A Sunday Kind Of Love escrita por EVE


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muito a declarar. Uma 'Divirta-se' e já estou satisfeita.



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Playlistinha para acompanhar a leitura... ou pelo aesthetic, sabe.

Nas minhas boas memórias, ainda consigo sentir o ambiente da velha capela de Gotham. Andar sobre azul cansado do piso de linóleo com meus sapatos novos. Observar os raios solares que trespassavam as vidraças coloridas e cobriam os assentos. As quatro paredes sólidas que ecoavam os mais belos sons no sempre presente calor das manhãs de domingo. 

Gotham, 1962. 

No altar, ela canta para os anjos. As mãos sobre o peito, canta a filha do Senhor sobre o doce Espírito que ainda se compadece de nossos corações seculares, e o Senhor atenderia as súplicas, assim como o fez com os antigos sacerdotes. De coração aberto, ela proclamava a canção suave e cada sílaba com intenção. 

De longe, um moço sorria satisfeito. Ele parecia extasiado. Os Bertinelli, sempre acomodados no quarto assento da fileira esquerda, de modo que pareciam receber as bênçãos diretas de Santo Agostinho, acima deles, grande e benévolo nas vidraças da igreja. Independente do dia de culto lá estariam Pino, Franco, Maria e nas últimas semanas, a filha pródiga, Helena. Após passar o último verão em um internato na Suíça. 

No final do culto, como de costume, todos estavam se despedindo à frente da igreja; compartilhando amenidades, falando de negócios ou trocando receitas. Sem a pesada bata, Dinah surge no meio da congregação, fresca como o calor sobre o orvalho nas primeiras horas do dia, vestida de sol. O belo vestido amarelo, difícil de ignorar. 

Logo, os braços do pai encontravam seus ombros, aproximando-a das falas dos outros casais; a filha de Richard Lance, somente 17 anos e com um belo dom. Aos sorrisos singelos, ela agradecia os comentários pois, nela não havia a necessidade da soberba, dizia o pai, sendo que até os canários também cultuavam ao Senhor. 

Assim sempre recordaria do pai, homem corpulento, os dentes brancos em um sorriso, os cabelos ruivos sob o sol, o cheiro de colônia e como sentia que era amada. 

Ela cantava somente para os pais ou igreja, mas também lhe agradava a atenção de Giuseppe “Pino” Bertinelli após o culto. O terno apegado aos ombros largos e fios pretos elegantes acomodados com gel, como um legítimo filho de Franco, principalmente com suas breves palavras e olhar afiado, mas sempre pecava no sangue Bertinelli com aquele sorriso constante de pequenas covinhas que o decoravam. Quando só, ele vem elogiar a canção. 

Os dois jovens iniciam uma breve conversa que logo se transforma no esperado silêncio. Pino retoma o ritmo da interação com algo que parecia mais um de seus convites para o novo cinema da cidade, mas surge alguém atrás de Pino, cortando suas palavras e chama atenção dele com o toque no seu braço. Era Helena, a cópia fiel e mais suave do irmão. Ela troca alguns sussurros com ele, mas para Dinah, ela nada oferece, nem mesmo um aceno ou aquele rápido olhar. 

Helena afasta o irmão que se prepara para uma despedida, mas Dinah, rapidamente aceita o convite e um grande sorriso de Giuseppe Bertinelli aparece, e depois, ela os observa partir. 

Helena escolheu ignorá-la desde o incidente do ano passado e apesar de Dinah ainda não ter a sua atenção, haveriam outras manhãs de domingos e todas elas seriam esperadas com ansiedade. Naquele verão, os toques ansiosos, os olhares cheios de afeto e castos beijos de Pino, ela fingiu que eram de Helena. 


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