Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 4
Biscoitinho desejado


Notas iniciais do capítulo

Não consegui resistir e esperar para concluir a história, antes de começar a postar. Falhei nessa missão, mas acredito que durei mais que o esperado e consegui adiantar uma boa quantidade de capítulos. Então, por enquanto, irei postar apenas dois capítulos por semana (ainda tenho que continuar escrevendo e estou tendo um trabalhão revisando Entre Fogo e Gelo).

Agora que comecei a publicar a história oficialmente, peço a vocês que abram seus corações para receber a Erin. Como minha amiga falou (oi, Bells), é muito mais fácil amar uma personagem como a Wendy. A Erin é cheia de erros como qualquer ser humano, e não teve os anos a mais que a Wen tem, para amadurecer e resolver problemas com tanta facilidade. Inspirem-se no ícone Katherine Pierce, e vamos amar as duas sem criar rivalidade feminina.

Amo vocês e estou muito, mas muito ansiosa para saber como vocês vão reagir a essa fanfic. Cada capítulo vai ser muito intenso, isso eu prometo para vocês.



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Capítulo 3

por N.C Earnshaw

 

— VAI ME DIZER QUE AINDA está naquela de sofrer pelo idiota do Paul? — debochou Jane, pulando em sua cama.

Erin pensou em ignorá-la, irritada com a insistência de sua amiga em tocar nesse assunto. A satisfação de Jane em ver a mágoa brilhando em seus olhos não a surpreendia. Como sempre andavam juntas nas festas, tinham o mesmo círculo de amigos e também os mesmos interesses amorosos, a competição entre elas era inevitável. Certas vezes se interessavam pelos mesmos carinhas, e eles sempre preferiam a Landfish. E, mesmo que Erin tenha recusado cada um deles em nome da amizade, era um baita golpe na autoestima da Miller.

— Não estou sofrendo pelo Paul! Mas que droga! — irritou-se Erin, jogando a revista que tinha em mãos para longe. — Só estou frustrada por ter perdido uma foda boa. 

Jane gargalhou, lembrando do dia em que Erin contou sobre a sua noite quente com Paul, e deu dois tapinhas amigáveis na mão dela. Era compreensível aquela frustração quando ela tinha perdido um deus do sexo. Orgasmos múltiplos não eram para qualquer um. 

— Nunca vou te perdoar por não me deixar provar aquele pedaço de mau-caminho — alfinetou, rancorosa. — A única coisa que me consola é que nenhuma das duas ficou com ele. Seria totalmente desleal para a nossa amizade, sabe!? 

A expressão de Erin se transformou em uma de choque. 

— Vadia! — Ela pegou seu único travesseiro e bateu ele com força no rosto da Miller, soltando uma risada estrangulada tamanha era a descrença que experimentava. Sua amiga conseguiu superar todos os limites! — Como você consegue ser tão cara de pau, biscoitinho? — debochou Erin, sabendo que a amiga odiava quando ela usava o apelido que o pai dela a chamava. 

A quileute grunhiu quando foi atingida no rosto e caiu para trás dramaticamente, choramingando de dor. 

— Biscoitinho é o cara-... — Jane arrancou o travesseiro do rosto da outra, e revirou os olhos assim que deu de cara com Erin gargalhando em silêncio. — Você é ridícula! 

A garota fez um biquinho e voltou a se sentar.

— Não fica brava comigo, biscoitinho! 

A Miller, apesar de irritada, não conseguiu segurar o sorriso. Amava adorar e odiar Erin Landfish. 

Pegando-a de surpresa, pulou em cima dela e a derrubou de volta na cama. Ela encarou o rosto perfeito da outra por alguns segundos, sentindo a inveja tão conhecida, apertar seu coração. As maçãs do rosto proeminentes, os olhos escuros e levemente puxados — que quase desapareciam quando Erin começava a rir, os lábios cheios e vermelhos… Jane se perguntou se algum dia conseguiria ter metade da beleza que ela tinha.

— Você tá me olhando de um jeito muito bizarro — sussurrou Erin, como se estivesse contando um segredo. — Por um acaso vai admitir de uma vez que não resiste aos meus encantos? 

