Blood Diamond escrita por BarbieGelada


Capítulo 3
W & C


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa pela demora de novo... Sento muito mesmo. Mas eu tô em uma fase perfeccionista e esse capítulo teve umas duas versões antes dessa.
Espero que vocês gostem. Fiz algumas pequenas mudanças nos capítulos anteriores, que não vai mudar em nada o curso da história agora. As principais são:
*O nome da mãe da Rosalie é: Amélie;
*O nome da empresa de moda, que agora é da Rose, se chama: Amél's C & Hale;
* Não existe chocolate quente nenhum;
* Tem a data em que ocorre os capítulos no início!
Aproveitem!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797258/chapter/3

28 de Julho de 2020. Terça-feira.

 

— Errado! – Anunciou o professor, animadamente para a dupla sentada a duas carteiras da de Rosalie.

Aquela escola definitivamente, não era normal. Que professor, em sã consciência, ficava tão animado em dizer a um aluno que, ele deixou de ganhar dois pontos extras? Pelo visto, o Sr. Varner.

A atividade, ou jogo, como o professor tinha dito, deixou Rosalie confusa, tanto que, ela precisou recorrer a Jasper para explica-lo. O Sr. Varner, aparentemente diria coisas sem sentido sobre números e formas, e sem papel, caneta, ou qualquer tipo de coisa que pudesse ser usado para uma ajuda, ele esperaria que os estudantes montassem a loucura pedida e a transformasse em uma resposta plausível. Se bem, que... as perguntas, não eram assim, tão difíceis de responder. A Hale já tinha percebido que, se ela não prestasse apenas atenção nas falas apressadas do professor e na ladainha que ele algumas vezes colocava no meio, e separasse as frases que ele dizia, as respostas iriam aparecer rapidamente.

O problema real, era o tempo estimado que o professor deixava para os seus alunos “desvendarem” e responderem: Um minuto e meio. Nem um segundo a mais.

Rosalie estava se divertindo, resolvendo as perguntas absurdas dos seus colegas de classe, junto com Jasper, que se revelou ser um ótimo parceiro de matemática. Algo nele, dava a ela uma sensação calmante, tanto que, Rose não se sentiu intimidada por estar ao lado dele.

— Senhorita Hale, Senhor Whitlock, estão preparados? – Ela não respondeu nada, e apenas olhou para o seu companheiro de carteira, levantando uma sobrancelha, como se o desafiasse. Um pequeno sorriso de lado apareceu no rosto dele, enquanto ele olhava para ela, e olhava para o professor em seguida. – Como de costume, como boas vindas, a pergunta mais difícil fica para o novato. Boa sorte. – Agora Rosalie se preocupou. Você não ousaria... Sim, ele faria. Quando ele pigarreou, ela se endireitou na cadeira e concentrou-se inteiramente nas próximas palavras de seu professor lunático. – Imaginem um trapézio escaleno, agora, transforme-o, de forma que todos os seus ângulos internos fiquem com exatos XC graus. Todas as bases, juntas em uma linha reta, devem ter, quando somadas umas as outras, 832 milímetros, e quando separadas e encaixadas, 208 milímetros. Qual seria a forma final desse trapézio? Círculo, triângulo ou retângulo?

É... Lunático definia muito bem o Sr. Varner.

— Vocês tem um minuto e meio, a partir de... – Ele olhou no relógio, estranhamente largo, antes de sorrir e gritar: - Agora!

Olhando rapidamente para Jasper, ela percebeu que ele já tinha começado a pensar na resposta.

Ok. Quase como se ela pudesse ver sendo desenhado no quadro branco inutilizado na frente da sala, o desenho de um trapézio escaleno apareceu, e os desenhos internos dos ângulos se formaram, todos desiguais, variando de 30° a 100°. Ao lado do desenho, os XC° foram marcados. Aquela parte a estava confundindo. XC não era um ângulo.

— XC não faz sentido. – Ela murmurou para Jasper, tentando encontrar alguma explicação para ele... Não tinha. Preocupada com o tempo, os olhos dela viajaram até o seu relógio de pulso, eles só tinham cinquenta segundos. Os números lhe chamaram a atenção. – São romanos! – Ela balbuciou baixo, franzindo a testa querendo ter certeza antes de falar definitivamente besteira. O Whitlock a olhou, claramente não tendo entendido a mistura estranha de sons que tinha saído de sua boca. Erh, 'tá certo.— XC são números romanos. – Ela falou para ele, em um tom baixo, aproximando-se um pouco dele, enquanto ele fazia o mesmo. – Todos os ângulos tem que ser transformados em XC, que traduzido – Ela fez aspas com os dedos na última palavra, feliz por ter desvendado. Rosalie viu o sorriso de canto de Jasper voltar a aparecer, enquanto ele a olhava, impressionado. – significa, noventa. Todos tem noventa graus, o que transformaria a forma em um retângulo, mas ainda temos os oitocentos e trinta e dois milímetros, que...

— Que divididos tem que dar duzentos e oito. – Ele disse, pegando a linha de pensamento dela e a completando. Como se estivessem funcionando com um único cérebro, ao mesmo tempo em que Jasper falava, a mente de Rose trabalhava junto, chegando sempre ao mesmo resultado. – 832 dividido por três dá 277,33... Mas dividido por quatro, é 208. – Rosalie sorriu abertamente ao mesmo tempo que ele, e riu logo em seguida.

— Um quadrado! – Ela anunciou em meio a curtas risadas. Como se contagiado pelo seu recente alívio e bom humor, Jasper também se permitiu rir um pouco.

— Como? – O professor perguntou, se aproximando da mesa. Rosalie olhou para o instrutor de Cálculos e repetiu, sem rir, dessa vez.

— Não é um círculo, um triângulo e nem um retângulo. A forma final é um quadrado. – Ela disse, com absoluta certeza. Ela e Jasper estavam certos, e a Hale sabia disso.

— Turma, - Chamou o Sr. Varner, passando a mão nos fios pretos e grisalhos. – Vamos dar nossos parabéns a primeira dupla que respondeu a essa pergunta corretamente! – Ele começou a bater palmas, e todos os colegas de classe deles os aplaudiram. Rosalie pensou que se sentiria incomodada, mas não. A atenção que ela recebeu dessa vez, foi pelo seu intelecto, e Rose se encontrou gostando daquilo. – Vocês estão liberados!

Ela se virou para Jasper, com um sorriso estampado no rosto.

— Parabéns, Sr. Whitlock. – Parabenizou-o, estendendo a mão para ele.

— Acabamos de nos tornar gênios, na percepção do professor, Senhorita Hale, - Ele disse, pegando a mão de Rosalie, em um cumprimento. – Você tem a total liberdade de me chamar de Jasper. – Rosalie percebeu que ele tinha um sotaque sulista. Ela também percebeu que isso o deixava ainda mais charmoso. Dentre os defeitos e problemas de Rosalie, ser cega não era um deles. Jasper Whitlock, era de longe o garoto mais lindo que ela já viu na vida. Seus cabelos loiros, caíam em pequenas ondas até a altura do seu queixo. Seus olhos, assim como os fios dourados de sua cabeça, a lembravam de mel na luz do sol. Apesar da extrema beleza dele, ela não se sentia exatamente atraída por ele. Loiros não a interessavam. Royce era loiro e ela não sentia nem mesmo uma fagulha de nada por ele... Além do atual ódio, é claro. Talvez ranço, durante  todo o seu curto período de um mês de namoro.

Ela riu, levantando e segurando a bolsa pela alça enquanto saia do caminho para que o loiro pudesse passar.

— Já que é assim, Jasper, - Ela começou, caminhando ao lado dele para fora da sala. O corredor estava cheio, e no momento em que a dupla pisou nele, todos os olhares, descaradamente foram direcionados a eles. – Nada de Senhorita Hale. Para você, é apenas Rosalie. – Virando-se para olhar para o colega, Rose se preocupou. – Você está bem?

As belas feições do rosto de Jasper, estavam reprimidas e tensas. Em um segundo, ela percebeu ter feito a mesma coisa. Tantas pessoas... Assim como a insegurança apareceu, em um segundo, ela sumiu. Rosalie estranhou suas emoções estarem mudando tão rapidamente, quanto estavam naquele dia.

— Sim. – Ele disse, estendendo uma mão em direção ao corredor, enquanto a outra repousava atrás dela, como nos filmes de época, os quais Vera a segurava para assistir, onde o protagonista era um perfeito cavalheiro. Rosalie seguiu na direção indicada por ele, seguindo-o no corredor para a esquina dos armários. – Qual é a sua próxima aula? - Eles desviaram dos alunos até chegarem no 175° armário, onde Jasper colocou as suas poucas anotações da aula. Como se ele pudesse sentir a pequena centelha de dúvida que brilhou nela, ele se apressou ao perguntar. – Você está com o papel? – Fechando a porta cinza feia, ele a seguiu até o outro lado do corredor, onde estava a própria porta feia dela. Rosalie queria, de verdade, pintar aqueles armários.

— Acho que é inglês ou estudos sociais... Não tenho certeza. – Tendo colocado o seu material usado na segunda prateleira, ela pegou o papel com os seus horários. Para a sua sorte, ele saiu de sua bolsa ao contrário, de forma que a parte branca estava virada para ela, e os escritos, para Jasper.

— Estudos sociais. – Ele leu, abaixando um pouco para olhar o papel. O canto de seus lábios mais uma vez se repuxaram para o lado e Rosalie não pôde conter o impulso de revirar os olhos, mesmo que os seus lábios também estivessem repuxados.

— Obrigada. – Ela disse, um segundo antes de pedir que ele segurasse a folha. Tirando o seu celular da bolsa, a loira o desbloqueou e colocou-o na câmera. – Bem mais prático! – Ela disse, após escanear a foto e salvar os horários em um documento.

— A próxima aula da Alice também é essa. – Ele murmurou, e Rosalie precisou de um momento para entender. Esse cara sabe falar rápido! Ela pensou. Sim, de fato ele sabia.

