Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 9
Paul e Erin


Notas iniciais do capítulo

;)



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Capítulo 8

por N.C Earnshaw

 

— EMBRY. Posso conversar com você? — O quileute, que estava com o garfo erguido em frente à sua boca com a qual ele achava ser a melhor lasanha que provaria em sua vida, suspirou. 

— Agora? — Sam ignorou o sofrimento no tom de voz do outro lobo enquanto encarava o prato de comida, e assentiu. 

Sem esperar por respostas, saiu da casa para se afastar dos ouvidos atentos, e esperou que Embry o seguisse sem enrolação. O assunto que iriam tratar era delicado e precisava de privacidade — mesmo que em algumas horas a conversa que tivessem ali, fosse compartilhada por causa da conexão de pensamentos entre o bando. 

Embry desconfiava qual era o tema do tópico que o Uley tinha chamado para tratar com tanta ansiedade. O imprinting que teve por Erin Landfish. 

— Como vão as coisas com ela? — Embry soube quem era a “ela”, ao qual o alfa se referia. 

Ele fez uma careta, não se sentindo muito à vontade em desabafar sobre seus sentimentos para Sam. Apesar de considerá-lo um de seus irmãos — o Call tentava esquecer que ele poderia realmente ter o mesmo sangue que ele, não eram amigos de trocar confidências ou ter piadas internas. Enquanto o Uley era um homem formado, com responsabilidades e com uma noiva, o quileute ainda gastava seu tempo jogando vídeo game e fofocando com Quil.

— Falei com ela ontem — afirmou, não querendo dizer que não tinha avançado tanto quanto gostaria.  

— E o que achou? — A pergunta fez Embry franzir o cenho. 

— O que achei dela? — Ora! Mas que pergunta idi... Ele parou, jogando o pensamento para um canto de sua mente, e torceu para não lembrar daquilo quando estivesse transformado. — É o meu imprinting

Linda. Erin era linda. E seu maior desejo era passar as mãos naquele corpo curvilíneo, acariciar os cabelos macios e beijar aquela boca vermelha como se estivesse meio ao apocalipse zumbi, e aquilo fosse a última coisa que ele fosse fazer na sua vida. 

Sam ergueu uma sobrancelha ao se dar conta que o outro tinha se perdido em contemplação. 

— Quero saber se acha que a Erin seja confiável

— Ela é. — As palavras saíram de sua boca antes que ele tivesse pensado nelas. No entanto, após alguns breves segundos de choque, decidiu que tinha falado sua verdadeira opinião. Lembrou das duas vezes que ela o defendeu com tanto afinco, quando mal o conhecia, e foi de acordo com todos os seus valores mesmo que aquilo a fizesse brigar com a sua melhor amiga. — A Erin é muito confiável.

— O bastante para saber do nosso segredo? 

Embry hesitou, e sentiu uma onda de raiva passar pelo seu corpo ao se ver desconfiado. Quando o Uley deu permissão para que ele contasse para a sua própria mãe sobre as lendas serem verdadeiras, ele recusou. Conhecendo-a como conhecia, sabia que assim que as palavras saíssem dos seus lábios, ela iria surtar. E por mais que essa verdade doesse. Por mais que ele tentasse se negar. Não sabia, de fato, quem era Erin. 

As coisas que havia notado naqueles poucos dias depois de vê-la de verdade pela primeira vez, cabia nos dedos de uma mão. Ela era linda, gostava de festas, era justa, ficava adorável quando estava irritada, e já tinha tido um caso com seu irmão de bando, Paul Cretino Lahote. 

— Acho que vou esperar me aproximar dela antes. — Embry sorriu com malícia. — Não seria o mais indicado chegar na garota dizendo: “Oi, eu sou um lobo, e você é a minha alma gêmea. Quer ser a minha namorada?”. Ela iria sair correndo! 

— Essas foram as exatas palavras do Jared — riu Sam, dando um soco no ombro do Call. 

Ele sorriu, massageando o local, recordando dos detalhes de como Jared conquistou seu imprinting nas poucas horas após a primeira troca de olhares. 

