Sacrifícios escrita por Shalashaska


Capítulo 13
Coração


Notas iniciais do capítulo

Olá! Trago um capítulo romanogers para vocês ♥
Boa leitura e bom final de semana!



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25/10/2023

Complexo dos Vingadores, NY

15:32

A data escolhida para Steve Rogers partir no Reino Quântico foi a mesma em que o Complexo dos Vingadores começou a ser reconstruído. A família Lensherr-Maximoff tinha sido especialmente convidada para ajudar, uma vez que os poderes deles seriam úteis para mover as estruturas e recuperar o prédio rapidamente. Agatha Harkness estava lá também e, no geral, todos do grupo empolgaram-se com as modificações propostas no projeto e a possibilidade de fazer algo um pouco maior e melhor:

Um programa para jovens que precisassem de ajuda, assim como os órfãos de Sokovia um dia precisaram.

Era também uma forma sutil de Tony Stark oficialmente reconhecer Wanda Maximoff e todo seu dedicado trabalho, superando por fim aquele episódio horrível em 2016 e a mágoa por memórias ainda mais antigas, como a bomba em seu país.

Enquanto a reforma era feita, o Capitão voltaria aos diferentes passados. Foi difícil não contar a mais ninguém o que ele particularmente planejava, pois a honestidade dentro de si pedia que fosse sincero. Esconder coisas haviam custado caro em sua vida, fossem sentimentos não ditos ou fatos terríveis. Então ele contou para Bucky, que deu aquele meio sorriso quando se despediram. Steve pediu para que o soldado não fizesse nada estúpido enquanto estivesse fora, mas como ele iria? Steve estava levando toda a estupidez com ele.

E naquele instante, talvez fosse verdade.

O loiro nada disse a Banner ou a Sam, que acompanhavam a missão. Havia uma plataforma menor para o Túnel Quântico do lado de fora, próximo às árvores, com toda a parafernália e espelhos defletores devidamente instalados. Optou por não revelar seus pensamentos não porque não confiava neles, mas apenas porque não queria preocupá-los e porque não queria ter que debater mais o assunto.

Egoísmo seu? Quem sabe.

De qualquer modo, ele executaria a missão. Steve engoliu seco e acionou o capacete em seu traje especial, carregando a maleta especial para as Joias do Infinito numa mão e Mjolnir na outra. Banner começou a contagem:

— Entrando no Reino Quântico em 3, 2, 1…

E enfim ele caiu no túnel de cores e luzes, diretamente para o passado. Primeira parada: 2012.

Foi fácil e rápido devolver o Olho de Agamotto para a Anciã, embora ela tenha parecido surpresa por não ver Bruce Banner. Depois, Steve rumou para a Torre dos  Vingadores.

Foi interessante ver a si mesmo duas vezes: O Steve daquele ano estatelado no piso, de barriga no chão e bunda para cima, e o Steve de semanas atrás, de 2023, correndo para longe com o cetro na mão. Ele só sacudiu a cabeça e abriu a maleta onde estavam as Jóias do Infinito e as respectivas réplicas em miniatura de suas formas originais. Pegou a Joia que precisava, utilizou a tecnologia Pym para aumentar o cetro, uniu-os e por fim colocou ao lado do Steve de 2012. O coitado já teria muito o que pensar quando acordasse.

Mesmo devolvendo a Jóia, aquela linha temporal seria um caos: tinha revelado que Bucky estava vivo, enganou um representante da HYDRA, Loki fugiu com o Tesseract e Tony sofrera um infarto.

A entrega do Orbe, mais especificamente a Jóia do Poder, foi igualmente tranquila. Peter Quill ainda estava desmaiado quando Steve chegou lá, de modo que ele pôde rapidamente partir sem problemas. A parada seguinte foi Asgard, 2013.

A beleza do lugar não era nada comparado às narrativas elogiosas de Thor e nem aos comentários mais sucintos de Rocket ou Pietro. Se o Capitão América não tivesse uma missão em andamento, ele cogitaria passar mais tempo entre o dourado das construções, a vegetação precisamente cuidada dos jardins e as fontes cristalinas. Não viu ninguém naquele espaço, coisa que o fez pensar que talvez todos estivessem mais preocupados com outra coisa perto do palácio, portando ele se deu ao luxo de apenas inspirar fundo e fechar os olhos. Seria uma cena bonita de se desenhar. Natasha gostaria de ver.

Steve abriu as pálpebras quando uma figura parou a sua frente: Pietro Maximoff.

Ele encarou a maleta, em seguida encarou o martelo.

— Steve? Você não deveria estar em Nova York em 2012?

— Ah. — Então era aquele momento. O jovem sokoviano deveria ter escapado em algum momento durante a missão. — Mas eu estou.

Uma pausa.

— Oh. Oh.

