Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 5
Um dia é o da caça, o outro do caçador




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Capítulo 4

por N.C Earnshaw

 

SEUS PENSAMENTOS SE CONCENTRARAM em Erin nos dias seguintes ao imprinting. Era doloroso fisicamente ficar longe dela sem tocá-la e saber se estava bem, alimentada e feliz. A urgência de correr até ela e abraçá-la tomava conta do seu corpo a cada passo que ele dava, mas Embry ainda não tinha criado coragem para se aproximar depois da vergonha que passou no penhasco.

Não era a primeira vez que sua timidez tinha colocado-o numa posição difícil. Perdeu várias oportunidades durante a sua vida porque não conseguia se forçar nem sequer a falar. E quando falava, sempre achava que tinha dito a coisa errada, e ficava se corroendo por semanas e mais semanas.

— Sam quer que a gente cheque se os idiotas não estão passando dos limites nas nossas terras — avisou Jared que, aparentemente, seria seu parceiro de ronda naquela noite. 

Embry franziu o cenho, sem entender de quais idiotas ele falava. Porque, para ser sincero, La Push estava repleta deles. 

— Festa na fogueira com os caras-pálidas. — A voz de Jared soou irritada, e o Call conseguiu entender bem o porquê. Ao invés de estar com seu imprinting, a adorável Kim, havia sido chamado para verificar se um bando de adolescentes burros não cometiam bobagem. 

Embry queria poder reclamar do mesmo motivo. 

— O Tyler que está organizando de novo? 

O amigo assentiu com os braços cruzados, e ele suspirou. Tyler O’Connel era famoso por dar as melhores festas e conseguir com facilidade barris de cerveja na conveniência do seu padrinho em Port Angeles, mesmo sendo menor de idade.

As reuniões dele sempre acabavam mal, e apesar de Sam já ter dado alguns avisos, não confiava que o garoto obedeceria às regras impostas. Por isso, ficariam de babá naquela noite. Perfeito. 

— E não podemos nem ficar bêbados — queixou-se Embry, arrancando uma risada divertida de Jared. 

O garoto pensou em como seria bom se ele conseguisse agir de forma tão descontraída com desconhecidos... Não. Não com desconhecidos. Com ela. 

— Vamos nessa, cara. — Com um tapinha no ombro, começaram a correr em direção à praia. 

O vento batendo no seu rosto o fazia desejar se transformar para correr em sua forma mais rápida. A temperatura elevada não deixava que ele sentisse frio, e Embry agradecia por isso. Ser um aquecedor ambulante o tinha salvo diversas vezes, e mal conseguia imaginar como seria se esse “poder” não fosse adicionado no combo de transformação. Morreriam todos de hipotermia com toda certeza.

Eles não precisavam de iluminação para enxergar o caminho quando se embrenharam entre as árvores, onde a luz da lua não poderia iluminá-los — e não que ele pensasse que ela fosse de muita ajuda coberta de nuvens. Seus olhos, apesar de melhorados quando transformado em lobo, não eram tão ruins na forma humana. E ele ao menos conseguia ver onde pisava. 

Embry não era dado a ir em festas. O barulho, pessoas desconhecidas e bebidas alcoólicas não eram muito o seu feitio. Ele preferia assistir um filme com os seus amigos, passar um tempo na garagem de Jacob mexendo em peças de automóveis, ou comendo e conversando na casa de Emily. 

A festa na fogueira não tinha música; percebeu o garoto Call assim que estavam a alguns metros de distância. Geralmente um cara ou outro levava um violão para atrair a atenção das garotas, mas parecia que naquela ali o foco era beber e conversar com o primeiro estranho que aparecesse. 

— Não precisamos ficar lá por muito tempo — instruiu Jared, o terceiro na linha de comando. — Assim que eles souberem que estamos de olho, podemos ficar na floresta até trocarmos de turno com o Quil e a Leah. 

Embry escondeu um sorriso. Sabia bem o motivo do amigo não querer ficar muito tempo na festa. Começava com “K” e terminava com “im”. 

— Beleza. — Com um suspiro, saíram juntos do esconderijo. 

