Blood Diamond escrita por BarbieGelada


Capítulo 2
Nem tão ruim


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que devo mil e uma desculpas a vocês pela demora, mas eu posso resumir um texto de mil e quinhentas palavras em só uma: Castigo.
Sim... Pois é, né!? Coisas da vida, mas aqui está.
Feliz Natal para todo mundo!! Espero que estejam todos saudáveis e felizes nessa época mágica.
Sei que não é muuuuita coisa, mas esse é o meu presente para vocês! Feliz Natal, amo vocês!



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 28 de Julho de 2020. Terça-feira.

 

Esperar. Ultimamente era tudo que ela podia fazer.

As estrelas ainda estavam escondidas atrás das nuvens do céu noturno quando Rosalie acordou. Tendo acordado pontualmente as duas horas da manhã, ela já estava há uma hora encarando a tela ligada do computador, respondendo e-mail atrás de e-mail, traçando planos de marketing, agendando os próximos desfiles, aprovando e descartando algumas das matérias da revista 'Rosalie Hale', uma homenagem que sua mãe lhe deu ao nascer, e respondendo ao advogado da família, Gerald Green, sobre os papéis que ela assinaria em seu aniversário, assim, se tornando oficialmente, a CEO da Hale Law Firm, e da Amél’s C & Hale.

Tendo crescido no meio de duas empresas distintas e ambas multimilionárias, desde criança Rosalie viu seus pais comandando e expandindo os negócios, e a partir de seus treze anos, quando podia, estava ajudando com uma coisa ou outra na área administrativa.

Horas se passaram e Rosalie verdadeiramente duvidava, que alguma pessoa pudesse lhe dizer que seus olhos já arderam tanto quanto os dela ardiam. Um banho seria um ótimo remédio para todas as dores que sentia nos ombros tensos e na coluna.

A falta de alimentos fixos em seu estômago, fez com que ela ficasse parada por uns três minutos, assim que se pôs de pé, até que sua cabeça parasse de girar e ela se sentisse bem o suficiente para soltar a mesa, que tinha sido agarrada com toda a mínima força que ela possuía. Rosalie precisava comer, e realmente queria, mas a cambalhota que seu estômago deu, apenas ao pensar na comida, a mostrou que aquilo não aconteceria tão cedo.

Abrindo a água da torneira, Rosalie apertou os botões e as cortinas se fecharam. Ela não achava que alguém seria capaz de escalar dois andares, ou se enfiar no meio da floresta, apenas para vê-la se despir e tomar banho, mas existia doido pra tudo, então ela assim o fez.

Com a cabeça encaixada na almofada própria para banheiras, Rosalie relaxou bons quarenta minutos em sais franceses e esfoliantes. Lavar o cabelo, depois separadamente, terminou de aliviar seu stress.

Pegando a toalha que tinha posto anteriormente, no banco de madeira embutido na parede, Rose puxou o tampão do ralo e observou a água virar um redemoinho até não ter mais líquido algum no mármore branco.

Mesmo sabendo que tinham duas mulheres, literalmente sendo pagas para protegê-la, Rosalie foi cautelosa ao ouvir os sons atrás da porta antes de abri-la. Chega de paranóia, Rosalie. Chega.

Saindo do banheiro e estando prestes a entrar no closet, ela parou por alguns momentos para olhar novamente a vista da sua janela. O céu já não estava tão limpo quanto antes, e algumas gotas já começaram a bater levemente no vidro. Mesmo estando no verão, não era exatamente calor que ela sentiria naquele dia, ela percebeu.

Apesar de já ter olhado o seu closet no dia anterior, Rosalie ainda entender melhor o funcionamento daquele armário embutido, ou qualquer que fosse o nome daquela maravilha. Tanto da ordem em que as suas roupas foram colocadas, quanto com o funcionamento das engrenagens na parte interna da parede.

Rose deixaria isso para mais tarde. Se ela queria conseguir assistir o alvorecer, ela teria que se arrumar, e não ficar bancando a engenheira elétrica.

Rosalie observou a primeira fileira se empurrar pra frente e as duas escondidas se posicionarem separadamente atrás dela. O espaço vão entre as roupas, tinha apenas espaço para uma pessoa passar, mas já era mais do que o suficiente para ela andar de um lado para o outro, procurando possibilidades do que usaria naquele dia.

Com certeza, calor não faria, mas isso não importava muito. Ela encontrou na segunda fileira direita, uma regata larguinha da cor pérola. Na outra extremidade do cômodo, uma calça de couro sintético foi a escolhida.

As restrições de vestimenta naquele colégio eram tão poucas, que resumindo o que não poderia ser usado, eram shorts e tops. Não que alguém usasse aquilo naquela cidade que, mesmo estando no verão, ainda conseguia estar no mínimo, gelado.

Pegando os cabides do conjunto do dia, Rosalie foi até a cômoda no centro do cômodo e abriu a terceira gaveta, onde estavam os sutiãs adesivo. A blusinha de seda com um leve decote v, tinha uma faixa preta na parte superior, então caso algo acontecesse, um sutiã de faixa seria o mais indicado. Na segunda gaveta, ela pegou um top sem alça em Renda Milano preto, que particularmente, era um dos favoritos dela. Não oferecia muita sustentação aos seios, mas ela não precisava disso. Do outro lado da cômoda, ela pegou a calcinha preta e foi até o seu trocador.

Os espelhos ao redor do quadro, eram na verdade, duas portas. Ela descobriu isso na noite anterior, quando viu uma brecha entre a parede e o vidro.

O lugar não tinha mais de seis metros quadrados, mas ainda era um espaço bem confortável, que tinha um degrau, alto o suficiente, para ser usado como um banco, um ferro que ia de um lado para o outro, repleto de cabides vazios, e até mesmo um puff cinza, muito, muito grande. As paredes brancas eram, em sua maioria lisas, e apenas uma, era completamente coberta por um espelho. O painel de LED, estava presente em duas faixas no teto. Girando a pequena tranca, na “porta”, Rose colocou as roupas no degrau limpo e claro, e tirou a toalha, se apressando em colocar as roupas íntimas.

Antes de colocar o restante de sua vestimenta, ela olhou no espelho.

O contraste da negritude do top e da tanga com a sua pele clara, era quase gritante. Resultado de meses sob o teto hospitalar e sob a sombra protetora da sua antiga casa.