Steve lhe ofereceu um meio sorriso, observando todas as micro expressões do rapaz. Entendia quais questões se passavam em sua cabeça, todas relacionadas com o sucesso do plano de viagem no tempo e o estalo para trazer as pessoas de volta. O Capitão não poderia lhe dizer nada sem contar as coisas desastrosas que viriam junto. Optou por não lhe revelar as coisas, assim como Pietro dissera que havia feito. Soltou o martelo no chão e levou o indicador aos lábios, pedindo silêncio, segredo. 

— Continue a missão, Mercúrio. Rápido.

Pietro franziu a testa, irritado, mas logo riu de novo e saiu correndo.

Era o momento para Steve agora se despedir do martelo. Ele acariciou a superfície metálica, passando as pontas dos dedos pelas inscrições e desenhos. Faria falta. Seu peso era agradável na mão e o significado de poder empunha-lo lhe trazia alento ao peito. Digno. Steve era, segundo o julgamento daquele martelo enfeitiçado por Odin, digno e capaz de dominar raios e trovões como Thor fazia. Seu corpo ainda podia sentir a eletricidade correndo pela pele, formigando a ponta dos dedos, e os olhos pareciam esquentar um pouco, em recordação da luz azul que escapava de suas órbitas. Ele largou o martelo com carinho e o deixou para trás, caminhando pelo palácio até os aposentos de Jane Foster.

Felizmente, não existiam guardas no caminho e quem sabe isso estivesse relacionado à Pietro. Para sua sorte, a cientista ainda estava desmaiada e não acordou quando Steve inseriu o Aether de volta em seu corpo, através de uma agulhada no ombro.

Faltavam agora o Tesseract e a Jóia da Alma.

A primeira vez que Steve retornou para 1973 acompanhado por Tony, na base Leigh, ele viu Peggy Carter através do vidro. Ela continuava a mesma pessoa após todos aqueles anos: batom e cabelos impecáveis, um senso de organização eficaz e a voz extremamente decidida. E ainda tinha um retrato dele, o magérrimo Steve Rogers antes do soro, acima de sua mesa.

Foi torturante assisti-la através do vidro e aquela não era a única barreira, não? Ele até poderia imaginar uma vida com Peggy. Fantasiava tal possibilidade quando ele encarava a pequena foto na bússola de bolso que ainda tinha consigo, mas… Tinha ciência que era apenas isso. Uma possibilidade e que jamais poderia tocá-la de volta.

Ele sempre seria um homem fora de seu tempo, olhando através de uma janela.

A confirmação final foi quando outra pessoa entrou na sala, o homem que Steve conhecia apenas por rumores aqui e ali: Daniel Sousa, marido de Peggy Carter. Um bom homem que serviu na Segunda Guerra também, mas retornara com a perna manca. Isso não importava para Peggy, pois o exterior nunca importou para ela. Foi assim que se apaixonaram em 45 e, de certa forma, ainda se amavam. A conversa entre Peggy e Daniel foi curta e trivial, algo sobre um caso policial a ser resolvido e depois sobre o almoço. Eles se beijaram rápido, depois Daniel saiu. Ela organizou os papéis que precisava e se foi logo também.

Toda a interação durou menos de cinco minutos, mas foi o suficiente para Steve. A mulher alvo de suas fantasias de estabilidade e família tinha já se casado, possuía um emprego estável e formado família. Uma vida autônoma e feliz. Peggy Carter tinha seguido em frente.

Então ele também deveria.

Portanto, a segunda vez que ele foi para 1973, o Capitão América não se demorou muito. Devolveu o Tesseract para o exato lugar de onde Tony havia retirado-o e se apressou a sair dali, antes que mais alguém notasse a presença de um homem alto, loiro e convenientemente parecido com alguém bem… Familiar.

No entanto, mesmo com tantos cuidados e mesmo com tamanha certeza em seu coração, ele foi obrigado a dividir o elevador com Peggy. Ela estava distraída com uma pasta e ele baixou o quepe do uniforme militar, desejando sumir.

— Seu andar já passou?

Steve tossiu um pouco, alterando a voz o máximo possível para responder. Era melhor mantê-la distraída com dizeres vagos do que não responder e levantar suspeitas. Mas qual seria a sua resposta, afinal? Encarou-a de soslaio, notando que ela não tinha levantado a cabeça. Se havia passado o andar? Poderia confirmar que sim, sua oportunidade tinha passado. 

Aquela dança com a tal garota não mais aconteceria.

.

— Oh, você gostaria que…?

Antes que ela levantasse o rosto, Steve se adiantou para sair no andar seguinte. 

— Não é necessário, senhora. — Redarguiu, ainda com a voz alterada. Sabia que ela estava estranhando a situação naquele ponto, mas talvez estivesse esperando para ver até onde a história chegava. No fundo, ainda tinha sorte por ela estar entretida com o próprio trabalho. — Vou sair em outra... missão.