— Quem é Alice? – Retirando dois cadernos para anotações e as próximas duas apostilas, ela trancou o armário e se virou para ver seu parceiro de matemática estender-lhe o papel.

— É a minha namorada. – Ela pegou o papel e começou a andar devagar em direção a porta de saída. Sua próxima aula ficava no terceiro edifício, de acordo com o que estava escrito no papel, que Rosalie acabara de amassar e jogar na lata de lixo perto da parede.

— Legal! – Um sorriso apareceu em seu rosto, poucos segundos antes de sumir, quando ela avistou o mesmo loiro que ela viu quando chegou, ao lado de Jessica. Rosalie tentou continuar andando, rezando para que Jasper a acompanhasse. Suas preces foram em partes atendidas.

— Ro! – A capivara gritou, sua voz parecendo mais aguda do que antes, enquanto puxava o garoto loiro na direção dela e de Jasper. A garoa caindo em seus cabelos a estava deixando irritada.

— Rosalie. – Ela corrigiu, abrindo um sorriso educado, enquanto tentava suavizar o efeito que a sua correção tinha causado neles. Ao que parecia, não tinha dado certo. Bom, pelo menos não era o que os olhos espantados de Jessica e os olhos pasmos do garoto dizia. Apesar de ser chamada pelos amigos de “Rose”, geralmente Rosalie não gostava muito de apelidos para si, mas se tinha um que era estritamente proibido, era esse. Apenas uma pessoa a tinha chamado assim em toda a sua vida, e se pudesse, ela teria aberto um corte enorme no peito do mostro que a apelidou daquela forma, e ainda teria assinado com um “Ro” embaixo, com o sangue do infeliz. - Eu não gosto desse apelido. – Ela tentou explicar, de maneira muito resumida, e viu a expressão dos dois suavizarem. Jasper, que graças aos céus ainda estava lá, parecia estar se divertindo com a situação, como se soubesse do recente humor-sombrio que a cobriu.

— Ahh, tudo bem então. – A capivara puxou o garoto pela blusa e o segurou no lugar, impedindo-o de se aproximar. Obrigada! Alívio correu pelas veias de Rosalie como se fosse sangue. – Rosalie, esse é o Mike Newton, Mike, essa é a Rosal_

— É, Jessica. – Ele disse ignorando a menina e o pedido silencioso no olhar de Rose para que não se aproximasse de si. Claro... Como ele poderia saber o sinal em seus olhos, quando os dele, estavam uns quarenta centímetros abaixo dos dela. – É um prazer te conhecer. Você é muito bonita.

— Meu rosto está aqui em cima. – Ela disse, encaixando a sua mão no queixo e na mandíbula dele, e elevando o rosto bigodudo para que ele visse seu rosto, uns bons sete centímetros mais alto, com um sorriso sínico estampado nele. Enquanto olhava para ele, Rosalie facilmente conseguiu ser enganada pelo seu cérebro e ver, ao invés de um rosto, uma abelha bigoduda. Seu estômago se apertou novamente, e fez um pequeno movimento que a deixou com dor. Se ela não comesse logo, daqui a pouco, ela veria um golfinho no meio do campus, disso Rosalie tinha certeza.

— E ele também é muito bonito. – Tá aqui? Por favor, esteja... Ela tirou a sua mão do rosto de Mike antes que ele a pegasse, como tinha levantado a mão para fazer, e implorou a tudo de mais sagrado para que tivesse colocado álcool em gel na bolsa. Mais uma estranha sensação de calma a atravessou, e uma mão grande foi posta no seu ombro. Antes de ela se virar para ver Jasper, Rosalie viu algo passar pelos olhos azuis do bigodudo, algo como medo ou cautela.

— Com licença, nós temos aula. – Jasper disse, seu tom saindo como uma ameaça, e seu olhar travado em Mike. Não esperando resposta alguma, ele a puxou para fora daquele circo. – Você está bem? – Ela virou o rosto para cima, olhando-o com nada menos do que gratidão nos olhos e alívio no pequeno sorriso.

— Estou sim, obrigada. – Rosalie respondeu, puxando a bolsa e procurando lá, um pequeno vidro de álcool em gel. – Aquele bigodudo está seguindo a gente?

— Bigodudo? – Seu sotaque sulista se mostrou de novo, quando ele deixou um riso sair com a sua pergunta.

— É, o Mike. – Ela explicou, e viu pelo canto do olho Jasper virar sutilmente a cabeça.

— Seguindo com as pernas, não. Com os olhos, sim. – A dupla virou a esquina, dando de cara com a placa da escola. Outros dois prédios estavam presentes, um ao lado do outro, seus tijolos marrons, ferindo os olhos de Rosalie. Os tijolos a deram uma ideia, mas ela não queria ir presa, jogando um deles nos olhos azuis maliciosos do Newton, logo seis dias antes de fazer dezoito anos...

— Obrigada por... Aquela coisa com o Mike lá atrás. – Ela disse, apontando por cima do ombro, sem se dar ao trabalho de virar a cabeça.

— Não foi nada. – O levantar de ombros dele foi natural, e Rosalie se viu analisando um pouco ele. A Hale era uma pessoa bem intuitiva, assim como racional, e quando essas duas características batiam de frente uma com a outra, normalmente era onde ela ficava no mínimo uma hora pensando sobre um assunto específico, mas quando apenas um vinha, Rose já tinha aprendido a ouvir. Um exemplo bem eficaz de quando ela tinha se ferrado não dando ouvidos a sua intuição, era o caso Royce King, arquivado na sua memória e cravado em cicatrizes pelo seu corpo. Jasper Whitlock não era uma ameaça. Pelo menos não para ela. – Alice está realmente ansiosa para te conhecer. – Comentou, e Rosalie percebeu o quanto a postura rígida dele relaxava quando falava da namorada. Um brilho diferente iluminou os seus olhos. Um brilho bonito e apaixonado.

— Agora você me deixou ansiosa para conhecê-la também. – Ela disse, sorrindo. Um sorriso bonito também se formou nos lábios de Jasper.

Conforme eles caminhavam, Rosalie via pelos cantos dos olhos, as dezenas e dezenas de cabeças que viravam quando ela e o loiro cruzavam o espaço para o terceiro prédio. Rose não achava possível que todas aquelas pessoas estivessem quase virando corujas, apenas pela beleza inegável de ambos, mesmo que isso fosse completamente possível. Ela sentiu como se uma pequena parte da sua armadura estivesse caindo, e se preocupou. Um espelho. Eu preciso de um espelho! Sua mente gritava. Embora por dentro estivesse em alerta vermelho, sua face plena e postura perfeita, permaneceram as mesmas.

— Há quanto tempo vocês estão juntos? – Ela perguntou, estendendo a mão para abrir a porta do prédio. Em um gesto cavalheiresco, Jasper passou por trás de Rosalie e abriu a porta para ela pelo canto. – Obrigada, Sir. Whitlock. – Assim como uma moça de época, ela abriu um pequeno sorriso fechado e comportado.

— Senhorita Hale. – Ele falou galante, fechando a porta atrás de si após ter passado por ela.

Eles riram e começaram a andar pelo corredor, tão feioso quanto o do primeiro prédio. O salto dela fazia barulho no chão e chamava a atenção, mas tirando a última parte, Rosalie adorava o som. A fazia se sentir grande.

— Qual é a sua sala? – Ela perguntou, olhando para ele e, atrás do rapaz alto, Rose encontrou um vidro refletor.

Ela estava linda. Não a estavam olhando por seu cabelo bagunçado e nem por algum tipo de imperfeição na sua roupa. Não. Mas sim porque ela era linda. Sempre que o assunto era a sua aparência, atualmente, Rosalie não sabia se se enchia de orgulho, ou se deveria se esconder em um buraco... Buraco não. Um hotel cinco estrelas, já estava de bom tamanho. Se sentir insegura com o próprio corpo por causa de um babaca sádico, seria fazer exatamente o que ele queria, ela percebeu. Ela era Rosalie Lilian Hale. Era linda, forte e poderosa. Royce King não passava de uma escória, e ela jamais se rebaixaria a fazer qualquer coisa que o agradasse.

Rose tirou seus olhos do vidro, sem nem mesmo o ter olhado por mais de três segundos, e olhou para Jasper, que parecia emanar uma recém confiança, assim como ela.

— Minha aula, na verdade, agora vai ser no segundo prédio. – Rosalie franziu o cenho.

— O que!? – Ela não consegui segurar. Jasper riu um pouco antes de responder.

— Estou com as apostilas da Alice. - Surpresa. Com certeza isso definia o estado da Hale naquele momento. – Ela acabou levando para casa na sexta-feira passada.

— Você está levando esse todo esse peso, desde que saiu da sua casa? – Ela perguntou, pasma. As apostilas gostavam de enganar. Pareciam ser finas e bonitinhas, mas só de longe mesmo. Cada uma tinha por volta de cem a trezentas folhas. Como eles comprimiram todas elas, ela não sabia. Ele acenou, e fez um gesto com a mão, como se não fosse nada.

— Não é como se fosse muito pesado, e de qualquer forma, é aqui. – Jasper parou em frente a uma porta de madeira, onde estava escrito Sr. Jefferson. Após uma olhada superficial para dentro da sala de aula, Rosalie resolveu esperar a namorada de Jasper junto com ele. Agora, só lhe bastava torcer para que a Alice não fosse como Jessica ou como Lauren. Ela estremeceu apenas com o pensamento de se sentar ao lado, ou ao menos perto de alguém como Lauren, que era a cópia, realmente fiel da Olívia, sua “colega” de escola. Muda de pensamento, Rose. Muda de pensamento...

— Você quer que eu te ajude com algumas apostilas? – Ela perguntou, apontando para a mochila, tão firmemente colocada nos ombros de Jasper.