Rosalie era extremamente forte, e precisava se esforçar para sentir isso a cada dia, em suas roupas, penteado, maquiagem, ações... Ela apenas queria se sentir ela mesma, queria ser alguém de quem seus falecidos pais sentiriam orgulho. Royce por muito tempo a fez se sentir fraca no hospital de Rochester, mas não mais. Ela era Rosalie Lilian Hale, e não deixaria que ninguém pisasse em cima dela e saísse vitorioso. Aquele sádico ainda ficaria tão humilhado quanto ela. Ela só precisava de tempo para se sentir ela mesma antes.

Apesar de não conseguir manter nenhum alimento recentemente, durante o seu período no hospital, Rosalie recebeu alimentação intravenosa, então não perdeu tanto peso por lá, mas a partir do momento em que as comidas viraram sólidas, fazer algo passar pela sua garganta operada havia se tornado uma tortura. No fim das contas, ela estava dez quilos abaixo do seu peso ideal.

A calça entrou, e graças ao leve brilho que tinha nelas e ao tecido grosso, sua perna parecida ter ganhado uma encorpada, já a regata ficou meio larga, mas a seda caiu bem, e as únicas coisa que a incomodou realmente, foram a cicatriz que ficou aparente em seu ombro ossudo e a sua clavícula, que tinha cicatrizado de forma errada. Embora as cicatrizes não lhe causassem vergonha, uma jaqueta de repente pareceu ser uma ótima idéia. Ninguém precisava exatamente vê-la.

As horas! Rosalie precisava saber. Aquele seria o primeiro nascer do sol que acontecia desde a sua chegada, e ela planejava vê-lo.

As surpresas na sua casa não terminavam no ‘provador', tinha também o outro espelho, e o terceiro andar. Do lado esquerdo do quadro no closet estava a porta de espelho do seu salão de beleza particular. Sendo um pouco maior que o outro lado, esse cômodo, tinha uma bancada enorme de maquiagem e uma para coisas de cabelo, como laquê, elásticos, babyliss, chapinha, escova, escova modeladora, secador, grampos... Enfim...

Uma cadeira preta acolchoada, com rodinhas estava entre as duas, pronta para uso.

Cantarolando a música Obsessed da Mariah Carey, ela ligou o ar condicionado do lugar e secou o cabelo, aproveitando o friozinho para não suar, e usando uma escova para modelar seus fios naturalmente dourados e ondulados.

A maquiagem foi levemente aplicada, com a jovem destacando seus olhos azul-violeta com apenas um rímel e iluminador branco-dourado no canto interno e na elevação da sobrancelha bem feita. Rosalie não passaria base e nem contorno porque sua pele já era a que muitos buscavam ter, completamente perfeita, e sua estrutura óssea já estava marcada demais para que ela quisesse destacá-la ainda mais. Corretivo cobrindo as olheiras, e um iluminador no nariz e acima da maçã do rosto já era o suficiente para destacar sua beleza única e encantadora. Abrindo a gaveta central, a maior da penteadeira, Rosalie viu sua coleção de batons vermelhos, sua marca registrada em Rochester. Vermelho sangue era uma ótima opção.

— Oi, meus bebês. - Disse Rosalie, ao chegar no segundo piso de seu closet, já com o salto e acessórios que usaria em mente. Das dez fileiras de sapatos, oito delas tinham saltos, todos organizados por tamanho e cor, enquanto as duas últimas, tinham tênis de corrida e um ou dois tipos sandálias diferentes.

Tirando o salto branco e preto do lugar, Rose o calçou. O sapato era meio aberto, com tiras entrelaçadas fechando o calçado, e deixando suas unhas bem feitas e algumas partes de seu pé aparentes. Um conjunto de cinco anéis de ouro na mão direita, e três na esquerda, junto com um relógio fino do mesmo material.

Os ponteiros mostraram, em números romanos, 5:50, faltando apenas 10 minutos para o sol nascer.

Ainda dá tempo. Esse foi o pensamento dela enquanto pegava um par de brincos delicados, que ficaram pendurados em suas orelhas, uma bolsa e um óculos.

Andando de volta para o quarto com a bolsa preta Louis Vuitton com apenas um óculos de sol, recém colocado dentro, e uma jaqueta vermelha que pegou e pôs dobrada na curva do braço, Rosalie apenas precisou passar os itens de dentro de uma para a outra. Um batom vermelho vivo matte; pó compacto; protetor solar, que tinha acabado de virar uma piada, por conta do lugar onde estava; kit de higiene pessoal; toalha branca; lenços de papel, rímel, um guarda-chuva compacto; e um elástico de cabelo. Pegando alguns cadernos finos para anotação, Rosalie praguejou sentindo o peso extra que aquilo pôs em seu bolsa. Uma bolsinha com lápis, canetas, borrachas, marcadores e clips, foi colocada também dentro da Louis Vuitton preta. O carregador portátil, assim como o seu celular, tinham ficado carregando a noite anterior inteira, e agora estavam sendo postos na bolsa. Pelo menos o carregador.

Uma breve olhada no seu iPhone, e 50 ligações não atendidas e 314 mensagens a pegaram de surpresa. Vera... Vera... Vera... Vera... Vera... Vera... Vera... Michael... Michael... E muitos outros “Vera” a esperavam. Rosalie tentou se sentir mal por não ter atendido, mas não conseguiu, porque não tinha sido exatamente culpa dela se seu celular estava desligado enquanto dormia.

— Finalmente! – A voz estridente da amiga se fez presente do outro lado da linha, quando o aparelho tocou e ela atendeu. – Pensei que teria ir aí!

— Não seja dramática, Vera. – Rosalie disse, tirando o celular do ouvido quando recebeu um pedido para mudar para chamada de vídeo. Sua imagem aparecendo na câmera frontal era belíssima. Sentando-se no sofá, de frente para a janela, ela atendeu. – Eu só estava dormindo.

— Uau Rose! – A morena aproximou o celular do rosto, e a jovem loira pôde ver as olheiras embaixo dos olhos castanho-esverdeado da amiga, mais claramente. – Já vai começar com o massacre? – A pergunta gerou um sorriso cruel em seu rosto angelical e um revirar de olhos.

— Não serão muitos, eu garanto. – Uma promessa que ela não sabia se seria realmente cumprida. – Aqui só tem 3.532 pessoas. Apenas 1.819 homens. Vou colocar cerca de uns... 1.200 egos para serem pisoteados.

