A Pedra que Carrego escrita por DathomirGirl


Capítulo 2
Fragmentos




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 Sinto algo estranho tocando meu abdômen e de reflexo empurro algo metálico, logo percebo que era um droide médico, reparando minhas queimaduras. Ele não era o único, haviam mais dois, todos a me sobrevoar. Tiro-os de cima de mim e me sento na borda da maca. Como moscas, voltam a fazer o que estavam fazendo, aproveitando minha nova posição para cuidar de minhas costas. As queimaduras em si não me incomodavam, já passei por pior do que isso, sem contar que vivo em Mustafar, um planeta onde tudo é lava. O que mais me incomoda é a sensação de tontura, desequilíbrio não só para ficar em pé, mas um desequilíbrio na Força. Os eventos de ontem ou seja lá quanto tempo fiquei inconsciente, devem ter desestabilizado minhas Midichlorians. Preciso treinar, encontrar o equilíbrio, antes que eu seja encarregado de uma nova missão, se é que isso já não aconteceu. 

 Me levanto apressado, indo em direção à porta da enfermaria
 

— - Senhor, seu tratamento ainda não terminou! - -
 

— Onde é que estão a droga das minhas roupas? 

 

 Um dos droides as entrega a mim, depois de vesti-las, procuro o droide de serviço que recebe as transmissões de Sidious. 
 Finalmente o encontro e pergunto se há alguma atualização de meu mestre
 

— - Zero transmissões pendentes - -

 

Que estranho. Mas ganho tempo para treinar. Coloco meu traje para isso, vou até a academia construída para meu uso, me sento no tatame cruzando as pernas e medito por longas horas. 
 

Meus pensamentos me levam para Malachor, o lugar onde pela primeira vez vislumbrei o propósito de minha existência, lá eu pude enxergar a tamanha injustiça e as mentiras disseminadas pelos Jedi por toda a Galáxia.

 

"- Mestre, porque estamos aqui?
 

— Você verá meu pequeno aprendiz. 
 

 Chegamos a um lugar, ou o que pareciam ser as ruínas de um templo. A morte um dia passou por aqui, eu podia senti-la e toda a destruição que aterrou essa terra. 
 

— Qual é a história desse lugar, mestre?
 

— Você quer mesmo saber?
 

— Sim mestre.
 

— Olhe ao redor, olhe onde está pisando. 
 

— Parecem cinzas, mestre.
 

— Porque são. São as cinzas de centenas de pessoas sábias e valorosas que tiveram um fim injusto e sangrento.
 

— Quem foram eles? O que fizeram com eles mestre?

 

Sidious leva uma das mãos até o pó da terra e depois até meu rosto. Segurando minha cabeça para que não fugisse, ficou por um tempo assim. Tentei resistir, pois o ar me havia acabado. Sem ter para onde ir, com toda força, inalei as cinzas que meu mestre segurava em minha face. Naquele mesmo instante, tudo mudou.
 

— Respire fundo meu aprendiz, deixe o Lado Sombrio lhe revelar a verdade.

 

Eu me vi naquele mesmo lugar, mas meu mestre não estava ali e tudo estava diferente. Fumaça subia do templo, vozes de ferocidade e sofrimento ensurdeciam meus ouvidos. Era uma guerra, uma guerra de sabres de luz, e diversos aspectos da Força a se apresentar. Pude sentir grande distúrbio, grande conflito. Haviam seres de diferentes espécies pelejando, mas pude notar que a muitos carregavam vestes negras, e um número ainda maior vestia linho branco e capas amarronzadas. Eram eles, os Jedi. Aqueles em mantos escuros estavam sendo massacrados sem piedade. 
 

 Muito acima, muito abaixo!

  Por de trás de mim, senti um sabre atravessando minhas costas até meu peito. Senti lâminas amputando meus braços, senti a dor de milhares de sabres me multilando, as vozes do clamor de milhares de Sith sofrendo. 

 

O que outrora era maguinífico, torna-se insignificante! 


 

Não sei quanto tempo fiquei naquele transe, mas se pudesse contemplar a mim mesmo quando voltei a consciência, veria que meus olhos não eram mais os mesmos. Eram como chamas, as chamas ardentes de um Sith, para muitos aquilo havia sido há muito tempo, mas para mim não, estava muito fresco para mim. Os Jedi gostam de vangloriar-se por sua natureza de anular os próprios sentimentos, consideram-se altruístas acima de tudo, pregam o amor incondicional pelas criaturas, mas massacraram aqueles que viam um caminho diferente. Os Sith merecem sua vingança, EU mereço minha vingança!

