Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 10
HoMENAGEAdos do dia


Notas iniciais do capítulo

;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/796960/chapter/10

 

 

Capítulo 9

por N.C Earnshaw

 

A SOLIDÃO ACOMPANHOU ERIN nos dias que se seguiram após a briga com a sua melhor amiga. Era irritante que, todas as vezes em que as duas se desentendiam, seus amigos a evitavam como se ela tivesse alguma doença contagiosa. Não importava se a Landfish estivesse certa ou errada. Eles sempre tomavam partido e apoiavam Jane.

Era angustiante a sensação de estar sozinha. Então, quando Jane mandou uma mensagem a convidando para a casa de Michael, ela aceitou. Por mais que, no fundo do seu coração, soubesse que os seus “amigos” não eram tão seus amigos assim. 

— Você sumiu — comentou Alyssa assim que Erin entrou no carro. A garota tinha enviado uma mensagem após a da Miller avisando que iria buscá-la; sinal que queria conversar a sós. 

A quileute ergueu uma sobrancelha, avaliando a figura loira ao seu lado. Tinha certeza que ela sabia exatamente o porquê do seu “desaparecimento”. Tinha sido uma das que ignoraram suas mensagens, afinal. No entanto, a Landfish estava acostumada com a ignorância fingida, pois, questioná-la apenas a faria contar mentiras atrás de mentiras, e Erin não as suportava. 

— Muito trabalho. — Assim que as palavras saíram de sua boca, ela percebeu Alyssa suspirar de alívio. Confrontamentos não eram muito sua praia. 

Um silêncio confortável se seguiu entre as duas, dando espaço para que Erin pudesse relaxar. Suas pernas estavam doloridas pelos turnos a mais que fizera naquela semana. A outra garçonete, Kriss, havia ficado doente, e ela foi obrigada a cobrir suas horas. Foi até vantajoso, na verdade. Se não fosse pelo estresse de aguentar Andy mais que o normal, a grana que ganhou teria valido ainda mais a pena. 

— Erin… — chamou a outra, mordendo o lábio inferior e apertando o volante do carro com força. — Se eu te perguntar uma coisa, promete que não vai se sentir ofendida? 

A primeira reação da Landfish foi dar de ombros — não sabia se ficaria ofendida quando nem tinha ideia do que se tratava a pergunta. 

— Prometo que vou tentar. — Era o máximo que poderia afirmar. 

A outra garota puxou o ar com força — aparentemente tentando ganhar coragem. E Erin segurou o riso. 

— Alex quer fazer um ménage. — As palavras saíram tão rápido dos lábios de Alyssa, que a quileute levou alguns segundos para compreender. 

— Hã… — titubeou. — Mas que canalha? 

Ela não soube muito como se portar diante daquela afirmação, pois não tinha ideia de como sua amiga gostaria que reagisse. Pelo modo com que a loira ao seu lado se comportava, não dava para decifrar se era algo bom ou ruim. Se Alyssa era uma das várias garotas que não aceitavam e se sentiam péssimas quando a outra parte do relacionamento propunha algo daquele tipo, ou das que adoravam por já possuírem esse tipo de fetiche.  

— E eu aceitei — continuou, ignorando completamente o que Erin falou. Ela nem sequer conseguia encará-la enquanto falava. — Sei que pode parecer uma loucura, até mesmo pra você…

— Poxa… — Aquele comentário a feriu. Aparentemente, estava perdendo o jeito. 

— Antes eu achava bizarro dividir meu namorado com outra pessoa durante… você sabe, mas assisti alguns vídeos e não consegui tirar da cabeça.

— Isso é bom, Liz! — Sua animação soou falsa até para ela mesma, uma vez que não estava entendendo aonde a amiga queria chegar contando-a sobre suas intimidades. Elas não tinham o tipo de amizade que Erin tinha com Jane de confidenciar sobre noitadas e sexo. — Você está explorando sua sexualidade e ficando aberta a novas opções. Se está se sentindo confortável com isso, vai nessa, garota! 

A Landfish recebeu um sorriso tímido, e achou fofinho que ela ficasse com as bochechas coradas. Mesmo que nunca tivesse participado de um ménage — ou até mesmo cogitado participar de um, apoiava qualquer que fosse o passo para a busca do prazer. 

— O Alex disse que eu poderia escolher a garota…

“Isso é bom”, pensou a Landfish. “Significa que ele não está manipulando ela para pegar uma garota específica”.

— E eu pensei muito, e resolvi que não quero uma estranha. 

