por sorte conseguimos ganhar o segundo tempo. Por causa disso, tudo depende do terceiro e último tempo. A partida volta ainda mais ofensiva do que antes, o que eu imaginei que nem fosse possível. As suspensões ficam mais frequentes, primeiro por parte deles, depois no nosso time – quando começamos a contra-atacar. Nosso treinador quase tem um colapso quando Connor é suspenso e os adversários conseguem marcar um gol, ficando em vantagem.

O pior de tudo, na minha opinião, é estar jogando fora de casa. Em jogos normais eu já não gosto, na final então, é insuportável. A British Columbia está com um número de torcedores bem mais expressivo do que nós, obviamente. Mesmo ignorando a torcida enquanto estamos dentro do rinque, é impossível não ligar para a comemoração ensurdecedora de quando eles marcam gols ou de quando nós erramos algo.

Falta pouco tempo para a partida encerrar e os dois times estão empatados na soma total de pontos. Tempos poucos minutos para virar o jogo, ou então para sermos derrotados. Quando a British Columbia marca um gol, melhorando o placar para eles, é como se o gás que nosso time precisasse aparecesse. Já estamos no final do jogo e não temos mais nada a perder.

Hunter, Justin e Oliver parecem três brutamontes montando o ataque do nosso time. Eu e Connor revezamos entre tentar ajudar na ofensiva e defender nosso time do ataque deles. Eu consigo tirar o puck do domínio de um adversário e mando direto para Oliver, que está livre a minha direita. Connor parece o segurança pessoal dele, tentando tirar os outros jogadores de sua cola enquanto o puck é movido e jogado para Hunter. Por alguns segundos, perdemos o puck, mas então Justin o recupera e manda direto para o gol. O jogo empata novamente.

Literalmente nos últimos minutos, um dos adversários é suspenso por dois minutos por ter bloqueado Oliver de maneira indevida. Aproveitando a vantagem do outro time estar com um jogador a menos, retomamos o jogo e, para nossa sorte, Hunter consegue marcar um gol rapidamente. Tudo o que precisamos fazer agora é manter o placar assim ou marcar mais gols.

Esses devem ser os minutos mais sofridos do jogo de hoje, mas o alívio é quase imediato quando o apito final soa, avisando que o jogo acabou. Eu demoro um pouco para raciocinar, mas é isso... ganhamos a final!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já coloquei vídeos de patinação artística em capítulos anteriores, então aqui vai um enaltecendo o hóquei kkkkk - https://www.youtube.com/watch?v=SzCKPRSUZHo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Emma & Jake" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.