Ele estava de costas e prestes a escapar quando ouviu:

— Boa sorte, soldado.

Ele sorriu de lado e anuiu. Partiu sem olhar para trás.

Faltava apenas uma última parada: Vormir.

Era injusto um local tão onírico servir de palco para tamanho sofrimento. Steve Rogers caminhou pelas dunas claras se questionando a razão daquele lugar existir e como Vormir teria sido formado, ou se tinha sido criado pelas mãos de um ser maior. Não era habitado por nada, nem ninguém. Só existia a areia e o céu lilás acima de si, com ecos de nuvens e sombras de outros planetas. Havia alguns oásis, se é que poderia chamar assim os vãos entre as dunas imersos em água cristalina. Conforme andava, o céu se fechava e trazia nuvens e relâmpagos, no entanto a chuva em si nunca vinha. Tal fato lhe causava uma sensação suspensa no ar, como uma corda distendida e prestes a arrebentar ou um relógio que pára de súbito às onze horas.

Foi nesse ritmo incerto que começou a subir entre pedregulhos escuros, sendo conduzido por uma trilha até uma imensa estrutura rochosa, inteira esculpida de forma simultaneamente delicada e bruta. O silêncio era outra pedra larga e cheia de arestas. No alto de tudo aquilo, jaziam duas torres que mais pareciam molduras inacabadas para um imenso portal ou duas lápides estreitas de gigantes. Ele ainda estava na base de tal longo caminho quando uma criatura trajando um manto escuro lhe abordou. Suas vestes desfaziam-se na altura das barras como brumas e, apesar do ser mancar, ele não via seus pés. O que causou um arrepio em sua coluna foi enxergar seu rosto, ou mais especificamente, a falta de um. A criatura era desprovida de carne ou pele, exibindo uma caveira… Vermelha.

— Steve Rogers, filho de Sarah. O homem fora de seu tempo e um soldado sem uma guerra. Há quanto tempo.

Ele engoliu seco.

Você.

— Sim, velho inimigo. O Cubo que tanto desejei em vida… Me trouxe para cá, naquele momento no avião. Estou certo de que se recorda, não?

Aquilo não fazia sentido, mas muitas coisas não faziam sentido quando envolviam as Joias do Infinito. Mesmo ciente de contradições e paradoxos, o Capitão América sentia um nervosismo crescente lhe subir pela garganta, ainda que a voz de seu antigo inimigo da Segunda Guerra fosse muito calma e conformada.

— Perfeitamente. — Redarguiu. — O que não compreendo é você estar aqui. É um humano pífio, mas ainda humano.

O Caveira Vermelha inclinou-se com um ar de reflexão e curiosidade.

— Caminhe comigo, Rogers. O que deseja está lá em cima e nós podemos conversar no trajeto.

O loiro assentiu com cuidado, aceitando a oferta. Depois de minutos subindo as escadarias de pedra na mais cortante quietude, Steve decidiu questionar com mais detalhes a razão de estar ali e como seu semblante, apesar de fúnebre, havia mudado tanto. Não havia mais traço de ira ou ganância explosiva no Caveira Vermelha, só paciência. Nem parecia o nazista desprezível que conheceu no século passado e que era o motivo pelo qual Rogers havia passado setenta anos no gelo.

— Então conte, Caveira. Como virou o Guardião?

— Por violência, naturalmente. Quando cheguei…— Ele prosseguiu com um tom de eufemismo.— Levou um tempo para eu me acostumar com a ideia de que ficaria aqui para a eternidade. Meus ossos virariam pó entre as dunas e quem viesse deixaria pegadas sobre elas, a serem sopradas e esquecidas depois. Havia uma Guardiã aqui e ela me contou sobre a Joia deste planeta.

Steve parou por um momento, com a conclusão em sua boca:

— Você a matou.

— Não se pode matar o que não está vivo e ela sabia de seu próprio fim. Eu não tinha o Cubo em minha posse… Mas o artefato ao fim do penhasco poderia servir de algo em minhas mãos. — Respondeu e logo voltou a andar. O corpo inteiro de Steve se enojava com a história, mas talvez precisasse ouvir para compreender. Era a narrativa de um homem insano que perdeu o pouco de senso da realidade ao ver que estava sozinho para sempre. Violência não era algo anormal ao Caveira. — Eu poderia voltar para o nosso mundo pequeno e desequilibrado. Aconteceu o que aconteceu. A Guardiã se foi com as minhas mãos em seu pescoço e seu fardo coube a mim. Ao fim, fui condenado a vigiar um tesouro que jamais poderei possuir.

— Esse tesouro não me interessa.

— Eu sei, Rogers. Todo Guardião compreende aquele que sobe estas escadarias. Você deseja o impossível.

Agora estavam no topo do penhasco, onde a tempestade parecia iminente e o vento uivava feroz. Ele deu alguns passos a frente, um tanto incerto do que iria ver. Alguns pedregulhos moeram-se abaixo das solas de suas botas, suor escorreu pelo pescoço. Com cuidado, Steve aproximou-se da borda e inclinou o torso para conferir o fundo do abismo.