 — Fico feliz que seja sensato, Embry. — O elogio surpreendeu o Call. — Facilitaria minha vida se os outros fossem como você. 

— Você quer dizer se o Paul fosse como eu — corrigiu sem se conter, sabendo que o Lahote tinha feito Sam envelhecer alguns anos nos últimos meses. 

Os olhos do Uley brilharam e o canto dos lábios dele se ergueu. 

— Ele está melhor agora que tem a Cullen para controlá-lo — comentou o alfa. — Faz algum tempo desde que o idiota arranjou uma briga. 

Embry assentiu ao perceber que algo incomodava Sam, e esperou que ele falasse.

— O Paul e a Erin…

— Não existe o Paul e a Erin. — O rosnado saiu sem que ele pudesse se conter. E suas bochechas coraram de vergonha ao ver a expressão chocada de Sam. — Quero dizer... — titubeou. — O Paul tem um imprinting com a Wendy, e a Erin é o meu imprinting. Não vamos misturar as coisas, está bem? 

O alfa levantou os antebraços e adotou uma postura de rendição, achando extremamente engraçado ver o sempre tímido e contido Embry Call, com ciúmes. 

— Eu apenas ia sugerir que você conversasse com ele. A Erin e o Paul foram amigos por algum tempo, ele deve saber como te ajudar.

Ele sentiu vontade de deixar Sam falando sozinho, mas antes, dizer que não precisava de ajuda de ninguém para conquistar uma garota. No entanto, se o fizesse, passaria como idiota. Ele tinha uma experiência quase nula com garotas, e todos do bando sabiam disso. Se não tivesse beijado uma das primas de Quil no verão passado, ainda seria bv assim como Jacob até pouco tempo antes — que teve que ameaçar Bella de se matar para ganhar um beijo. Sua virgindade ainda estava intacta. E, apesar das garotas passarem a prestar mais atenção nele após a transformação; por causa dos músculos e da fama de bad boy membro de uma gangue, ele não conseguia manter uma conversa inteira sem gaguejar, ficar vermelho ou falar coisas tão idiotas que anos depois se lembrava com detalhes e se encolhia de vergonha. 

Ele não era confiante como Paul. Antes de Wendy, o Lahote era o maior garanhão de Forks, quiçá do estado de Washington inteiro. As garotas corriam atrás dele como se ele fosse algum tipo de deus, e Embry não duvidava que ele mandava bem. As memórias do outro lobo sobre a Cullen e uma cama ainda encontravam-se frescas e assombravam o garoto. Ele achava que aquelas posições eram invenção da mídia pornográfica para atrair a atenção do público, no entanto, enganou-se. 

— Vou manter isso em mente. — Traduzindo: Somente seguiria aquele conselho se estivesse muito desesperado. 

Sam deu um tapinha camarada em seu ombro, e voltou para casa com Embry em seu encalço. O quileute esperava que aqueles mortos de fome não tivessem comido seu pedaço de lasanha. 

— Você teve sorte — informou Emily, após dar um beijo no noivo. Ela se aproximou do garoto com um sorriso largo, e segurava em uma das mãos o prato de lasanha. — Se eu não ficasse de guarda, comeriam tudo.

Embry agradeceu rapidamente, pegou o prato e devorou a comida em poucos minutos. Encontrava-se faminto após horas de ronda, e não resistia a uma boa refeição — mesmo que não fosse o alimento mais indicado para aquela hora da manhã. 

Ele ignorou a chegada de Jared — uma vez que já tinha visto sua cara feia mais cedo. O Cameron tinha saído para levar Kim até a escola como fazia na maioria dos dias. A garota estava no último ano do ensino médio, e dedicava-se bastante aos estudos. Quando pensava nisso, o coração de Embry se enchia de tristeza. Quase não ia à escola por estar ocupado com as obrigações da matilha, o que causava diversas brigas com a sua mãe. 

— Tenho uma missão pra você — determinou Jared, que tinha parado atrás de sua cadeira. 

