A Pedra que Carrego escrita por DathomirGirl


Capítulo 3
O Fantasma


Notas iniciais do capítulo

Para não ficar muito embaralhado, quero avisar que a história divide o narrador comigo e com o Maul, mas dará para diferenciar bem nós dois!
É isso! Boa leitura!



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Já se passou quase um mês e estou completamente alheio a qualquer ordem de meu Mestre. Sinto que vou enlouquecer. Destruí tantos droides que nem posso me lembrar de quantos. Há algo dentro de mim pedindo sangue, agonizando, rastejando por meu cérebro e chegando até meus ouvidos, só para sussurrar "mate um Jedi". 
 Eu preciso fazer alguma coisa, mas sei que se tentar algo serei morto. Mas se eu não acabar sendo consumido pela minha consciência, o que mais eu posso fazer?

Mate um Jedi

Mate um Jedi!

MATE UM JEDI!


 - Não há nada? -  Pergunto desesperado ao droide.


— - Zero. Transmissões. Pendentes. - -


— Não! Tem que haver alguma coisa! TEM QUE HAVER ALGUMA COISA! 


 Eu havia arrancado a cabeça daquele droide, sem pensar que sem ele, teria de esperar na sala de comando de minha base, ficar lá aguardando na esperança de chegar algum sinal, qualquer coisa para que eu tivesse permissão para sair daqui. 


* * *

 - O que há?


— Sinto uma perturbação em alguém.


— Alguém conhecido?


— ... Sim... Sinto que está exatamente como eu quero.


— Não deveria instigar tanto esse seu assassino, o ódio que ele cultiva pode acabar se tornado difícil de controlar. Pode acabar... Se voltando contra você.


— É possível...

 Sidious brincava com uma fera faminta.
  É um costume antigo, um tanto bárbaro, mas que até hoje é mantido por alguns poderosos por exemplo gângsters como os Hutts, que aprisionam uma fera no subterrâneo de seus salões, essa fera é mantida sem comida por muito tempo, então se o Hutt não gosta de quem está em seus aposentos, o convidado indesejado é logo mandado para as garras da besta. Isso não seria tão eficaz se ela tivesse uma alimentação regular. Mas quando privada de seu alimento, ela faz exatamente o que seu senhor quer: estraçalhar seus inimigos. 

 Maul é uma besta sedenta, que só vê a luz quando um corpo é jogado em sua jaula. Ele faz o que é condicionado a fazer, e ainda sim, com muito gosto, com muita ânsia. Sidious sabia que mais cedo ou mais tarde, ele se tornaria muito mais poderoso, toda essa fome se transformaria em motivação e todo esse sofrimento se transformaria em vingança. 


" Vingança..." Ela ardia nos olhos daquela alma há muito tempo...

 " - E aí chifrudinho, vai amarelar agora? Não consegue se virar sem aquele seu bastão elétrico?

— Acaba com ele!

— Arranca os chifres dele! 


 O garoto de pouca estatura desvia de alguns golpes. Eles mal haviam começado, e seu oponente, um Zygueriano jovem mas robusto, tentava o acertar com tanta vontade, como se sua vida dependesse disso. E dependia. Aquele era um desafio final, a última parte do treinamento para se tornar um Caçador de Recompensas aprovado pela Academia da Guilda de Caçadores de Recompensa da Casa Tresario. A princípio, para fazer parte da Guilda era preciso um apadrinhamento de ao menos dois membros da Guilda. Mas o líder, Rovan Tresario estava com um novo projeto, queria criar um grupo especializado para missões específicas. Em outras palavras, queria um grupo para missões de alto risco sem ter de descartar seus melhores homens, mas que tivessem calibre para a tarefa. A Academia estava ocupando uma base de treinamento que já pertencia à Guilda, mas apenas para aperfeiçoamento de membros já integrados. O pequeno Zabrak estava ali por um capricho de Sidious. Influenciando alguns membros, organizou para que "Zarek Paaek", um garoto de sobrenome desconhecido, de origem incerta, fosse veementemente recomendado para receber o treinamento da Academia. Com uma nova identidade e muito esforço pela frente, Maul só era exigido de uma coisa: "Não use A Força." Sua presença ali era por um fio, dependia de que os membros que o apadrinharam permanecessem sob influencia do lado sombrio e que ele não cometesse nenhum erro estupido, não devia se destacar demais, não chamar atenção, não criar laços de qualquer tipo, sem provocar companheiros ou se aliar a eles. Um fantasma, Maul precisava ser um fantasma. Seria demais pedir isso a um garoto? Veremos.