— Não... Obrigada. – Ele disse tirando a mochila das costas e apontando para o corredor. Rosalie olhou por cima do ombro. Como uma bailarina, uma menina extremamente pequena, caminhava com graça em direção a ela e o Whitlock. Ahh, como ela queria que as senhoras Pavlova e Miller, suas antigas instrutoras de ballet e patinação, vissem aquela garota andando e saltitando. Elas definitivamente chorariam ou pediriam aula.

Tendo um excelente bom gosto, com moda e namorado, até onde Rosalie pôde ver, Alice estava usando um vestido cinza médio, que batia um palmo acima do joelho. As alças de aparentes dois centímetros de largura, estavam corretamente colocados nos ombros muito magros da namorada de Jasper, alinhados como um tecido esticado, caindo em linha reta até o sútil corte ‘v’, da parte superior. Por baixo do vestido, uma blusa de manga cumprida cinza, que possuía um curtíssima gola, mal terminando na curva do pescoço, e uma meia calça preta. O fato de a botinha de cano curto e a bolsa pendurada em um ombro serem os únicos toques “brilhantes” na roupa, deram um toque que geralmente, apenas fãs da moda saberiam colocar. O cabelinho curto preto, espetado para todos os lados e a sua altura, apenas compensaram para fazê-la parecer uma fada. Uma muito linda por sinal.

Com grandes olhos dourados e sobrancelhas cumpridas e finas, a garota chegou até ela, com as bochechas e a boca esticadas em um sorriso largo e conhecedor.

— Essa, é a Alice. – Disse Jasper, passando por ela e estendendo a mão para Alice, que a pegou sem nem mesmo pensar. – Alice, essa é a Ros_

— Eu sei! – Ela tinha o maior e mais feliz sorriso que Rose já tinha visto, além de ser a dona da voz mais fina e doce que ela já tinha ouvido. – Oi, Rosalie. É um prazer te conhecer. – Se colocando ao lado do namorado e o abraçando, Alice parecia estar contendo todo o seu entusiasmo enquanto abraçava fortemente Jasper. Rose não duvidava que, se não o estivesse abraçando, Alice estaria pulando como uma bolinha de pingue-pongue. – Você nem imagina o quanto eu estou feliz por você ter chegado!

— Obrigada. – Ela agradeceu, não se importando com o sorriso se se estampou em seu rosto, embora não fosse tão grande, ou tão brilhante quando o da pequena garota, afinal, era sincero. – Há quanto tempo você sabe que eu vinha pra cá? – A curiosidade falou mais alto. Ela viu os lábios de Jasper se juntarem e se erguerem para o canto.

— Ahm... Três meses. – Alice respondeu, franzindo a testa, pensativa.

— Uau... – Ela tinha se matriculado a três meses, o que significava que o sigilo, pelo menos inicial, que ela tinha pedido, havia sido ignorado com sucesso. Rosalie não sabia se devia achar graça disso, ou se devia ficar irritada. E mais uma vez, ela estava se surpreendendo com as próprias emoções, que permaneceram calmas, e até animadas. – Ok... É um prazer te conhecer, Alice.

O sinal tocou, estridente e gritante, tanto que o trio em frente a sala fechou os olhos para o som.

— Tenho que ir para a aula, Alice. – Disse Jasper, estendendo uma apostila para a pequena garota, que apesar da altura e da delicadeza de seus traços, parecia ser um ano, ou dois mais velha do que Rosalie.

— Obrigada, Jazz. – Alice agradeceu, esticando o braço livre até o rosto do namorado, que abaixou para que pudesse receber o rápido e estalado beijo na bochecha da pequena fada. Rose observou, encantada, aquela dinâmica. Ela duvidava seriamente que teria um casal tão lindo e oposto naquele colégio, que pudesse competir com eles. – Todo o seu material está na mochila? – Ela perguntou, e Rosalie seguiu o seu olhar para a mochila preta extrapesada, agora, na mão dele.

— Sim. – Ele respondeu com naturalidade, e uma espécie de dúvida na voz, como se ele sempre tivesse feito isso. Como!? Rosalie sabia que estava fraca, mas isso não tirava o peso daquelas cinco apostilas e cinco cadernos, constando que ele havia deixado duas no armário. Além de que, Jasper estava levando também, as coisas de Alice. – Eu tenho que ir, até mais tarde, Alice. – Ele disse beijando o topo da cabeça dela, tirando o braço da cintura da namorada, e se virando para Rose em seguida. – Tchau, Rosalie. Até. – Ele disse, abrindo um sorriso cavalheiro para ela.

— Tchau Jasper – Rosalie disse, levantando a mão, sem realmente mexe-la, se despedindo. – Ahh, - Ele parou com a exclamação dela, virando-se para vê-la. – Passe os meus pêsames para o seu ombro, por favor. – Ela falou, lutando para manter suas expressões parecendo pesarosas. Definitivamente Rose estava perdendo a luta, se é que seu sorriso reprimido dizia alguma coisa. Um riso ou uma tosse, foi o que Jasper soltou quando sorriu de volta para ela. Os olhos cor de mel dele passearam do rosto de Rose para o de Alice, que sorria para a dupla de loiros, e depois, para o pé de Rosalie, voltando para o rosto dela em seguida.

— Transmita os meus para os seus pés também, por favor. – Ele disse dando meia volta e caminhando em passos largos, para a porta principal, abarrotada de alunos, pela qual eles tinham passado apenas minutos atrás. Rosalie definitivamente queria ter um irmão como Jasper.

— Os homens nunca vão entender a adrenalina de estar em um salto alto, vão? – Lamentou Alice, tocando o antebraço de Rose, chamando a sua atenção. Ela se virou para a pequena garota, surpresa com a alegria que parecia emanar dela.

— Eu não sei, - Ela entrou na sala, com Alice ao seu lado. As cadeiras estavam quase todas livres, pelo fato dos alunos estarem em círculos, falando sem parar uns com os outros. Bem... Isso até pelo menos Rosalie e Alice serem vistas. A Hale decidiu ignorar os olhos atentos e maliciosos dos meninos e olhos invejosos das meninas, e simplesmente continuar falando com a fada. – Mas, acho que posso te garantir que, os ombros dele estão doendo mais que meus pés.

— Acho que sim. – Ela riu. O som melodioso a parou por alguns segundos. Rosalie seguiu Alice até uma mesa de frente para a janela, onde Alice se sentou perto do corredor, deixando a cadeira ao lado da janela livre para Rose.

— O Sr. Jefferson não é muito ruim. No geral, é só responder se ele te perguntar alguma coisa, e prestar atenção na explicação. – A pequena garota murmurou, alternando o olhar entre o professor, que olhava para elas, e a Rosalie, que ouvia atentamente as palavras dela. – Se ele te ver fazendo anotações, normalmente vai te dar pontos extras. – Antes que Rose pudesse dizer sequer uma palavra, Alice já tinha retomado e continuou a falar. – Não ria dele... Não faça pouco caso das aulas... Não deixe de prestar atenção. Essas são as regras básicas para sobreviver em Estudos Sociais aqui. – Ela terminou, e Rosalie ficou impressionada por ela não ter puxado o máximo de ar que conseguia. Ela e Jasper podiam fazer uma competição para ver quem fala mais rápido. Seria até legal de ver.

— As básicas!? – Ela perguntou, levantando o olhar para o professor, esperando o resto dos alunos chegarem. – Tem mais?

— Sim, mas se você seguir essas, vai estar seguindo todas as outras. Relaxa. – Alice disse, erguendo os ombros como se não fosse nada. Se não era nada para ela, Rose não viu motivos para se preocupar. De qualquer forma, ela era uma boa aluna.

— Obrigada, Alice. – Rosalie agradeceu, e mais uma vez se viu embasbacada. Ela, como filha de uma ex-modelo e estilista, tinha ido a dezenas de desfiles, conhecido centenas de celebridades e modelos, mas nenhuma delas chegava aos pés dela, mesmo com esse pensamento parecendo muito narcisista e egocêntrico, era a verdade, e ela e todos que a viam tinham consciência disso. E da mesma forma que ela, Alice deixava a cada uma daquelas modelos com uma apetência patética, quase desleixada. – Eu tinha perguntado uma coisa para Jasper, mas acabei esquecendo...

— Pode perguntar! – Ela falou, seu sorriso nunca deixando o seu lindo e delicado rosto.

— Há quanto tempo vocês estão juntos? – Rosalie sabia que, se ela não quisesse responder, ela simplesmente poderia fechar a cara e não fazê-lo. Ela normalmente odiava quando pessoas tentavam se intrometer na sua vida, principalmente se não fossem chamadas para fazer isso, mas, algo naquele casal, parecia a chamar, a fazia se sentir curiosa, a querer estar perto... Como se a atraísse. Ao contrário do que ela esperava, Alice sorriu ainda mais, como se isso fosse possível, e seus olhos brilharam, assim como os de Jasper haviam feito ao falar da namorada. Seus lábios repuxaram para a direita.

— Já faz bastante tempo... – O professor, na frente da sala se levantou e andou até a porta, fechando-a. – Já estávamos juntos quando chegamos aqui na cidade. – Ela acelerou, e Rosalie entendeu apenas porque tinha se concentrado bastante nas palavras dela. O professor dando início a aula, com um micro-microfone preso na gola da blusa verde, interrompeu a conversa das duas. Não que isso as tivesse impedido de falar uma com a outra durante os poucos exercícios que o Sr. Jefferson passou.

O sinal tocou e todos guardaram os seus materiais, apenas Rosalie e Alice no final acabaram ficando para trás, por terem ficado arrumando a bolsa da loira, que havia caído no chão, graças a um braço muito relaxado de um aluno distraído.

— Só o pó? – Ela perguntou, terminando de pegar o batom e o caderno, que caiu aberto na última página, com a escrita "Soyez fort et souriez.", aparecendo, que na tradução livre significava: 'Seja forte e sorria'.