O instinto de autopreservação gritava para que saísse dali, lançando uma sensação de frio em seu estômago. Aquilo não era o pior incômodo. O que doeu em seu corpo foi notar marcas de sangue no chão lá embaixo, onde um pouco de névoa escondia parte do terreno áspero.

Imaginou a ruiva caindo. O som do impacto, a posição de seu corpo. E seus olhos.

Seus lindos e vivos olhos.

— Vim desfazer a troca. — Virou-se com a maleta em mãos. — Natasha Romanoff pela Joia.

— O sacrifício foi feito. Ou acha que foi em vão?

Uma pausa.

— Não. Não foi em vão. 

— O seu pedido é insolente e a raridade da questão é enervante. A filha de Ivan é uma das poucas a se oferecer e é mais singular alguém reclamar de volta a alma de um sacrifício voluntário deste modo. — Steve notou que respirava rápido, enquanto o Caveira permanecia com aquele tom tranquilo, didático. Listou tudo aquilo com facilidade, como se… Nascera com o conhecimento sobre as Jóias. Esperou pela negativa. Cogitou alguma outra abordagem, alguma maneira de convencê-lo, pois não iria conquistar nada com violência. Foi neste instante que o Guardião prosseguiu: — E é só por isso que os antepassados lhe darão atenção.

A pouca luz que existia Vormir apagou-se de súbito.

Steve piscou e piscou, receoso que o problema fosse sua visão. Não era. Aos poucos, os seus olhos testemunharam imensas figuras surgindo entre o vento e o nevoeiro, espectros de cores diferentes e que estavam de pé sobre o abismo. Caveira Vermelha sumiu. Os espectros formaram um longo corredor de figuras encapuzadas, entrecortadas por raios e fortes lufadas de ar, e ao fim de tão etéreo caminho, havia um ponto de luz alaranjado.

A maleta nas mãos de Steve foi atraída para lá. Primeiro, ele puxou de volta e tentou manter a maleta e a Jóia para si, de modo que foi arrastado até a borda do penhasco. Então a maleta de abriu e a Joia da Alma se foi, flutuando rápido e sem escapatória.

Steve largou a maleta e faltou ar em seu peito.

Antes que pudesse gritar, antes que fosse um tolo e pulasse para ir atrás da Joia do Infinito, ele ouviu uma miríade de vozes trazidas pela ondulação do vento. Não tinham gênero único, pois eram muitos timbres distintos falando ao mesmo tempo. Podia identificar vozes femininas, assim como masculinas; novas e anciãs.

— Um sacrifício é seguido de outro. Uma alma por uma alma. Mortal… — Os espectros chamaram. — Somente a Joia não é o suficiente para uma troca e tampouco o próximo sacrifício será o final. Entregue a Jóia, entregue a si mesmo: a alma que desejas para si só terá uma chance de retornar por conta própria. O que tens a sacrificar?

Em vez do fundo do penhasco abaixo de si, após a borda áspera, agora existia uma ponte de luz sólida e pálida. Steve notou que as plataformas estreitas formavam um caminho por entre os espectros, levando-o até o ponto de luz onde a Joia da Alma se foi. Talvez fosse ali, afinal, o trajeto por onde seguiria até encontrar Natasha.

Bastava ele sacrificar algo além da Jóia.

— Minha vida.

— Uma troca injusta. — Os espectros oscilaram, ofendidos. — Você daria a própria vida facilmente e tal ato não seria um sacrifício honrado.

Steve respirou fundo. Era uma dolorosa verdade. Não desprezava a própria existência, mas concederia a vida ao próximo sem nem pensar duas vezes. Sempre foi assim, sempre. E talvez não lhe doesse tal sacrifício.

— Meu coração.

Os espectros nada falaram. Steve, trêmulo, colocou o pé na primeira plataforma da ponte, sentindo a firmeza de onde pisava. Andou mais um passo, depois mais outro e enfim três. Era como andar em vidro sobre o nada. Não quis sorrir da euforia de já estar no meio do caminho, mas a sensação quente em seu tórax só aumentava como uma pequena chama de esperança.

Só para ser apagada pela voz fria em uníssono dos espectros.

— Seu coração não é seu.

A ponte se apagou, sobrando somente as nuvens cinzentas de Vormir. Steve se viu caindo depressa entre a névoa, encarando as cores variadas dos espectros desvanecerem uma a uma, sem pena e sem mais palavras. Não gritou. Esperou a textura da pedra atingir suas costas e perfurar seu corpo, imaginou o som oco que sua cabeça faria contra o solo. Encontraria, ainda assim, Natasha? Aqueles que morriam em Vormir encontravam-se? Ou estaria ele fadado a virar um espectro e mostrar aos recém chegados a tolice daqueles que tinham feito uma jornada a tal terrível destino?