— Já está usando o salto assassino, Barbie? – Apelido gerou outro revirar de olhos em Rosalie.

— O que vocês estão fazendo acordados? – Sua voz fraquejou, e ela limpou a garganta, odiando o som.

— Faltam três minutos para o sol nascer. – Por um momento, os olhos de Rosalie encheram. Eles veriam o nascer do sol com ela. Não a deixariam sozinha.

— Tem um lugar perfeito aqui. – Ela se levantou e caminhou novamente o caminho para o terceiro andar, completando o tempo estimado, lá estava ela, destrancando uma porta escondida, que só podia ser aberta por dentro, que dava na sala 3 em 1. Aquele lugar era o seu cinema, terraço e biblioteca particular, e ocupava todo o resto do terceiro andar, tirando o seu closet.

No que deveria ser o teto, ou até mesmo uma parede, era vidro, várias janelas, as quais ela poderia facilmente abrir e deixar o ar gélido da aurora entrar. O espaço era muito amplo e quando ligadas, as luzes brilhavam tanto que poderia ser considerado o lugar mais iluminado da casa, rivalizando apenas com o seu quarto inteiro e a cozinha. Mais da metade do cômodo era ocupado por prateleiras cheias de livros e fotos espalhadas nas estantes. Toda a sua infância morta estava lá. Lembranças e imaginação. Poderia ser considerado uma tortura para alguns, mas para ela, era as lembranças de quando ela era feliz.

Uma mesa grande estava posicionada no canto nordeste do amplo cômodo, e um lustre de distantes estava sobre ele, iluminando a área de leitura. Para os dias frios, um sofá creme, com forma de círculo cercava uma lareira de pedras aquecidas.

Agora, para ver o nascer do sol, em frente a janela imensa, tinham grandes puffs de couro sintético um próximo ao outro, prontos para assistirem a natureza. Paredes bogodó faziam as divisórias do cômodo. Uma coisa lhe veio a cabeça enquanto caminhava até o puff do centro, que seria onde normalmente ela se sentaria, com seu pai e sua mãe a cercando. Aquele espaço tinha sido projetado para uma família, não apenas para uma única pessoa.

Aquele momento era importante para ela, e passá-lo na companhia de Michael, Vera e Sonyah, que tinha chegado em algum momento enquanto ela caminhava, a fez amar ainda mais aquelas três pessoas. Quatro, se contasse com o pinguinho-de-gente. Quando ela estava com os pais, não importa em que lugar eles estivessem, sempre, no primeiro dia naquele lugar, Rosalie, William e Amélie, se sentavam em uma janela, para assistir ao nascer do sol. Essa era uma tradição que, mesmo agora sendo a única Hale viva, ela manteria. E foi por isso, que ela pediu um lugar onde pudesse ver esse evento, em sua nova casa. A arquiteta fez um ótimo trabalho, deixando aquele lugar perfeito.

Sentando-se em um dos puffs, Rosalie olhou para o céu em tons de vermelho e laranja, e pelos próximos vinte minutos, ela apenas observou quando o sol apareceu no horizonte, atrás das montanhas, e sumiu, entre as nuvens do céu agora, parcialmente claro e já nublado de Forks.

Seus olhos lacrimejaram novamente enquanto ela olhava o céu ganhar tons de vermelho e laranja, e depois observava o sol quase cegante, aparecer entre as árvores e montanhas, apenas para sumir depois entre as nuvens do céu nublado de Forks. Embora lágrimas tivessem enchido seus olhos, levemente avermelhados pelo brilho, nem uma única caiu.

— Não que eu esteja te desejando mal... Nunca, ok? – Com uma pausa dramática, Vera continuou. – Mas eu quero essa casa no meu nome, no seu testamento, tá? – Qualquer resquício de nostalgia e emoção que Rosalie tivesse sentido nos minutos confortáveis de silêncio anteriores, sumiram quando ela explodiu em uma gargalhada. Pela primeira vez, em meses, completamente genuína.

— O que!? – Mudando novamente para a câmera frontal, seu sorriso branco contornado pelo vermelho sangue de seu batom foi a primeira coisa que ela viu, depois da Dona Sonyah dando um leve tapa de repreensão na cabeça da morena grávida.

— Tudo bem, eu adoraria conversar mais e colocar o papo em dia, - O sarcasmo na voz de Michael foi irritantemente familiar, e fez com que Rosalie quisesse começar com a sua habitual provocação, com o namorado da amiga, mas ela precisava comer algo. Ou melhor, tomar algo. – Mas minha cama está me chamando. Conseguem ouvir? – O imbecil sussurrou o próprio nome várias vezes enquanto desaparecia da tela do celular de Rose, e provavelmente ia dormir novamente, ela percebeu. Bicho preguiça!

— Como são as coisas aí, pipoquinha? – Sonyah questionou, com a voz calma e rouca, como se tivesse acordado e mal a usado.

— Não são exatamente como eu imaginei. – Ela ergueu os ombros e voltou seu olhar mais uma vez para a janela, antes de olhar para a senhora. – A cidade não é tão ruim. – O ênfase no “tão”, fez com que sua amiga sorrisse e Sonyah virasse um pouco a cabeça, com um sorriso carinhoso. - E as mulheres que trabalham aqui... Sabe, eu gostei delas. – Depois de mais alguns minutos de conversa, a chamada foi encerrada e Rosalie olhou novamente para o céu, agora todo claro e já coberto por nuvens cinzas.

Pegando a bolsa e colocando o óculos no topo da bolsa para que ficasse fácil de pegá-lo, ela foi até a porta de seu closet e, acionou o sistema pela tela ao lado da porta, para apagar as luzes do quarto inteiro, desligar ar-condicionado e aquecedor e fechar as fileiras repletas de roupas. Fechando a porta, Rosalie andou até o elevador, do lado direito, em frente as estantes de livros e apertou o botão 1.

 

**********

 

Nada. Esse tinha sido o seu café da manhã. Rosalie apenas conseguiu tomar um suco de laranja, mas assim que colocou uma única uva na boca, seu estômago embrulhou. Martha, antes de se tornar uma cozinheira particular, tinha se formado em nutricionismo, e mesmo não tendo exercido a profissão por muito tempo, estava naquele exato momento, sentada de frente para Rosalie, planejando diferentes tipos de ensopados, nos quais ela começaria, para que mais para frente, coisas mais sólidas fossem acrescentadas.