— Uhh... Soyez fort et souriez. – Alice disse, com a pronúncia perfeita. As vezes, Rosalie se esquecia que outras pessoas nos Estados Unidos também podiam aprender outras linguas. Eles só tem preguiça mesmo. Ela zombou, se lembrando do quanto ela era subestimada quando chegou da França, e as crianças e adultos falavam em inglês, ou espanhol, achando que ela não entenderia. Seu pai era americano e sua mãe era francesa... Ela praticamente tinha nascido bilíngue. Espanhol, Português, Polonês, Romeno, Holandês e alguns outros idiomas foram escolha dela aprender. Idiomas e mecânica eram suas grandes paixões.

— Très bien, - Ela respondeu, pegando o óculos que infelizmente, tinha trincado o vidrinho. - Enfer! - Praguejou. Por um momento se esquecendo da sua pequena companhia, e do professor, que alternava o olhar das duas, para o relógio, e para a porta. - Era o meu favorito. - Explicou, desculpando-se em seguida, pelo mal palavreado.

— Se fosse um meu, eu também teria falado algo assim. – Disse Alice, terminando de pegar um último vidrinho no chão e se levantando junto com a Rosalie, limpando superficialmente as coisas intactas e as colocando na bolsa. Ela decidiu que jogaria o óculos no lixo quando estivesse saindo da sala, por isso o deixou em cima da mesa. – Um... Protetor solar? – Alice perguntou, em meio a uma risada. As bochechas de Rose queimaram quando ela também riu.

— Então... – Ela não tinha nada a falar sobre isso, quando ela apenas o tinha levado porque estava na outra bolsa. – Não sei o que te dizer sobre isso. – Aquilo era patético. Como ela podia estar rindo com uma pessoa desconhecida? Como ela pôde rir e brincar com um homem, que ela não conhecia? Alice era, de fato, uma garota muito animada e gentil, e Jasper era um cavalheiro, em todos os sentidos da palavra, mas como? Ela não os conhecia. De qualquer forma, no momento, não importava, porque ela estava bem, e nem ao menos se lembrava do nome Royce. – É mais como... uma piada interna.

— Entre você e quem? – Alice perguntou, colocando o objeto, sendo o último, na bolsa, e a estendendo para Rose.

— Só minha, eu acho. – Ela disse, pegando as alças da sua Louis Vuitton e dizendo um rápido “tchau” para o professor.

— Agora é minha também. – Rosalie nunca tinha conhecido alguém que saltitava tanto e tão graciosamente quando Alice. – Eu tenho aula de Francês agora, e você? – Ela perguntou, aumentando o ritmo dos seus passos, ao cruzar o seu braço com o de Rose. A diferença de tamanho entre as duas era gritante, principalmente pelo salto da Hale, que não ajudou em nada as curtas pernas da pequena fada pálida. Para ajudá-la um pouco, Rosalie diminuiu a largura de seus passos, dando um descanso para as pernas incessantes de Alice.

Ela procurou na memória os horários, de quando tinha tirado a foto do papel com Jasper.

— Inglês. – Mesmo não tendo o porquê, Rose ficou um tanto quanto desapontada por não estar na mesma classe que Alice. Ela tinha conseguido a fazer sorrir mais rápido do que Vera, sua melhor amiga de infância. Talvez por ela simplesmente não estar mais em Rochester, ou por ela não saber do que tinha acontecido com ela alguns meses antes, mas definitivamente, Alice parecia trazer uma leveza que Rosalie não tinha a bastante tempo. Assim como Jasper fez, ela percebeu. – Talvez, nós tenhamos mais aulas juntas depois. – A Hale disse, continuando com o seu braço junto ao da pequena garota. Sua próxima aula ficava ainda no mesmo prédio, então ela apenas precisava achar o nome do professor... Na verdade, ela precisava saber, o nome dele.

— Nós vamos! – Alice afirmou, como se já soubesse. – É muito bom saber que, agora tem mais uma pessoa com noção de moda nessa escola. Sua roupa é incrível, por sinal. – Ela falou, sem parar para respirar e nem mesmo pensar. As pessoas a volta das duas pareciam tão entretidas em admirar as figuras de braços cruzados andando pelo corredor, que nem mesmo notaram as palavras da menor. Alice estava claramente dizendo que todos, ou pelo menos a maioria, não sabia se vestir corretamente, o que Rosalie concordava plenamente, vendo algumas das pessoas que passavam por elas, mas nenhum deles, parecia notar. – Essa é a sala do Sr. Berty.

— Espero que sim, para a sua afirmação. – Rose disse, sorrindo para Alice, conforme deixava que o braço muito fino da Cullen caísse do seu próprio. – Muito obrigada, para os elogios. – Ela falou, rindo junto com a pequena garota pálida. – Eu também adorei a sua roupa. E obrigada por me mostrar a sala. – O sinal tocou mais uma vez, anunciando o tempo dos alunos entrarem em suas novas salas.

— Foi um prazer te conhecer, Rosalie. – Alice disse, sorriso grandemente e pulando uma vez, no mesmo lugar. – Até! – E antes que Rosalie pudesse responder, a pequena estilista saiu, saltitando rapidamente para fora do prédio.

Se virando nos saltos, Rose entrou na sala indicada por Alice e se dirigiu ao professor de cabelos avermelhados.

— Senhorita Hale, certo? – Um aceno. – Seja bem vinda. Você pode se sentar em qualquer lugar livre, vamos começar em dois minutos. – Olhando ao redor, ela não viu ninguém que ela já tivesse visto antes, ou simpatizado. Apenas três cadeiras desocupadas, com duas delas senso uma verdadeira opção para Rosalie.

A carteira fora de cogitação, estava sendo ocupada por Mike Newton, e perto dele ela não se sentaria. A verdade, era que a semelhança dele com Royce King, era muito grande. Os olhos azuis, o cabelo loiro... Mesmo que os de seu ex-namorado fosse frequentemente matizado, dando uma aparência cinzenta nele, a semelhança dos dois a assustava. Não que ela fosse deixar isso aparecer em seu lindo rosto. Mais uma cadeira livre era em meio a um emaranhado de garotos, com apenas uma garota sentada por lá, a cadeira ao seu lado livre. Pela inclinação da sua cabeça e a forma que ela não ergueu os olhos dos livros na sua chegada, como todos os outros fizeram, ela parecia ser tímida, ou simplesmente não se importar nem um pouco com a presença de Rosalie. De qualquer forma, sentar na frente de Lauren e Jessica, e consequentemente, perto do belo cara que, virou a cabeça com toda a grosseria para ela, não era uma coisa que a agradaria muito.

Andando a passos largos, com os olhos de todos, ou quase, tirando o garoto abusado e a aparente namorada dele, nela, Rose se colocou ao lado vazio da mesa comprida de madeira, onde a garota de cabelos castanho claro estava ainda concentrada na página do livro que lia. Um sorriso educado se formou no rosto da loira

— Com licença, - Com o chamado, a garota levantou os olhos, e surpresa preencheu as suas feições. – Esse lugar está desocupado? – Ela apontou para a cadeira ao lado da menina. Embora fosse óbvio que não tinha ninguém sentado lá, Rosalie descobriu na aula de matemática, que todo lugar era marcado, e apenas uma vez durante todo o ano, era permitido trocar, e isso era, no começo do segundo semestre, o que por acaso, já estava no meio.

— Ahh, não. – Um sorriso apareceu no rosto dela, enquanto tirava a própria mochila do acento. Não, é não. Rosalie pensou, mesmo que tivesse estranhado a resposta com o ato da garota. – Sim! – Ela falou, mais alto do que antes, como se estivesse se desfazendo de uma doideira da própria cabeça. – Sim, você pode sentar. – Rindo um pouco, enquanto colocava a bolsa no gancho, ao lado da perna da mesa. Rosalie acompanhou a sua risada e se sentou, imitando as suas ações.

— Prazer, meu nome é Angela.

Rosalie apenas se lembrava de se apresentar para tantas pessoas e pequenos grupinhos dessa forma, quando ela tinha se mudado de Paris para Rochester, aos sete anos de idade, em 2009. Na verdade, apesar do pequeno número de estudantes, aquele lugar mais parecia ser um formigueiro, lotado.

Tendo uma última aula no período da manhã com Jessica e Angela, Rose percebeu que a primeira das meninas, era do tipo que ia onde era conveniente. Não era o tipo de pessoa que a Hale gostava de ter por perto, assim como Mike Newton, que se revelou ser péssimo em cantadas, ou o que quer que ele quisesse chamar aqueles malditos bilhetinhos que insistiam em ir parar na mesa dela.

As aulas de inglês e física, passaram lentamente, de forma que Rosalie se viu com o estômago realmente dolorido no final. Almoçar na escola não seria uma real opção para ela, já que ela não queria ter todo o alimento sendo esvaziado do seu corpo durante o horário de almoço.

Nenhum aluno necessitava da aprovação de ninguém para poder sair da escola no almoço, então foi exatamente o que ela fez. Nos corredores, Rosalie procurou Alice ou Jasper, na esperança de pelo menos encontrar algum motivo agradável para esperar um pouco mais para sair, mas não os viu em lugar algum. Enquanto ela seguia para fora dos prédios, quase estando na escadaria para o estacionamento, um casal, tão bonito quanto Alice e Jasper passou por ela, saindo do primeiro edifício. A garota sorriu gentilmente, mas o garoto não. O olhar de desprezo dele foi uma novidade que Rosalie odiou. Era como se ele estivesse a julgando por algo que nem ela sabia. Felizmente, Rose teve a educação de devolver exatamente o que cada um daquela dupla tinha dado a ela. Era o mesmo casal da sua aula de inglês, ela percebeu.

— Rosalie, - Lyssa a cumprimentou, saindo do Mustang preto e se aproximando rapidamente dela. – Está tudo bem? Quer alguma coisa? – Ela perguntou. Rosalie sorriu e negou com a cabeça.

