Sexta-Feira, 18:00

Harry não conseguia levantar os olhos para encarar os de Gina.

Ela estava tão linda ou possivelmente ainda mais quanto no dia que se viram pela primeira vez. Entretanto dessa vez ele não conseguia ler tão bem as expressões de seu rosto.

— Há quanto tempo você sabe? - ela perguntou com a voz desprovida de emoções.

— Eu... - Harry pensou em qual seria a melhor maneira de dizer. Pensou em fingir que estava tão surpreso quanto ela, por mais errado que isso fosse.

Mas não era justo com ela. Por mais que ele soubesse que ela não gostaria em nada do que ele diria a seguir:

— Desde o dia do jantar. - ele mordeu o lábio inferior, ainda sem conseguir fita-la nos olhos. - Foi um choque a princípio e eu não tinha me ligado em todas as coisas que eu sabia sobre você e os paralelos com a irmãzinha do Ronald. Seis irmãos, ruiva, uma amiga que o irmão está a fim e não admite, estudante de Hogwarts, um ano mais nova... E daí eu sabia seu nome. E tudo se encaixou.

— Eu me sinto tão burra. - ela murmurou olhando para os próprios pés. - Por que você não disse nada?

— Porque...

— Era algum tipo de brincadeira? - ela levantou o rosto já vermelho, apertando os lábios numa linha rígida. - Você queria saber até quando você ia conseguir me fazer de boba brincando com os meus sentimentos?

— Gina, eu não estava-

— Você sabia. - ela se levantou da mesa. - Você sabia que eu era a mesma pessoa que falava com você todos os dias, que confiava em você... Cara, você ficou me perguntando sobre si mesmo e deu em cima de mim sabendo que eu estava comprometida mentalmente com alguém que era você mesmo. Isso é errado. Errado. Você me deixou surtar na frente de um computador porque eu beijei alguém e estava em pânico e esse alguém era você! Você curtiu dar umas risadas da minha cara? O que mais era mentira? Seu sobrenome é mesmo Potter? Seus pais morreram de verdade?

— Gina. - Harry tentou dizer, apertando os olhos fechados. - Não foi nada disso.

— O que foi então Harry?

— Nada do que eu te disse era mentira. - ele abriu os olhos vermelhos. - Nada. Eu gosto de você de verdade.

— Quem gosta não faz essas coisas, Potter. - ela se virou com pesar e começou a ir em direção a porta. - Tinha sido legal te conhecer, FosterBoy80.

— Gina! Espera!

Mas ela já estava terrivelmente longe. 

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Sábado, 18:40

— Harry, o jantar está pronto. – Remus abriu a porta com cuidado, abaixando a música do aparelho de som. – E você já não almoçou, então não vamos aceitar a desculpa da “falta de fome”.

— A gente precisa de uma pausa dessa música horrorosa também. – Sirius gritou do outro lado do corredor.

— Sirius, assim você não ajuda. – Remus girou os olhos.

— Ah, você também não aguenta mais que eu sei. – A voz de Sirius se aproximou.

— Se eu incomodo tanto vocês assim, por que vocês não me devolvem para os Dursley? – Harry disse com a voz abafada pelo travesseiro. – Eu só faço merda mesmo.

— Ei, ei, ei puppy. – Sirius disse sentando-se ao lado do corpo do afilhado. – Seu gosto musical pode estar evoluindo numa coisa horrorosa e você pode estar herdando tendências altamente dramáticas dos seus padrinhos...

— Mas? – Harry murmurou do travesseiro.

— Mas o que seu padrinho quis dizer, o único dramático de nós dois, eu devo acrescentar. – Remus interviu, de pernas cruzadas na cadeira da escrivaninha do rapaz. – é que a gente ama você, Harry. A gente não pensa em você como algo que a gente possa ou queira devolver para alguém.