Ele fechou os olhos quando previu o chão mais próximo.

Mas abriu as pálpebras quando sentiu seu corpo boiando em algo líquido. Levantou rápido, conferindo se não estava banhado em sangue, e mal conseguiu manter seu corpo ajoelhado, tamanha era sua confusão. Engoliu seco, olhos para os lados. Estava nas dunas de novo, nos oásis de água cristalina. 

Sem Natasha, sem a Joia da Alma.

O oásis era tão transparente e limpo que refletia absolutamente todo o céu salpicado de estrelas acima de si, assim como o brilho de planetas próximos e visíveis a olho nu. Na ondulação da água, Steve Rogers viu seu próprio reflexo fracassado, viu suas lágrimas agridoces se juntarem ao restante do líquido. 

Seu coração não era seu.

E sua vida agora também era oca.

***

Os doces cílios de Natasha piscaram várias vezes até ela entender que estava desperta.

E então seus olhos tomaram o brilho de uma faca.

Ela se levantou rápido, confusa. Ficou de joelhos naquele chão estranho, feito um espelho d'água. Seu corpo deveria doer, não? Ela chegou no fim do penhasco, sentiu o gosto do próprio sangue na boca. Não. Ela deveria estar morta. 

E ela estava, não estava? 

Ainda tinha a trança feita em seus cabelos ruivos, com as pontas ainda loiras e agora um pouco molhadas. Seu corpo estava coberto por seu traje especial da missão, o que a fez ter receio de algum modo ter falhado em oferecer a alma para pegar a maldita Joia do Infinito. Então ela parou um segundo, um tanto assustada. Ela ainda tinha uma alma, certo? Certo? Natasha xingou baixo e ficou de pé, um tanto bamba pelos pensamentos e pela fina camada d'água no chão. O ambiente onde estava era inteiro alaranjado, como se o sol poente tocasse toda a atmosfera enevoada do local. Não parecia a cor de um incêndio, porém. Os passos calmos não fizeram barulho no chão, mesmo com o líquido no piso refletindo o céu infinito. Então ela viu figuras adiante, silhuetas escuras de uma memória antiga e gélida.

A floresta por qual ela e Yelena fugiram uma vez. A posição das árvores era igual, mesmo que não houvesse neve ou vento, mesmo que não houvessem cães atrás das duas e Natasha não estivesse prestes a traí-la. Ela se aproximou com cuidado, observando o perímetro cristalino onde deveria existir um lago congelado, no qual Yelena caia em sua memória. 

A superfície não rangeu quando ela começou a caminhar. Não era como o gelo incerto e vingativo, que a jogaria direto para a hipotermia e à morte caso fosse quebrado. Não, era quase um grosso cristal. Parecia uma coisa estúpida de se fazer. Ninguém andava sobre o gelo se não fosse seguro. Ninguém andaria num cristal desconhecido. Mas lá estava ela, a bailarina russa caminhando até uma silhueta de costas parada ao meio do suposto lago, ladeada por uma versão distorcida de uma memória infeliz.

A silhueta era de uma mulher envolta por um véu de tecido translúcido, uma espécie de tule. Lembrava-lhe… Yelena, quando ela e Natasha apresentaram Giselle junto com as demais bailarinas do Salão Vermelho. Eram todas viles, criaturas etéreas e intangíveis do folclore eslavo, que segundo o ballet dançavam ao luar até a aurora.

Mas não era a moça loira, sua quase irmã. A pessoa que virou não tinha rosto, era só tecido sobre o mais puro nada. O tule, ainda assim, fazia contornos como se ali embaixo houvesse alguém.

Natasha questionou:

— Você é a morte?

— Não. Nem Guardiã. Sou uma juíza.

— Oh.

Natasha assentiu, encarando a roupa delicada da tal Juíza. De fato, era algo vindo da memória da russa, pois ela se recordava do brilho do tecido e dos detalhes da saia. Alheia às considerações e questionamentos dela, a entidade prosseguiu:

— Não são muitos viajantes que se sacrificam e são mais raros aqueles que desejam desfazer a troca. No entanto… Terás a chance de recuperar sua alma, corpo e vida. Aceitas?

Ponderou o significado daquelas palavras. Então ela tinha, de fato, se sacrificado em troca da Joia. A troca havia sido feita e alguém desejava desfazê-la. Por que? Teria o plano fracassado ou outra coisa?

— Alguém veio desfazer a troca? — E outra pergunta: — Quem?

— Isso importa para ti?

— Não, mas… — Ela sentiu um peso acima do peito. — Se eu não recuperar minha alma de volta, quero saber para depois… Descansar em paz.

A Juíza assentiu, fazendo o tecido se mover um pouco sobre seu tão etéreo corpo.

— Steve Rogers, filho de Sarah. Ele ofereceu o próprio coração.