— Estou bem sim. Só com fome. – Tranquilizou-a, buscando na própria bolsa a chave do carro. – Você pode dirigir para mim? – Rosalie sentia o seu corpo fraco, e se dirigisse dessa forma, seria muito capaz de bater o carro contra um poste quando desmaiasse. Sem contestar e com um sorriso no rosto, Lyssandra avisou a Annelise dos próximos passos, enquanto a Hale entrava no veículo preto e encostava a cabeça no encosto, sentindo aos poucos seus músculos tensionarem e relaxarem repetidamente. Forte, Rosalie. Não apaga.

**********

Emmett não sabia exatamente o que estava acontecendo com o seu irmão mais novo. Todos falavam, e ele tinha certeza que, pensavam em “Rosalie Hale”, muito mais do que antes, mas isso não poderia explicar o quão Edward estava ruim de se estar por perto.

Alice falava sem parar dela, fazendo comentários com Bella e as vezes puxando Jasper também para a conversa, que por sua vez, fazia comentários até que bem elogiosos a garota nova. Emmett ainda não a tinha encontrado, o que era meio triste, já que ele detestava estar de fora do assunto que seus irmãos falavam.

— Vocês estão idolatrando ela agora, ou o que? – Edward perguntou rudemente, interrompendo a descrição que Alice estava dando sobre o closet da sua nova amiga, para Bella.

Estranhando mais uma vez a irritação do seu irmão, Emmett agarrou o ombro de Edward e o apertou. Não forte o suficiente para machucar, mas sim, o suficiente para segura-lo lá, antes que ele começasse a sair batendo o pé para fora do refeitório com um bico pendurado na cara.

O que está acontecendo com você, Edward? Ele pensou. Alice não fez nada de errado. Sua irmã não tinha feito nada, e claramente não merecia a idiotice do irmão mais novo.

— Ohh... Claro que não. – Ele falou, o sarcasmo claro em sua voz, enquanto tirava a mão de Emmett do seu ombro.

— Não, eu não fiz, Edward. – Alice disse, um bico fofo enfeitando os seus lábios, enquanto ela contradizia essa fofura, fuzilando Edward. – A Rosalie não te fez, e nem vai te fazer nada. – Ela disse, rápido o suficiente para que apenas vampiros pudessem ouvir. Emmett olhou rapidamente em volta, para ver se ninguém estava prestando atenção neles. Ninguém. Bom... Pelo menos hoje não.

Quando ele voltou a sua atenção para os irmãos, que tinham começado o seu chato silêncio, que significava uma das estranhas conversas telepáticas deles, ele apenas apoiou um cotovelo na mesa, enquanto descansava o outro braço lá também. Ver as expressões que seus irmãos estavam fazendo, olhando um para o outro como se estivessem rolando no meio da floresta em uma briga, até que foi bem divertido, mas teria sido mil vezes mais, se eles tivessem falado em voz alta, para que todos estivessem por dentro do assunto.

— Você não vai interferir em nada, Edward. – Alice disse por fim, respirando aliviada, quando ao que parece, Jasper usou o seu dom, para apartar a briga silenciosa. Dando mais uma espiada em volta, assim como Bella, ao seu lado fez, Emmett percebeu que o jogo de encara dos irmãos, tinha atraído um tanto de atenção. Edward e Alice não pareciam nem mesmo notar isso.

— Ela vai estragar tudo. – Pelo jeito, a conversa ainda girava em torno da garota nova.

— Não vai. – Alice insistiu, pegando a sua bandeja de comida intocada, e jogando no lixo, a uns bons dez metros de distância. Jasper se levantou em seguida, seguindo os passos da esposa até ela. Emmett permaneceu na mesa, junto com o “novo casal”.

— Edward, - Bella chamou o marido, segurando o seu braço no lugar, quando ele tentou levantar. – Você pode explicar o que acabou de acontecer pra gente? – Ela pediu, virando a cabeça para Emmett, que realmente agradecia por ser poupado de fazer a mesma pergunta. Quando seu irmão virou a sua cabeça, também para ele, o vampiro apenas levantou os braços e falou:

— Eu não fiz nada. – Nada que eu me lembre, pelo menos. Ele pensou. Emmett tentou se lembrar de algo, mas nada que alguém não soubesse lhe veio a mente. Esme sabia que ele e Jasper tinham quebrado uma mesa, brincando de luta; Carlisle sabia que ele tinha quebrado o controle da TV, apertando um pouco forte demais os botões... É... todos sabiam disso. Esses eram os casos mais recentes, e de qualquer forma, eles já compraram uma mesa nova e até trocaram de televisão.

— Deixa pra lá! – Edward falou, pegando a própria mochila e se levantando, com Bella ao seu lado, dando dois tapinhas no ombro do cunhado antes de seguir o marido, para o lado oposto que Alice e Jasper tinham ido. A distância, ainda sentado onde nem mesmo dois minutos atrás toda a sua família estava sentada, Emmett ouviu seu irmão: - O sinal vai tocar, vem Emm.

Sendo o mais estridente da escola, nenhum dos Cullen gostava de ficar no refeitório quando o sinal, informando a volta as aulas, tocava. Emmett seguiu pelo caminho que Bella e Edward tinham feito, indo direto para a sua aula de Polonês, que infelizmente ainda era no mesmo prédio do refeitório.

O sinal tocou, e os ouvidos aprimorados de Emmett, que ouviram até mesmo o ruído da poeira do megafone, quase doeram. Como vampiro, ele não era capaz de sentir dor. Ele entrou na sala da Senhora Lewandowski, e estranhou a falta da professora nela. Aquela era uma das professoras mais exigentes com o horário que se tinha naquele colégio, e o fato de ela não estar ali ainda, significava que ela simplesmente não iria mais aparecer naquele dia. Ele andou até a sua mesa e ficou por lá. Não eram tantas pessoas que faziam aula de Polonês, então era até mesmo comum, muitos dos alunos se sentarem sozinhos e ainda terem mesas inocupadas. Onde Alice estava com a cabeça quando resolveu o inscrever justamente para aquela língua chata, que ele já conhecia, Emmett não sabia, mas no fim das contas, sua irmã era a responsável por fazê-lo repetir de ano, junto com Jasper, então ele já tinha parado de tentar entende-la a algum tempo.

Mais alunos apressados foram entrando, alguns conversando, outros retraídos, andando apressadamente até os seus lugares. Emmett colocou a mochila em cima da mesa e a abriu, parando de prestar atenção nos humanos a sua volta. Ele sabia que prestar atenção neles, era quase sinônimo de começar a reparar no cheiro atrativo do sangue deles. Com o pensamento, sua garganta arranhou, e ele começou a fuçar mais na bolsa. A maldita etiqueta da blusa estava roçando na sua nuca, e fazendo um som extremamente irritante.

Ele levou a mão até a etiqueta, estranhando o quanto aquilo fazia barulho. O problema eram seus ouvidos mesmo, e Emmett sabia disso. Normalmente, um humano estaria pensando no quanto aquilo coçava, mas ele não. Aquela droga era barulhenta. Tinha ficado o dia inteiro arranhando e o irritando, o levando a discussões internas e com Alice sobre ele arrancar aquela coisa na base da força, ao invés de esperar para cortar em casa.

Respirando fundo, apenas por hábito, Emmett sentiu o melhor cheiro que já tinha sentido na vida, tanto humana quanto vampira. Não era como o cheiro do sangue de Bella, não, não era sangue.

Até aquele momento, Emmett não sabia que vampiros podiam ter um frisson. O cheiro era inebriante, viciante, quase tóxico, levando a mente dele inteiramente a aquele aroma. Parecia ser algo floral, ao mesmo tempo que pareciam frutos cítricos... Ele definitivamente não sabia explicar, só sabia que poderia facilmente, se é que já não aconteceu, viciar naquele cheiro. Claramente um aroma feminino, não o de um frasco de perfume ou o de um sabonete, mas o cheiro de uma pessoa, uma mulher. Aquele cheiro era único.

Ele nem ao menos se importou quando a coordenadora apareceu e disse que a professora teve um imprevisto, mas estava chegando. Ele estava, enfeitiçado por aquele cheiro. Cheiro esse, que vinha de perto, mais especificamente, atrás dele.

Para tentar tirar aquele novo vício da sua cabeça, ele mexeu na desgraça daquela etiqueta, e considerou de verdade, com um único puxão arrancar aquela pequena e incômoda coisa. Ele procurou dentro da bolsa por uma tesoura ou qualquer coisa que pudesse tirar aquilo sem arrancar metade da blusa junto, com força sobre-humana. Ele achou um estilete. Quando novamente agarrou aquela etiqueta, e estava prestes a cortar, Emmett sentiu dois dedos tocarem seu antebraço. Antes que ele se virasse ou qualquer coisa, uma voz que o deixou tonto chegou aos seus ouvidos.

— Desculpa, - Quem quer que fosse a garota que estava atrás dele chamou, desculpando-se por interromper provavelmente a burrada que ele faria. – Você quer ajuda? - A voz aveludada e graciosa, mais uma vez fez carinho em seus ouvidos. Responde, Emmett! Responde! Ele precisou lembrar a si mesmo.

— É só a etiqueta, - Ele falou, mais uma vez aproximando o objeto da parte de trás do pescoço. – Obrigado.

— Eu insisto, deixa que eu faço. – Ela pediu, não esperando por uma resposta e tirando a lâmina da mão dele. Quando a pele quente dela tocou a dele, Emmett decidiu que perguntaria mais a fundo para Carlisle, no que o corpo vampiro era similar ao humano. Era realmente estranho que um vampiro como ele, ou qualquer outro, mal conseguisse se mover, ou responder, graças a um arrepio na coluna. – Você pode acabar se cortando, se fizer sozinho. – Ela falou, e ele sentiu e ouviu o leve mexer da lâmina rasgando a etiqueta.

— Não corte o meu pescoço, por favor. Eu gosto dele. – Ele pediu, sabendo ser impossível isso acontecer.