 Apenas um sairia vivo daquela caixa. O desafio era extenso e os novatos já haviam passado por todo tipo de provação, alguns não sobreviveram. Designadas duplas específicas, teriam de lutar cada uma dentro de uma caixa de metal, desprovidos de qualquer arma ou armadura. Apenas um sairia de lá, apenas um completaria seu treinamento. 


 Um homem uniformizado assistia a luta com tensão. Pelo telão, via um rosto vermelho e preto quase perdendo sua cor vibrante, o medo que sentia era visível. 

 - Vamos lá chifrudinho, lembre do que eu te ensinei... 

 Uma segunda pessoa, não notada por ele, estava o observando. Essa figura ocultada por um manto negro e capuz analizava o Togoriano preocupado. Ao lado dele, apoiado na grade de segurança, um bastão elétrico. Não era preciso muito para enxergar que era uma espécie de mentor daquele garoto em desvantagem no ringue. Mas, se ele vestia uniforme de agente de segurança, o que fazia dando mentoria a um novato? Isso não era tarefa para os instrutores?


 O garoto recebe o primeiro soco.

— Droga... - diz o homem. E então o segundo punho Zygueriano faz sujar seu rosto de sangue. O terceiro o deixa cambaleante. Dessa vez o feroz oponente usa suas garras que atingem seu abdômen. O garoto grita e a platéia instiga o lutador a o destruir. O Togoriano cinzento balança a cabeça em negativo, olhando para baixo, desviando a visão daquele massacre.


— Como chegou até aqui ahn? Peso morto! Meus companheiros tiveram de dar lugar a uma escória como você! - o Zygueriano cospe, ruge em seguida, correndo em direção ao garoto que havia se distanciado. - Eu vou te matar! 


 O pequeno Zabrak, tirando as mãos dos cortes em sua barriga, esticando os braços, afasta tudo que tinha ao seu redor. O oponente, a caixa, espectadores, todos pelos ares.

  Seu oponente Zygueriano havia se segurado em uma barra de metal, mas o impacto de seja lá o que aquilo foi, o deixou debilitado e é tentando se levantar que dá de cara com o punho fechado do Zabrak. O garoto o esmurra tantas vezes, gritando de ódio, só queria acabar com a raça daquele idiota, queria vê-lo sofrer, queria que pagasse não só pelas ofensas durante aquela luta, mas por uma longa caminhada durante o treinamento, sendo taxado, subestimado e injustiçado por ele e tantos outros. Ele sabia que não poderia usar a Força ali, mas sua paciencia havia se esgotado, ela era bem curta, havia sido apaziguada com dificuldade por muito tempo e esse era o seu limite. 

 O Zygueriano já estava morto há algum tempo, mas ele continuava a vingar-se.


— Já chega Zarek!!! - grita o Togoriano de armadura, na intenção de atrair sua atenção, para que o ajudasse.  Ele havia sido desarmado, estava suspenso no ar, segurado pela Força pelo homem de vestes negras que conhecia bem. O Togoriano mexia as pernas no vazio, tentava arrancar mãos invisíveis de seu pescoço. O homem de preto o solta, fazendo-o cair no chão, tossindo.


— Você criou um laço com este homem e deve ser desfeito. - Diz ao jogar com a Força o bastão elétrico do homem, impulsionando-o na direção do jovem que o agarrou com uma das mãos


 O garoto os encarava sem reação, sangue Zygueriano gotejava de suas mãos e gotas dele secavam em seu rosto. 


— Mate-o, mate-o agora.


— Zarek, Por favor! - Implorou por misericórdia.


— FAÇA ISSO MAUL! PROVE QUE MERECE SER MEU APRENDIZ! FAÇA-SE DIGNO DISSO!