— Você é nosso e nunca fale umas besteiras dessas de novo. – Sirius acrescentou de maneira possessiva e tentou usar um tom mais calmo diante do olhar assustador de Remus. – Por que você não conta pra gente o que aconteceu?

— Vocês não entenderiam. – ele se virou, e encarou o teto, mas fez Black sorrir, ao colocar as pernas em seu colo. Pelo menos era um sinal de que ele não queria que eles fossem embora.

— Você sempre pode tentar. – Remus disse, empurrando as rodinhas da cadeira até o lado da cama. – Por incrível que possa parecer, a gente já teve a sua idade.

— Ah, jura? Já existiam carros naquela época?

— A gente deveria colocar esse moleque insolente de castigo, Rem. – Sirius passou os dedos sob a sola da meia de Harry.

— Não tem nenhum lugar que eu queira ir mesmo. – deu de ombros.

— Isso tem a ver com a garota do ICQ? – Remus perguntou, também colocando os pés sobre a cama de Harry. – Ela não é o que você esperava que ela fosse?

— Está mais para o contrário. – Harry cruzou os braços. – Ela é maravilhosa. Perfeita e eu só faço merda.

— É a segunda vez que você fala isso. – Lupin observou. – O que aconteceu?

— É complicado. – o garoto disse e respirou fundo. – Ela se chama Gina e é a irmã mais nova do Ronald.

— Ah, ela é filha da Molly? Irmã do seu melhor amigo? – Sirius tentou desvendar o mistério. – Você e seu amigo brigaram por causa disso?

— Ainda não, mas eu estou surpreso que ele não apareceu aqui ainda tentando quebrar o meu nariz. – encolheu os ombros, chateado. – Ele já não teve uma reação boa no dia que a gente se beijou, disse que não sabia o que eu queria com a irmã dele, mas que ele não aprovava nada disso.

— Vocês se beijaram? – Lupin quis parecer displicente e normal, mas Harry pode ver a troca de olhares entre ele e Sirius e girou os olhos.

— Vocês sabem que eu já beijei outras pessoas na vida, certo? – o garoto murmurou. – É estranho falar sobre isso com vocês, deixa para lá.

— Não, não, não. – Remus falou rapidamente. – Você pode falar qualquer coisa para gente. Às vezes a gente esquece que você já tem dezesseis anos, só isso.

— Quase dezessete. – Harry resmungou.

— Ela não gosta de você? – Sirius parecia sedento pelo restante da fofoca.

— Acho que gosta, ou gostava, no caso.

— Meu Deus, que suspense. – Sirius murmurou levando um chute de Remus. – O que aconteceu?

— Eu descobri quem ela era no dia daquele jantar na casa dos Weasley. Ela chegou na hora que eu estava indo embora e Sirius estava fazendo um escândalo com a buzina. – ele encarrou Sirius com os olhos semicerrados, concordando com o murmúrio de Remus de “que só podia ser, né”. – Vocês não entendem, na hora que eu a vi, olhei aquele cabelo ruivo lindo e as sardinhas... Quando eu a olhei nos olhos eu soube que era ela. Que era ela a garota dos meus sonhos e então eu associei tudo, os detalhes sabe?

Remus e Sirius apenas se entreolharam, esperando que Harry terminasse sua história incompleta e cheia de furos no plot.

— Mas eu não sei o que aconteceu. – ele cobriu os olhos com o antebraço enquanto Sirius segurava sua outra mão. – Ela não percebeu que eu era a pessoa com quem ela falava todos os dias e eu achei que ela deveria perceber sabe? Sentir aquela conexão que eu senti e quando a gente estava vindo embora, eu nem precisei da confirmação verbal da Hermione sabe?

Eles ficaram em silêncio, ainda tinha mais nessa história, mais uma semana desde o jantar.

— Eu achei que talvez ela pudesse ter sentido sim que era eu e que ela não tenha gostado de mim. – Harry murmurou com um tom de voz desolado.