— Relaxa, - A voz estava mais perto, ele podia sentir o ar quente saindo da boca dela e batendo na sua nuca, e sentiu ainda mais quando uma risada sutil veio em seguida. – Você não me deu motivos para isso. – Ela disse antes de ele sentir apenas mais um pequeno puxão na camisa e um segundo depois, a infeliz etiqueta e o estilete estarem sendo estendidos para ele por uma mão com unhas longas e bonitas.

Ele acompanhou um pouco a risada dela e se virou para agradecer. Seu coração quase bateu de novo.

A pele clara e rosada... As sobrancelhas simétricas... As maçãs do rosto altas e acentuadas... Os lábios vermelhos, harmoniosos e carnudos. Lábios esses, que eram os mais atraentes que Emmett já tinha visto... Os olhos levemente elevados no canto externo, de forma quase felina.

Emmett não perdeu, e duvidava que algum dia esqueceria, a forma como aquelas íris eram azuis, como o canto externo delas eram delineados por violeta, e como ao encará-lo de volta, as pupilas daquela beldade, dilataram.

Ele realmente estava tentando, mas uma parte do seu cérebro simplesmente não estava captando os comandos que a, pequena parte sã dele enviava. Aquela com certeza era a tal Rosalie Hale, ele sabia disso porque nunca tinha visto alguém tão linda quanto ela, e porque pessoas novas chegarem em Forks era quase um motivo para a data virar feriado.

— Oi... – Ela disse, sua voz trêmula, quase ofegante.

— Oi. – Emmett disse, e ele se impressionou ao ver que sua voz também tinha falhado. Mas que diabos!? Ele limpou a garganta e sorriu, sem nem só menos precisar pensar antes. – Eu sou Emmett.

— Rosalie. – Ela sorriu. E que maldito sorriso!

— Obrigado. – Ele disse, levantando o estilete há muito esquecido e a etiqueta.

— Não foi nada. – Ela disse, levantando os ombros, cobertos pela jaqueta vermelha. - Ninguém gosta de ver sangue, eu acho. – Bom... Isso era algo que Emmett meio que discordava. Sangue humano, realmente não era bom de se ver, porque a sede doentia vinha junto, mas sangue animal, que ele tinha aprendido a gostar, e muito, já era outra história... Ele decidiu brincar.

— Disso eu não sei. – Ele olhou por cima do ombro de Rosalie, que, sem se afastar, se sentou com as costas eretas. – O Fred, lá atrás, na penúltima fileira, parece suspeito. – Emmett conteve o riso, esperando que ela olhasse. – Olha discretamente, ele é muito perceptivo. – Falou, abaixando o tem de voz.

Ele franziu a testa, um momento antes de entender o que ela estava fazendo. Rosalie tirou o deu celular da bolsa, repousada na cadeira livre ao seu lado.

Ela passou a mão por trás do pescoço, pegando todo o cabelo louro-claro e o enrolando uma, duas, três vezes, antes de o jogar sobre o ombro. Emmett não tinha certeza se ela estava ou não olhando o Fred Gregory, mas ele não estava. Ele estava prestando atenção na beleza impossível daquela humana.

Rosalie passou o polegar sensualmente pela lateral e parte inferior da boca, como se estivesse ajeitando o batom, que não tinha nenhuma falha. Ela pareceu não perceber o que estava fazendo, ou mais especificamente, o efeito que estava causando nele, enquanto sutilmente virava a tela do celular. Ele, e todos os humanos naquele espaço entre quatro paredes, estavam hipnotizados por ela.

— Você está falando daquele garoto, tirando... meleca do nariz? – Rosalie riu. Oooooh. Merda. Uma vez, Jasper lhe contou que, só precisa de duas pessoas desconhecidas se virem por uma fração de um quinto de um segundo, antes das emoções delas evidenciarem paixão. Ele tinha rido, e falado “Há! Duvido!”. Agora, lá estava ele, tomando na cara.

Instintivamente, Emmett puxou o ar, mais uma vez inalando o cheiro inebriante dela, antes de ser interrompido pela professora, entrando na sala batendo os pés, e esfregando algum tipo de papel em sabe se lá aonde. Ele não estava interessado em olhar para ela, ou em tentar parar de sentir o cheiro extremamente forte de café, quando tinha uma beldade na sua frente, voltando os olhos para ele.

**********

Rosalie estava meio que esperando.

Ela conseguiu tomar tão bem uma sopa de legumes, que Martha a entregou um pedaço macio de pão para que acompanhasse na refeição. Então ela estava meio que esperando a torção no estômago e o gosto horrível do vômito na boca, enquanto dirigia de volta para a escola, com apenas Lyssa dessa vez. Annelise ficou na casa, cuidando da segurança das duas mulheres.

— Eu posso te... fazer uma pergunta? - Rosalie tirou os olhos do caminho entre as árvores, que saía de sua casa, e olhou para a segurança, acenando a cabeça rapidamente antes de voltar os olhos para a estrada recém asfaltada a sua frente. Os trabalhadores tinham pensado em cada detalhe de toda a sua casa, e no caminho dela também. No chão, perto das árvores, e colado ao asfalto, balizadores de jardim, que se acenderiam ao escurecer, estavam espalhados por todo o caminho até a casa, cercada na entrada e nos arbustos, por espetos de jardim. - Por que você nos contratou? - Por aquela, Rosalie não esperava.

— Ergh... - Ela não sabia exatamente o que responder para Lyssa, então se concentrou na curva que faria para entrar na estrada para a cidade. Se ela fosse para a direita, estaria saindo de Forks no próximo meio quilômetro e entrando em Port Angeles, já se fosse para a esquerda, iria por uns cinco a sete minutos pela estrada, e então encontraria o centro comercial da cidade de Forks. Isso se ela fosse no limite de velocidade estabelecido, que é claro, que ela não estava respeitando totalmente.

— Se você não quiser responder, não precisa. - Lyssandra disse, mexendo as mãos no ar, como se desenhasse um 'X'.

— Não... Tudo bem. - Rosalie disse, apertando as mãos no volante, e apertando o botão para que começasse a tocar músicas do rádio. Ela não tinha pressa dessa vez, então diminuiu o volume dos sons do carro enquanto engatava na terceira marcha, que infelizmente era automática. Câmbios manuais era outra grande paixão de Rosalie. - Vocês receberam o relatório do hospital e da minha situação, certo? - Com um aceno de cabeça como resposta, Rose respirou fundo antes de continuar. - Os... - Ela não sabia como chamá-los então decidiu citá-los de forma abrangente. - Eles, sumiram. Podem estar em qualquer lugar... Ninguém sabe. - Entrar no assunto, não era um desejo de Rosalie, então ela resumiu bem a situação.

— A senhorita acha que eles vão vir atrás de você? - Lyssa perguntou, olhando para o rosto da Hale. O canto de seus lábios havia começado a se contorcer para baixo, e ela lutou para se manter calma. Aquela possibilidade, apesar de lhe causar calafrios, era uma que ela não buscava pensar muito. Mas ela precisava ser realista.

— Sinceramente? - A segurança murmurou um "sim". - Eu não sei. Mas eles, com certeza não vão querer os seus nomes envolvidos em uma polêmica ou em um juri. Posso não ter noção de muita coisa deles agora, mas sei que todos os cinco, são burros o suficiente para quererem se livrar da "única prova" do seu crime.

— Não se preocupe. Ninguém vai chegar perto de você. - Assegurou Lyssa.

— Obrigada. - Rosalie sorriu, agradecida. A ideia de um deles aparecer na sua frente, a assustou, mas não mais do que a ideia de não ter nada para matar um deles. Ela estava entrando no estacionamento da escola, quando algo lhe veio a mente. - Você pode me ajudar mais tarde, a conseguir um documento para ter porte legal de arma? - Ela não pareceu se abalar com a pergunta, e até mesmo sorriu ao responder:

— Claro! - Rosalie estava definitivamente, gostando mais das suas guarda-costas. - Eu estava pensando aqui... O que você acha de ter aulas de defesa pessoal?

Ao estacionar ao lado de um Volvo prata, Rosalie se virou para a sua segurança particular.

— Seria perfeito.

— Então todo dia, treino as cinco horas da manhã. - Aquilo mais parecia uma ordem do que uma sugestão, mas ela não se importou. Ela estava disposta a tudo, para não ser mais "vulnerável".

— Sim senhora! - Rosalie disse, saindo do carro, e pedindo a bolsa, que havia sido colocada no painel, dando espaço para Lyssa se sentar no banco. - Se quiser, pode mudar a estação do rádio... Aumentar o volume... Desligar... Você que sabe. - Ela fechou a porta, e acenou um tchau para a mulher de pele escura no Audi.

A garoa ainda estava caindo, mas de forma muito mais leve e sutil que antes, então Rose não se preocupou em abrir o guarda-chuva, e apenas andou pelo estacionamento até o primeiro prédio, onde passou por poucos alunos. Os quais, pareciam corujas, virando a cabeça por onde ela passava. Mais uma vez, de forma muito estranha, por sinal, ela foi inundada por sentimentos de paz, confiança e receptividade, quase esquecendo a sua cautela e medo, minutos atrás.

Deixando seu material que, acidentalmente ela havia levado para casa, no armário, Rosalie pegou as suas apostilas de Polonês e Esportes, suas duas últimas aulas. Sua sala de Polonês, ficava no segundo prédio, dividindo o espaço com o refeitório.

No caminho, como se já não bastasse a leve chuva molhando o seu cabelo, e o céu miseravelmente cinza, Mike Newton decidiu que vê-la passando no corredor, era o suficiente para decidir ir perturba-la. Ou canta-la, como ele preferiu chamar. 

— Quando vamos sair, sabe? Só nos dois? - Ele perguntou, rindo e coçando a nuca, desajeitado.