Ela precisava urgentemente ganhar pelo menos cinco quilos, porque toda aquela falta de nutrientes no seu organismo, a estava deixando constantemente tonta ou desligada.

Sendo 7:30, Rosalie ainda precisava passar na secretaria da escola para pegar seus horários, apostilas e descobrir onde seria o seu armário.

— Dona Martha, eu sinto muito, mas eu preciso ir. – Desculpou-se, tirando a toalha de suas pernas e levantando.

— Já temos um cardápio para duas semanas, já está de bom tamanho. – Os cabelos grisalhos da senhora, estavam presos em um coque, que puxou levemente as expressões envelhecidas da mulher, quando ela sorriu. – Tenha uma boa aula, senhorita.

— Obrigada. – Um sorriso apareceu em seu rosto, quando ela pegou a jaqueta e a vestiu, segurando as alças da bolsa logo em seguida. – E por favor, - Com o tom usado, Martha e Judith, que tinha acabado de entrar no cômodo novamente, olharam para ela. – Me chame apenas de Rosalie. Esse é o meu nome.

— Sim, senhorita. – É... O que vale é a intenção. Ela pensou, enquanto se virava e desejava um bom dia para as mulheres. Andando em direção ao elevador, Annelise se aproximou dela, e ambas entraram juntas e seguraram a porta para Lyssandra que veio logo em seguida, prendendo a arma no cinto. Rosalie não sabia o que era mais reconfortante, se era a presença daquelas mulheres ou daquela arma.

— A senhorita vai querer carona? – A mulher de cabelos castanhos perguntou, esperando que a outra segurança também entrasse, antes de apertar o botão S.

— Não, senhora. – O rosto da mulher de cabelos pretos enrugou o nariz, enquanto a outra apenas a olhou como se fosse um extraterrestre. Levantando uma sobrancelha, ela esperou que as duas seguranças pegassem a indireta.

— Entendemos. – Rosalie sorriu com a compreensão. Ela odiava o título “Senhorita”, a lembrava do hospital.

A porta do elevador se abriu, e ela respirou fundo. O lugar tinha cheiro de carro novo. Mais tarde cheiraria a graxa, ela prometeu a si mesma.

Em toda a sua glória, Rose tirou a capa de dois carros, um estacionado ao lado do outro. Seu Mustang Shelby GT500 2020 preto, tinha sido comprado durante o seu tempo no hospital, ou seja, ela nem mesmo o tinha dirigido ainda. Seria muito bom dirigi-lo, se ela não estivesse tão ansiosa para pisar no acelerador da sua Audi R8 preta, da Edição Matte, também completamente nova... O único problema, era a quantidade de vagas neles, com apenas dois acentos cada. Uma ideia tenebrosa passou pela sua cabeça. Mesmo tentando tirá-la de lá, Rosalie não conseguiu, principalmente quando viu Annelise e Lyssandra abrindo a porta da limousine, para que a acompanhassem até o colégio.

Indo até perto da parede atrás dos carros, ela pegou de uma bancada, as chaves dos dois.

— Ei, pega! – A chave do Mustang voou da sua mão, e a guarda de cabelos encaracolados a pegou com facilidade.

— O que é... Isso? – Annelise saiu do lado do motorista para ver o que era, e seus olhos se arregalaram ao olharem para o controle na mão da outra.

— Acho que, um presente de emprego novo, - Respondeu, abrindo o carro e dando uma olhada no seu ex-carro. Ela sabia que ele era ótimo, e queria dirigi-lo, mas ela também sabia que precisava agradecer as duas guarda-costas pela segurança que estavam lhe fornecendo. Além de que, elas estavam conquistando a sua amizade. – E um agradecimento. – De qualquer forma, Rosalie poderia, e queria, comprar outro.

A limousine tinha sido abandonada no segundo em que ela disse que o carro agora, era das seguranças.

Ela adorou o fato de que, nenhuma das mulheres tentou devolver o presente, porque ela não iria conseguir insistir que elas ficassem com ele, quando ela queria pegá-lo de volta, fugir para as montanhas e escondê-lo.

Dando a partida no carro, Rosalie sorriu com o som límpido que o motor fez. Judith, enquanto tomava café da manhã com ela e as outras, tinha lhe entregado o controle do portão, então agora, sendo a primeira a dirigir para a subida, colocou os óculos escuros e mexeu no controle, puxando o freio de mão e colocando o automóvel no ponto morto, para que o carro não descesse na subida. Sendo no sub-solo, a passagem para a garagem tinha três metros de descida, e consequentemente, três de subida, como uma espécie de ladeira. As luzes com sensores de calor e movimento que tinham se apagado atrás dela quando parou o carro no meio da subida, se acenderam quando o carro de Anne e Lyssa passou por elas e parou atrás de Rose.

Rosalie pensou que o sol a atingiria e seus olhos arderiam quando apertou no controle, o comando para que o teto se abrisse, revelando as folhas verdes dos Pinheiros e seus longos troncos, mas nem mesmo fez cosquinha. Subindo o óculos até o topo da cabeça, ela desceu o freio de mão e trocando rapidamente do ponto morto para a primeira e depois segunda marcha, ela acelerou.

 

**********

 

Eles já estavam há meia hora nisso, e Emmett estava se perguntando quanto tempo mais ele aguentaria o mal humor incomum de Alice.

— Não quero nem mesmo um “A”, sobre isso, Emmett, - A pequena vampira falou, jogando mais e mais roupas para fora do guarda-roupa dele, nem mesmo o perguntando se podia. A dita “pilha para caridade” estava enorme, cheia de suas roupas em um montinho no chão. – Mas quando chegarmos em casa, eu vou começar a reformar o seu quarto do chão ao teto. Diga adeus a cada uma dessas peças, Emm. – Suspirando, Emmett apenas observou suas roupas voarem do guarda-roupa para o chão. O seu quarto, em Forks, tinha sido um dos maiores, atrás apenas do de Carlisle e Esme, e Alice e Jasper, se bem que, o closet da sua irmã, ocupava dois terços do cômodo.

— Adeus.