Erin franziu o cenho ao perceber que ela estava pegando o caminho mais longo até a casa de Michael, e uma leve desconfiança a tomou. 

— Você sabe que se for uma amiga, tem mais chances de dar errado, não é? As vantagens de ser com alguém que vocês confiam são tentadoras, mas será que vale a pena arriscar uma amizade desse jeito? 

— Está falando de dar errado como… — Alyssa deixou os ombros caírem. — o Alex e ela acabarem se apaixonando? 

— Ou você e ela se apaixonarem — adicionou a Landfish, sem nem sequer tentar esconder o sorriso malicioso. — Mas acho que a possibilidade disso acontecer é mínima. O Alex é louco por você, todo mundo sabe disso. Chego até a estranhar que tenha sido ele a propor algo desse tipo. 

Alyssa não conseguiu esconder a expressão culpada.

— Eu menti. — A revelação chegou a surpreender Erin, mas ela tentou controlar qualquer que fosse sua reação. — Fui eu que propus o… ménage. — A última palavra saiu sussurrada, como se, mesmo com os vidros fechados ou o fato de estarem a mais de 15 metros de qualquer pessoa, alguém fosse ouvir. — Achei que se dissesse que fui eu, iria me achar...

— Uma tarada? — inquiriu a quileute, sem se alterar. Ela aproveitou a distração para roubar um chiclete do porta-luvas. Sabia que a amiga guardava as coisas boas ali. — E já pensou em quem vai receber esse digníssimo convite?

A loira tirou o olhar da estrada e mordeu o lábio inferior. Estava rodando o quarteirão que as levava até a casa de Michael há um tempo e não podia gastar mais gasolina, uma vez que sua mãe já a tinha repreendido por pedir mais dinheiro naquela manhã. 

— Pensei em convidar alguma das minhas amigas da época da escola, mas não confio em nenhuma delas o bastante pra isso. 

Erin assentiu várias vezes, lembrando das víboras que Alyssa considerava suas amigas. Duas delas eram loucas para ficar com Alex, e em inúmeras festas tentaram a sorte. Era uma pena para aquelas ridículas, que Jane e ela ficassem sempre de olho. 

— E bem, tem a Jane… — Elas pararam em frente a penúltima casa de uma rua sem saída. A parede branca da entrada parecia recém-pintada, e a grama se encontrava verde e bem aparada como em todas as vezes que a Landfish foi até lá. Dois carros bastante conhecidos estavam estacionados na entrada da garagem, então Alyssa precisou parar sob uma árvore. — Mas conhecendo a Jane como conheço…

— Ela vai querer que o momento seja sobre ela, e você quer que seja sobre você. Acertei? 

Liss desligou o carro e encostou-se no banco.

— É uma péssima ideia. — A garota cobriu o rosto com as mãos. — Se pra falar, já estou morrendo de vergonha...

Erin franziu os olhos, suspeitando de algo. 

— Está querendo que eu seja a garota? 

Alyssa soltou um gemido envergonhado. No entanto, ergueu a cabeça para encará-la. 

— Somos amigas, você é solteira, transa bem, nunca vai nem sequer pensar em tentar roubar meu namorado, e curte mulheres. Também não vai tentar monopolizar todo o sexo como a Jane. 

Erin não soube como se sentir sobre a proposta. Nunca tinha feito ménage ou pensado que seria convidada por uma das suas melhores amigas para participar de um. Estava mesmo precisando de um pouco de sexo selvagem após os sonhos ridículos que andava tendo com um garoto que nem tinha saído direito das fraldas. Mas apostava que aquilo era uma péssima ideia. 

— Então, você aceita? 

Aceitar ou não? 

Ela assentiu antes mesmo que pudesse se dar conta. 

— Então vamos. O Alex já está nos esperando. — A outra saiu do carro feito um furacão, deixando uma Erin embasbacada para trás. 

A Landfish levou alguns segundos para readquirir alguma compostura. Tinha sido completamente manipulada, e não poderia dizer que sentia-se irritada com isso. 

Ela desceu do carro, e a imagem de Embry sorrindo com timidez invadiu sua mente. Seu corpo arrepiou-se por completo diante da memória recente. Ele tinha sido um fofo ajudando-a com seu carro. Era adorável a maneira como suas bochechas coravam quando ele falava com ela. Como os olhos tinham um brilho inocente, mas que ela conseguia enxergar uma pitada de malícia no fundo de sua íris. 

O Call era o tipo de garoto apaixonante. Do exato tipo que Erin deveria manter distância. 