— Não vamos. - Rosalie respondeu, sem olha-lo. Um grupinho de, pelo que pareciam, calouras, sorriram para ela e acenaram. Rose sorriu de volta e continuou andando, entrando no segundo prédio escolar, dando de cara com o refeitório lotado. Instantâneamente, todas as cabeças se viraram para ela, e para Mike, que ainda tentava chamar sua atenção. Uma verdadeira abelha, indo atrás da sua rainha. Aff! Ridículo! O som estridente do sinal, era mais forte no refeitório, com oito auto falantes espalhados pelas paredes. Seu ouvido doeu.

Rose andou até a máquina de líquidos, entre uma igual, de doces e uma lixeira verde. Pegando um dólar na bolsa e o posicionado no recebimento do dinheiro, ela comprou uma água e seguiu até o fim do cômodo ainda meio cheio.

— Ahh, vamos lá. Podemos ir no cinema. - Já tenho em casa— Ou ir tomar sorvete. - Sou capaz de fazer isso sozinha.— Ou só sair pra conversar até você perceber que eu sou o homem da sua vida. - Rosalie parou de brincar em pensamento e riu, abrindo a garrafinha dágua e tomando um gole.

— Loiros não fazem o meu tipo. - Ela respondeu, tentando fugir daquele garoto chato antes que dissesse alguma grosseria.

— E se eu pintar meu cabelo? - Você está brincando, né!? Rosalie revirou os olhos, aumentando os passos.

— De olhos azuis em uma relação, já basta eu. - Falou, levantando o cotovelo, para fingir mexer na bolsa, em uma esperança vã, de que ele se afastasse.

— Existem lentes de contato. - Pelo amor! Uma espécie de grunhido quis sair de dentro dela, mas Rosalie se conteve, e apenas fechou a cara e viu o nome Sra. Lewandowski / Polonês, em uma placa ao lado de uma porta aberta.

— Tchau! - Ela disse, antes de entrar na sala, deixando que seu cabelo batesse livremente no rosto do Newton.

Não tinham muitas pessoas na sala, mas a mais importante, também não estava lá, a professora. Com tantas cadeiras livres, Rosalie avistou uma mesa livre atrás de um garoto, ou homem, ao julgar pelo porte e largura do tronco.

Ele não a devorou com o olhar como todos os outros estavam fazendo, então ela andou até a carteira vazia atrás dele. Ela deixou a bolsa e a água em cima da cadeira livre.

Algo na posição encolhida que o cara na sua frente tinha, a chamou atenção. Pelo menos, até o momento em que ele tirou uma faca, ou um estilete, como quer que preferisse chamar, da bolsa, e a levou até a própria nuca.  Rosalie se preocupou em ver sangue escorrer daquele pescoço mortalmente pálido, mas quase foi capaz de relaxar, ao ver que ele apenas pretendia cortar a etiqueta da blusa.

— Desculpa, - Em um movimento rápido, Rose se inclinou sobre a mesa e tocou o seu ombro forte e largo, interrompendo o exato momento em que ele iria ou cortar não só a etiqueta, mas também a blusa ou o pescoço. – Você quer ajuda? - Ela ofereceu, alternando o olhar entre a nuca pálida do cara, e a lâmina brilhante na sua mão. Por alguns segundos, ele nada disse.

— É só a etiqueta, - Ele falou, e Rosalie sentiu todo o seu corpo estremecer e se aquecer em resposta a voz grave e máscula. – Obrigado. - Ele fez outra tentativa de fazer aquele desastre sozinho. Antes que pudesse ter muita noção do que fazia, Rose se viu debruçada sobre a mesa, e pegando o estilete.

— Eu insisto, deixa que eu faço. – Para que ela tivesse mais firmeza na mão, e não acabasse cortando o homem a sua frente, _ aquela voz definitivamente não era de um 'garoto'_ , Rosalie se aproximou um pouco mais e apoiou alguns dedos na nuca dele. Sua aproximação quase repentina, enviou o cheiro do cara para o seu nariz. Se antes ela achava que ser pai tinha um cheiro maravilhoso, perto daquele cara, seu pai esteve em uma lixeira por anos. E que ele não escutasse isso. – Você pode acabar se cortando, se fizer sozinho. – Ela se obrigou a dizer, sacudindo levemente a cabeça. Para de ser estranha! 

— Não corte o meu pescoço, por favor. Eu gosto dele. – Ele pediu, e mais uma vez, ela se estremeceu toda, e sentiu seu rosto esquentar, com a voz grossa.

— Relaxa, - O que diabos estava acontecendo, ela não sabia, mas naquele momento, Rosalie não tinha medo dele. Ela se permitiu seguir o seu próprio conselho, e relaxar. – Você não me deu motivos para isso. – Ela disse, soltando uma risada e passando a lâmina mais uma vez pela última costura da etiqueta, soltando-a de vez.

Sentindo repentinamente a falta do ar em seus pulmões, Rose se deu conta que, em algum momento, por medo de acabar machucando-o, tinha prendido a respiração. Respirando fundo, o cheiro inigualável que ela sentiu nele antes, a invadiu de novo e tomou todos os seus sentidos. Pinho e algo cítrico, ela tinha certeza.

Um momento depois, ela entregou a bendita etiqueta e o estilete, agora fechado, para ele. A risada dele lhe enviou uma onda de arrepios. O que diabos estava acontecendo com ela?

Sem aviso, o cara se virou, e mais uma vez, lá se foi o seu fôlego.

Seu coração quase parou.

Seus olhos vagaram pelo rosto mais absurdamente lindo que ela já tinha visto. Jasper e o garoto arrogante nem mesmo eram mais lembrados por ela.

Seus cabelos negros estavam bagunçados... cachos espalhados em todas as direções, contrastando com a pele perfeitamente pálida. Tão pálida que parecia não haver sangue por baixo dela.

Era como se Rosalie estivesse tentando capturar todos os detalhes do rosto dele em sua retina. O rosto forte... O ângulo reto e marcado do maxilar... O nariz reto... As covinhas, que quebravam completamente a idealização de pessoa séria do homem, em evidência por conta do sorriso largo, que proporcionava um ar infantil no rosto dele.

Rose se viu mergulhando nos oceanos dourados de seus olhos, quase se afogando. Se não tivesse prestando real atenção, ela não teria visto as pupilas dele se dilatarem, e não teria acreditado como o ouro da íris dele ao mesmo tempo que pareceram escurecer, brilharam.

Era como se ela estivesse aprendendo a falar novamente. Rosalie não sabia o que, e nem como falar alguma coisa.

— Oi... – Ela tentou, e sua voz falhou. Ela não tinha percebido o quanto parecia patética até aquele momento.

— Oi. – Ele respondeu, ainda sorrindo. A voz dele tinha dado uma leve, quase imperceptível oscilada. – Eu sou Emmett.

— Rosalie. – Um sorriso facilmente tomou conta de seus lábios. Ela não conseguia desviar o olhar, e nem queria.

— Obrigado. – Ele disse, levantando os objetos que ela o havia entregue. E esquecido do fato, de tê-lo feito.

— Não foi nada. – Rosalie falou, erguendo os ombros. - Ninguém gosta de ver sangue, eu acho. – Ela brincou... Gostar de verdade, ela não gostava de ver sangue, mas se incomodar de vê-lo, ela não se incomodava. A cor era até bonita.

— Disso eu não sei. – Emmett falou, olhando rapidamente para algo atrás de Rosalie, quebrando o olhar que eles trocaram, e dando uma folga para que ela conseguisse puxar ar de verdade, e concertasse a postura. – O Fred, lá atrás, na penúltima fileira, parece suspeito. – Por um momento, Rose se preocupou, e a sua curiosidade foi ativada. – Olha discretamente, ele é muito perceptivo. – Ele inclinou o rosto para frente, falando mais baixo.

Rosalie desviou os olhos do rosto perfeito de Emmett e buscou pelo seu celular na bolsa.

Ao levantar o aparelho, Rose se preocupou com o próprio reflexo, mas foi em vão, porque ela continuava linda. Pegando por trás, todo o seu cabelo, e o enrolando e jogando sobre o ombro direito, ela virou a tela do celular, procurando a penúltima carteira e o suposto "garoto suspeito".

Fingindo ajeitar uma inexistente imperfeição no seu batom, no canto da sala, Rose encontrou o garoto, e riu.

— Você está falando daquele garoto, tirando... meleca do nariz? – Rindo, ela voltou seus olhos para uma mulher com as mãos ocupadas, uma por pastas e outra por um papel, que estava esfregando na blusa manchada de café, se o cheiro indicava alguma coisa. Emmett era mais interessante.

Ela não estava mais rindo, quando o olhou e o encontrou já a olhando, com algo estranhamente reconfortante no olhar.

— Eu posso me sentar aí? - Rose perguntou, indicando com os olhos a cadeira ao lado de Emmett, antes de voltar seus olhos para ele.

— Vem. - Ele disse, levantando o canto dos lábios, em um sorriso torto.

Sua boca fez uma imitação perfeita do sorriso de canto dele, ao olhar para a frente da sala e ver que a professora parecia nem ao menos perceber que tinha alguém na sala, apenas ela e o seu ódio enorme pelo café em sua blusa.

Rosalie pegou o celular na mesa, a garrafa e as alças da bolsa e deu a volta na própria carteira, até passar para o lado de Emmett.

— Senhor Cullen. - A professora, com um forte sotaque polaco, falou alto, e Rose se viu embasbacada quando o seu parceiro franziu o nariz e olhou para a professora. - Auxilie a Senhorita Hale na aula. - Ela mandou, antes de falar confortavelmente. - Dobra klasa! Nie chcę dziś słyszeć nawet kichnięcia po angielsku! Tylko polski.

— Ela acabou de dizer: Aula livre. Podem conversar. - Emmett sussurrou, levantando uma sobrancelha para Rosalie e abrindo um sorriso sacana. Ela não fez nada a não ser rir.

— Tem certeza? - Ela perguntou, balançando a cabeça de um lado para o outro, com um sorriso de lado. - Pensei que ela tivesse dito: "Tudo bem classe! Eu não quero ouvir nem mesmo um espirro em inglês hoje! Só Polonês." - Emmett arregalou levemente os olhos, surpreso, mas depois abriu novamente um sorriso de lado.