Ele não entendia pra que um closet para ele, se um guarda roupa estava bom. De qualquer forma, ele sabia que Alice se recusaria a ter um móvel tão pequeno guardando coisas “tão importantes”.

— Por que você está tão agitada, Mini-gente? – Pelo menos agora, ele sabia que uma porcentagem de sua crescente irritação se devia ao apelido. Para sua total surpresa, sua irmã bufou e se sentou, mal precisando dobrar as curtas pernas , na alta pilha de roupas.

— Porque está demorando demais. Era pra gente estar fazendo isso juntas... Mas não! É claro, que eu vou ter que esperar. Quer dizer, pra que apressar as coisas, não é, Alice!? – Enquanto a Gnomo os braços para todos os lados, Emmett chegou a um pouco que não sabia se ela estava falando com ele, ou apenas reclamando da vida com ela mesma.

— Você está ótimo, Emmett. – A voz mansa e gentil de Esme adentrou o cômodo, e ele levantou a cabeça para ver a figura materna da família, parada no batente da porta do closet. – Alice querida, se você não liberar o Emm daquela poltrona, - Ela se referiu a cadeira estofada que provavelmente estava com a forma de seus glúteos, de tanto tempo que ele estava sentado lá. – Vocês vão se atrasar na escola. – Gentilmente, ela andou até o vampiro, ajeitando a gola do sobretudo preto que ele usava. – Aquela sua amiga não vai para o colégio hoje?

A breve citação da "Rosalie-melhor-futura-amiga-da-Alice" foi o suficiente para que ela se levantasse em um salto e jogasse um par de luvas pretas em Emmett e corresse em uma velocidade inumana para o primeiro andar.

— Valeu mesmo, Gnomo! – Ele zombou, pegando as luvas que tinham caído no céu colo e as encaixando. O couro delas complicavam em uma proporção média, os movimentos de seus dedos. Até determinado momento, Emmett não tinha encontrado luvas que coubessem bem em suas mãos. Sua estrutura alta e força não se dava apenas em sua altura, mas também em todas as outras partes de seu corpo, incluindo a mão.

— Emmett, você sabe que Alice detesta esses apelidos. – Esme advertiu, pegando a mochila preta dele e a entregando para o vampiro.

— É aí que está a graça, Esme. – Ele sorriu, estendendo o braço para a mãe. De braços dados com a vampira, Emmett saiu do quarto, vendo Carlisle descer as escadas para o segundo andar junto com eles.

— Bom dia. – A voz firme e cordial do loiro se apresentou ao lado deles.

Ao mesmo tempo em que o vampiro mais jovem do trio dizia apenas um bom dia, ele soltava o braço da mãe, terminando de descer as escadas, deixando o casal para trás, descendo logo atrás dele.

Edward e Bella ainda não tinham chegado, mas graças a sua audição perfeita, ele podia ouvi-los caminhando na floresta em direção a casa principal.

Jasper estava encostado na bancada, observando Alice rabiscar alguma coisa em um papel. Ele se aproximou do casal querendo saber o que era aquela coisa escura de ela desenhava.

— Não me pergunte. E não me desconcentre. – Os rabiscos altos do lápis da baixinha não pararam nem por um segundo enquanto ela falava e franzida a testa, apagando uma coisa ou outra em seguida.

Os ruídos do lápis no papel ficaram inumanamente rápidos, quando Esme e Carlisle se aproximaram.

— Esme, o que você acha? – Como um vulto, Alice saiu da bancada e apareceu ao lado da matriarca, estendendo o a folha para que ela visse.

— Podemos colocar algum tipo de estante embutida aqui... – Disse Esme, já analisando o que pelo que ele conseguiu ver, o esboço de um quarto. Céus! Alice, deixa o meu quarto em paz... Suas súplicas mentais jamais seriam ouvidas por ela, e ele sabia disso, mas fazer o que, não custava tentar.

— Só não vai acontecer. – Disse Edward entrando na casa, com Bella ao seu lado.

— Eu sei... – Ele lamentou.

— Crianças, - Emmett achava hilário, a forma que Carlisle e Esme chamavam os “filhos Cullen”, principalmente com ele, sendo fisicamente, apenas três anos mais novo que o patriarca. Crianças... – Escola. Agora. – Duas palavras dele, e todos, agora estavam amontoados no seu Jeep, apenas Bella e Edward que quiseram ir no Volvo prata do vampiro “mais novo”.

A escola ficava a menos de três quilômetros da casa de sua família, então ele nem se incomodou em ir mais rápido, e surpreendentemente, Edward permaneceu com o volvo atrás dele, ao invés de se tornar um exibido, como sempre fazia.

O estacionamento da escola estava incrivelmente lotado, para aquela hora. As aulas começavam 08:00, e ainda assim, os alunos enrolavam até uns três minutos para dar a hora, para começarem a pensar em sair de casa. Um multidão estranhamente, composta em sua maioria, por adolescentes do sexo masculino fedendo a hormônios e desodorante misturado. Urgh!

— Em noventa e quatro, noventa e três, noventa e dois... – Alice começou a contar, e nem mesmo um segundo depois, ele pôde ouvir o som de um motor de carro, que ele nunca tinha ouvido antes em Forks. Parecendo acompanhar a longa contagem de Alice, um carro preto fosco apareceu na entrada do estacionamento, sendo seguido logo depois por outro carro preto, também esportivo.

Os adolescentes tentaram disfarçar o seu entusiasmo quando a porta do carro brilhoso se abriu e duas mulheres, fisicamente, tendo uns dez ou doze anos a mais do que ele, saíram dele.

Os alunos, de fato, era péssimos atores. Embora estivessem fingindo conversas animadas, os olhos e cabeças estavam todos virados para o carro fosco, que tinha acabado de ser desligado.

Aproveitando a falta de atenção em si, Emmett saiu do Jeep, olhando rapidamente para o carro ainda ocupado e para Alice, que nem ao menos estava tentando disfarçar enquanto pulava e agarrava a manga do casaco do marido.

No ano anterior, Isabella Swan tinha sido a novata da escola, e o alvoroço feito pelos alunos não tinha sido nem mesmo um terço desse. Seria irritante, para dizer o mínimo. Ele não entendia o circo que era montado todas das vezes que alguém se mudava. A cidade era pequena? Sim. Era chata? Sim. Sem sol? Sim. Minúscula? Sim. Era um lugar legal para se morar? Não. Pelo menos não para um humano. Lá, o constante clima nublado e chuvoso, fazia com que eles, vampiros, pudessem até mesmo, ter uma vida quase normal. Então, porque alguém iria se mudar pra lá, e justamente no meio do último semestre? Ele não sabia.

