Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 24
Sinto muito, amor




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Capítulo 23

por N.C Earnshaw

 

SUA MENTE, vez ou outra, gostava de pregar peças. Erin se negava a acreditar que, quatro noites atrás, Embry a tinha colocado na cama e eles haviam dormido agarrados durante horas. Ela, inclusive, alegava para si mesma que o cheiro característico que havia sentido pela manhã era antigo — ainda que ele estivesse grudado em toda a sua pele e em suas roupas. Durante à noite, tinha tido um ataque de sonambulismo e comido metade do bolo que havia deixado sobre a mesa, colocando o que sobrara dentro da geladeira. 

Ela se recusava a ver os sinais que Embry tinha deixado sobre a sua presença em casa. Porque, se admitisse para si mesma que ele tinha voltado depois de dias e sequer se dado o trabalho de acordá-la para ao menos dar um oi, Erin desabaria.  

A Landfish pedia a todos os ancestrais para os motivos de Embry desaparecer por dias serem bons. Seu coração não aguentaria mais uma decepção, principalmente porque estava completamente apaixonada pelo garoto de sorriso inocente. 

Ela havia esquecido como era dormir bem. Suas olheiras estavam roxas e profundas, e seu corpo parecia que iria desabar a qualquer instante devido ao cansaço. As horas de trabalho eram como uma tortura que não tinha fim. E ficar de pé enquanto encontrava-se tão exausta, tendo que atender clientes mal-educados, fazia com que Erin quisesse gritar. 

No terceiro dia sem Embry, ela estourou. Não suportava mais os olhares e as indiretas de Andy, assim como estava sem qualquer paciência para ser repreendida por Carl porque a segunda dama “não gostava de como ela limpava as mesas”. 

— Quer saber uma coisa, Andy? Vai. Se. Ferrar! Eu estou cansada das suas merdas. Se sabe limpar tão bem a porra das mesas… — A Landfish jogou o pano que estava na mão no rosto da outra mulher. — Então limpe você mesma! 

O semblante enraivecido de Andy não arrancou qualquer reação temerosa de sua parte. Não se importava mais se fosse demitida. Estava exausta daquele emprego e não suportava mais olhar na cara daquelas pessoas. 

— Como você se atreve, garota? — rosnou a garçonete, aproximando-se em passos largos em sua direção com o rosto vermelho de raiva. — Por acaso perdeu o juízo? 

Erin se controlou para não partir para a agressão. Suas mãos formigavam com vontade de socar a cara daquela vadia até que virasse uma gosma nojenta sujando o chão imundo da lanchonete, mas se conteve quando viu uma figura bastante conhecida surgindo por trás de Andy. 

— Olha aqui, queridinha. — Andy tinha o dedo em riste bem próximo ao nariz da quileute, fazendo com que ela tivesse que esconder o sorrisinho que queria escapar dos seus lábios. — Se não quiser ser demitida, acho melhor pegar a merda desse pano e limpar essas mesas até que elas fiquem brilhando

Erin não moveu nenhum músculo, aguardando ansiosamente o momento em que Andy visse Tasha atrás de si, enquanto ela dava uma de dona do lugar. 

— Está surda, imbecil? — A mulher estalou os dedos várias vezes em frente aos olhos da garota. — Eu falei pra pegar a porra do pano e voltar ao trabalho! Vou fazer questão de…

— Oi, Tasha — interrompeu a Landfish, acenando sobre o ombro da garçonete para a esposa de Carl. — Como a senhora vai? 

Se Erin fosse uma pessoa um pouquinho melhor, teria sentido pena da expressão que tomou o rosto de Andy. Ela não imaginava que alguém conseguiria trocar de cor tantas vezes em questão de segundos, mas a mulher o fez. A garçonete foi de um dourado saudável para um branco fantasmagórico, depois ficou verde da cor das melecas que um cliente sempre colava nos vidros das janelas — e ela passava horas tentando tirar as manchas. E, no fim, seu rosto adquiriu um vermelho escarlate que daria inveja a qualquer tomate maduro. 

— Aconteceu alguma coisa? — A Landfish tinha certeza que a mulher havia chegado a tempo para ouvir toda a confusão, no entanto, parecia que ela não queria perder a oportunidade de humilhar um pouquinho a amante do seu marido. — Erin? Pode me dizer o que está acontecendo? 

