Emma & Jake escrita por Almofadinhas


Capítulo 12
Capítulo 12 ❄ Jake


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que tenham tido um bom Natal!
Boa leitura!!



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Termino de formular uma resposta adequada para minha última questão da prova e então guardo minhas coisas na mochila, entregando a prova para o professor antes de deixar a sala. Ainda é 10h da manhã, o que significa que eu tenho um bom tempo livre até almoçar e precisar voltar para a faculdade, onde temos treino marcado para as 13h.

Desde que me recuperei e fui liberado para poder voltar a jogar, venho me esforçando para compensar o tempo em que fiquei afastado. Apesar de serem só duas semanas, elas pareceram longas demais enquanto eu fazia fisioterapia e precisava pegar mais leve com meus músculos conforme me exercitava, ainda mais considerando que o próximo jogo é a grande final da temporada de hockey universitário desse ano. 

Após terminar minha prova, saio do campus e vou direto para o Centro. Eu sempre gostei de passar meu tempo livre por lá, me sinto em casa. Além disso, meu pai me mandou mensagem dizendo que precisava da minha ajuda, por isso entro no carro e dirijo para lá, fazendo uma pequena pausa no meio do caminho para comprar algo para comer.

Depois de ajudar meu pai, desço para o rinque. Minha mãe está no gelo, explicando alguma coisa para um de seus atletas Junior. Quando ele volta a patinar, ela vem até a borda do rinque conversar comigo.

— Oi, querido – ela diz, me dando um beijo na bochecha – O que faz aqui?

— O pai precisava de ajuda com umas coisas.

— Ah, sim. E como foi a prova?

— Acho que fui bem – respondo.

— Que bom, filho. Você vai para casa agora?

— Vou, preciso terminar umas coisas antes de voltar para faculdade.

Nós observamos seu aluno se preparar e fazer um salto quádruplo. Ele estava se saindo bem, até cair durante o pouso.

— Vou te deixar trabalhar, mãe – digo – Vejo vocês no almoço.

— Tudo bem, querido. Até depois.

— Até.

Saio da área do rinque e caminho de volta para o estacionamento, onde deixei o carro estacionado. Assim que abro a porta da saída do Centro, encontro uma pessoa com um coque familiar olhando para o celular e resmungando alguma coisa.

— Algum problema? – pergunto parando atrás dela.

— Que susto! – Emma diz se virando, com uma mão no peito e me olhando com uma cara feia.

Eu sorrio. Foi até que bonitinho ver ela se assustar.

— E então, algum problema?

— Agora dois.

— Vou fingir que não entendi, assim podemos continuar conversando – eu falo.

— Meu carro está na oficina, por isso minha irmã ficou de vir me buscar hoje – Emma suspira – Só que ela me mandou uma mensagem agora a pouco avisando que está enrolada na faculdade. Meus pais estão trabalhando e meus amigos já foram embora. Esse é o meu problema, se isso responde a sua pergunta.

— E não tem mais ninguém que possa vir te buscar?

— Não, mas tudo bem, já estou tentando conseguir um motorista pelo aplicativo.

— Eu posso te levar, se quiser – proponho.

Emma ri. Provavelmente deve achar que estou brincando, por isso confirmo que estou disposto a ajudá-la.

— Estou falando sério, posso te deixar em casa. 

— Ah, não precisa. Obrigada.

Dou de ombros.

— Você quem sabe. Se quiser ficar parada um tempão aqui, por mim tudo bem, não vou ficar insistindo – falo – Mas só para você saber, eu não planejo te sequestrar, capotar o carro ou coisa do tipo.

— É um alívio ouvir isso. Por um segundo eu pensei que você queria me fazer de refém para conseguir um dinheiro pelo resgate.

— Você não valeria muita coisa, Emma – eu brinco – Eu iria sair no prejuízo.

— Talvez a minha família estivesse disposta a te dar alguns centavos para me recuperar.

Eu rio.

— Bom, eu vou indo. Até mais, Emma.

— Até.

Eu sigo meu caminho em direção ao meu carro e Emma volta a encarar a tela do celular. Quando estou abrindo a porta, pronto para entrar, a vejo vindo apressada na minha direção.

— Tudo bem – ela diz – Eu aceito sua carona, se a oferta ainda estiver de pé.

Eu assinto com a cabeça, concordando, e entro no carro. Ela embarca do lado do passageiro e fecha a porta, colocando o cinto enquanto eu giro a chave na ignição.

— Por que mudou de ideia? – pergunto, um tanto quanto curioso quanto a sua resposta.

— O cara que aceitou minha corrida parecia esquisito.

Eu franzo as sobrancelhas, sem entender direito o que ela quis dizer. Olho pelo retrovisor e dou ré, saindo do estacionamento.

— Não me julgue, se você fosse mulher também iria desconfiar de homens – ela explica – E eu acredito na minha intuição, preferi não arriscar. Considerando todas as minhas opções, achei mais seguro voltar com você.