A piscadela sexy não a assustou — já estava acostumada com Erin tentando seduzir qualquer coisa que respirasse, mas quando a Landfish apertou sua coxa e se impulsionou para cima buscando friccionar suas intimidades, Jane saltou para longe com uma careta.

— Não é só porque ambas também gostamos de garotas que vamos nos pegar, Erin — reclamou Jane, indo mexer no guarda-roupa para esconder suas bochechas coradas. — Somos amigas e não vai rolar.

A Miller ocultou a verdade por trás de todas as vezes que rejeitou Erin. Sentia desejo por ela; isso não podia negar. Ela era uma baita de uma gostosa, e nunca houve alguém que reclamou dos seus dotes sexuais. No entanto, o fato de Jane se sentir tão inferior em relação a aparência a fazia se esquivar de todas as suas investidas. Cair no choro no meio de uma transa não faria muito bem para sua imagem.

— Estou tão carente — choramingou Erin, encarando o teto. — Se você fosse minha amiga de verdade, me ajudaria com isso.

Jane tirou uma blusa preta e decotada da gaveta e sorriu, tanto pelo comentário da outra quanto por ter imaginado como seus peitos ficariam legais com aquela peça. 

— Você transou com aquele cara-pálida há três dias! 

— Estou falando de uma transa boa! Aquilo estava mais para um filme de terror! — A indignação na voz de Erin fez a Miller gargalhar e se virar para ela. Elas adoravam compartilhar as histórias de suas noitadas, porque na maioria das vezes acabava em algo engraçado ou extremamente traumatizante.

— Mais um motivo para irmos à festa da fogueira essa noite — lembrou, torcendo para que ela não desse para trás mais uma vez. 

Erin bufou alto e se cobriu com o cobertor. Não estava no clima de socializar. 

— Com as mesmas pessoas entediantes de sempre. 

Jane sorriu com malícia.

— Talvez Embry Call apareça dessa vez. A gangue do Uley normalmente passa por lá para supervisionar. 

A quileute soltou um guincho, sentando-se na cama. Sabia que não devia ter comentado sobre o dia do penhasco. 

— Pelo amor de Deus, Jane! O garoto só tem o quê? Uns quinze anos? Não sou papa-anjo. 

Erin viu o exato momento em que Jane revirou os olhos.

— Ele tem dezessete, mas vai completar dezoito muito em breve — informou, parando em frente ao espelho e colando a blusa no corpo. A expressão sonhadora ativou um alerta no cérebro de Erin. — Além disso, depois que ele se juntou à gangue do Uley, ficou o maior gostoso. Até mais que o Paul. 

Erin não entendeu o instinto de proteção que sentiu naquele momento. Ela teve vontade de sacudir Jane e proibi-la de chegar nem sequer a dois metros de Embry. 

— Ele é inocente — argumentou. Não queria que o garoto Call se tornasse a próxima vítima. — Não nos divertimos assim.

Seu estômago revirou assim que ela viu o semblante presunçoso de Jane pelo espelho. 

— E você apenas conseguiu me deixar mais interessada. 

Erin se arrependeu de não ter ficado de boca fechada, e torceu para que o interesse de Jane durasse por apenas aqueles poucos minutos. Quando a amiga começava a caçar, não tinha ninguém que a segurasse. 

— Acha que a Liz vai pra essa festa? — perguntou, mudando de assunto.

Apesar de Jane ter percebido sua intenção de desviar do tópico, deixou para lá.

— A Alyssa... — frisou o nome, uma vez que odiava a competição pelo posto de melhor amiga. — e o Alex vão sair para jantar. Vão comemorar o aniversário de namoro ou qualquer coisa que seja.

Ela assentiu com compreensão, feliz por seus amigos. Mesmo que tivessem se afastado por causa do namoro — visto que a programação de casal era muito diferente da de solteiro, Erin torcia muito por eles.

— E o Michael? 

Jane deu de ombros como se dissesse “e eu lá vou saber”. 