O interior do lobo gritou para que ele saísse correndo dali quando recebeu olhares da maior parte da festa. Era desconcertante saber que a má fama da matilha — ao qual todo mundo acreditava ser uma gangue de traficantes, chamava tanta atenção para si. Logo ele, que gostava de se esconder dos holofotes o máximo possível. 

O coração de Embry acelerou logo que ele avistou a figura do seu imprinting perto dos barris de cerveja. A figura dela parecia brilhar em contraste com as outras pessoas. Na verdade, o lobo não conseguia enxergar mais ninguém além dela. 

O sorriso que ela tinha no rosto deu a impressão que seu estômago estava flutuando. A sensação de que seu imprinting estava feliz era indescritível, e ele suspirou de alívio quando a olhou de cima a baixo e verificou que ela estava bem. 

— Cara, você… 

Embry tinha esquecido completamente da presença de Jared ao seu lado, e se xingou baixinho. Por já ter tido um imprinting, o outro sabia muito bem como um lobo encarava sua amada, e tinha acabado de pegá-lo encarando Erin da mesma maneira.

— A Erin? — perguntou ele, incrédulo. A Landfish era uma velha amiga e gostava bastante dela. Mas, apesar de adorá-la, não conseguia imaginar como ela seria a escolha perfeita para Embry. — Quando? 

— Faz alguns dias. — O Call não quis dar detalhes. Sabia que assim que se transformassem, todos ficariam sabendo. Era surpreendente que ele tivesse conseguido esconder aquela informação por tanto tempo. 

— Cacete — sussurrou Jared sob a respiração. Ele não conseguia tirar os olhos de Erin, que bebia e conversava a alguns metros dali sem se dar conta da presença deles. — Já falou com ela? 

Embry hesitou, mas assentiu mesmo assim. 

— Já. — O lobo encolheu os ombros em constrangimento. — Mas acho que não deixei uma boa impressão.

O amigo gargalhou do rosto corado de Embry. O Call tinha o dom de ficar com as bochechas vermelhas, e ele sabia que era algo que o deixava irritado. Ambos não perceberam, entretanto, que a conversa descontraída atraiu a atenção de uma pessoa específica que até então se encontrava decepcionada por Embry não ter aparecido. 

— Você não pode ter feito algo tão horrível assim... — O olhar que o lobo mais novo o lançou foi o suficiente para ele se sentir compadecido. — Vai ficar tudo bem, amigão. A Erin é uma garota legal e não vai resistir ao seu charme. 

“A não ser pelo pequeno detalhe de ela gostar do seu melhor amigo, não é?”, pensou Embry com acidez. No entanto, resolveu não falar, pois, via que Jared apenas queria ajudá-lo, e não merecia ser maltratado.

— Embry, Jared! — Uma voz feminina desconhecida por ele os cumprimentou, e Embry somente conseguiu desviar os olhos de Erin quando sentiu uma mão pequena tocar o seu braço na tentativa de chamar sua atenção. 

Jane Miller era tão conhecida nas redondezas quanto Erin. Ambas eram extremamente bonitas e desejadas, e não se resguardavam quando decidiam se divertir. Todos os caras sonhavam em ter uma chance com alguma delas.

Jared soltou um oi desanimado, pensando no que Kim diria se soubesse que ele estava conversando com aquela garota. Na época em que ele tentava conquistar seu imprinting, a Miller tinha decidido que o queria, e não saiu do pé dos dois até Erin se envolver e enfiar um pouco de amor próprio na outra garota. 

— Fico feliz que vieram socializar com os pobres mortais. — Ela se inclinou para frente com os olhos focados em Embry, e Jared suspirou de alívio ao perceber que não era o alvo da vez. 

O lobo não podia negar que sentia pena do amigo, mas não conseguiu conter a alegria que sentiu ao não se ver sob os olhares de águia de Jane. Aquela garota quando queria uma coisa — ou alguém, como naquele caso, não se continha.

Embry não entendeu a aproximação repentina. Nunca tinha trocado qualquer palavra com a Miller e agora se via sendo o foco da atenção dela. 

— Está gostando da festa? — Jane cruzou os braços, tentando fazer com que ele prestasse atenção no seu decote. Sem sucesso. Ele nem ao menos olhou para baixo, continuava a encarar seu rosto com confusão inocente. 