Algo dentro da espiã gelou. Sacrifícios podiam ser bem literais e ela agora imaginava o órgão de Steve sendo arrancado de sua caixa torácica, ainda bombeando forte seu sangue.

Não.

— Mas o coração dele está contigo. Tua viagem, portanto, serás um tanto… Difícil. 

— E o meu coração?

Ela não esperava ouvir uma risada tão leve e tão delicada. A Juíza, moldada como uma bailarina de suas mais fundas memórias poderia alcançar voo feito uma partícula de dente de leão soprada com vigor. Quando o riso findou, a Juíza puxou o ar para dentro com humor. Não era óbvio?

— Não sabes mesmo onde estás?

Não rebateu. Comprimiu os lábios e desviou o olhar.

— Então vá, mortal. E eu olharei por ti.

— O quê?

Ela não tinha dito qual era sua tarefa, nem havia lhe concedido dicas do desafio. De repente, o cristal sobre o qual estava apoiada se partiu, tragando-a para dentro de um ilusório lago. Natasha sentiu o frio da água, a visão turva do que estava acima de si. A bailarina sem rosto apenas a encarava e, gradativamente, aquela cena também se apagou.

Piscou de novo e agora estava sentada sobre um monte de pedras, no topo dos rochedos de Vormir. Ela sentara uma vez naquele mesmo lugar, de verdade, enquanto pensava nas palavras do Guardião, um ser com um rosto de caveira. Era como se tivesse acabado de despertar de um profundo e longo devaneio, quase como se sua mente houvesse dissociado severamente.

Nat? — Alguém passou a mão a frente de seu rosto. Ela inclinou o queixo, deparando-se com a face amigável de Clint Barton, que sorria comprimindo as linhas de expressão em sua pele. — Natasha, acorde. Nós conseguimos.

— O quê?

— É, você ficou louca? — Ele debochou, rindo despreocupado. Lhe mostrou um pequeno recipiente, um dispositivo hermético e seguro, que trouxera justamente para depositar a pedra quando a recuperassem. O objeto cintilava, denunciando que a Joia estava ali, e então Clint guardou-a na cintura.., — Chegamos aqui, pegamos a Jóia da Alma e agora temos que sair.

A russa levantou-se devagar, sem responder imediatamente. Seu colega de equipe estranhou o comportamento, mas ela não ligou para as reações dele. Só se pôs a olhar o céu estranho e tempestuoso de Vormir, as pedras escuras. O Guardião não estava mais lá, mas esta era a única mudança. De resto, até o vento parecia igual.

— Não. Não, isso está errado. Existe um custo e… Já aconteceu. Nós brigamos e eu morri.

— Eu acho que o Túnel Quântico mexeu com a sua cabeça.

Lidar com as Joias do Infinito era uma atividade traiçoeira, Natasha sabia disso. Viajar no tempo e espaço talvez tivesse lá seus efeitos colaterais também… Então seria tudo isso apenas uma alucinação? A cor laranja da visão anterior, a sensação de morte, a Juíza. Parecia plausível, já que agora se sentia bem viva e seu amigo ali perto jazia inteiro desconfiado de seu comportamento. O pior era pensar que talvez não tivesse sido uma ilusão.

Natasha havia se jogado do penhasco e morrido. Steve sacrificara algo de si para trazê-la de volta. Seria aquele momento presente a sua segunda chance? Aquele era seu real futuro?

Observando a confusão quieta da espiã, Clint aproximou-se e a abraçou devagar.

— Vamos pra casa. Shh, vamos para casa.

A proposta que ela mais desejava: retornar para seu lar, para sua família estranha. Ainda naquele abraço, Natasha franziu os cenhos, fechou os olhos e balbuciou, como uma criança falando de pesadelos sem sentido:

— O custo da Joia é uma alma. Uma alma por outra.

Ele sorriu e beijou sua testa.

— E você acha que um de nós dois conseguiria pagar? Nós não temos lugar no mundo.

Natasha abriu imediatamente as pálpebras, um sopro frio em seu coração. Aquelas palavras… Desenlaçou-se rápido de Clint Barton, ou melhor, a ilusão que se passava por seu amigo. Ele jamais diria aquilo. Jamais repetiria algo que Natasha ouviu de novo e de novo no Salão Vermelho, enquanto executava fouettés, assassinava suas vítimas e sentia a si mesma ser estilhaçada.

Aquele não era Clint e aquilo tudo não era real.

— Natasha? — Ela deu um passo para trás, então mais outro. Era doloroso ver o quanto a ilusão era próxima do rosto preocupado do Gavião Arqueiro, sua voz nítida e familiar. Quase a fez voltar, quase. Por um segundo, ela viu mais figuras ali: Yelena. A tutora do Salão Vermelho. A Juíza. Steve. Todos sumiram em um átimo. — Natasha!

