Transferência escrita por nukke


Capítulo 4
Capítulo 04




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O sol do lindo Sábado brilhava através da janela de Mallu. Eram nove horas ainda, mas ela não estava mais com sono. Foi pra cozinha comer algo. Não tinha ninguém em casa além da empregada e seu cachorro Bernese mountain, John Lennon. -Cadê meus pais? – ela perguntou tomando um gole de café. -Saíram, não disseram pra onde nem quando voltavam.

-Hmm... Oi bebê! – ela disse olhando carinhosamente para o cachorro que acabara de entrar na cozinha – Ta com fome? Eu te dou comida já. -Ele já comeu, é só manha mesmo – resmungou a empregada que passava pano no chão. -Ah ta... – Mallu terminou de comer e foi trocar de roupa. Depois foi pro jardim de sua casa brincar com o John de jogar bolinha para ele pegar. Já eram quase onze horas quando um Honda CR-V preto parou em frente a sua casa. Mallu estava deitada na grama e John lambia sua bochecha, ela tirou John de perto dela e ficou de pé esperando para ver quem iria sair do carro. Ela identificou os traços nobres de Bailey e andou intrigada até ele. -Olá – ele disse sorridente fechando a porta do carro atrás de si – Bom dia. -Bom dia... O que... O que você ta fazendo aqui? – Mallu colocou as mãos na cintura sem entender. John apareceu atrás dela latindo furiosamente para Bailey. -Olá garoto – ele cumprimentou o cachorro que parou de latir imediatamente – Vim te pegar, combinamos que íamos sair no sábado, não foi? -É, mas você não deveria ligar antes pra marcar ou algo assim? -É... – ele olhou pro céu e fez uma careta, depois voltou a olhar pra Mallu que estava fazendo sombra sobre os proprios olhos com as mãos – Mas eu tava indo comprar umas coisas lá pra casa, e resolvi passar aqui. Quer sair? -Nossa, você é super impulsivo. Vem, entre – ela disse indo até a casa e abrindo a porta. -Bonita casa – ele comentou olhando de um lado para o outro. -Obrigada, me dá quinze minutos, ok? – Mallu se virou para sair mas voltou rapidamente – Espere. O que devo usar? -Tipo traje de praia. -Praia? -É, vai. Mallu voltou vinte minutos depois com os cachos delicados e castanhos presos em uma única trança, uma calça rosa de tecido fino e uma blusinha branca. -Ele não é sociável nunca – ela comentou vendo Bailey brincar com John Lennon. -Qual o nome dele? – Bailey acariciava a cabeça do cachorro. -John Lennon.
Bailey jogou a cabeça pra traz gargalhando e se pôs de pé. Olhou de cima abaixo para Mallu analisando cada traço lindo dela. -Nossa você está... linda! Mesmo por cima da pele dourada de Mallu era possível ver que ela havia corado. -Vamos? – ela puxou a porta, se despediu de John e de Sophie (a empregada) e saiu. Bailey abriu a porta do carro para ela e depois foi para o lado do motorista. -Pode ao menos me dizer pra onde vamos? – Mallu pediu colocando o cinto. -Surpresa.
Vinte minutos depois Bailey estacionou o carro embaixo de uma árvore. Algumas pessoas andavam sorridentes com roupas de banho na direção oposta a do carro. Mallu saiu do carro antes que Bailey pudesse sair. -Eu ia abrir a porta pra você – ele falou ao lado dela. -Ah... Mas não tem problema. Então, o que é isso? – ela perguntou olhando ao redor. -Você vai ver– ele disse sorridente pegando a mão dela e indo na mesma direção que as outras pessoas. Mallu parou com ele ao lado de uma pequena entrada onde as pessoas pagavam. -Eles aceitam cartão? Não trouxe dinheiro suficiente pra pagar a vista – Mallu comentou olhando os preços na tabela por cima dos ombros das pessoas que estavam na fila a sua frente. -Relaxa, eu pago - Bailey sacou a carteira do bolso e tirou o cartão de créditos. -Não, você paga o seu, me deixaeu pagar o meu – Mallu disse abrindo logo a bolsa. -Não, não. Eu faço questão - ele entregou o cartão a mulher que sorria para ele do outro lado do vidro – Duas entradas, por favor. A mulher passou o cartão e pediu para ele digitar a senha. Depois entregou dois bilhetes a Bailey e abriu o portãozinho da frente para que eles passassem. -Eu vou te pagar depois – Mallu falou sem se dar por vencida. -Eu não vou aceitar. Mallu bufou diante de tanta teimosia e continuou andando embaixo do sol quente. Logo conseguiu ver a imensidão de piscinas, de todos os tipos. Largas, estreitas, com onda, sem onda, funda, rasa, grande, pequena, água morna, cachoeira, correnteza, cascatas. Tobogãs de todos os tipos, de todas as cores, retos, com curvas, largas, estreitos, cobertos, descobertos... As crianças nadavam com bóias coloridas e dos mais variados bichos, enquanto os adolescentes se jogavam dando mortais nas piscinas. Muitas mulheres tomavam sol, outras brigavam para que seus filhos passassem protetor solar. -Vai ficar aí só olhando?