— E-Eu… — gaguejou, sem saber o que dizer. Desconhecidos sempre o deixavam daquela forma patética. E, apesar de Jane ser muito bonita com os longos cabelos negros, o corpo curvilíneo e a baixa estatura, Embry não se sentia nada atraído

— Acabamos de chegar. Não deu para ver muita coisa. — A intromissão de Jared não foi muito bem recebida pela garota, que fez uma careta e sorriu amarelo. 

— Jared, querido — pronunciou-se ela após alguns minutos de um silêncio constrangedor. — Estou com sede.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Embry quase deixou escapar uma risada diante da sinceridade do irmão de bando, mas se conteve. Não queria se envolver naquela briga. 

— Você pode, por favor, buscar algumas bebidas pra gente? — sugeriu entredentes. 

Jared pensou nas suas opções. Ficar ali tendo a companhia de uma das pessoas mais insuportáveis que ele conhecia para salvar o amigo de ser raptado, ou ir buscar as malditas bebidas e ter espaço para montar uma estratégia e salvar os dois. 

— Eu posso ir buscar. — Assim que um Embry esperançoso deu um passo na direção da bebida; onde Erin estava, seu braço foi segurado. 

— O Jared vai — determinou a Miller, sem abrir espaço para mais uma discussão.

Jared saiu de perto deles e caminhou na direção dos barris de cerveja. Ele ouviu Embry xingá-lo baixinho, desesperado por ter sido abandonado quando o que mais queria era sair correndo dali, mas não deu a mínima. 

— Vai com calma, Landfish! — Ele colocou um sorriso animado no rosto, e se aproximou de Erin enquanto observava a garota virar um copo cheio de cerveja. — Ouvi dizer que álcool em excesso faz com que as pessoas broxem — sussurrou dramaticamente, atraindo o olhar dela para si.

Jared percebeu que Erin queria rir, mas se conteve. Após o “término” da garota com Paul, eles tinham se afastado. 

— E você sabe tudo sobre broxar, não é? — Ele deu de ombros e riu com sinceridade. Mal sabia ela que por ser um lobo, a chance de acontecer algo com ele era absolutamente nula. — O que quer aqui, Cameron? 

Jared a deixou sem resposta por alguns minutos, e se focou em encher um copo de cerveja; mesmo que não fosse beber aquela porcaria barata. Ele sabia que Erin o encarava com raiva, pois ela o conhecia o bastante para saber exatamente o que ele fazia quando queria levar alguém ao limite.

O lobo se encostou na árvore mais próxima com uma postura relaxada, tomou um gole da bebida — sentindo vontade de cuspir fora, e apontou com o dedo para onde Jane arrastava Embry. 

— Você tem que salvar o meu garoto — pediu Jared sem desviar os olhos do rosto dela. Além de querer ajuda, também desejava ver a reação de Erin e como ela se sentia sobre Embry. 

Ele esperou que ela analisasse a situação, e quase soltou um berro quando ela franziu o cenho e crispou os lábios. O copo de cerveja na mão dela foi amassado e jogado de canto, e a Landfish apenas lembrou que estava acompanhada quando Jared gargalhou.

— Não sou babá da Jane. — O Cameron ignorou o seu péssimo tempo de resposta. — E seu garoto, — ironizou ela. — parece confortável o bastante pra mim. 

— Você não conhece o Embry — rebateu Jared arremessando seu copo na fogueira após ter derramado o líquido no chão. — Ele está odiando essa situação.

Erin riu, desacreditada.

— E o que te faz ter tanta certeza disso? 

— Ele é tímido! — O lobo achou que aquela explicação seria o suficiente, entretanto, viu que a Landfish não parecia estar tão convencida assim. — Ombros caídos, bochechas coradas e um olhar de pânico no rosto — enumerou Jared forçando-se a parecer entediado. — É o suficiente pra você?

Embry odiava socializar com estranhos. E não era à toa que, por anos, os únicos amigos que ele tinha eram Jacob e Quil. Quando ele se viu com alguns amigos que podia rir e passar um tempo, não sentiu necessidade de passar por toda aquela coisa ridícula que era conhecer uma pessoa nova. 