 

Sidious contemplava-me gargalhando, estava imensamente satisfeito. 
 

— Olhe para mim criança - ajoelhei-me sob um de meus joelhos, em posição de lealdade - Agora seu nome será Darth Maul, você vingará os Sith e trará a glória daqueles que foram oprimidos
 

— Sim, meu mestre."


                              ....Senhor?...

                   ...Maul??...

 - - Senhor Maul? - -
 

 O droide de serviço estupido me desconcentra, como eu odeio droides! E tenho de viver cercado deles.
 

— - Mi Lord, gostaria de algo para comer? - -
 

— Não, me deixe me concentrar. 
 

— - Mas o senhor não comeu nada hoje mi Lord - -
 

— Há algo de Darth Sidious para mim? 
 

— - Não senhor. - -
 

— Só apareça aqui se houver uma transmissão para me mostrar. 
 

— - Às suas ordens - -




 Muito acima. Muito abaixo.
 Não sabemos onde iremos caír.
 Muito acima, Muito abaixo.
 O que outrora era maguinífico , torna-se insignificante. 

 

Abro meus olhos, sinto-me com o mesmo vigor de anos atrás, quando acabara de sentir a queima dos cortes dos sabres hipócritas dos Jedi sobre meus ancestrais. O massacre dos Sith nunca esteve tão vivo para mim.

 

Levanto-me para treinar meu Teräs Käsi, arte pela qual fui treinado quando muito pequeno aqui em Mustafar. Minha vida praticamente se resumia a isso, acordar, comer, meditar, treinar. 

 Acabei divagando para aquela época, quando eu era um garoto cheio de perguntas, nem todas elas eram respondidas.

"- - Vamos recomeçar a lição - -

— Mas senhor droide eu estou cansado! Porque não fazemos uma pausa?

— - São as ordens de Lord Sidious, elas não devem ser negligenciadas.- -

— Hmp, o Lord Sidious nem vem aqui, acho que ele nem existe!

— - Isso não é verdade. Vamos garoto, ainda temos muito a praticar - -

— Mas eu não quero! 

— - Então será necessário o uso de força para fazê-lo obedecer, essas são ordens de Darth Sidious, você não vai querer desafia-lo." - -

— Ei, você é um droide certo? Você está encarregado do meu bem estar não é?

— - Sim? - -

— E se eu me queixar de algum problema, é seu dever resolver não é?

— - Sim, Senhor Maul - -

— Então eu digo que tenho um problema: Preciso de uma pausa para descanso!

 O droide para por um tempo, provavelmente calculando a natureza da situação.

— - Será providenciando agora mesmo. - -

 Depois de parar o treinamento, eu como uma criança despreocupada ordenei ao droide que me trouxesse agrados para comer, distrações para ver e tudo o que eu quisesse. Obviamente tudo foi reportado a Darth Sidious, que reprogramou o droide, para que não fosse tão enganável e que fosse mais severo. Pelo resto daquela semana fui mantido em uma espécie de jaula escura, onde era atormentado com sonhos e vozes. Depois disso não tentei nada estúpido pelo resto de meu treinamento."
 

 - - Com licença, mi Lord - -

— Alguma transmissão?

— - Na verdade não, eu estou preocupado com o seu bem estar Senhor, o senhor está sem refeição há três dias! - -

 Nunca fiquei tanto tempo desacordado por causa de uma punição. Um dia esse velho ainda vai me matar. Não vou permitir que isso aconteça antes que tenha minha vingança, nada pode me acontecer no meio disso. Depois o que me vier é lucro. Se pudesse pedir, pediria que ainda vivesse tempo suficiente para ver a glória de um Império Galáctico, governado pelos Sith, assim estaria verdadeiramente completo.

Se eu estou tanto tempo assim sem alimentação, talvez eu deva mesmo comer.

— Preciso de carne.

— - Ah, graças ao Gume senhor! Irei providenciar agora mesmo! - -

  Eu falhei como aprendiz. Falhei na minha missão de ser o melhor, eu sou o único que pode trazer a vingança merecida pelos Sith. E eu falhei, sendo fraco e desatento, tenho sido bombardeado por memórias que eu já muito havia abandonado. Cometi um grave deslize por subestimar a missão a mim passada por meu mestre em Lotho Minor e estou colhendo os frutos de minha falta de fidelidade. Eu não sou digno desse legado. Mas me farei à altura. 
 


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