— A Andy estava apenas me dizendo que não gostou de como estou limpando as mesas hoje — disse prontamente, com um semblante solene. 

— I-isso… — gaguejou a amante ao se ver encarada por Tasha. — Isso não é verdade! Eu estava somente tentando te ajudar a fazer melhor o seu trabalho. Afinal, nós somos a imagem principal da lanchonete, não é? — Ela fuzilou Erin com os olhos para que concordasse. — Se fizermos bem o nosso serviço, mais pessoas virão comer aqui e…

— Chega! — O grito da mulher fez com que a Landfish desse um pulinho assustado. — Acredito que o meu marido não a tenha colocado como gerente. Estou correta, senhorita…? 

— Stryder — sussurrou entre dentes, baixando a cabeça e encarando as sapatilhas que usava em sinal óbvio de submissão. — Não, senhora.

Tasha assentiu, de cabeça erguida e com um sorrisinho vitorioso de canto de boca. 

— Acredito então que não seja da sua alçada ordenar os outros empregados e julgar se seus colegas estão ou não fazendo bem o trabalho. Lembre-se, Stryder, que você é uma mera garçonete como as outras, e os únicos que podem mandar e desmandar aqui são os donos. Ou seja, eu ou meu marido. 

— Sim, senhora. — A voz de Andy saiu estremecida, e parecia que ela estava prestes a cair no choro. Erin sentiu pena, não conseguindo aproveitar ver aquela cobra que fazia seus dias um inferno sendo humilhada. — Isso não vai se repetir. 

O sorriso de Tasha se alargou, tomando todo o seu rosto. 

— Erin, você está liberada. — A quileute ergueu uma das sobrancelhas, sem entender nada. Faltavam mais de duas horas para o seu turno acabar. — Já que a Stryder aqui se acha uma funcionária tão boa, vai conseguir dar conta de limpar as mesas sozinha. — E saiu, deixando para trás as outras duas que tinham os olhos arregalados. 

Erin se agachou para pegar o pano esquecido e estendeu-o na direção de Andy. Não era louca de não aceitar algumas horas de descanso. 

— Acho que vai precisar disso aqui. 

Erin se perguntou quantas vezes deixaria com que seu coração idiota cultivasse esperanças infundadas. Desde que se conhecia por gente, tinha uma mania idiota de esperar mais das outras pessoas do que deveria, de achar que elas a deviam alguma coisa pelo fato de ela as amar. E perdoar o imperdoável porque — ela teve que se forçar a falar aquilo em pensamento —, o seu maior medo era ficar sozinha. 

Não havia herdado apenas a aparência da sua mãe. Infelizmente, a carência de ter alguém ao seu lado também tinha passado de mãe para filha, fazendo-a afundar cada vez mais em um turbilhão de sentimentos ruins. 

Fora a relação ferrada que tinha com a mulher que a colocou no mundo, tinha se submetido a uma amizade de mão única com Jane e se forçado a achar que tinha encontrado em Paul o homem da sua vida — quando a única coisa que sentia por ele era um tesão fodido. 

Ela temia que estivesse se entregando por completo à sua relação com Embry — se é que tinham alguma coisa que chegasse a ultrapassar uma mera amizade. Aquele garoto inocente e traiçoeiro havia roubado seu coração antes que ela se desse conta, e os dias em que se viu longe dele, sem a sua presença constante, seu sorriso lindo ou o seu cheiro gostoso, foram uma tortura. 

Parecia loucura para a sua consciência, mas a única coisa que passava pela sua mente durante aquelas milhares de horas torturantes longe dele, era que estava apaixonada. Estava tão apaixonada que ficava sem fôlego, sua garganta apertava e apenas tinha vontade de chorar enquanto assistia Titanic e comia um pote enorme de sorvete. 

Era bizarro até para ela mesma digerir a notícia que Erin Landfish, a garota mais popular da região, que poderia ter qualquer um que quisesse, estava fora do jogo porque o tímido Embry Call a tinha conquistado. 