Era um saco. Seu estômago revirava, ele atropelava as palavras, ficava vermelho e hesitava sobre tudo que ia falar porque tinha medo de ofender. 

Com a matilha foi diferente. Não foi preciso pisar em ovos com qualquer um deles, pois conhecia cada segredinho sujo e pensamento mais profundo. E não tinha como não ficar amigo de pessoas que o conheciam tão bem. 

A garota pendurada no seu braço, no entanto, parecia fazer questão de atrair a atenção de todas as pessoas no raio de um quilômetro. Com um sorriso largo e usando Embry como cachorrinho de madame, arrastava-o entre as pessoas para apresentá-lo como um troféu. 

O Call pensou em várias desculpas para se soltar dela, mas nenhuma parecia boa o bastante.

“Acho que o Jared está me chamando”. Péssima. Ela saberia que Jared não estava o chamando coisa alguma, uma vez que estava bem ao lado dele. Ele poderia, claro, argumentar que tinha uma audição mais apurada que a dela, mas daí teria que contar sobre seu probleminha peludo e isso estava fora de cogitação.

“Nossa, estou com muita sede, vou pegar algo pra beber”. Mediana até, e seria convencível se não fosse pelo fato de Jared ter saído em busca das benditas bebidas. Droga! 

“Poxa, vou ter que ir embora. Minha mãe acabou de ligar dizendo que o meu cachorro morreu”. Perfeita! Ela não conhecia sua mãe para perguntar depois se era verdade e não tinha ideia que ele não tinha cachorro algum — apesar de querer muito ter um. 

Embry passou a mão no bolso, tentando lembrar se estava com o celular. Não iria se transformar já que a ronda seria na forma humana, então tinha quase certeza que havia trazido o aparelho. Ele parou o movimento quando se viu sendo puxado para longe da fogueira; onde a maioria das pessoas estava reunida para se aquecer. 

— Quero te mostrar uma coisa — avisou Jane. 

O lobo não entendeu porque ela piscou os olhos tão lentamente, ou porque ela quase ficou na ponta dos pés e se inclinou para frente. 

— Entrou alguma coisa no seu olho? — A inocência da pergunta fez a Miller dar um sorriso amarelo. 

Embry deu um passo para trás. Aquela noite estava ficando cada vez mais absurda.

— Oh, nossa! — Ele fingiu estar triste. — Acabei de lembrar que tenho que ir embora mais cedo. Desculpa, hã...

— Jane — lembrou, ofendida. — E por que vai embora tão cedo? A festa mal começou.

Embry tossiu, tentando ganhar tempo. Ele desviou os olhos do bico que ela fazia, buscando lembrar da desculpa que ele tinha planejado. 

— Meu cachorro? 

— Você tem cachorro? 

— Não — negou prontamente. Ele arregalou os olhos quando se deu conta do erro. — Merda! 

A quileute sorriu com malícia e se aproximou ainda mais dele, quase colando seus corpos. 

— Acho que você quer me beijar. 

— O quê? — Mais tarde Embry se encolheria ao lembrar do quão esganiçada sua voz soou. 

— Não se faça de bobo, Call. — Ela colocou os braços ao redor do pescoço dele. — Sei que me deseja. 

“Hein?”, pensou Embry, aturdido. “Não desejava coisa nenhuma”.

Ele olhou ao redor, procurando Jared para salvá-lo. Entretanto, a pessoa que ele avistou era um bilhão de vezes melhor. E o deixava trilhões de vezes mais nervoso. 

O lobo fechou os olhos, e pediu aos ancestrais que o dessem coragem, porque Erin Landfish, seu imprinting, cambaleava até eles com um semblante determinado. 

— Jane, minha amiga querida, não é legal ficar forçando alguém a te beijar — cantarolou Erin, parando ao lado dos dois. 

Embry quase desmaiou ao vê-la tão perto novamente. Sua memória não fazia jus à aparência dela, porque Erin era espetacular, estonteante e gostosa para um caralho. 

A respiração do garoto ficou acelerada, e ele se perguntou se seria constrangedor demais ser o primeiro lobo a ter um ataque de asma. 

Jane pareceu reparar no seu olhar bobo, pois logo se afastou dele com uma careta de repulsa. 