Embry encarou-o sobre o ombro, desconfiado. E pegou uma torrada quentinha que a Young tinha colocado na mesa para tomarem café-da-manhã. 

Como o Cameron era sempre dramático e tinha um gosto peculiar por suspense, sentou-se na cadeira ao lado da dele, cumprimentou Quil e Seth — que estavam ocupados demais com a comida para conversar, e pegou uma torrada, gastando mais tempo do que deveria para comê-la. 

— Cara, não sou o Paul. Você não vai conseguir me fazer pirar. 

Jared olhou-o por alguns segundos e deu um suspiro. 

— Tem razão. — E não disse mais nada.

Quil, que observava a conversa enquanto comia, estressou-se. 

— Cacete, Jared, deixa de enrolação! — Era o que ele queria ter dito. No entanto, saiu mais como “Caxets, Jadyx, dayxi de ensoxilão”. 

Embry fez uma careta ao ter que ver a comida mastigada caindo da boca do Ateara para a mesa. 

— Adivinha quem eu encontrei precisando de ajuda quando fui levar a Kim na escola? 

— O que aconteceu com a Erin? — O garoto não era estúpido. Não precisava gastar muito tempo pensando em quem era a pessoa que Jared falava sobre. 

— Nada demais. O carro dela quebrou no meio da estrada e eu a dei uma carona. 

Embry assentiu, grato pelo seu irmão de bando ter ajudado seu imprinting. Por não ser tão próximo dela quanto gostaria, passava o dia se corroendo de preocupação ao saber que, mesmo que algo acontecesse, ele não seria a pessoa ao qual ela ligaria pedindo ajuda. 

— E ela sabe que sou eu que vou consertar o carro? 

Jared negou, e sorriu com malícia. 

— Não, mas vai ficar sabendo. Prometi que levaria o carro até o trabalho dela assim que o expediente acabar. 

O receio de estar indo com muita sede ao pote, fez com que o lobo tentasse conter a felicidade que sentia ao saber que teria algum motivo para usar, e ver Erin. 

— Obrigado, cara. — Jared estava ajudando-o de maneiras que ele ficaria grato para sempre. 

Eles usaram a caminhonete de Sam para levar o carro de Erin até a garagem de Embry. Era um lugar pequeno, mas com o espaço o bastante para ele trabalhar sossegado. As ferramentas estavam limpas e organizadas; uma vez que não as levava para trabalhar junto com Jacob há algum tempo. 

Para seu alívio, assim que chegou em casa ao ser deixado por Jared, percebeu que sua mãe foi trabalhar naquele dia. Por passar horas transformado, não tinha muita noção de tempo, e não fazia ideia quais eram os dias de folga de Tyffany. 

O garoto trocou o short-jeans por um de malha um pouco mais velho. Não tinha tantas roupas por sempre rasgá-las durante as transformações, então não podia sujar uma das poucas peças que ainda eram passáveis.

Ele admirou o quão bem cuidado era o carro de Erin. O interior era limpo e arrumado, com um leve cheiro de tabaco que o quileute apostava ser do antigo dono. Não era um modelo muito novo, então se ela não tivesse trocado a maioria das peças desde que comprou, ou não levasse regularmente a um mecânico, deveria estar cheio de problemas. 

O grande problema era o carburador — deu-se conta após uma breve avaliação. Entretanto, as pastilhas do freio também deveriam ser trocadas, assim como o óleo e as lâmpadas dos faróis; que já estavam falhas. 

O coração de Embry acelerou de medo ao pensar que um acidente poderia ter acontecido quando viu a situação daquelas peças. Foi uma sorte imensa nada ter acontecido à Landfish. 

Ele não se importou em pegar todo o dinheiro que tinha guardado para comprar o que precisava, pois, a vida do seu imprinting era o que mais importava para ele. 

Limpou as peças uma a uma, trocou as partes necessárias sem nem sequer parar para almoçar, e aproveitou para arrumar um leve amassado em uma das portas. 