— Isso é impossível, puppy. – Sirius apertou a mão de Harry afetuosamente, fazendo Remus sorrir involuntariamente para o quão paternal Sirius conseguia ser.

— Você é um garoto incrível. – Remus também assegurou, acariciando o cabelo de Harry carinhosamente. – Eu sei que às vezes a gente se sente inseguro e isso é normal, o importante é o que a gente faz com isso.

— Aí que a história piora. – Harry respirou fundo. – Ao invés de falar quem eu era, eu fingi que não sabia de nada... Eu achei que ela tinha descoberto quando perguntou meu sobrenome, e quando eu disse Potter, ela pareceu decepcionada e daí eu fiquei destruído e pensei que talvez se eu passasse um tempo com ela, ela ia gostar de mim também... Do jeito que eu gosto dela e do jeito que ela parecia gostar de quem eu sou online.

— Uuh, Harry. – Remus murmurou com uma careta de desaprovação para Harry. – Isso parece tanto uma coisa que James faria. 

— A gente tenta criar bem o menino e ele tem tanta atitude de pai biológico. – Sirius murmurou naquele tom jocoso que fazia Harry sorrir. – Bom, e o que aconteceu quando ela descobriu que vocês dois eram a mesma pessoa?

— Quando a gente se beijou, ela me mandou muitas mensagens em pânico. – Harry murmurou. – Dizendo que gostava dele, mas que gostava mais de mim, sem saber que bem... A gente era a mesma pessoa.

— E aí você disse a verdade, não é? – Remus perguntou, mais investido na história que gostaria.

— Não.

— Não? – eles perguntaram em uníssono.

— Não. – Harry repetiu em um resmungo. – Eu quis explicar pessoalmente e a gente marcou de se ver ontem... E ela não me deixou falar. Ela disse que eu estava brincando com os sentimentos dela e foi embora.

— Nossa, garoto. – Sirius murmurou. – Você vacilou feio.

— Obrigado, capitão óbvio.

— Bom, você já sabe o que fez de errado, então não adianta ficar pensando no que a gente não pode mudar. – Remus interviu antes que aquele se tornasse o festival da implicância mútua. – O que a gente pode fazer para consertar isso?

— Não sei. – ele resmungou novamente.

— Agora que você já deu um tempo para ela respirar, você já tentou falar com ela novamente? Mandar mensagens naquele troço ali? – Sirius apontou para o computador de Harry.

— Você acha que ela me responderia?

— Você nem tentou? – Remus quem perguntou no tom exagerado normalmente usado por Sirius. – Nós vamos jantar agora e você vai pensar numa coisa boa para dizer para ela amanhã.

— Amanhã?

— Hoje você está de castigo e condenado a assistir filmes sobre coração partido com seus pais não heterossexuais que são sempre os últimos a saber das coisas. – Remus disse, se levantando da cadeira.

— A gente pode não assistir Dirty Dancing? – Harry perguntou, levantando-se da cama. – Nós combinamos de assistirmos juntos e é um dos filmes favoritos dela.

— Ela tem bom gosto. – Sirius disse. – Patrick Swayze estava gostoso naquele filme.

— Você deveria falar sobre o fato de o filme ser muito sexual para ele, inapropriado, será que eu tenho que fazer tudo nessa casa? – Remus perguntou descendo as escadas. – E você estava reclamando do gosto dessa garota o dia todo, se a gente considerar que é dela que vem essa música monstruosa que Harry está escutando desde ontem... Eu juro que se eu escutar essa música mais uma vez eu vou quebrar esse CD.

Harry e Sirius se entreolharam e sorriram.

— You and me, we used to beeeee together – Sirius começou.

— Every day together, alwaaaaaaays. – Harry continuou, fazendo o punho fechado de microfone. – I really feeeel, that I’m losing my best friend

— I can’t believe this could be the eeeeeeend – Sirius completou de maneira teatral. – It looks as though… You’re letting go

— And if it’s real, well I don’t want to knoooooow. – Harry e Sirius olharam para Remus com expectativa.

