A Sunday Kind Of Love escrita por EVE


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aguente-se em seu barquinho, pois vai ser uma viagem e tanto.



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Alguns Anos Antes 

Quando Richard Lance foi transferido para o departamento de polícia de Gotham, logo nos primeiros dias de trabalho, ele retorna para casa com um convite de Franco Bertinelli para um jantar de boas-vindas. O investigador pouco sabia da natureza dos negócios dos Bertinelli, então os ocasionais jantares com a presença da família Lance era uma maneira de formar lealdade com a novo membro de polícia, principalmente após o anterior ser misteriosamente assassinado. 

O jantar com as famílias italianas de Gotham e seus homens elegantes sempre acompanhados de mulheres deslumbrantes, cujas joias e vestidos Dinah tanto admirava, para mais tarde descobrir que tais presentes eram o modo como elas maquiavam as agressões dos maridos. Os Panessos, Inzerillos e Galantes; nas memórias infantis de Dinah, eles não carregavam mácula alguma e eram perfeitos. O melhor cenário possível quando Dinah conheceu o falante Pino e sua irmã Helena de fita branca nos cabelos, ambos com 12 anos.

Na grande mesa posta, enquanto Helena mantinha-se reservada junto com a mãe, Pino prometia mostrar para Dinah a sua nova coleção de revistas de histórias em quadrinhos. 

Ali, uma rápida amizade se formou entre Dinah e os inseparáveis irmãos, eles estudavam em outra escola, então as interações com Dinah eram aos domingos de manhã na igreja, onde os pais planejavam viagens para a casa do lago durante as férias de verão das crianças. 

Em uma dessas noites esquecidas, longe da efervescente cidade, o céu em um grande manto negro revelava as estrelas que escondia de Gotham. As duas meninas estavam no pequeno balanço que beirava o lago e discutiam a forma da natureza. As árvores nas margens eram os cílios e a lua cheia refletida no meio do lago: a íris. O grande olho de Deus, assim o chamariam, bem...Dinah decidiu que assim o fizessem. 

A noite estava quente e elas bebiam os últimos refrigerantes de cereja. Concentrada, Helena olhava para o céu, as sobrancelhas franzidas e de lá Dinah sabia que algum comentário iria surgir. 

"Din," ela começa suave. O apelido que eles a deram ainda soava engraçado nos ouvidos. "Você acredita mesmo que tenham pessoas em outros planetas?" 

"Como o grande cara azul de cueca?" 

Helena assente com a cabeça. Dinah segue os olhos para céu e dá de ombros. 

"Talvez." 

Helena parecia satisfeita com a resposta, mas permaneceu calada, até que suas mãos começaram a torcer o tecido do vestido. "E amar duas pessoas ao mesmo tempo?" 

A pergunta ressoou na floresta e foi lançada nos ouvidos de Dinah. Helena era assim, repentina. Por um momento, Dinah suga o líquido vermelho da garrafa, ainda olhando para o céu. Quando não encontrou o pensamento, ela retira os lábios do canudo e sorri. Ela também não sabia a melhor resposta e de alguma forma o silêncio agradou ambas. 

Dias antes, Helena pela fresta da porta do escritório observou seu pai beijando uma mulher que não conhecia de cabelos ruivos e nada italianos. Quando o pai avistou os seus pequenos olhos, afastou-se da mulher e foi com Helena pedir segredo. Até onde sabia os beijos e abraços eram somente de Maria, sua mãe. 

Mas, antes de qualquer conclusão, Pino surge com um aviso da mãe de Dinah e aproveita para chantagear Helena pelos refrigerantes antes do jantar.

***

Por anos, Helena não esqueceu daquela noite do lago que decidiram falar de coisas improváveis ou como se conteve em tantas dúvidas, como exemplo, o por quê de uma dor persistente no seu estômago surgir sempre quando perto da amiga ou quando Pino chegou em casa, e orgulhoso disse que havia ganhado um beijo de Dinah. 

Pelo reflexo do espelho da penteadeira, ela observa Dinah e suas dúvidas entre os dois vestidos sobre a cama, enquanto movimentava o quadril ao ritmo da música alegre no rádio. Ela pediria sua opinião, mas escolheria o amarelo. Ela sempre escolhia os tons de amarelo. 

 Sem atenção, Helena escovava o cabelo com o pensamento longe. 

Eles haviam crescido e onde Dinah era suave, Helena era reta e angular. Quando Pino nunca pecava no excesso de carisma, ela cresceu desajeitada e contida. Ela havia herdado os traços do pai, aquela face facilmente sombria; com um ou dois movimentos faciais surgia no espelho um sujeito que em questão de segundos arrancaria os dedos indicadores do rival apenas por tédio. Por escolha, ela evitava o sol e nas poucas ocasiões que saia de casa era com os amigos emprestados do irmão e assim ela encontrava uma oportunidade para gastar a tarde com Dinah entre vestidos, maquiagens e escutando os discos que achavam nas lojas. 

Mas, no momento em que Helena recebia o olhar baixo e concentrado de Dinah em seus lábios, enquanto os pintava de batom, ela então concluía que o esforço para socializar valia a pena. Quando Dinah termina a tarefa, ela pede para Helena avaliar. 

No espelho, Helena encontra uma moça desconhecida de lábios vermelhos; olhos delineados destacando-se no rosto pálido disfarçado com pó rosado e atrás dela, uma Dinah orgulhosa. Levantando-se da cadeira, Helena toca a maciez do vestido de cor púrpura - a sua cor nas palavras de Dinah - e o cinto branco marcando as curvas da cintura.  

Dinah à sua frente ajeita a posição da pequena cruz de ouro no seu cordão. "Você está linda," ela diz com aqueles lábios cheios em um sorriso morno, suficiente para retardar o tempo. A mesma Dinah dos pequeninos olhos pretos que sempre encontravam beleza nos seus traços, satisfeita admirava o trabalho que realizou. E como de costume, sob o olhar dela, as palavras de Helena ficam suspensas no ar e a conhecida dor retorna. 

As batidas na porta interrompem o longo olhar compartilhado pelas duas e o sorriso de Pino surge à porta. 


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