— Não estou julgando – eu garanto – Mas agora estou pensando se eu sou realmente uma boa opção ou se apenas estou um patamar acima da categoria de motorista psicopata.

— Eu não disse que ele era psicopata – Emma responde – Me deixe em casa viva e eu te digo em qual categoria você se encaixa.

Eu paro no primeiro semáforo e ligo o som, tentando não deixar um silêncio desconfortável entre nós. Emma mantém o rosto virado para a janela, prestando atenção no movimento da rua. 

— Você precisa ir me dizendo qual caminho seguir – aviso. Eu sabia por cima em qual bairro ela morava por causa da sua ficha no Centro, mas nunca tinha ido em sua casa para saber o caminho exato até lá.

— Pode ir seguindo reto na avenida por enquanto. Te aviso quando precisar pegar outra rua.

A música que estava tocando acaba, dando lugar para New Divide, do Linkin Park. Pelo canto de olho, percebo que Emma sabe a letra inteira da música. O mesmo acontece com a próxima canção.

— Por um acaso você sabe a letra completa de todas as músicas da minha playlist? – pergunto, observando-a cantarolar uma música do Fall Out Boy quando freio em um semáforo.

Suas bochechas ficam coradas.

— Eu não estou cantando alto, estou? – ela pergunta, parecendo realmente preocupada com isso. 

— Não, mas consigo ver você mexendo os lábios aí – o sinal fica verde e eu giro o volante, entrando na rua à esquerda.

— Eu não estava esperando que você tivesse bom gosto para música.

— Deve ser porque você não espera nada de bom da minha parte – provoco.

— Talvez – ela desvia sua atenção de volta para a janela, evitando me olhar – Se bem que, sendo sincera, esse ano você está sendo um tanto quanto surpreendente.

Fico curioso para saber o que ela tem a dizer sobre mim. 

— Estou? – pergunto.

Ela me dá uma breve olhada antes de desviar sua atenção para a rua à frente e responder.

— Sim. Esse Jake legal, que ensina hockey às crianças e tem um bom gosto musical não combina muito com a imagem que eu tinha construído de você ao longo desses anos.

— E eu posso saber qual imagem, exatamente, você construiu?

— Ah, você sabe: o babaca popular – ela responde, dando de ombros – Pode virar à direita na próxima rua.

Assinto, mostrando que entendi o trajeto. Não sei muito o que pensar sobre o que ela disse, mas fico contente em ouvir isso. Sei que parte dessa imagem que ela tem sobre mim é minha culpa, já que eu fiz questão de irritá-la durante todos esses anos. Não é como se estivéssemos nos tornando melhores amigos, mas esse avanço que tivemos nas últimas semanas foi bom.

— Eu também tenho uma imagem sua construída, só que ela ainda combina com você – eu falo.

Ao dizer isso, Emma vira o rosto, seus olhos verdes brilhando de curiosidade.

— Ah, é?

— É.

— E como eu deveria ser, por acaso?

— Você ainda é – respondo, dando seta para virar à direita – Emma Wright, a atleta perfeitinha que todos admiram e que não vai muito com a minha cara.

Emma tenta segurar um sorriso, em vão.

— Eu não concordo com a parte do “perfeitinha”.

— E eu não concordo com o “babaca” – digo.

— Você era bem babaca, Jake.

— Viu? "Era". Podemos substituir por outra coisa mais atual.

— Teimoso? – ela sugere.

— Eu ia sugerir “lindo”.

Emma faz uma careta que me faz rir.

— Narcisista deve servir, então.

— Eu prefiro “realista”, mas até que “narcisista popular” não fica tão ruim.

— Combina com você.

— Obrigado.

Quando New Perspective começa a tocar, Emma cantarola e dessa vez eu a acompanho, cantando a música inteira juntos. Não é difícil perceber que sua voz é bem mais bonita do que a minha, por isso, nas próximas músicas eu só batuco os dedos no volante e a acompanho durante o refrão. Depois de alguns minutos de cantoria, eu estaciono em frente a sua casa. 

— Obrigada pela carona, Jake – ela diz, colocando sua mochila no ombro e abrindo a porta.

— Por nada.

— Até mais.

— Até!

Emma desce do carro, mas antes de fechar a porta se lembra de alguma coisa:

— Ah! Como eu cheguei viva e não sofremos nenhum acidente pelo caminho, acho que te considero uma boa opção de carona. Considere-se avaliado com cinco estrelas.

— Cinco? Isso parece bem melhor do que uma viagem com o psicopata, muito obrigado.

Ela sorri.

— De nada. Tchau, Jake.

— Tchau. 


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Notas finais do capítulo

Playlist com as músicas citadas e relacionadas à história disponível em: https://playlistonline.net/playlists/626/emma-e-jake



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