Remus negou com a cabeça, porém Harry e Sirius viam que ele estava prendendo o riso, então continuaram olhando para ele.

— Não acredito nisso. – ele girou os olhos, mas cantou: - Don’t speak! I knoooow just what you’re saying, so please stop explaining don’t tell me cause it hurts…

— NO NO NO NO  – Harry fez a segunda voz.

— DON’T SPEAK I KNOW WHAT YOU’RE THIIIINKING AND I DON’T NEED YOUR REASONS… DON’T TELL CAUSE IT HURTS! – os três cantaram ao chegar na cozinha e se abraçaram.  

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Domingo, 13:00

FosterBoy80: eu queria te explicar tudo pessoalmente

FosterBoy80: por isso o encontro... e aí você foi embora e não me deixou explicar

RedFury: ah, então a culpa é minha???

FosterBoy80: não, droga

FosterBoy80: por que eu nunca consigo me explicar direito quando se trata de nós dois?

RedFury: não existe nós dois.

RedFury: eu não gosto de coisas que começam com mentiras

RedFury: é errado e nunca termina bem.

FosterBoy80: não fala assim :/

FosterBoy80: eu sinto sua falta

FosterBoy80: me deixa explicar?

RedFury is offline.

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Segunda-feira, 16:30

FosterBoy80: a gente se conheceu numa segunda, quando eu, acidentalmente para a minha sorte digitei o número de usuário errado

FosterBoy80: porque Hermione não usa e-mail no ICQ e me deu um número naquela letra esquisita dela.

FosterBoy80: e eu dei sorte porque eu poderia ter achado uma pessoa do outro lado do mundo e encontrei a garota dos meus sonhos

FosterBoy80: e que mora numa distância razoável de vinte minutos da minha casa

FosterBoy80: e a cada vez que eu mandava uma mensagem e você me respondia de maneira ríspida e rude HAHAHHA eu ficava cada vez mais tentado a mandar mais mensagens

FosterBoy80: e eu me perguntei por que você continuava me respondendo, quando eu claramente sou um idiota

FosterBoy80: se você estivesse me respondendo, você me diria algo como “Você é um idiota mesmo HAHAHA, nem eu sei porque te respondo”.

FosterBoy80: e aí eu diria algo como “porque eu sou adorável”

FosterBoy80: eu sei que você está lendo porque eu tô te vendo online e eu sei que o barulhinho do ICQ te irrita

FosterBoy80: eu só quero me explicar, por favor?

FosterBoy80: eu vou continuar tentando, você sabe, não é?

RedFury: boa sorte com isso

RedFury: idiota

FosterBoy80: VOCÊ NÃO SABE O QUÃO FELIZ EU ESTOU COM ESSE INSULTO

FosterBoy80: o que isso diz sobre mim?

RedFury is offline.

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Terça-Feira, 17:00

— Ela ainda não quer falar comigo. – Harry suspirou se jogando no sofá. – Mas ontem quando eu disse que eu ia continuar tentando, que eu não ia desistir, ela respondeu “boa sorte com isso”.

— Já é um avanço. – Hermione observou, o vendo mexer nas coisas dele. – Mas eu fui convidada a vir até a sua casa, abandonando meus afazeres escolares, para um update na sua vida amorosa?

— Não, porque não houve tantos avanços assim. – ele encolheu os ombros e fez uma careta. – Saí de miserável para levemente esperançoso para altamente miserável novamente porque ela ficou offline logo depois que me desejou boa sorte.

— E qual o seu plano? – ela perguntou, recebendo a xícara de chá que Remus a entregou antes de sentar no sofá oposto ao deles.

— Meus pais estão investidos demais nessa história. – Harry girou os olhos. – Então, Rem, qual sua ideia?

— Quem gosta de grandes gestos nessa casa é o seu outro pai. – Remus disse tentando suprimir a emoção que sempre sentia ao novo costume de Harry de referir aos dois como seus pais. – Sirius! Sua presença está sendo requisitada no quartel general de Harry Potter.