Para piorar, não tinha ideia se seus sentimentos eram recíprocos. Visto que Embry não tinha aparecido em casa por mais de uma semana ou se dignado a avisar se sequer estava vivo, apostava que não. Se ele gostava dela um pouco do tanto que ela gostava dele, estaria ao seu lado, não enfiado sabe Deus lá onde. 

O cansaço era tanto que ela se perguntou como havia conseguido dirigir até a casa que passou a chamar de sua inconscientemente. Seu corpo implorava para que se deitasse sobre uma superfície macia e dormisse por horas, mas a quileute não tinha ideia se conseguiria pregar os olhos por muito tempo quando a preocupação que sentia por Embry a consumia. 

Ela cambaleou até a entrada da casa, e no instante em que Erin abriu a porta e seus olhos se encontraram com os olhos castanhos de Embry, ela desabou. Os soluços eram altos e profundos, de uma choro há muito guardado, misturado com a fadiga que sentia pelos dias insones. 

O garoto à sua frente se encolheu ao ver o quão desconsolado seu imprinting estava. Foi difícil se manter de pé e ir na direção dela ao saber que o culpado de sua tristeza e completo desespero, era ele. A distância de apenas alguns passos pareceu longa demais enquanto ele andava em sua direção e a acolhia em seus braços. 

Sentir o calor característico da pele de Embry somente a fez se engasgar com as próprias lágrimas. Ela não lembrava o momento, ou o porquê aquele garoto tinha ganhado tanto espaço no seu coração. A única coisa que sabia, enquanto se segurava a ele como se seu corpo fosse um bote salva-vidas, era que não aguentaria ficar longe dele por mais tempo. 

— Assim que eu me afastar, vou acabar com você! — rosnou a quileute, passando as mãos pelo pescoço dele e o puxando mais para si. 

Embry soltou uma risada em meio às lágrimas que também escorriam pelo seu rosto. Normalmente, teria vergonha de chorar em frente a outra pessoa, no entanto, Erin era a mulher que amava, então se permitiu desabafar a angústia que também havia sentido nos últimos tempos. 

Além de ter ficado dias comendo mal e sem dormir, tinha sido submetido a momentos de tensão que o fizeram questionar se valia a pena continuar a se transformar em lobo. Ter que lutar contra seus irmãos de bando e contra outras pessoas que somente queriam proteger sua família, deixaram-o com um sentimento de culpa que ele não conseguiu se livrar desde que tinha voltado da mansão dos Cullens. 

Talvez, se ele tivesse sido tão obstinado quanto Leah e Seth, não estaria se sentindo como lixo ao tentar assassinar um bebezinho. 

As imagens da garotinha pelos olhos de Jacob apenas solidificaram o que ele já achava. E foi extremamente difícil caminhar até sua casa, pois estava se sentindo sujo demais ao ter concordado com toda aquela merda. Erin não merecia alguém que se mantivesse omisso. Ela precisava de alguém forte e corajoso, que não abaixasse a cabeça e se mantivesse firme em suas opiniões. Embry não estava se sentindo nenhuma daquelas coisas. 

— Então acho que não vou te soltar nem tão cedo — sussurrou próximo ao ouvido dela, sorrindo de lado ao perceber que os pelos do corpo curvilíneo se erguerem imediatamente ao som de sua voz. — Sinto muito, amor. 

Erin achou, por um instante, que seu coração arrebentaria o músculo que o cobria e pularia para fora do seu peito, tamanha era a força de suas batidas. Os braços de Embry ao redor de sua cintura eram as únicas coisas que a sustentavam de pé, e ela não conseguia decidir se queria bater nele ou beijá-lo até que seus pulmões implorassem por oxigênio. 

Ela sempre teve uma opinião muito forte sobre as mulheres que perdoavam os erros dos seus parceiros rapidamente — Kayla e Carter sendo o seu maior exemplo do que evitar num relacionamento. Entretanto, embora tivesse prometido para si mesma que não cederia aos encantos de Embry, perdoou-o no instante em que passou pela porta e o viu parado de pé no meio da sala de estar com aquela carinha de filhotinho abandonado. 

— Espero que sinta mesmo, Embry Call. — Ele só não precisava saber disso. 