Apesar de admitir que estava ainda um pouco apaixonada por Paul, não o amava e nem conseguia cogitar dar seu coração por inteiro para alguém. O medo de ser abandonada assim como a sua mãe foi um dia, não a permitia. 

Ela seguiu Alyssa pela casa, observando como o ambiente era limpo e levemente luxuoso. O pai de Michael era dono do único mercado da região, assim como das duas farmácias e da pequena livraria — que possuía mais livros de autoajuda e revistas do que qualquer outra coisa. Ela parou para observar o lustre gigante na sala de jantar, quando foi puxada pela amiga. Estavam indo para o andar de cima, onde ficava a sala privada de Michael, assim como os quartos. 

— Onde estamos… — Quando sentiu a palma de sua mão ser acariciada, ela se calou. Estava tentando se adaptar à situação, uma vez que nunca tinha olhado para Alyssa ou Alex com outros olhos. Eles sempre foram um casal, e ela não era do tipo que cobiçava homens ou mulheres alheias. 

— Michael está distraindo a Jane — informou, puxando-a até o quarto de hóspedes. — Ele acha que hoje vai finalmente conseguir alguma coisa com ela. 

— Ele é um idiota. — Erin revirou os olhos, e segurou a mão de Alyssa que girava a maçaneta. — Não achei que fôssemos fazer isso agora. 

— Não há momento melhor que o agora. 

A Landfish desejou por alguns instantes sair correndo, mas quando viu, já encontrava-se dentro do quarto. Sua impulsividade naquele dia estava dando-a nos nervos.

O quarto não era tão grande quanto ela lembrava ser o de Michael, mas cabia umas quatro ou cinco pessoas perfeitamente. O papel de parede era de florzinhas alaranjadas e combinava com a roupa de cama, que tinha exatamente a mesma estampa. No centro do cômodo, uma cama gigante com uma cômoda pequena ao lado. E um simples jarro de flores frescas em cima. 

O ambiente tinha uma única janela que ia do chão até em cima, e era onde Alex estava apoiado, fumando um cigarro que ela identificou rapidamente pelo cheiro, ser de maconha. 

— Então ela também conseguiu te convencer? — Erin se permitiu pela primeira vez analisar sua aparência. Os cabelos negros e encoracolados, os olhos verdes e o corpo esguio, eram bastante atraentes, mas não chegava nem sequer aos pés da beleza de sua namorada. 

Quando Alyssa deu alguns pulinhos de animação — parecia repentinamente ter perdido qualquer resquício de vergonha, ambos analisaram como os peitos suculentos pularam no decote. A loira bateu palminhas, e foi direto nas garrafas de bebidas. 

— Ela é bem convincente — afirmou Erin, aproximando-se dele e roubando o cigarro. 

Ela deu uma tragada profunda, precisando relaxar, e trocou olhares significativos com o amigo. 

— Isso está tão desconfortável pra você, quanto está pra mim? — cochichou o Carter próximo ao seu ouvido. 

— Você está mais chapado que eu. Com toda certeza estou vencendo no desconforto. — Eles riram, e um pouco do constrangimento passou. 

— Poxa! — A reclamação de Alyssa fez com que eles voltassem os olhos para ela. — Esqueci o abridor. Vou lá embaixo buscar. 

Erin esperou ela sair para fazer a pergunta que mais desejava.

— Se não está confortável com isso, por que concordou? 

Alex tossiu, horrorizado com a interpretação equivocada das suas ações. 

— Quando sua namorada oferece uma amiga gostosa para transar junto, você aceita. 

— Mas? — pressionou a quileute, sentando-se na beirada da cama. 

O garoto apenas deu de ombros, e arrancou o cigarro da mão dela. 

— Apenas tenho medo de ser o pior sexo da minha vida. 

Erin riu, jogando-se para trás. A cama era mais macia do que ela esperava.

— Se ficarmos bêbados o bastante, não vamos ter esse problema. 

Alyssa logo chegou com o abridor, e entregou uma garrafa de rum para cada. 

— Vamos fazer uma brincadeira. — Ela se jogou ao lado de Erin, não se importando se estava de saia, e mostrando um daqueles dados de sexshop. — Cada parte desse dado diz alguma coisa que devemos fazer… — A Landfish tomou vários goles da bebida. — E vamos seguir uma ordem. 

Alex, que continuava parado em frente à cama, começou a tirar os sapatos e as meias, e sentou-se na parte de cima da cama. 

— Vocês garotas podem começar. 

A loira sorriu para Erin, e jogou o dado. 

— 3 — informou, acariciando o braço da quileute com a ponta dos dedos. — Acho que vai ter que me chupar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Lobos e Monstros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.