Sua linha, incrivelmente tediosa, de raciocínio, foi cortada pela porta do carro de Edward batendo rudemente. Ele queria rir com a cara de chateação do irmão, quando ele olhasse para Bella e dissesse para ela ter cuidado. Quão alta foi a sua surpresa, quando ao se virar, ele viu que tinha sido o próprio vampiro que fez aquilo.

— Vai começar a palhaçada. – Disse Edward, agarrando a mão de Bella, enquanto ela pegava a própria bolsa com a mão livre.

Emmett não sabia se devia perguntar o que estava havendo para o seu irmão, ou se olhava para a fonte de toda a curiosidade daquela escola.

“Se ninguém pular em cima dela, nós mantemos distância.” Disse a mulher de pele negra para a outra, enquanto se dirigiam ao carro. A porta foi aberta e um sapato tão alto, que seria capaz de fazer Alice parecer ter um tamanho quase normal, entrou no campo de visão de Emmett. Ele tinha ficado tão surpreso com a explosão do irmão, que nem tinha prestado atenção no vidro preto do veículo esportivo.

A fala da mulher distante dele, fez total sentido quando a usuária daqueles saltos saiu para a “luz do dia”. Como se isso existisse aqui... Ele pensou. Dona de longas pernas envoltas em couro, uma loira hipnotizante saiu do carro, tirando os óculos do topo da cabeça e ajeitando as enormes madeixas cheias de ondas. Por conta do ângulo em que estava, ele não era muito capaz de ver o rosto dela.

“É impressão minha, ou parece que aquele garoto,” A loira apontou para o loiro mais insuportável da escola: Mike Newton. Emmett estava fascinado. Se alguém lhe perguntasse o que estava acontecendo, ele não saberia responder. Desde o movimento de sua mão fechando a armadura do óculos escuro, até a forma que ela pôs o objeto na bolsa e seu cabelo caiu em uma cascata dourada em seus ombros. Tudo nela o estava hipnotizando e a sua voz feminina e levemente rouca, não era diferente. “Vai andar até aqui?” Enquanto ele analisava a forma que ela trocou o peso de um pé para o outro e as suas mulheres mais velhas olharam para Mike e concordaram, antes de colocarem as mãos nas costas da Hale e a conduziram através do estacionamento lotado, que Emmett quase perdeu o urro de desconforto que Jasper soltou.

— Jazz? – Alice chamou, ainda olhando para a loira por um segundo, antes que ela atirasse facas com o olhar em direção ao Newton.

— É, você entendeu. – Emmett analisou a expressão dos membros da sua família antes de seguir seus olhares. Apesar de tentar parecer indiferente, oitenta e cinco anos de convivência, faziam Emmett conhecer melhor seu irmão “mais novo”. Ele sabia que os pensamentos das pessoas o estava incomodando imensamente, e o olhar dele estava passando pelos garotos e garotas da escola. Bella sim, estava completamente imparcial na situação, 100% alheia ao desconforto de Jasper.

Alice parecia estar arquitetando uma morte lenta e dolorosa para Mike, e Jasper agora, não estava muito longe disso também, mesmo que sua boca e testa ainda estivessem franzidas com desconforto. Os olhares dos alunos todos ainda estavam direcionados para a loira com os ombros e costas tensos, que agora estava entrando na escola.

Ele podia, mesmo sem ser um empata, sentir toda aquela tenção em volta da sua família. Quando se deu conta, já tinha jogado um braço por cima dos ombros de Bella e a estava puxando em direção ao colégio.

— Me diga, Bellita, - Ele sorriu, vendo pelo canto do olho um sorriso aliviado em seus irmãos e irmã, enquanto os seguiam. – Como a casa da ilha Esme acabou toda quebrada, e você não?

— Emmett!

O grito exasperado, que Bella lhe deu, fez Emmett jogar a cabeça para trás e gargalhar. Ele sentiu quando as emoções se acalmaram, e ficaram incrivelmente mais leves. Jasper estava lhe devendo uma.

 

**********

 

Se o loirinho de sorriso idiota parasse de encará-la, Rosalie poderia muito bem dizer que o começo do dia não tinha sido tão ruim.

Era estranho para ela estar em um lugar tão estranho de Rochester. As ruas eram fácies de decorar, mesmo que parecessem extremamente iguais por conta das estruturas parecidas. A escassez de lojas de roupa, para ela, era gritante. O prédio da escola era a mesma coisa. O contraste de Forma High School, com Rochester Adams High School, era imenso.

Enquanto ao redor da sua antiga escola, tinha uma grama verde brilhante e clara, com muitos arbustos, flores e cercando a construção branca cheia de janelas azuis, e até mesmo um chafariz a alguns metros da entrada, Forks era apenas uma construção de três prédios de tijolos marrons e alguns arbustos escuros em volta. Rosalie gostaria de dizer que tinha alguma esperança para parte de trás do colégio, mas ela estaria mentindo. Céus! Onde diabos ela tinha ido se meter!?

Os corredores, ela descobriu que, se não prestasse atenção, você simplesmente ficaria dando voltas e voltas pelo mesmo lugar. As paredes internas, assim como as escolas normais, eram pintadas de branco, mas era quase completamente cobertas por armários cinzas estreitos.

— Senhorita Hale, é um prazer imenso tê-la em nossa instituição. – Disse um homem meio careca, sorrindo amarelo, caminhando até Rosalie, tentado, não olhar para ela de cima a baixo. Tentando e falhando. Ela se forçou a manter a cabeça erguida, ao mesmo tempo em que se sentiu impulsionada a dar um soco nos olhos caídos dele. Ao lado esquerdo do homem meio calvo, tinha uma mulher que aparentava ter a idade de Martha, sua forma arredondada estava estranhamente posta em um moletom marrom-claro e em uma saia lápis verde. Rosalie não podia culpa-la pela sua forma estranha de vestimenta, já que as lojas pelas quais passou, tinham peças feias que faziam seus olhos bem treinados para corte e costura, doerem. – Eu sou Harold Greene, o diretor, e essa, - Ele apontou para a senhora. Para ela, Rosalie enviou um mínimo sorriso educado, que foi correspondido de imediato. – É a Senhora Shelly Cope, a secretária da nossa escola.