— Uh, adoro ser requisitado. – ele respondeu da cozinha, aparecendo num piscar de olhos com duas latinhas de coca-cola.

— Sirius, você tá dando refrigerante para a criança em dia de semana? – Remus colocou a mão na testa enquanto Harry abria a latinha dele e Sirius replicava o movimento. – Vocês dois são estressantes.

— Você sabia que vai precisar beber no mínimo trinta e seis copos de água para limpar esse refrigerante do seu organismo? – Hermione se juntou a Remus na caçada contra o refrigerante.

— Pai, me ajuda aqui? – Harry olhou exasperado para Sirius apontando para a dupla Remus e Hermione.

— O menino está miserável, deixa ele ter uma alegria na vida? – Sirius girou os olhos e sorriu para Harry. – Agora vamos ao assunto, puppy.

— Sim, miserável! – Harry suspirou dramaticamente, fazendo Remus girar os olhos também. Um hábito que ele pegou dos dois ocupantes da casa. – Eu preciso fazer alguma coisa fofa e grande para a Gin me perdoar.

— Você já tentou, sei lá, vai parecer uma ideia muito estúpida, falar o que você sente e sentiu para ela? – Remus disse de maneira irônica.

— Obrigada! – Hermione disse. – É o que eu venho dizendo desde antes dessa bagunça começar.

— Alguém tem que ser sensata nessa história e eu sempre confio em você para isso. – Remus disse de maneira elogiosa para Hermione.

— Ah, obrigada, Sr. Lupin. – Hermione corou, jogando as tranças para trás.

— Nenhum dos dois está ajudando muito nesse momento. – Harry murmurou.

— Atenção, time Potter, a gente precisa se unir. – Sirius disse, dando um grande gole na coca-cola gelada. – Essa é a garota que fez meu garoto escutar o fake roqueiro Bon Jovi! Pegar um disco das Space Girls emprestado com a mini Granger...

— Spice Girls. – os outros três corrigiram em uníssono e riram ao perceber.

— Eu digo tanto faz. – Sirius franziu o nariz. – Enfim, a gente aprendeu a letra toda de Don’t Speak nos últimos dias. Vocês sabem o quão assustador é chegar no seu quarto e escutar seu noivo cantando Gwen Stefani no chuveiro?

— Sirius! – Remus o encarou de olhos arregalados.

— Eu tive uma ideia! – Harry disse de repente. – É idiota, mas talvez a faça falar comigo.

— O que? – Lupin perguntou.

— A gente conversou muito sobre música e tal. – Harry tinha o ar pensativo de quem fazia uma lista mental. – Então eu talvez possa fazer uma mixtape.

— Legal. – Hermione respondeu, grata por ser algo seguro e não tão extravagante.  

— Vou começar a fazer isso agora! – Harry se levantou do sofá, e começou a subir as escadas com Hermione em seu encalço, não sem antes se virar e olhar para Remus e Sirius. – Não pensem que eu não ouvi a palavra “noivo” jogada tão casualmente no meio da conversa, estou aguardando o momento em que vocês vão me chamar para conversar e me contar a novidade de maneira adequada.

— Sirius, não foi assim que a gente ensaiou. – Remus murmurou quando pensou que Harry já não os ouvia.

— Eu te disse que ele não ia ligar. – Sirius deu de ombros. – Já a outra parte da história...

— Talvez a gente devesse esperar todo o romance dele com a menina Weasley se resolver primeiro. – Remus cochichou e Harry finalmente fechou a porta do quarto, ligando o computador.

Hermione deitou na cama de Harry e tirou um livro da bolsa que carregava com ela, que honestamente parecia pequena demais para tudo o que carregava.

— Eu disse que eles estavam me escondendo alguma coisa. – Harry disse, conectando a internet. – Falta descobrir a outra metade da história.