— Maul? Zarek, não o escute, eu lhe imploro!


 O garoto não sabia o que fazer. Tinha sim a consciência de que quem lhe dava ordens era única e exclusivamente aquele que o trouxe para aquela base de treinamento, que o infiltrou naquele lugar, para que recebesse a melhor das mentorias táticas, tudo o que ele precisaria saber para superar até os mais treinados soldados de elite. Mas naquela mesma academia, conheceu um segundo mestre, que lhe protegeu dos valentões, lhe deu dicas muito valiosas, mesmo não tendo que fazer isso, mesmo sem esperar nada em troca. Ainda sim, merecia alguma recompensa por essa ação, era mais do que válido que o garoto que um dia ajudou e salvou sua pele tantas vezes lhe ajudasse agora, quando sua vida dependia disso. Pensando sobre tudo isso, imóvel e indeciso, o garoto teve seu tempo esgotado. Seu mestre ativou seu sabre, decaptando o refém a sua frente


— NÃAAAAO!!! 


 O Zabrak não pensou duas vezes e começou a correr na direção do homem que tirara a vida da pessoa que chegou o mais próximo de ser um amigo, ativou a eletricidade do bastão e estava pulando para um ataque descuidado, como se tivesse esquecido com quem estava lidando, e obviamente esse alguém não perdeu tempo, com Relâmpagos da Força atingiu seu pequeno inimigo, que foi jogado para longe. 


 Não se dando por vencido, com dificuldade se levantou, tornando ao ataque, mas sendo contra-atacado da mesma maneira. Ele não pensava muito, só corria para se chocar novamente com o poder milhares de vezes maior de seu oponente. Depois de algumas tentativas, foi outra vez jogado para bem longe e permaneceu deitado, quase sem forças para continuar.

 Seu mestre se aproxima, um tanto decepcionado, chega bem perto, para saber se está vivo. O jovem rapidamente ativa seu bastão elétrico e no mesmo instante, com a Força atrai o sabre de seu mestre para sua outra mão, podendo saltar sobre si e o derrubar. 

 Sidious se encontrava no chão, sob o garoto empunhando seu próprio sabre de luz e um bastão elétrico ao redor de seu pescoço. 

 O jovem estava ofegante, olhava feio trincando os dentes escurecidos e aos poucos foi se dando conta do tamanho da idiotice que havia feito. Desativou o bastão, saiu de cima de seu mestre que se levantou. O garoto se ajoelhou no chão, abaixando a cabeça e estendendo o sabre para devolvê-lo a seu mestre. 

— Perdoe-me mestre! Eu falhei! Eu falhei!

 Naquele momento, ele mesmo se sentia digno de ser morto por aquele sabre, ele mesmo aceitava e compreendia aquilo. Ao contrário do que pensava, ao invés de mata-lo, o que Sidious faz ao pegar o sabre de volta foi rir. Rir muito de satisfação. 
 Maul não entendia nada, aquilo não fazia sentido algum. Olha para cima desconfiado

— Mestre?

— Você será perfeito meu aprendiz. Levante-se, você se mostrou digno de meus ensinamentos.

 O jovem obedeceu. Durante a luta, Sidious havia visto a expressão mais genuína da paixão que um Sith deveria ter. O olhar de Maul buscava vingança, era cheio de ódio, voltou-se contra seu próprio mestre sem nem hesitar para defender aquilo em seu coração. Sem amarras, sem polimentos. Se isso não era uma conduta Sith, eu nem saberia dizer o que é. "


 Os olhos de Maul estavam vidrados na holotela, quase nem piscava. Então um botão começou a piscar, aquilo só poderia significar uma coisa então de imediato apertou o botão.

— Mestre!?


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Notas finais do capítulo

Pra quem for mais exigente e minucioso nos mínimos detalhes e pensou "eeeeepaaaa mas a Casa Tresario veio só na época do Império, uma hora dessa Darth Maul já tava morto e enterrado!" Calma, eu só peguei emprestado essa galera e repaginei hahah eles tem semelhanças mas uma origem diferente, adesão e etc. Só isso mesmo, até logo e que a Força esteja com você! ^^



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