-Não – Mallu deu um sorriso e correu pra água com Bailey.
Os dois foram pelo menos duas vezes em cada piscina. Pararam apenas a uma hora da tarde para almoçar e depois. Mallu se sentia tão bem perto de Bailey, ela não precisava fingir nada, nem fazer charme como geralmente fazia na frente dos meninos, não precisava esconder o que realmente estava pensando. Ele a deixava a vontade para falar o que ela quisesse e quando ela se calava achando que tava falando de mais, ele arranjava algum assunto para que pudesse falar um pouco e sempre Mallu lembrava de algo para comentar. Assim o assunto nunca acabava. Só voltaram para casa quando o parque fechou as 18h. Bailey foi deixá-la em casa e perguntou se ela queria sair mais vezes. Mallu, é claro, disse que adoraria.
Assim que pisou os pés na casa, o telefone tocou. Mallu foi atender, exausta. -Alô? – ela disse com uma voz entediante e cansada. -MALLU? É a Isa. Onde você tava? Não importa. Comprei meu vestido agora to morrendo e podre nem vai da pra ir no salão. Me ajuuuda! -Eu tava num parque aquático... Seu cabelo não precisa de nada, vá no salão e faça só as unhas, menina. -Mas um salão a essa hora ta cheio de gente só vou sair de lá meia noite. -Dá tem tempo, relaxe. Vá naquele menos conhecido perto da sua casa. -Tá, ta. Ei, você tava com que no parque? – Isa perguntou parecendo finalmente menos afobada. -Com o Bailey. -DEPOIS VOCÊ VAI ME CONTAR TUDO! Tchau, beijo! -Ok... Já eram sete e meia quando Isa saiu do salão. Chace vem me pegar as oito!, ela pensou enquanto corria para tomar banho. Isa tomou um banho rápido, escovou os dentes e foi se maquiar. Quando terminou a maquiagem já eram oito horas. Que merda, que merda, ela resmungava passando seu novo vestido vermelho balonê de tafetá com alças em forma de tranças pela cintura. O vestido ficava oito dedos acima do joelho dela, o que realçava suas pernas cumpridas. -ISADORA! TEM UM MENINO AQUI NA PORTA! – sua mãe gritou lá de baixo. -MANDE ELE ENTRAR E PEÇA PRA ESPERAR NA SALA, JÁ TO DESCENDO! Isa calsou os pés e colocou os brincos de diamante combinando com a pulseira. Calçou os pés, pegou a bolsinha prata no guarda-roupa e jogou o celular, o gloss e a carteira dentro. Depois penteou o cabelo e prendeu metade com uma presilha em forma de estrela, deixando a franja escorrendo um centímetro abaixo do olho. Voltou ao banheiro, deu duas borrifadas de seu perfume que havia comprado em Londres e desceu. Estava vinte minutos atrasada.