Talvez tudo aquilo fosse bobagem, um sonho ruim. Parecia uma provação. Natasha poderia voltar com aquele Clint Barton e convencer a si mesma de que estava tudo bem e que de fato ela não poderia pagar o preço da Jóia e jamais teria um lugar no mundo. Seria agradável, fácil e iria contra tudo aquilo que ela descobriu de si mesma ao longo dos anos:

Natasha Romanoff tinha alma, família e lugar no mundo.

A despeito de todos os gritos e avisos de Clint Barton, ela lhe deu as costas e se pôs a correr em direção ao penhasco. Cada passo seu evocava a melodia do segundo ato de Giselle, desacelerando o momento. Assim como a personagem do ballet havia sucumbido à loucura, Natasha já não distinguia qual parte exatamente era real, se era um teste ainda para pegar a Joia ou então recuperar sua vida. Seguiu seu instinto. Só sabia que aquele instante, aquela versão de Barton, não deveria existir, pois um sacrifício foi feito e ela faria de novo, sem hesitar.

Seu coração ainda batia forte quando ela ergueu os braços e pulou.

***

— Trazendo Rogers de volta em 3, 2, 1…

Steve retornou à plataforma do Túnel Quântico, ajoelhado e com água ainda pingando de seu torso. Estava tão abstraído, imerso em tantos pensamentos soltos, que não ouviu a voz de Banner alarmada, nem Sam e Bucky chamando-o. A preocupação era grande, é claro. A imagem que eles tinham do Capitão América naquele instante era uma visão de um homem derrotado, com a pele ao redor dos olhos ainda avermelhada pelo choro recente.

Era patético e ele sabia disso. Não queria ter que se explicar, não depois de já ter sido avisado: Banner comentou que, ao utilizar as Jóias do Infinito, ele tentara trazer Natasha Romanoff de volta à vida, sem sucesso. Por que ele conseguiria? Era um bom homem. Um bom soldado. Digno. Mas isso não lhe conferia poderes extras sobre a vida e a morte, sobre almas.

Bucky ajudou-o a se levantar com cuidado, conduzindo-o até que ele ficasse sentado na beirada da plataforma. Banner, mesmo com o braço detonado por utilizar as Jóias do Infinito, aproximou-se para conferir se poderia fazer algo, assim como Sam.

— Eu não consegui… 

— Calma, Steve. — O Falcão segurou firme o seu ombro, depois virou o torso na direção do outro: — Bucky, pega uma água pra ele.

Normalmente os dois tinham uma rixa infantil e falsa, mas naquele instante o soldado apenas se afastou para cumprir o pedido.

— É pra já.

— O quê você não conseguiu? Aconteceu algo errado na missão? — Questionou Banner, já atento à quaisquer problemas com as linhas do tempo.

— Não. As Jóias foram todas devidamente entregues e as ramificações da realidade foram seladas. 

— Isso é ótimo, então qual é a razão de…?

Steve inspirou fundo, segurou o espaço entre os olhos numa tentativa falha de reprimir seu corpo de tremer de ressentimento, melancolia. Sua voz nem parecia a mesma quando respondeu:

Vormir. Eu tentei desfazer a troca.

— Oh, Steve… 

Bucky já tinha retornado e lhe entregou uma garrafa d'água gelada, a qual seu amigo tomou com avidez. Beber água distrairia seu corpo por alguns segundos e hidrataria de novo o que perdera com suas lágrimas amargas. Não adiantaria por muito tempo, mas nada adiantaria por muito tempo, nem mesmo o álcool, devido seu metabolismo aprimorado pelo soro de supersoldado.

— Nós também sentimos falta dela.

O loiro assentiu a Sam e terminou seu gole, voltando a encarar o vazio. As imagens de Vormir ainda inundavam seus pensamentos de dunas, pedras, vento e água. Ele engoliu seco, segurando um soluço. Natasha não merecia aquela dor de se jogar de um penhasco, não merecia ter que se convencer de que não tinha medo, que estava em paz, porque aquela era a única maneira de finalizar a missão. Steve inspirou fundo, lembrando-se de voz baixa e ocasionalmente rouca dela, sua risada ácida. 

Seu coração não era seu.

E o soldado sabia muito bem de quem ele era. 

Banner e Sam começaram a listar os aparelhos e gerar um relatório de missão, confirmando que todas as Jóias do Infinito retornaram a seus respectivos locais de origem. Estavam afastados de Steve, que após uma conversa breve e fragmentada com Bucky, decidiu caminhar até a beira do lago ali perto, apenas para… Tomar um pouco de ar.

Inspirou fundo. Expirou. Tinha imaginado-a brava por Tony e Steve terem tomado sua vodka especial. Talvez ela soltasse comentários sobre seu funeral, sobre como tinha sido, quem sabe, discreto demais. Conversas fictícias rolavam pela cabeça dele, mesmo que agora tivesse a certeza de que amar Natasha Romanoff tinha sido uma oportunidade perdida.