— Tenho certeza que não deve ser nada demais. – Hermione disse. – Seus pais são dramáticos assim como você.  

— Vamos ver. – ele falou e encarou o computador por longos minutos.

— O que foi?

Harry apenas apontou para uma mensagem offline no ICQ em seu computador

RedFury: achei que você disse que ia continuar tentando.

RedFury: já desistiu, Fosti?

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Quarta-Feira, 17:15.

— Obrigado por me trazerem até aqui. – Harry disse mexendo no cinto de segurança.

— Se você parar de mexer com esse cinto eu vou ficar mais feliz. – Sirius reclamou enquanto Remus parava em mais uma placa de PARE. – Nossa, Remy, se você for mais rápido, a gente chega lá sexta a noite.

— Sabe, eu já estou quase fazendo dezessete anos... – Harry começou, antes que mexesse no encarte do CD mais uma vez.

— Sim. Em dois meses. – Remus disse. – Já recebemos o memorando.

— Na Inglaterra a idade legal para dirigir é dezessete anos, e eu já tenho a licença provisória. – Harry falou num tom despreocupado, preocupado em parecer displicente. – Com o dinheiro de mesada e limpeza de piscinas nesse verão...

— Você quer comprar um carro? – a freada brusca de Remus quase os lançou para a frente não fossem os cintos de segurança. – Você é só um adolescente meu Deus! Daqui a pouco vai dizer que quer sair de casa também.

— Só para a faculdade. – Harry murmurou. – Falta um tempinho ainda.

— Graças aos céus. – Remus murmurou.

— Depois eu sou o exagerado. – Sirius olhou para os dois. – Tenho certeza que podemos achar um meio termo para evitar um ataque cardíaco no Rem e manter seu espírito punk rock, pup.

— Você não vai comprar uma moto para ele. – Remus semicerrou os olhos.

— Que tal a gente concordar em escolhermos o carro juntos? – Sirius disse enquanto eles se aproximavam da vizinhança dos Weasley. – Se você terminar esse semestre com boas notas antes da transferência para Hogwarts, a gente completa o valor do carro.

— Isso parece razoável. – Remus murmurou.

— Ok. – Harry concordou. – Mas nada muito caro, vocês já gastam dinheiro demais comigo.

— Você é nosso moleque, é claro que a gente gasta dinheiro com você e o plano é continuar gastando. – Sirius falou cheio da razão. – Agora sobre a universidade... Falta um ano ainda.

— Não se preocupem, eu não pretendo sair da Inglaterra. – Harry sorriu para a cara de desespero de Remus. – Eu sou a cola que mantem essa família unida.

— Ele se acha, o rapaz. – Sirius riu enquanto eles paravam em frente ao portão da casa dos Weasley.

— Eu só vou tocar a campainha e entregar isso na mão da Gina e esperar que ela venha falar comigo. – Harry disse quase para si mesmo. – Vai dar certo.

— Claro que vai. – Remus incentivou. – Daqui vamos comprar um sorvete para compensar os nervos e a gasolina.

— Parece justo. – Sirius disse enquanto Harry olhava para o envelope com o CD que tinha gravado e a carta.

“Querida Gin,

Eu não gostaria de começar uma carta de maneira tão formal assim, mas essa talvez seja a quinta carta que eu comecei a escrever e se eu jogar essa fora também... Bem, quem sabe se terei a coragem de começar novamente.

Eu gostaria de dizer primeiramente que eu sinto muito, eu sei que eu fui errado em não te contar o que eu já sabia. E eu não sei se tenho como me justificar pelos meus próprios erros de julgamento, mas sinto que preciso me explicar.

Quando eu te vi pela primeira vez naquele dia do jantar, foi como se tudo de repente fizesse sentido. Vai ser muito vergonhoso dizer isso, mas eu achei que eu estava prestes a ter um ataque cardíaco, daí você sorriu e eu sabia que a garota com quem eu falava todos os dias era você. Eu quis que fosse, eu quis tanto que fosse, porque eu não sei se existe isso de amor à primeira vista, mas houve a junção da pessoa que eu gosto muito e nunca tinha visto o rosto e a pessoa mais linda que eu já vi na vida.