-To pronta – ela disse entrando na sala. Chace se virou para encará-la. -Então vamos – ele falou com um sorriso nos lábios. Os dois andaram até o carro, Chace abriu a porta para ela e depois contornou o carro e sentou no lado do motorista. Isa olhava para frente tamborilando os dedos na perna. -Ansiosa? – ele perguntou notando a impaciência dela. -Que horas Keane começa a tocar? – Isa ignorou a pergunta dele. -Relaxa, a gente chega a tempo. Isa ficou em silencio observando as coisas passarem rapidamente pela sua janela. Casas, pessoas, árvores... Logo percebeu o carro diminuindo a velocidade até estar imóvel. Olhou para a janela ao lado de Chace e percebeu que haviam chegado. Isa abriu a porta do carro antes que Chace pudesse fazê-lo por ela. -Eu ia abrir a porta pra você – ele comentou tristonho. -Tudo bem – Isa sorriu com os lábios trêmulos para ele. Chace passou o braço pelo braço de Isa e a puxou em direção a entrada principal. Havia dois homens de terno e gravata, com o queixo erguido, completamente parados com as mãos para trás. Um de cada lado da porta. -O que está fazendo? – ela resmungou tentando puxar o braço do de Chace. -Seja boazinha. Chace entregou dois convites individuais a uma mulher sorridente e elegante que se encontrava um pouco atrás dos dois seguranças. Ela passou o código de barra que se encontrava nos convites por um lazer vermelho, e quando ele fez um “bipe” ela sorriu mais ainda,e fez gesto  com a mão para que os dois entrassem. -Está parecendo que somos casados, me solta – Isa reclamou baixinho. Chace olhava para frente sorrindo. -Está parecendo uma criança mal-educada. Isa bufou e desistiu de tentar se soltar. Chace a conduziu a uma mesa com outras pessoas. Ela reconheceu Chris, o pai de Chace, e Mary, a mãe. -Isa! É tão bom te ver novamente – Mary exclamou ficando de pé para cumprimentá-la. -É bom te ver novamente também – Isa sorriu simpaticamente. Chris sorriu e acenou para ela, Isa retribuiu com um pequeno sorriso e se sentou ao lado de Chace.
O garçom veio servindo champanhe, Isa aceitou uma taça e ficou ouvindo as pessoas na mesa conversarem sobre economia e política. Já eram quase nove e meia quando um homem com bochechas rosadas e rosto perfeitamente redondo subiu no palco. As pessoas gritaram e bateram palma. A maioria foi em direção ao palco se amontoar ali perto. -É O TOM! VEM CHACE! – Isa ficou de pé novamente e andou em direção ao vocalista do Keane. O olhar vidrado nele, mal percebia que estava andando. -BOA NOITE A TODOS! – ele gritou com seu sotaque inglês. Todos gritaram animados. Isa passou entre as pessoas puxando Chace. Ouviu algumas pessoas reclamarem, mas ignorou. Só parou de andar quando já estava encostada no palco. -Primeiramente gostaria de parabenizar o Clock Bank que está crescendo cada dia mais. Então, não podemos parar de crescer agora. Não podemos parar agora. CAN’T STOP NOW PRA VOCÊS! As pessoas gritaram ao redor do palco e começaram a cantar e a dançar no ritmo de Can’t stop now. Chace chamou Isa para dançar e ela aceitou. Os dois dançaram perto do palco sem parar um só minuto, não importava a música. Os sucessos Somewhere Only We Know e Everybody’s Changing foram muito bem recebidos, quase não havia, mas ninguém sentado. Os garçons passavam com dificuldade entres as pessoas servindo água, refrigerante, champanhe ou vinho. Keane encerrou sua abertura com a música preferida do vocalista, Perfect Symmetry. Houve uma pausa de alguns minutos onde todos voltaram para suas mesas para descansar um pouco. O sangue pulsava incontrolável nas bochechas de Isa, ela estava completamente suada. Bebeu água e descalçou os pés, como todas as meninas estavam fazendo. -Você ta tão vermelha que parece que vai explodir – Chace comentou observando Isa. Ela notou que as bochechas dele estavam levemente rosadas, não chegavam nem de longe ao ponto das dela. -Fico assim quando pulo muito. -Seus olhos ficam mais verdes também. Isa sorriu timidamente e bebeu um gole de vinho branco.
Chace já devia estar bêbado, ela pensou. Os olhos de Isa sempre foram verdes, não podiam ficar mais verdes por ela estar pulando feito louca. Talvez ele que nunca tivesse notado os olhos dela. O vocalista da banda, Tom, voltou ao palco para anunciar a entrada de ColdPlay. Isa e Chace voltaram para perto do banco, assim como várias outras pessoas. A banda entrou ao som de Yellow. Isa não diminuiu o ritmo e continuou dançando e cantando cada musica da banda. -FICA AQUI, NÃO SAIA. EU VOLTO JÁ! – Chace gritou no ouvido de Isa para que ela pudesse ouvir. Isa assentiu com a cabeça e continuou dançando a quarta música da banda sozinha. Chace sumiu na multidão em poucos segundos. -OLÁ! – Isa viu um rosto familiar se aproximando. Lembrou do menino que parecia Harry Potter que havia conhecido na aula de Francês, mas não conseguia lembrar o nome. As bochechas dele estavam tão rosadas quanto as dela e o cabelo preto e liso dele parecia estar molhado de suor. Estava perfeitamente agradável. -OI! O QUE FAZ AQUI? – Isa perguntou sorridente. -MEU TIO É SÓCIO DO BANCO. E VOCÊ, O QUE FAZ AQUI? -VIM COM UM AMIGO, O PAI DELE É ALGO DO BANCO, NÃO SEI BEM. -HMMM... A música parou de repente e o vocalista, Chris Martin, anunciou: -A pedido anônimo, vamos tocar a música Green Eyes. ISA, ESSA MÚSICA É PRA VOCÊ! – ele falou lendo um papelzinho que lhe haviam entrego. Isa sentiu corar, embora estivesse vermelha de mais para que alguém notasse a diferença em sua coloração. As pessoas olhavam para os lados procurando a tal Isa. Robert olhou para ela surpreso. -QUEM FOI? – ele perguntou observando Isa que encarava o chão. -NÃO FAÇO IDÉIA – ela mentiu se virando para o palco. Tentou ouvir a letra o máximo que pode. Já ouvira a musica antes, mas nunca prestara antenção na letra.