Elas ficaram em silêncio pelos minutos seguintes. Erin perdida em pensamentos sobre como evitaria que a amiga fincasse as garras no belo e inocente Embry, e Jane se admirando no espelho. 

A Landfish sentiu uma enorme vontade de ficar sozinha, mas não queria pedir para Jane ir embora, pois poderia ferir seus sentimentos. 

— O que acha que devo usar? A calça clara que deixa o meu bumbum legal, ou aquela saia preta que é uma graça? 

— A calça clara com certeza — afirmou Erin, sem dar muita atenção para o assunto. 

Jane pensou por alguns segundos, e sorriu. 

— Vou com a saia. Agiliza as coisas antes de… Bem, você sabe o quê. Aposto que vai ser o máximo ensinar ao Embry um truque ou outro. 

“Chega!”, gritou uma voz dentro de si. A imagem de Embry e Jane se tocando deixava seu estômago embrulhado, nauseada e com uma estranha vontade de chorar. 

Ah! Que ótimo. Para melhorar seu dia devia estar de TPM.

— E que horas vai começar essa festa? — Ela tentou suavizar ao máximo sua voz, não querendo demonstrar o quão irritada se encontrava. 

— Não vamos juntas? — perguntou Jane, cruzando os braços. O semblante demonstrava que estava ofendida. 

Erin balançou a cabeça em negação.

— Não vai dar. A mamãe está um pouco indisposta e pediu minha ajuda com o jantar. 

A Miller dobrou a blusa com cuidado e a fitou com dúvida. 

— Você sabe como Carter é — completou, torcendo para que ela aceitasse suas desculpas. 

— Sim, claro! — Os olhos de Jane brilharam em compreensão. Todo mundo de La Push sabia o quanto o padrasto de Erin era babaca. — Nos vemos na festa então. Às oito! 

Ela suspirou de alívio quando não viu mais a figura baixinha no seu quarto. Erin amava Jane de coração, mas passar muito tempo com ela era exaustivo. Com um bocejo largo, viu-se deitando na cama novamente e apagando. 

Erin se espreguiçou, sentindo sua cabeça pesada e o corpo moído como se tivesse levado uma surra. Ela se xingou mentalmente, arrependida de ter cochilado. Sempre que dormia no meio da tarde acordava como se uma manada de elefantes tivesse passado por cima de si. 

Ela jogou a toalha sobre o ombro, pegou a roupa que havia separado e rumou para o banheiro — que, aliás, era o único da casa, arrependida de ter dito a Jane que iria àquela festa da fogueira. 

Seu banho foi rápido; assim como todos os outros que tomava naquela casa. Não se sentia confortável para tomar um banho longo quando qualquer um poderia abrir a porta e vê-la nua. 

Ela se enxugou por cima e se enfiou nas roupas íntimas quase suspirando de alívio. Não tinha mais perigo de ser pega numa situação embaraçosa. 

Erin olhou para o buraco vago na porta, pensando em chamar o chaveiro na próxima semana para consertar aquela porcaria. A chave tinha desaparecido há meses, e Carter nunca se importou o bastante para trocar a fechadura. 

A Landfish achava compreensível até, já que desconfiava que tinha sido ele mesmo que tinha escondido. 

Passos leves a fizeram ficar em alerta. De duas, uma. Ou era sua mãe querendo falar algo, ou era Carter querendo entrar no banheiro de supetão para pegar um vislumbre dela tomando banho. 

Ela se enrolou na toalha e pegou a roupa que tinha deixado em cima da privada, então ligou o chuveiro novamente. Queria que ele pensasse que ela ainda estava no banho. 

Erin viu a sombra por baixo da porta e puxou o ar com força. Apesar de tentar parecer corajosa, sentia medo a maior parte do tempo. Seu padrasto nunca tinha passado de olhares maldosos e situações daquele tipo, mas não podia confiar que ele não iria forçá-la a algo para sempre. 

A porta foi aberta e ela se escondeu atrás dela. Carter olhou o banheiro com cautela e xingou baixinho quando não a viu sob o chuveiro ligado. Aproveitando a distração, passou por ele e correu para o quarto, mas não sem antes se pronunciar.