O lobo estava esgotado tanto mental quanto fisicamente. Na sua mente, repassavam as memórias da breve batalha que tiveram com os Cullens. De si mesmo atacando Leah para que Sam conseguisse ultrapassar a barreira de vampiros e obtivesse êxito em matar a criatura sanguinária que Bella tinha colocado no mundo. De Paul parado em frente a Wendy protegendo o seu imprinting de qualquer coisa. De Jacob surgindo no meio de tudo e mostrando as imagens do bebê. 

Embry não pôde negar que sentiu um alívio imenso ao saber que não precisaria carregar o fardo de ter machucado alguém inocente pelo resto de sua vida. E não se dispôs a ouvir qualquer que seja o que Sam queria falar com eles. Voltou para a forma humana assim que atravessou a linha do tratado, e se fechou para qualquer conversa que Jared ou Quil tentaram iniciar. 

A única coisa que queria era estar naquele momento. Com Erin em seus braços, sentindo o cheiro dela e aproveitando sua presença. 

Ele sentou no sofá logo que seu corpo quis ceder, e não hesitou em puxar a Landfish para sentar em seu colo. 

— Estou te deixando fazer isso sem te encher de perguntas porque sinto como se um caminhão tivesse passado por cima do meu corpo. 

Embry sorriu, puxando a cabeça dela para perto e beijando sua testa demoradamente. Amava tanto aquela garota, mas tanto, que não tinha ideia de como conseguia respirar quando estava tão próximo a ela. 

— Pode me dar alguns minutos antes de começar a gritar? — A intenção era que soasse como uma brincadeira. Sem sucesso. Sua voz encontrava-se mais rouca que o normal e ele pausava a cada palavra, uma vez que a exaustão que sentia parecia estar prejudicando sua habilidade de falar. — Obrigado — sussurrou assim que a viu assentir, aconchegando sua cabeça no ombro dela e se escondendo em meio aos cabelos macios. 

Ele inalou o máximo possível do cheiro do shampoo morango antes que Erin caísse em si e voltasse a sentir raiva, aproveitando os poucos minutos que ela estava oferecendo. 

— Passei todo esse tempo que estava longe pensando se a culpada de você ter sumido era eu. 

— O quê? — Ele ergueu a cabeça de onde estava descansando e segurou o queixo de Erin com uma das mãos para vê-la melhor. A garota parecia evitar olhar em seus olhos, e apenas encarava suas mãos cruzadas sobre as pernas com falso interesse. — Não! Não teve nada a ver com você.

— Eu… — Ela engoliu em seco, ignorando qualquer coisa que Embry estivesse falando porque sentia que precisava tirar aquilo tudo do seu coração. — Eu achei que você tinha se cansado de mim. Se cansado da garota idiota que invadiu sua vida quando você mal a conhecia. Cacete, Embry! Aceitei morar com você, depender de você sem pensar duas vezes! 

Embry não deixou que ela se afastasse quando sentiu que Erin queria se erguer. Arrependeu-se mais uma vez profundamente de não ter contado tudo antes e de não ter dito o quanto a amava.

— Sinto que, por mais que eu tenha aberto meu coração sobre os meus problemas, você simplesmente se fechou. Eu nunca te forcei a falar nada porque queria que você chegasse a mim e me contasse, queria agir diferente da sua mãe e evitar que brigássemos quando nossa relação ainda estava tão frágil. — Erin limpou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto com a gola da camiseta que usava, aplicando uma força exagerada no ato. — Estou com tanta raiva, Embry. Tanta. Não de você — explicou-se rapidamente quando o sentiu se encolher como se ela tivesse o estapeado. — De mim. 

— Você deve estar me achando patética por querer te cobrar algo quando nem estamos juntos. Prometi a mim mesma após toda aquela confusão com o Paul que não me apaixonaria novamente até me livrar de todos esses traumas de merda. E passei noites acordada pensando se o que sinto por você é parecido com o que eu sentia pelo Paul, porque não queria cometer o mesmo erro novamente. 

Embry se manteve calado. Não apenas por respeito a Erin, mas porque não conseguia formular nem sequer uma frase ao ouvir tudo que seu imprinting dizia. 