“...E como poderia alguém negar-te? Eu cheguei aqui com um fardo E ele me parece tão mais leve Agora que eu te encontrei Querida, você deveria saber Que eu nunca poderia continuar Sem você Olhos verdes Querida, você é o mar Sobre o qual eu flutuo E eu vim aqui para conversar Eu acho que você deveria saber Que, olhos verdes, Você é aquela que eu queria encontrar E qualquer um que tentasse te negar, Deveria estar maluco...” Isa não pôde ouvir a musica toda. Sentiu-se tonta e resolveu voltar para mesa. -VOCÊ ESTÁ BEM? – Robert perguntou inseguro. Isa apenas confirmou com a cabeça e fez sinal com a mão para que ele não a acompanhasse. A mesa estava vazia. Isa se sentou e fechou os olhos. Como ele podia gostar tanto magoar de uma pessoa? Não é certo brincar com sentimentos dos outros. Primeiro ele dizia que não tinha nada para dizer a ela. E mesmo quando Isa falou tudo que sentia a ele, Chace permaneceu calado. E agora declarava aquela música a ela, como se nada tivesse acontecido.
Os meses se evaporaram rapidamente como acetona. Já era maio e faltava menos de uma semana para a festa de Mallu. Ela tinha passado o domingo e a segunda toda entregando os convites, e agora roncava tranquilamente na aula de Química. -Tente ao menos não fazer barulho – sussurrou Isa atrás dela. -Quem? O quê? – Mallu levantou a cabeça sonolenta. -Você está roncando – comentou Isa aos risos. -Eu não ronco – reclamou Mallu emburrada enfiando o rosto na carteira novamente. -O que ela está fazendo? Mallu acorda! – Mallu ouviu alguém gritar, abriu os olhos e encarou a imagem distorcida de Bec em sua frente. -Cinco minutos – ela pediu agora enxergando Bec claramente. -É intervalo, vai ficar aí dormindo? – Isa já estava saindo da sala quando falou. Mallu se colocou lentamente de pé e seguiu as meninas até uma mesa lá fora. -Aff, minha próxima aula é de física, que detestável – Isa retrucou sentando-se em uma cadeira. -Mas você amava física. Só diz isso porque sua aula é com o Chace... – Mallu deixou escapar, estava com sono demais pra pensar duas vezes antes de falar. -Claro que não – Isa mentiu sem ao menos tomar o cuidado de fingir que falava a verdade. -A-d-o-r-e-i o convite, obrigada! – Taylor se juntou a elas com o convite na mão e um sorriso no rosto. -Sua presença é indispencável – Mallu falou abafada, com a cabeça enfiada entre os braços que estavam em cima da mesa. -Indi o quê?! – todas riram – Pois é, sua presença não vai despencar nunca – brincou Isa com o deslize de Mallu. -Só não sei ainda a quem eu vou dar esse outro convite. O Jason vai viajar com os pais, o avô dele de Las Vegas está muito mal. -Sinto muito – lamentou-se Bec por educação – Menino gato pra você levar é o que não falta. Ou então chama uma amiga... -Todas as minhas amigas daqui foram convidadas – ela sorriu – E as de LA não vão poder vir, provalvelmente. -Não sabia que você era de LA – Mallu falou atropelando as palavras. Para a surpresa de todas; ela estava acordada, e prestando atenção.
-Em que mundo você vive? – Isa olhou pra Mallu esperando encontrar seu rosto, mas a cara de Mallu continuava enterrada nos braços. -Hmmm – ela falou completamente desconexa e voltou a ficar imóvel.

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Notas finais do capítulo

proximo capitulo aniversario da mallu O/



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