E eu não estou exagerando.

De qualquer forma, eu achei que talvez você tivesse percebido e não tivesse gostado de mim, e depois você me disse em conversa que não ligava muito para o visitante da sua casa naquele jantar e pareceu decepcionada quando eu te disse que meu sobrenome era Potter e eu fiquei sem saber o que dizer. Então, deslealmente eu sei, eu arranjei um jeito de passar mais tempo com você, porque de repente se você gostasse de mim pessoalmente eu poderia te dizer quem eu era e você fosse gostar de mim por inteiro? Não sei o que eu estava pensando, mas eu estava com medo de algo assim acontecer, sabe? De você não gostar mais de mim e não querer falar mais comigo.

Eu fiz esse CD com tudo o que a gente já ouviu juntos e eu já ouvi pensando em você ou falando com você, para você ter certeza de que eu nunca brincaria com seus sentimentos, porque tudo o que eu quero é você.

Seu Fosti, fofuxo,

Harry Potter

Os: a mixtape vai parecer desconexa, mas tem uma ordem na minha cabeça.”

Everlong – Foo Fighters

Eu estava escutando essa música no momento que começamos a nos falar. No momento que você me mandou seu primeiro comentário irônico. Passou a ser uma das minhas músicas favoritas do mundo e eu achava que Dave Grohl era apenas um bom baterista... ESTAVA ENGANADO.

Still Loving You – Scorpions

A primeira música que eu citei na conversa que era minha música de fossa de término de relacionamento, mas você ressignificou quando fez piada da minha cara por ser tão dramático. E eu posso ter gostado da menina dessa minha fase triste, mas não chega nem perto do que eu sinto por você.

Say you’ll be there – Spice Girls

Você disse que gostava das spice, e eu fui ouvir para saber quem eram e essa foi a primeira música que eu gostei de verdade. Posh Spice é injustiçada.

Wannabe – Spice Girls

Na conversa quando eu disse que eu podia tell you what I want, what I really really want. Eu sei, me senti genial naquele momento.

Don’t look back in anger – Oasis

Quando eu fui na sua casa e você disse que não parava de ouvir essa música por causa de alguém e eu sabia que era eu e eu só quis te beijar naquele momento. Eu fiquei todo idiota falando “ela pensa em mim, ela escuta o que eu gosto”.

Back in Black – AC/DC

Eu percebi que nunca te expliquei essa piada. Meu padrinho, Sirius Black me levou no show do ACDC no verão passado e começou a rir descontroladamente quando essa música começou dizendo: Harry, back in black! E apontando para si mesmo e me abraçando. Foi estranho, mas legal ao mesmo tempo.

Don’t Speak – No Doubt

Se eu escutar essa música em casa mais um dia, Sirius e Remus vão me destruir. Eles aprenderam a letra da música inteira! Mas desde que você foi embora da sorveteria, tudo o que eu conseguia escutar era essa música, porque eu sei que você ama e eu amo também e eu me sentia melhor amando a mesma coisa que você, parece idiota, não é?

You give love a bad name

Wanted dead or alive

Always – Bon Jovi (a trinca bon jovi)

Os falsos roqueiros mais amados do mundo. Hoje posso dizer que já cortei uma cebola ouvindo always e já limpei a casa escutando you give love a bad name.

Endless Love – Luther Vandross, Mariah Carey

A melhor versão é a do Lionel Ritchie, mas eu sei que você gosta da Mariah Carey, então tudo bem. Nosso primeiro dueto espontâneo juntos.

Like a Prayer. – Madonna

Madonna é punk rock, esse é o resumo.