— É um prazer conhecê-los. – Dando três passos para frente, ela reprimiu a vontade de sorrir que teve, quando o diretor teve que levantar a cabeça para falar com ela. Seus normais 1,75m, somados com os 12 centímetros do salto... Rosalie estava bem maior que ele, e isso o fez engolir em seco. Apertando firmemente a mão dos dois, a senhora a acompanhou até a secretaria, uma sala pequena com algumas flores em recipientes de plástico e um painel repleto de folhas coloridas, cada uma informando sobre atividades extracurriculares com o ano 2020 nelas.

— Esses são os seus horários. – A Sra. Cope entregou a ela uma folha recém impressa, junto com um pequeno objeto gelado. – Essa é a chave do seu armário, o número está gravado nela, e esse... – A secretária se atrapalhou um pouco para entregar mais uma folha, que estava dobrada em quatro partes. – É o mapa da escola.

— Muito obrigada. – Ela agradeceu, olhando para os dois papéis em sua mão e colocando a chave no bolso da calça. Quando já estava com a mão na maçaneta, Rosalie se virou, lembrando-se de algo importante. – E a cartela de presença?

— Estamos com um novo sistema esse ano, Senhorita Hale. – A mulher respondeu sem olhar para ela, colocando os óculos e olhando para a tela do pequeno computador no balcão. – Os professores fazem as chamadas na sala de aula. Não se preocupe, seu nome já está na lista.

Já que a senhora não estava a olhando, Rosalie girou os calcanhares e abriu a porta, murmurando mais um agradecimento. Ela já estava farta de tanto agradecer.

Annelise e Lyssandra a estavam esperando no lado de fora do gabinete.

— Vocês pretendem ficar dessa forma pelas próximas... – Dando uma rápida olhada na folha de horários, ela completou a pergunta, nem um pouco surpresa com o tempo escolar. – Oito horas?

— Depende. Você quer que fiquemos por perto? – Annelise perguntou, sua expressão se mantendo neutra.

— Eu sei que vai ser bastante cansativo para vocês ficarem em pé na porta das salas, então eu pensei assim: - Ela começou, tirando o celular da bolsa e desbloqueando-o. Os números da tela de “telefone” estava aberta e sendo estendida para as seguranças. – Vocês me dão um número que eu possa falar com vocês, e se eu precisar ligo, pode ser?

Acenando, Lyssandra pegou o aparelho e digitou, logo em seguida, passou o iPhone para a outra segurança.

— Espero que você não se incomode, salvei o meu número como Lyssa. – A mulher de olhos verdes abriu um pequeno sorriso. – Acho que é justo. Nós te chamamos de Rosalie e você me chama de Lyssa.

— Gostei. – O canto direito de sua boca se elevou alguns centímetros. – Se preferir, Rose está bom.

— Se te chamarmos sem querer de “Rose” na frente do nosso chefe, seremos transferidas antes mesmo de piscarmos. – Annelise disse, devolvendo o aparelho para Rosalie. – Está como Anne.

— Obrigada. – Ela sorriu, e guardou o celular novamente na bolsa. – Não gosto do chefe de vocês. – Brincou, recebendo uma risada como resposta das seguranças.

— Nós também não. – Lyssandra diminuiu o tom ao falar isso, fazendo com que a Hale e a mulher de cabelos castanhos rissem.

— Daqui a pouco suas aulas começam, - As três mulheres saíram da frente da sala da secretaria e começaram a caminhar pelos corredores, pelo mesmo caminho que tinham vindo. – Vamos deixá-la em paz, e por essa semana, vamos ficar no carro durante o seu horário escolar. Se tudo der certo, podemos fazer apenas trazer você até aqui e voltar. – Anne disse, saindo pela porta que elas tinham entrado na escola, de frente para a escadaria que levava ao estacionamento.

Respirando profundamente, Rosalie se virou a tempo de ver um grupo de cinco garotos desviando o olhar dela. Ela desejou conseguir se orgulhar dos olhares das pessoas sobre si novamente, como fazia no ano anterior. Rose se deleitava em saber que as pessoas viam a beldade que ela era, mas infelizmente, isso foi há algum tempo. Agora Rosalie sabia que os olhares carregavam malícia e maldade. Seu mundinho de beleza e admiração de foi.

Tirando o pequeno metal do bolso, ela começou a andar pelos corredores olhando para os armários, procurando o seu.

Gravado na chave estava o número 257, um número até fácil de decorar, considerando que, era a data em que seus pais se casaram. 25 de julho de 1998. Em um dos corredores, tinha um monitor que marcava as horas e vez ou outra mudava para a data. Rosalie ficou chocada quando na placa mostrou a quantidade de alunos no colégio. A mudança no último dígito, revelou o total de 359 alunos. Em seu antigo colégio, esse número era equivalente a metade dos calouros. Nesse mesmo corredor, bem no centro dos armários cinza horrendos, estava o seu.

Apesar da pouca quantidade de pessoas que estudavam naquela escola, por onde quer que Rosalie passasse, parecia que todo o pequeno corpo estudantil também estava. Desviando de algumas pessoas, ela destrancou o armário e viu que suas apostilas já estavam lá. Quando se matriculou, ela comprou os materiais junto com um pedido especial que tudo fosse deixado no armário, para facilitar seu trabalho. Rose apenas não tinha pensado que tudo estaria tão bem organizado.

Dando uma rápida olhada no folheto de aulas, ela viu que a primeira seria de Trigonometria e Cálculo. O braço de Rosalie a agradeceu quando ela tirou os cadernos da bolsa e os colocou na segunda prateleira do armário. Um caderno e uma apostila por vez estava de bom tamanho. Ter um namorado nessas horas, seria útil, ela fantasiou. Um mínimo de manha, e ele carregaria todo o seu material... Mas não ia acontecer.

Rosalie saiu de seu devaneio quando uma capivara apareceu ao lado do seu armário quando ela fechou a porta, com uma lagartixa alguns passos atrás. Espera... O que!? Focando os seus olhos, a cabeça dos dois animais se transformaram em rostos humanos e os pelos e pele em cabelo. Ela até que tentou sentir pena por ter esses apelidos para as duas garotas, já que eles ficariam gravados agora na sua cabeça, mas não deu. Pelo menos, não depois de ver a cara amarrada da loira platinada e do sorriso amassado, que mais parecia uma careta da de cabelos castanhos.