Assim que acabou, encarou o relógio pela décima vez para verificar se não estava atrasado, e suspirou de alívio ao se dar conta que ao menos teria tempo para tomar um banho rápido e trocar de roupa. 

Vestiu uma camiseta preta para ficar mais apresentável, e até passou um pouco do perfume que tinha ganhado de sua mãe no último aniversário. Era ridículo admitir até para si mesmo, mas estava tentando ficar bonito. 

O caminho até a lanchonete passou rápido, uma vez que seus pensamentos estavam focados na figura que passou a assombrar todos os seus sonhos. Ele tentava ensaiar o que iria dizer, mas nada saiu pelos seus lábios. 

Suas mãos tremiam no volante, e ele sentiu medo de bater com o carro recém-consertado em alguma árvore. A ideia de ver seu imprinting em alguns minutos deixava-o eufórico demais para que ele pudesse se concentrar em alguma outra coisa. 

Embry conseguiu identificar a figura de Erin encostada na mesma barra de ferro em que eles tinham conversado da última vez. 

Um misto de sentimentos o acometeu, e ele tinha certeza que havia estacionado da maneira mais feia possível. 

Ele desceu do carro, tentando não se envergonhar tropeçando no ar. Aquela mulher à sua frente deixava-o tão desestabilizado, que ele chegava a quase incorporar Isabella Swan. 

— Eu suspeitei desde o começo que era você, o “amigo mecânico” do Jared. — Embry duvidava. Quase ninguém sabia que ele mexia com carros. Jacob era o mecânico famoso do grupo. — Oi. 

Embry sorriu timidamente, reparando no quão cansada Erin parecia estar. As olheiras arroxeadas e os olhos caídos deixaram-no preocupado. 

— Oi — cumprimentou de volta, desejando poder abraçá-la. — Você parece cansada. Está tudo bem? 

A risada de Erin o surpreendeu. E ele sentiu uma enorme satisfação ao ver que tinha conseguido fazê-la rir. 

— Está sendo gentil, Embry. — Embry. Ela tinha acabado mesmo de dizer seu nome? E daquela forma tão doce? — É delicado da sua parte arranjar um sinônimo que não fosse feia

— Você só pode estar louca se acha que consegue ficar feia — rebateu, cruzando os braços. Deveria ser um crime falar aquilo. — Não conseguiria nem se tentasse. 

A risada se transformou em uma gargalhada, e o Call se encolheu de vergonha. Não tinha pensado antes de falar. 

— Você é um dos poucos homens decentes que ainda existem nesse mundo, Embry. Continue desse jeito e vai encontrar uma garota muito especial. 

“Eu já encontrei”, quis dizer. No entanto, apenas sorriu. Era difícil conter as palavras de devoção absoluta que desejava dizer para ela. 

— Você me salvou de uma boa — continuou, ao ver que o outro não falaria nada. — Eu estaria ferrada sem o meu carro… Ele te deu muito trabalho? 

Embry quase a puxou para um abraço quando a viu se aproximando do carro e acariciando-o. Era engraçado demais assistí-la falando com uma voz de bebê para um objeto inanimado. 

— Não — mentiu. Não queria que ela se visse obrigada a pagar pelos gastos. — Eram apenas algumas peças que estavam soltas.

— Obrigada, de coração. — Erin voltou a se aproximar dele. — Eu realmente não tinha essa grana para levar a um mecânico. 

— Não foi nada. Sempre que precisar, pode falar comigo. Gosto de mexer em carros e não tenho muita opção, já que não tenho o meu. 

Ela estendeu a mão, e Embry a encarou sem entender.

— Vou precisar da chave para ir embora — explicou. 

O lobo se atrapalhou devido ao constrangimento que sentiu, e pegou a chave no ar quando o objeto escapou entre seus dedos. 

— A-aqui. — Ele deixou a chave cair no meio da palma dela, e deu um passo para trás, não querendo invadir seu espaço pessoal. 

Erin agarrou o objeto com força, sorriu e deu as costas para ele. Entretanto, antes que entrasse no carro, chamou por ele. 

— Quer uma carona? 

 

 


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