— O que eles querem dizer com mutante? - Malia perguntou.
— Estavam falando de mim. - Respondi e Isaac me encarou confuso. - Era obvio. Eles queriam a mim. Eu sou essa tal mutante que eles querem.
— Eu sabia que não era uma boa ideia você vir. - Resmungou me fazendo revirar os olhos.
— Você viu tudo que consegui fazer? Não estou cansada ou machucada. Na verdade estou ótima, como há muito tempo não me sentia.
— Isaac, tenho que admitir que ela foi uma grande ajuda. - Scott comentou e eu sorri vitoriosa.
— Acho que não é o momento para discutirmos. - Stiles falou segurando seu taco de baseball com força. - Temos companhia. Parece que a cidade toda esta aqui.
Virei para ver uma multidão de pessoas que se aproximavam. Todas murmurando "Queremos a mutante.".
— Me prometa que vai ficar bem. - Pedi a Isaac que me encarou confuso.
— Eu vou. Nada vai acontecer, Natalie.
— Vocês vão ter que dar conta sem mim. - Encarei todos que já estavam se recuperando para atacar enquanto Scott dava as ordens.
— Stiles leve ela para longe. - Scott mandou.
— Não. - Falei. - Eu tenho que ir.
— Do que esta falando? - Isaac segurou meu braço.
— Estou começando a entender os sonhos. A escuridão. Os gritos. Tudo.
— Não entendi. Natalie, não faça nada arriscado.
— Sinto muito, mas... Ele tem o meu irmão.
— Isso é uma armadilha. Ele arrumou isso para traze-la ate aqui.
— Sim, Nate é a isca. E eu preciso salva-lo.
— Você não sabe quem ele é ou o que ele quer.
— Sinto muito. - Beijei seus lábios e senti meu corpo acender. - Almas gêmeas tem um jeito especial de encontrar o caminho uma para a outra. Não importa o que aconteça. Vou te encontrar.
Com dor no coração senti meu corpo levitar e voei para longe dali os deixando para trás. Com o destino da floresta em mente. Nunca tinha vindo ali, mas algo me conduzia ate ali. Não sabia se era os sonhos ou o fato de ser meu irmão. Mas como uma luz tudo fazia sentindo. Só não entendia quem era a pessoa maluca que estava orquestrando aquilo.
Pousei na entrada da floresta e senti meu corpo se apagar. Escuridão completa. Avancei entre as arvores em alerta, pronta para atacar se precisasse. Em uma clareira amarrado há uma arvore estava Nate, corri ate ele e me ajoelhei.
— Nate? - Segurei seu rosto o balançando. - Nate?
— Lie. - Murmurou abrindo os olhos e piscando. - O que esta fazendo aqui?
— Vim te salvar!
— É uma armadilha. Ele quer você. Fuja enquanto há tempo.
— Esta tudo bem. - Desamarrei ele e o ajudei a levantar apoiando seu corpo contra o meu sem problema algum.
— Que belo encontro em família. - Ouvi palmas e virei para a pessoa que estava se aproximando.
— Quem é você? - Perguntei olhando pela luz do luar o cara que estava se aproximando.
Não conseguia reconhece-lo de lugar algum. Era um completo estranho.
— É mais bonita pessoalmente Natalie.
— Quem é você? - Repeti a pergunta o fazendo sorrir.
— Estudei na mesma escola que você por anos, sempre fui... Obcecado por você. Mas você como qualquer riquinha mimada nem ao menos olhou para mim.
— Atacou os amigos do meu namorado para chamar a minha atenção?
— Não. Mudei-me para Beacon Hills há um ano. Descobri tudo sobre minha raça e olha a surpresa quando descobri que você era igual a mim. - Sorriu. - Foi um golpe de sorte. Atacar a cidade em que seu namorado morava. Isso eu não tinha ideia. Mas planejei atacar Nathan quando o vi tocando no festival. Matar dois coelhos juntos.
Um movimento na floresta e pessoas começaram a aparecer de todos os lados, todas controladas por ele. Recuei alguns passos e coloquei Nate atrás de mim. Não tinha como protege-lo de todos. Estávamos cercados.
— Suba na arvore. - Mandei.
— O que? - Perguntou com os olhos arregalados.
— Suba na arvore. - Repeti e ele obedeceu depois de olhar em meus olhos.
Assim que Nate estava seguro virei e agarrei a arvore, meu corpo acendeu ao mesmo tempo que a arvore era arrancada do chão. Em completo desespero voei para os céus carregando a arvore com Nate, não tinha ideia se a energia que saia de mim poderia mata-lo se tocasse minha pele.