Algo na posição toda torta da loira a fez se lembrar de um meme... Qual mesmo?... “Lagartixa sexy”! Era isso. Aí sim Rosalie sentiu pena, já que a lagartixa conseguia ser mais sexy que a lagartixa-humana na sua frente. Por favor, Rosalie, não ria. Ela implorou para si mesma, lutando contra a vontade esmagadora que ela sentia de rir.

— Posso ajudar? – Perguntou, trancando a porta e firmando o caderno e apostila em sua mão direita.

— Eu sou Jessica Stanley, e essa é a Lauren Mallory. – A capivara disse, apontando para si mesma e depois para a loira relativamente baixa de cabelos curtos. – Vamos te acompanhar até a sua aula. - É cálculos, certo? – Aquilo nem mesmo havia sido uma pergunta, Rosalie percebeu, quando a garota agarrou o braço dela e começou a arrasta-la pelo corredor, desviando das pessoas no caminho.

Ela prestou atenção na primeira esquina em que virou e na segunda e terceira, antes de parar em frente a uma porta de madeira, com o nome Sr. Varner, escrito em uma placa.

Rosalie pensou em ser gentil, e se forçou a sorrir, em agradecimento para as duas garotas ao seu lado.

— Obrigada por me trazerem aqui. – Ela falou, vendo algo parecido com um sorriso se formar no rosto da loira. Rosalie já tinha visto aquele sorriso em outra pessoa, e o odiava com toda a sua alma. Ela vira aquele sorriso no rosto de Royce. Aquele maldito sorriso sarcástico, que antes, ela não percebia o veneno escorrendo nele. Seu próprio sorriso se tornou tenso e ela tentou ignorar a raiva crescendo dentro dela. Ela não é Royce. Rose se lembrou, forçando-se a não descontar em outra pessoa o ódio destinado ao ex. – A primeira aula de vocês também é essa? – Ela perguntou, forçando sua voz a permanecer a mesma.

— Não, a minha é de_

— Desculpe, - Pela primeira vez, Rosalie pensou que seus ouvidos sangrariam com uma voz tão desagradável. Sendo meio anasalada, alta e extremamente fina, a voz dela mais parecia ser uma gralha. Lauren continuou a falar, e ela apenas tentou manter sua face neutra, ao contrário de Jessica que franziu o cenho. Rose supôs ser por causa da interrupção. – Mas... Qual é mesmo o seu nome? Não consigo me lembrar.

— Talvez por que eu não tenha o falado ainda, Lauren. – Ela disparou, interrompendo Jessica, que estava prestes a falar alguma coisa. Bem... Não importava. Se Rosalie já não tinha uma boa consideração pela garota antes, agora, Lauren era mais insignificante do que uma formiga, para ela. – Sou, Rosalie Lilian Hale. – Sua voz soou clara, límpida, e perfeitamente capaz de fazer o pedestal em que a lagartixa se colocou, desmoronar. Era incrível a força que seu nome, mais especificamente, seu sobrenome, tinha. – Obrigada mais uma vez, Jessica, mas tenho que entrar.

Uma Lauren emburrada se virou, batendo os pés fortemente enquanto andava para longe, com uma Jessica sorrindo forçadamente para Rose, a seguindo logo atrás.

— Cuidado pra não quebrar o chão, querida. – Murmurou, mal conseguindo conter o sorriso venenoso que se formou em seus lábios. Rosalie cresceu cercada por pessoas interesseiras, tanto pelo seu status social quanto pela sua beleza extraordinária, portanto, ela sabia perfeitamente como reconhecer pessoas assim. Era até mesmo engraçado ver as pessoas tentando torná-la inferior, quando, enquanto faziam isso, apenas a levantavam cada vez mais alto, apenas esperando pela sua queda, que nunca aconteceria.

O burburinho dos alunos passando por ela e entrando na sala a fez respirar profundamente, antes de olhar ao redor e dar alguns passos para dentro da sala.

— É um prazer tê-la aqui conosco, senhorita Hale. – Um homem de cabelos pretos com alguns fios grisalhos, se aproximou, estendendo a mão para que ela apertasse. Sem dificuldade, Rosalie passou agilmente a apostila e caderno para a mão esquerda e apertou a mão estendida de quem ela pensou ser o professor. – Sou o Sr. Varner, seu professor de matemática. Por favor, sente-se ao lado do senhor Whitlock. – Ele, com a outra mão, apontou para uma carteira no canto direito da sala, perto das janelas, mas ela não prestou muita atenção. Não enquanto seu estômago se contorcia com o enorme silêncio, agora dentro da sala. Os olhos de todos estavam nela, e Rose podia sentir isso. Olhares de pessoas que ela não conhecia, e pessoas cujas as intenções ela não tinha como saber.

Parecia ser impossível continuar com a cabeça erguida, quando ela mal conseguia respirar.

Não seja covarde! Ela gritou em sua mente, congelando suas feições em calmaria e gentileza.

— Obrigada, senhor. Com licença. – Soltando a sua mão da do homem, Rosalie se virou para as carteiras, em sua maioria já preenchidas.

Respira. Só respira, Rosalie.

Olhando ao redor, nas carteiras vazias, ela procurou o tal “Senhor Whitlock”, torcendo para que ele desse algum sinal que a ajudasse a reconhecê-lo. Suas preces foram atendidas quando um rapaz levantou dois dedos e lhe ofereceu um sorriso.

Se em algum momento ela tinha sentido algum tipo de desconforto naquela escola... Ou na cidade, agora, ela já não se lembrava mais. Um sentimento estranhamente confortável a atingiu, tanto que ela não se incomodou de se sentar ao lado daquele loiro, de aparência perfeita.

— Oi! – O denominado “Senhor Whitlock”, disse, sorrindo para ela. – Sou Jasper Whitlock. Você é nova aqui, não é? – A primeira coisa que ela percebeu naquele sorriso e na fala, era que, não tinham nem mesmo um pingo de falsidade. E o melhor... Nem um pingo de malícia.

— Oi. – Rosalie permitiu que um sorriso aparecesse em seu rosto. Não um forçado ou tenso, mas um sincero. – Sou Rosalie Hale.


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