— Não estou forçando ninguém a me beijar — disse ela, ofendida.

Erin lançou um sorrisinho condescendente.

— Você é muito intensa, bis-... — Embry se perguntou porque a Landfish se interrompeu. — Jane. E às vezes não percebe quando o outro não está tão interessado assim. 

Se ele tivesse mais alguma sessão de silêncio constrangedor naquela noite, iria vomitar. Os minutos em que as melhores amigas se encararam foram longos. Elas pareciam estar brigando através dos olhares, e Embry se sentiu no meio de uma guerra fria.

— Então por que não perguntamos ao Embry se ele estava tão desconfortável assim? 

Ambas os encararam e o quileute teve vontade de sair correndo. 

Para se acalmar, resolveu focar no rosto de Erin. Assim se perderia em pensamentos apaixonados, deixando de lado o nervosismo por estar sendo fuzilado com os olhos por duas pessoas.

— Eu não… — Ele não soube formular muito bem sua resposta. E começou a falar da pior maneira possível, aparentemente deixando Jane como certa. 

Embry sentiu seu coração se partir quando teve um vislumbre da postura de Erin mudando e dos olhos dela brilhando em mágoa. Ele sentiu vontade de pegá-la em seus braços e consolá-la; mesmo sendo ele mesmo o culpado, ou de se ajoelhar ao seus pés implorando por desculpas.

— Está vendo, Erin. — A presunção de Jane pareceu irritar a Landfish. — O Embry quer me beijar.

— Eu não disse isso — pronunciou-se Embry finalmente tomando coragem. 

As duas o fitaram, surpresas. 

— Você é uma garota legal, Jane. Mas não tenho qualquer sentimento romântico em relação a você. 

A Miller aparentou ter sido estapeada. O lobo percebeu ela cerrar os punhos e ficar na defensiva, furiosa por estar levando um fora.

— Você se acha, não é, Call? — Ela riu com sarcasmo. — Porque anda numa gangue de merda com seus amigos bombados usuários de droga, mandando em todo mundo como se fossem algum tipo de deus. 

Embry já tinha ouvido os comentários a distância diversas vezes, mas em todos esses anos de transformação, ninguém tinha falado na cara dele. 

— Minha mãe conhece a sua, sabe? E ela não cansa de dizer o tamanho da decepção que você é.

Ele ficou sem reação. Sua mãe era o seu ponto fraco, e aquela humana idiota tinha acabado de tocar em um dos assuntos que mais o entristecia.

— Jane, chega! — esbravejou Erin, colocando-se entre os dois e dando um leve empurrão na amiga. — Você passou de todos os limites.

— Está defendendo um cara que você mal conhece ao invés da sua melhor amiga? — Mesmo com os olhos lacrimejando, Embry não sentiu pena. Na verdade, estava começando a achar Jane Miller manipuladora e mal-caráter. 

— Não, Jane. Estou tentando colocar juízo nessa sua cabeça de vento! 

O lobo conseguiu ouvir ela rangendo os dentes. Parecia pensar no próximo ataque verbal. 

— Tudo bem — concordou com uma risada falsa, dando alguns passos para trás ainda virada na direção deles. — Mas não se empolgue com a Erin, garotinho. Ela gosta de homens de verdade, sabe? Não bebês chorões que mal saíram da fralda.

Embry se deu conta que tanto Erin quanto ele, encontravam-se petrificados. 

— Como aquele seu amigo… 

— Jane, para! — ordenou Erin. 

— O Paul. — Ela continuou a ignorar Erin, focando-se na reação de Embry. Quando ele se retraiu, ela se sentiu vitoriosa. — O único cara que deixa a calcinha da Erin molhada é Paul Lahote.

— Tudo bem, chega! 

A Landfish pareceu constrangida demais para olhar para ele. Ela sussurrou um pedido de desculpas para Embry, e saiu arrastando Jane para longe dele. 

Com o coração partido, ele encarou as duas sumindo de suas vistas, até sentir uma mão pousando no seu ombro.

— Tudo fica bem no final. Você só tem que ter paciência. 

Embry nunca quis acreditar tanto numa pessoa quanto naquela noite.

 

 


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