O garoto que eu nem ao menos lembrava o nome começou a lançar ordens as pessoas, mas não fiquei para escutar. Voei o mais rápido possível observando Nate se encolher na arvore com os olhos fechados.
Pousei na saída da floresta e ele saltou da arvore.
— Me escute. - Falei depois de solta a arvore no chão. - Corra para o mais longe possível, ok? Não pare! E não olhe para trás!
— Eu não estou entendendo nada.
— Só faça isso, Nate. Por favor, se cuida. - Pessoas começaram a sair da floresta. - Corra!
Nate saiu correndo em direção a cidade, agarrei a arvore e lancei nas pessoas as derrubando. Me sentia culpada por machuca-los, eram só pessoas sendo controladas, mas não tinha muita opção.
Meu corpo acendeu e eu me lancei de volta derrubando o máximo que conseguia, ate finalmente encontrar ele. Minhas mãos se fecharam em seu pescoço e ele sorriu.
— Você será minha. - Senti a hipnose invadir minha mente. - Só minha. Minha companheira. Juntos vamos controlar todas as pessoas, vamos voltar e assumir a empresa do seu pai. Vamos ser as pessoas mais ricas do mundo.
Senti meu corpo entrar em curto. Era como se uma bactéria estivesse tentando entrar e os anticorpos estivessem tentando afasta-los. Meu corpo apagou enquanto sentia as palavras passearem por minha mente como uma musica.
As mãos caíram ao lado do meu corpo e ele sorriu.
— Você me ama. - Sussurrou.
Eu o amava? Não. Mas não lembrava de nada mais. Minha mente estava em branco. Tudo que sabia era as ordens que ele tinha me dado. Meu coração acelerou.
Então ouvi uivos, tiros, gritos. Como se tivesse levado um tranco encarei o cara a minha frente, esperava com expectativa. Não me importei com nada mais.
Meu nome era Natalie, era uma mutante e amava Isaac Lahey.
Sorri antes de acertar uma cabeçada no garoto a minha frente, ele cambaleou seu nariz sangrando, meu punho se fechou e acertou seu queixo de baixo para cima. A força foi tanta que seu corpo foi lançado contra uma arvore a quebrando.
— Quem você acha que é para tentar me hipnotizar? - Avancei a passos largos ate ele que tentou levantar agarrado ao maxilar quebrado. - Atacou meu irmão. Acha que esta mexendo com quem?
Agarrei seu pescoço e o ergui do chão.
— Natalie! - Isaac se aproximou transformado em lobo.
Quase não reconheci sua voz na forma lupina. Soltei o garoto e ele caiu no chão sentado. O bando chegou e junto dele Chris e algumas pessoas armadas. Caçadores.
— Esta tudo bem? - Isaac perguntou segurando meus ombros.
Ele tinha voltado a forma humana, todos na verdade tinham voltado ao normal ate mesmo os que tinham sido controlados.
— Estou. - Respondi olhando seus olhos.
Lancei um olhar para o garoto que estava sendo amarrado por Chris.
— Isso não vai acabar assim. - Respondeu sorrindo.
— Seu erro foi achar que podia mexer comigo. Ou com minha família. Ou com meus amigos. Espero não ter que terminar o serviço, garoto. - Ele riu.
— Você nem ao menos lembra o meu nome, sou o Ian.
— Não lembro do seu nome ou de você. Você não era importante e continua não sendo, Ian. Vê se cresce, idiota.
— Bom trabalho. - Chris falou sorrindo antes de arrastar Ian para longe.
Encarei Isaac e me senti murchar. Tudo aquilo por uma rejeição.
— Me sinto a pior pessoa do mundo. - Resmunguei. - Sou muito esnobe?
— É. - Murmurou depois sorriu. - Mas amo você assim mesmo, Wayland.
— Esta tudo bem? - Scott se aproximou com os outros do seu bando.
— Sim. - Respondi e ele sorriu.
— Você foi muito bem.
— Tenho que encontrar Nate. Ele deve ter desmaiado durante a corrida. Nunca foi muito fã de exercício físico. - Isaac sorriu. - Ele correu em direção a  cidade.
—  Vamos acha-lo. - Beijou entre as minhas sobrancelhas.
Isaac e eu voltamos o caminho a pé, mas não havia sinal de Nate. Já estava amanhecendo quando finalmente o encontramos escondido em seu apartamento. Estava pálido e assustado, mas sorriu quando me viu e me abraçou.
— Esta tudo bem. Já acabou. - Respondi o apertando nos meus braços.
Poderia respirar aliviada por enquanto.