Ele não podia negar que ficava magoado ao lembrar dos sentimentos de Erin por Paul. Era difícil pensar que, se o imprinting de Paul por Wendy não existisse, talvez a mulher que amava estivesse nos braços do seu irmão. Além de, claro, ficar inseguro todas as vezes que o antigo relacionamento era trazido à tona. Diferente do Lahote, Embry tinha 0 experiência com mulheres ou de como fazer sexo com elas.

— Não é — garantiu depois de um tempo, sentindo-se um pouco culpada por deixá-lo se torturando. Por mais que estivesse irritada, nunca faria Embry sofrer intencionalmente. Não por muito tempo. — Com o Paul era apenas sobre sexo…

— Não sei se quero saber sobre isso — interrompeu Embry entre dentes, semicerrando os olhos ao ver o sorrisinho malicioso de Erin. 

— Com você… — A Landfish mordeu o lábio inferior ao checar o abdômen de seis gominhos. Seis! — Com você é sobre sexo também, mas com algo a mais. 

— Oh! Devo me sentir lisonjeado? 

— Gosto de você, Embry Call. Gosto muito de você. Não vou afirmar que estou completamente apaixonada, ou que estou louca pra te jogar nesse sofá e arrancar esse short do seu corpo. Ou como quero te ver e te sentir com as minhas mãos… — Erin acariciou os braços levemente musculosos do garoto, deixando-o enfeitiçado pelo toque e a forma com que ela o olhava. — e com a minha boca. 

Embry encarou os lábios suculentos à sua frente. Cheios e vermelhos, implorando por um beijo seu. 

— Estamos indo rápido demais — continuou a quileute, afastando-se abruptamente e se levantando do colo de Embry num pulo. Tinha medo de que o atacaria se continuasse a sentir a perna musculosa tocando em lugares que ela queria evitar de pensar sobre. — E acho que estendi minha estadia aqui por mais tempo do que eu deveria.

Tinha pensado bastante sobre aquilo. Apesar de se referir em sua mente àquele lugar como um lar, não se sentia mais tão confortável na presença de Tyffany quando tinha passado dias mentindo para ela sobre por onde Embry andava — principalmente quando a mulher sabia que ela estava mentindo. Os olhares que ela lançava não eram os mesmos dos primeiros dias em que ela a recebeu em sua casa. E embora a casa, oficialmente, fosse de Embry, não iria forçar sua presença onde não era desejada. Havia passado anos de sua vida convivendo com pessoas em uma casa que não era sua, e não se submeteria novamente a isso. 

— Juntei algum dinheiro nas últimas semanas, já que não precisei dar mais da metade do meu salário para o Carter. — Ela fez uma careta ao lembrar do homem repugnante. — O bastante para eu alugar um apartamento pequeno por uns três ou quatro meses e sair do seu pé. 

Erin sentiu o nervosismo tomar conta do seu corpo, uma vez que Embry não tinha esboçado qualquer reação. Ela esperava que assim que desse a notícia, o quileute a pedisse para ficar. No entanto, para sua decepção, não aconteceu. 

— Estou pensando em ficar em Port Angeles por um tempo, talvez ir para Seattle depois. — Ela continuou a falar para preencher o silêncio constrangedor. 

— Quando vai? — A expressão de Embry estava vazia, e a pergunta deixou Erin mais magoada do que ela gostaria de admitir. Tinha acabado de se declarar para ele. E tudo bem que estava sendo meio babaca ao dizer que iria embora um minuto depois, mas ele era estúpido por não entender que se ele pedisse para que ficasse, ela não pensaria duas vezes em aceitar. 

— Ah, eu… Você… O quê? — Sua voz saiu estridente até para os seus próprios ouvidos, e ela levou algum tempo para retomar o controle e conseguir respondê-lo. — Ainda não sei quando vai ser, mas acho que em breve. 

Embry assentiu várias vezes, perdido em pensamentos. 

— Pode ir me visitar, se quiser.

O garoto se ergueu do sofá e se aproximou de Erin lentamente. Cada passo dele, fazia com que seu coração acelerasse ainda mais, deixando-a assustada com o quão rápido o músculo conseguia bombear. 

— Se tem tanta certeza que quer ir embora, não vou te impedir. — Ouch, pensou a Landfish. Essa doeu. — Mas acho que se lembra de algo que eu disse há um tempo atrás? 