— É uma pena eu ser tão mais esperta que você.

Ela se trancou no quarto, ouvindo seu padrasto descer as escadas e reclamar para sua mãe “como ela tinha se escondido no banheiro para vê-lo mijando”. 

Erin se vestiu com pressa, sabendo que sua mãe subiria para defender o amado marido e reclamar que ela estava “desejando que ela perdesse o bebê”. Como não queria surtar de uma vez e falar umas boas para sua própria mãe, não gastou muito tempo para se arrumar, apenas penteou os cabelos, pegou a chave do carro e desceu as escadas correndo. 

No momento em que ela passava pelo corredor que dava para a porta de saída, ouviu as vozes de sua mãe e seu padrasto se misturando. Entretanto, se eles pensavam que conseguiriam alcançá-la para dar sermões sobre como estava se comportando mal, estavam enganados.

O vento a fez tremer de frio logo que ela colocou os pés para fora de casa. Ela passou as mãos nos braços para se esquentar, dando-se conta de que tinha esquecido o casaco. No entanto, apesar de saber que sofreria com aquela blusinha de mangas, Erin não sentiu a mínima vontade de voltar para casa e enfrentar os dois cães do inferno. 

Ela finalmente pôde respirar quando se sentou no seu amado carro e ligou a ignição, distanciando das duas pessoas que deveriam apoiá-la, mas faziam questão de atormentar sua vida.

A praia não era distante de sua casa, então levou menos de dez minutos para chegar até o lugar marcado. Quando estacionou perto das árvores, viu Michael e Jane esperando por ela. A quileute desceu do carro e acenou, uma vez que os dois amigos pareciam tão compenetrados na conversa que não repararam em sua chegada. Erin não deixou de notar a maneira carinhosa que Michael encarava a garota ao seu lado.

— Você demorou! — reclamou a Miller, puxando-a para um abraço de lado. 

— Tive alguns problemas. — Ela não abriu espaço para outras perguntas, nem Jane insistiu. — Seus peitos ficaram incríveis com essa blusa.

A Landfish quase sorriu quando percebeu o ego dela inchando.

— Não acha Michael? — Ele, que já encarava os dois melões que Jane tinha, assentiu. 

— Incríveis — afirmou, balançando a cabeça, sem tirar os olhos dos seios dela. 

Jane deu um tapa no ombro dele e puxou Erin pelo braço. Rindo do semblante confuso do amigo, caminharam pela praia até chegar ao local programado para a festa. 

— Tem mais pessoas do que eu imaginava. — O comentário de Erin fez Michael acelerar o passo para caminhar ao lado delas.

— O Ty me pediu pra convidar o pessoal da minha escola — disse ele, levando o copo de cerveja ruim até a boca. 

A fogueira não era a maior que Erin já vira, mas parecia aquecer bem o grupinho de jovens que a circulavam. Eram os mesmos que se reuniam para beber esporadicamente, então não tinha muita novidade; a não ser por um ou dois garotos que deviam ter idade para já terem terminado a faculdade. Ela encarou o rosto de cada um deles, e quase suspirou de alívio quando não viu o menino Call dando bobeira. Jane tinha se vestido para matar. 

A Landfish mordeu a bochecha quando sentiu Jane dando-lhe uma cotovelada. 

— Ele não veio — afirmou com decepção. 

Erin deu um tapinha camarada no ombro dela e olhou para o lado, escondendo o sorrisinho de satisfação que escapou dos seus lábios.

— Ora, biscoitinho, sempre se tem uma segunda opção. — Ela apontou para um loiro que as encarava. Era até bonito, na verdade, mas não chegava aos pés de Embry Call. 

Céus. Precisava ficar bêbada. Estava louca por pensar em Embry daquela maneira. Alguns músculos não o tornavam um homem. Não como Paul era. 

Erin deixou Jane para trás e seguiu com Michael até os barris de cerveja. No caminho, foi cumprimentada por todos, eles conhecendo ela ou não. Era um fato para os jovens de La Push e região, que a festa só ficava boa quando Erin Landfish chegava.


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