Sempre existia algo mais urgente para os pais resolverem, algo maior que os dois. Naquele instante, nada pareceu mais importante do que realmente ter beijado-a quando a ocasião surgiu, na noite anterior a viagem no tempo.

Até que o vento trouxe uma voz familiar:

— Hey, gente. — Ela estava parada próxima a vegetação. Vestia a mesma roupa que a viu pela última vez e trazia aquele mesmo sorriso parvo no rosto. — Eu tô aqui para pegar um fóssil.

Steve nada disse ao ouvir o apelido que somente certo alguém dizia. Só ficou encarando-a imóvel, com a respiração travada e a mente desligada. Ela andou alguns passos a frente, parecendo cansada por algum esforço físico e depois se espreguiçou longamente. A movimentação atraiu atenção do resto do grupo. Falcão chegou perto logo em seguida, sua expressão entre o susto e a irritação.

— Isso aí é obra da Mística?

Agora Natasha estava ofendida.

— Por favor, Sam. Eu ainda devo um soco na cara dela.

Ela riu, Sam também, desacreditado com a figura que enxergava. Palavras não vinham a Steve Rogers, mas Natasha sim. Ela andou até ele com a expressão calma, intrigada, tentando captar cada nuance das emoções do soldado. A ruiva era uma excelente espiã e não era difícil ver a tristeza através dos olhos marejados de Steve, o choque em sua postura rígida, o alívio do suspiro que exalou. Será que ela enxergava algo mais? Algo que existia dentro de seu peito e transbordava cada vez que o olhar dos dois se cruzava? E como revelar que seu coração estava com ela?

Apesar da lista de coisas doces que planejara dizer a ela, sua boca jazia muda. Só comprimiu os lábios e falou:

— Foi um longo minuto, Nat.

— É. — Ela sorriu silenciosamente. — Também achei.

— Eu não entendo… Eu não consegui desfazer o que houve.

— Só porque saiu de lá sem mim, não significa que seu sacrifício não foi aceito. Você teve sua provação, eu tive a minha. — Ela pensou um pouco. — Ou foi isso que uma entidade me explicou em Vormir. Aliás… Eu soube que você quis oferecer algo que não era seu. Suspeito também que você, Rogers, tenha algo que seja meu.

Era verdade. Ela tinha o seu coração e ele tinha o dela, uma troca justa. Não fazia ideia como tinha funcionado em Vormir para que ela efetivamente pudesse retornar, mas o que importava? Lidar com as Jóias do Infinito era sempre imprevisível e ela estava ali, viva.

Então ele deu um passo à frente e puxou-a delicadamente para si, envolveu o torso dela com seus braços e inclinando-se em direção aos seus lábios. Assim como naquela madrugada em que os dois dividiram uma torta de maçã, a reação dela foi imediata e em harmonia com seu movimento, encaixando-se naquele abraço. Apoiou-se no tórax dele e inclinou o queixo para cima. Steve fechou os olhos e mal sentiu a respiração suave de Natasha sobre a sua pele eletrizada, pois não desejava que aquele momento escapasse de suas mãos. Logo eliminou a distância entre duas bocas. Beijou-a primeiro tímido, cauteloso, e então apertou-a mais contra o peito, de repente ávido por saciar todos os beijos que ainda não tinha dado nela. Ela riu baixinho, derretendo-se e acariciando seu pescoço, e só depois afastou-se para recuperar o ar.

Existia certo sentimento de vitória em Steve ao vê-la com as pontas das orelhas vermelhas de vergonha, assim como ele tinha ficado naquele beijo no shopping em 2014. Ele ouviu Sam bater palmas e rir junto com Banner, ouviu Bucky dizer algo como “Agora sim!”. Mas ninguém disse nada mais engraçado, pois do contrário Natasha iria calá-los de um modo nada gentil.

— O que acontece depois? — Ela disse, repetindo a pergunta que fizera antes, quando os dois quase se beijaram sob a luz das estrelas. 

— Acho que... Teremos que descobrir.

E eles teriam tempo para isso.


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Notas finais do capítulo

* A Guardiã que veio antes do Caveira Vermelha aparece na minha fic sobre a Hela, "Odindóttir" ♥
* Peggy Carter é uma excelente personagem autônoma, e não apenas interesse romântico pra ficar na geladeira. Ela teve uma vida feliz por conta própria e Steve foi atrás da dele.
* Basicamente o desafio da Natasha foi escolher entre o que era mais fácil e falso ou o mais difícil e verdadeiro. Ela optou pela alternativa certa, na qual ela é sim uma heroína, uma pessoa com alma e lar, mesmo que isso significasse sua morte. Não sei se ficou claro e pessoalmente acredito que poderia ter algo melhor, mas foi minha ideia no momento haha
* Acho Romanogers fofo ♥



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