Nie… Jestem pewien, że powiedziała „wolne zajęcia”. — Não... Eu tenho certeza que ela disse "aula livre". - Ele riu.

— Para. - Ela disse, empurrando a perna dele com o próprio joelho. Dando uma breve espiada, a Sra. Lewandowski nem ao menos estava se importando se os alunos estavam quietos ou não, apenas pegou um papel e começou a escrever algumas coisas nele, levantando os olhos vez ou outra para as pessoas que estavam murmurando em inglês. Por sorte, ela não foi pega. - Więc jesteś Cullenem... Então você é um Cullen...

Tak, jakiś problem? Sim... algum problema? — Ele pareceu curioso, quando se virou para ela e a olhou nos olhos.

Nie, poznałem twoją siostrę Alice. Jest bardzo podekscytowana, prawda!?Não, conheci a sua irmã, Alice. Ela é bem animada, não!? - Rosalis sorriu. Talvez... Ter se mudado para Forks, tivesse sido a melhor coisa que ela tinha feito para si mesma. Só talvez.

Odkąd ją poznałem, mała dziewczynka zawsze była taka ... szczęśliwa. — Desde que eu a conheço, a baixinha sempre foi assim... feliz. — Ele falou, rindo um pouco, parecendo estar um tanto perdido no tempo.

— Co za zło. — Que maldade. — Rose riu.

Huh. - Ué.  Ele riu também, fazendo uma carinha inocente. - Nie jest wysoka! Gdyby Alice była, nazwałbym ją biegunem. — Alta ela não é! Se a Alice fosse, eu a chamaria de poste. - Rosalie ergueu as sobrancelhas, e fez uma falsa expressão indignada.

Jestem wysoki!Eu sou alta! — Ela esperou a próxima resposta espertinha de Emmett, mas ela não veio muito rápido, mas quando veio, foi em inglês, e extremamente baixo, tanto que ela teve que se inclinar para ouvir, ao mesmo tempo que ele também se inclinava para falar.

— Tenho outros apelidos para você. - Com a boca dele quase encostando no seu ouvido, Rosalie sentiu um friozinho no local onde o seu hálito bateu. Ela mal tinha notado que fechou os olhos, mas quando os abriu, aproveitou que Emmett ainda estava ali pra se aproximar do ouvido dele, dessa vez.

— Por enquanto... Rose, está bom. - Ela disse, e riu quando colocou a mão no peito dele e o empurrou de volta para o lugar. Ela tinha que reconhecer... Emmett era malhado. Muito!

Um estranho calor tomou conta dela, junto com a risada de Emmett. Tanto, que ela tirou o elástico de cabelo da bolsa e já o deixou no seu pulso, a disposição. Quando ela fosse no banheiro, prenderia o cabelo.

Sendo pega desprevenida, Rosalie fechou os olhos e cobriu os ouvidos ao som do sinal. Como a sala ficava perto do refeitório, o som alto a assustou. Duas mãos excepcionalmente grandes e frias, vieram por cima das suas, cobrindo suas orelhas, protegendo-a do som alto. Por algum motivo, o sinal parecia mais forte, e não estava parando. Ela abriu os olhos e não se surpreendeu ao ver que era Emmett a ajudando. Ele estava mexendo a boca, mas a Hale não escutava nada.

Emmett mais uma vez mexeu os lábios, mais devagar dessa vez. Alarme de incêndio. Ele também apontou para a parede, mais perto de Rose. O alarme gritante estava lá.

Mesmo que ela estivesse mais perto, seu parceiro de classe parecia estar com dor, então ela não pensou duas vezes antes de tirar a própria mão do ouvido e, automaticamente, no processo tirar as dele também.

Rosalie acenou e se levantou, pegando a bolsa e a mão de Emmett, nem se importando com a água.

Morrer queimada, estava na lista de coisas que ela nunca aceitaria, assim como morrer afogada, asfixiada, os nas mãos de Royce King... Entre outras coisas, como ir de pijama na esquina, ou recusar bolo de chocolate com cobertura de avelã.

Ela saiu da sala, puxando Emmett atrás de si. O corredor estava um caos. Os alunos todos passando por entre si, esbarrando e empurrando uns aos outros, a estava deixando incomodada. Uma mão, branca como tinta, foi colocada em sua cintura, e ela olhou para cima. Emmett acenou e foi até o pé do seu ouvido. 

— Vamos sair daqui. - Ela não teve nada a dizer, então apenas mexeu a cabeça para cima e para baixo duas vezes.

A mão de Emmett deslizou da sua cintura para a sua barriga, segurando Rosalie junto a si, andando a passos largos, sendo perfeitamente acompanhado por ela, para o meio da multidão. Em algum momento no meio das pessoas, ela não sabia exatamente quando, Rose segurou a mão de Emmett sob o seu abdômen, que a apertou, sem exitar.

A auto denominada, luz do dia chegou a eles, brilhando bem menos do que as lâmpadas de dentro da escola.

Lá, um pouco longe, estavam Alice, Jasper, e o garoto arrogante de mais cedo, junto a garota gentil, todos parecendo preocupados. Ao mesmo tempo, todos olharam em sua direção. Não... Não para ela. Para Emmett.

Já meio longe da bagunça da saída do prédio, os dois pararam.

— Você está bem? - Rosalie perguntou, se virando no braço de Emmett. Seus olhos vagaram pela camisa henley preta dele, e as suas mãos pelos braços dele, procurando algum tipo de marca ou machucado... Nem ela mesma sabia o que estava procurando, só queria ter certeza que estava bem. Nenhum fogo foi visto por ela no caminho, mas ainda assim, Rose só conseguia imaginar quantas pessoas não bateram nas costas e ombros de Emmett enquanto tentavam sair.

— Provavelmente foi alarme falso. - Embora ele demonstrasse confiança ao falar, seus olhos também procuravam alguma coisa nela, e suas mãos foram para os lados da cabeça de Rose.

Ela engoliu em seco e respirou fundo, repetindo na sua cabeça: Alarme falso. Alarme falso.

Apesar de gostar da cor do fogo e do calor que ele proporcionava, de longe, não era segredo para ninguém que a conhecia, que ela tinha medo de fogo. Quando pequena, ela deixou que seu casaco se arrastasse em uma vela, e por pura sorte, um dos trabalhadores da fazenda onde cresceu, estava lá e tirou a peça da garota e a jogou na piscina. Ela tinha cinco anos, e pulou na água logo depois, ainda com medo do forte calor no braço. Durante todo aquele ano, apenas acender o fogão, já era o suficiente para a fazer chorar.

Presente, Rosalie! 2020! Ela se lembrou.

Quando seus olhos ficaram novamente, ela percebeu que esteve por uns cinco ou seis segundos olhando fixamente para o braço direito de Emmett, o qual ela estava apertando.

— Sua irmã está ali. - Rosalie indicou a localização de Alice com a cabeça, antes de levantar o olhar novamente para ele.

Emmett olhou, e no que pareceu ser o segundo seguinte, Alice já tinha cruzado metade do caminho até eles.

— Rosalie. - A voz de Lyssandra se fez presente atrás dela, e Rose se virou, um pouco surpresa e assustada. - Você está machucada?

Ela balançou a cabeça, negando. Como se para ter certeza, Lyssa a olhou da cabeça aos pés, parecendo um scanner.

— Que bom que vocês estão bem. - Alice falou, jogando os braços na cintura de Rosalie, tirando qualquer contato que ela tinha antes com Emmett, e fazendo-a rir no processo, olhando para ele e depois passando os seus braços pelos ombros da sua nova amiga. - Não sei se me preocupei mais com o alarme falso, ou com vocês entrando e saindo do meio daquele monte de bárbaros. - Ela disse, sorrindo ao soltar Rosalie.

— Seu irmão que é o herói da história, e não vai ganhar nem um abraço? - Emmett perguntou, fazendo uma expressão desapontada. Rosalie riu e um momento depois foi acompanhada por Alice, e até mesmo a namorada do rabugento.

— Eu tenho outros apelidos para você! - Rose falou ao parar de rir, levantando uma sobrancelha e naturalmente seus lábios, formaram um sorriso fechado, de canto.

— Emm, está bom, por hora. - Ele respondeu, abrindo um sorriso largo.

— Já tivemos bastante emoção por hoje. - Disse Lyssa, mais uma vez, colocando a mão no ombro de Rosalie. - Normalmente os alunos são liberados depois de incidentes como esses. Quer ir para a sua casa? - Ela perguntou.

— Emoção pro resto da semana, eu espero. - Rosalie disse, arregalando os olhos. - Até amanhã. - Ela falou, virando-se mais uma vez para os Cullen. Um olhar, foi o suficiente para o frio na espinha voltar, quando ela sentiu os olhos de Emmett sobre si.

O resto do dia, Rosalie passou, em sua maioria, na garagem. Seus cabelos e rosto estavam sujos de graxa, e o seu macacão jeans também. O antigo azul dele, quase não era detectado em meio ao preto da sujeira.

Sua mãe achava o tempo que ela passava aprendendo sobre carros e peças, o cúmulo da deselegância, mas Rose sempre amou. Rosalie sempre gostou de mexer nas coisas, e todos sabiam o tanto de problema que aquela mania tinha lhe causado. Principalmente quando criança.

Vez ou outra, Emmett lhe vinha a cabeça, e ela sentia um frio na espinha só de lembrar dos olhos dele. Ele lhe trazia paz, e não importava se ela estivesse no elevador, no banho, no closet, no escritório principal, respondendo e-mails, ou jantando... não importava, porque quando ele lhe vinha a mente, tudo se perdia e um sorriso fácil e involuntário se formava em seus lábios. Sendo seguido sempre pelo seguinte pensamento: Que merda é essa!?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí!? O que vocês acharam? Comentem aí pra eu saber! Até o próximo. Prometo me esforçar para que ele saia mais rápido.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blood Diamond" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.