Careless Whisper – George Michael

Porque é menos triste que Jesus to a Child e eu não quero fazer uma playlist de deixar triste. Cortei Wake me Up before you go go também, porque o solo de saxofone dessa música já é o bastante para nos dar felicidade.

More than words. – Extreme

Eu estava escutando essa música quando você me mandou um coração pela primeira vez. Aquele dia que eu te mandei 13, era o número de corações que você tinha me mandado em conversas – eu sou sentimental demais, eu sei. Agora o número subiu para 15. E eu gostaria que subisse mais, se você quiser me perdoar.

Crazy – Aerosmith

Eu estava ouvindo naquela conversa que você disse que gostava de mim. E você já sabe o quão sentimental eu sou.

Love is Strange – Mickey & Sylvia

Eu tive uns sonhos muito loucos com você me chamando de lover boy e sweet baby. Nada apropriado para esse CD. Mal vejo a hora de ver Dirty Dancing com você.

Kiss me – Sixpence None The Richer

A música do nosso primeiro beijo.

Eu nunca soube que dava para sentir tantas coisas em um beijo só. Foram mais que os fogos de artificio descritos nos livros de romance do Remus... Foi uma fucking explosão.

Harry pensou no que faria quando algum Weasley abrisse a porta.

Pensou que presumiriam que ele tinha vindo falar com Ronald e o que diriam quando ele pedisse para falar com Gina ao invés do amigo.

Não esperava que quem abrisse a porta fosse ela.

— Harry? – Gina perguntou surpresa, cruzando os braços logo em seguida. – Você veio procurar o meu irmão?

— Só vim te entregar isso. – ele estendeu o grande envelope. – Eu espero que você goste.

Antes que ela pudesse responder ou que ele perdesse a coragem, ele mal esperou que ela pegasse o envelope, virou as costas respirando ansiosamente e entrou no carro.

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Quinta-feira, 16:33

FosterBoy80: eu não soube o que te dizer ontem, desculpa por ter ido embora tão de repente.

Fosterboy80: você sabe que eu vou continuar tentando

FosterBoy80: e que você estava linda de pijama ontem

FosterBoy80: e que eu espero que você não me ache ridículo

FosterBoy80: e que Sirius e Remus vão se casar, eles não me contaram ainda, só deixaram escapar... Mas quando acontecer você quer ser minha acompanhante?

FosterBoy80: eu sei que eu estou me adiantando, mas eu sinto sua falta.

FosterBoy80: enfim, até mais Gin ♥

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Sexta-feira, 17:50

— Harry. – Sirius o chamou da base da escada.

Harry apenas grunhiu e colocou o travesseiro em cima da cabeça.

— Harry James Potter. – Sirius gritou subindo as escadas. – Não me responda com resmungos, moleque.

— Eu estou dormindo.

— Quem dorme não responde. – Sirius tirou o travesseiro da cabeça dele. – Se você não estivesse aí sendo o resumo do adolescente emocional e tivesse me respondido, você teria a visto. E você tem bom gosto... Ela me lembra um pouco a sua mãe, para falar a verdade, mas deve ser apenas o cabelo ruivo e um pouco da atitude.

— Gina.... Gina estava aqui? – Harry se sentou tão rápido que sua cabeça girou. – O que ela disse? Ela me chamou? Por que você não me chamou, pai?

— Eu me lembro de ter te chamado e de você ter resmungado. – Sirius girou os olhos e fez uma careta. – Ela me chamou de Sr. Black e me deu parabéns pelo noivado, noivado esse que você nem bem foi informado, mas isso é assunto para o jantar de família de daqui a pouco. E então ela se apresentou e disse que não podia ficar, me pediu para entregar isso para você, subiu na bicicleta e foi embora.

Sirius quase caiu para trás quando Harry avançou para pegar o pacote.

— É uma fita de Dirty Dancing com um bilhete dizendo para não assistir sem ela. – Harry sorriu e entregou a fita para Sirius, abrindo a carta.

— E o que diz a carta?