— Sobre? — indagou ansiosa, sem saber se queria se afastar ou se livrar daquela distância de uma vez. 

Com as pontas dos dedos, Embry pegou uma mecha pequena do cabelo dela, e enrolou em um cacho por alguns segundos antes de voltar a encarar seu rosto. A diferença de altura entre eles era gritante, fazendo com que Erin tivesse que inclinar sua cabeça para trás se quisesse olhá-lo nos olhos. 

A palma da mão — que Erin achava ser quase do tamanho do seu próprio rosto — encostou na sua bochecha esquerda, fazendo-a se deleitar com o calor que emanava. Ela fechou os olhos, inclinando a cabeça para se aconchegar melhor a ele, enquanto sentia uma leve formigação no finalzinho de sua barriga, descendo para suas pernas. 

Os lábios de Embry eram tão quentes quanto o resto do seu corpo, constatou a quileute ao sentir a boca dele tocando a sua com um leve selinho. Seu primeiro impulso foi de jogá-lo em cima do sofá e arrancar suas roupas, no entanto, algo no fundo da sua mente a controlou, deixando com que o garoto tomasse controle da situação. Ela sabia que o primeiro beijo entre eles seria especial, e apressar tudo — como geralmente fazia —, apenas iria estragar o momento. 

Erin ficou na ponta dos pés para aumentar o contato, passando os braços ao redor do pescoço dele para se apoiar. Embry tremia levemente de nervosismo, fazendo com que ela tivesse que conter um sorriso. Ele era tão inocente e gostoso.

A hesitação era pela pouca experiência, e ela não poderia julgá-lo. Resolveu incentivá-lo sugando o lábio inferior algumas vezes e movimentando seus lábios contras os dele lentamente para que ele conseguisse acompanhá-la. 

Mais tarde, enquanto tocava seus próprios lábios em frente ao espelho do banheiro e entrava no chuveiro de água gelada para conter seus hormônios, Erin riria abertamente por ter sido pega de surpresa. 

A Landfish ofegou ao sentir mãos fortes tocando suas coxas e a erguendo como se não pesasse nada. Assim que ele conseguiu equilibrá-la no seu colo, passou uma das mãos pelos seus cabelos, puxando-os com uma força moderada antes de atacar seus lábios. 

Erin se arrependeu de ter pensado no termo “inexperiente” para se referir ao Call. 

O beijo era quente e deixou sua mente tonta. Ela apenas conseguia apreciar o gosto da boca de Embry e implorar para os seus ancestrais que nada conseguisse tirá-la dos braços dele. O fato de ainda estar usando o vestido de trabalho não ajudava em nada no seu autocontrole. Sua calcinha era a única coisa que impedia o contato direto da sua boceta com a pele do abdômen. 

Ela perguntou a si mesma se ele conseguia sentir o quão molhado o tecido estava. E se esfregou para tentar aliviar um pouco da tensão que se acumulava ali embaixo. 

O gemido rouco de Embry e os beijos molhados dele no seu pescoço a fizeram jogar a cabeça para trás em prazer. O toque dele parecia tocar cada nervo do seu corpo e a conexão que sentia entre eles era… — ela não conseguiu encontrar outra palavra —, mágica. 

— Eu falei no outro dia que apenas te beijaria quando soubesse que você sentia por mim, um pouco do que sinto por você — sussurrou ele ao se afastar alguns centímetros, encarando os olhos castanhos de Erin com intensidade. — E, se realmente quiser ir embora, não vou mesmo te impedir…

Embry. — Erin implorou sem saber muito bem porquê. Por ele, talvez. 

— Shhh… — Ele a deu um selinho demorado, mas não deixou que se tornasse um beijo, agradecendo a qualquer um que fosse responsável pela sua coragem. — Não vou te impedir porque vou para onde você for. Não importa se quer ir para a Port Angeles, Seattle ou, sei lá, para o Brasil. Vou te seguir para qualquer lugar do mundo porque… — Embry hesitou por alguns segundos, entretanto, mandou suas inseguranças para o inferno. Queria tanto que ela soubesse. — porque eu te amo. 


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