Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 4
Capítulo 4 - O exemplo é o melhor conselho


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal?!! Aos novos acompanhamentos e favoritos, sejam bem-vindos! Espero que continuem lendo.



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Naruto tocou a campainha. Uma, duas, três vezes seguidas. Sua impaciência era evidente. Ele sempre foi uma pessoa ansiosa e impaciente. Era o tipo de garoto que abria os presentes antes do tempo, que queimava a língua com comida quente e sempre tinha um machucado. Agora era um homem de quase trinta anos e ainda preservava os mesmos hábitos.

Sempre havia sido muito ingênuo também. Ele sempre acreditava no lado bom das pessoas e costumava ignorar qualquer maldade, e talvez fosse isso que o prejudicou no final. Não. Era uma pessoa de bom coração, então o problema não estava com ele e sim com quem se aproveitava disso.

Mas talvez devesse ser mais criterioso. Não deveria aceitar as pessoas tão abertamente. Só de lembrar que após tanto tempo de insistência, aceitara namorar com a Shion e foi uma péssima escolha. Ele mal havia beijado-a. Não parecia certo. E agora parecia menos certo ainda.

Ele se preparava para tocar novamente quando a porta foi aberta num solavanco.

ㅡ Só podia ser você ㅡ a tia falou, vestida em um robe de seda claro e segurando uma xícara de café. ㅡ Isso são horas, moleque?

Seu estômago embrulhou ao escutar aquela palavra. Será que se comportava como um moleque mesmo? Aquilo nunca o incomodava, pois sempre foi seu jeito de ser. Mas agora sentia como se a referência fosse realmente um xingamento.

ㅡ Já passa das oito. Onde está o padrinho? ㅡ falou, beijando o rosto da mulher e entrando sem um convite.

Naquela casa, era como um filho. Jiraya e Tsunade eram seus tios de segundo grau, mas os considerava tanto quanto seus pais. Sakura havia sido criada por eles, depois de ficar orfã, logo na infância, o que os aproximou mais ainda.

Naruto adentrou a casa. Encontrou o tio na cozinha, preparando o café da manhã.

ㅡ Ora, se não é meu afilhado favorito ㅡ cumprimentou, enquanto lançava uma panqueca no ar. Jiraya era sempre muito receptivo.

ㅡ Sou seu único afilhado. 

ㅡ Isso não tira minha predileção ㅡ afirmou. Jiraya estava muito feliz para uma manhã qualquer. Naruto observou o torso nu dele e voltou o olhar para sua tia, que corou.

"Bleh", pensou, balançando a cabeça para afastar os pensamentos sobre seus tios. Nesse quesito, ele realmente era um moleque.

ㅡ Preciso falar algo com o senhor ㅡ Naruto lançou, aguardando que sua tia entendesse o recado.

ㅡ Sakura nunca vem me ver, e você prefere seu tio descaradamente ㅡ dramatizou se voltando para a porta. Ela se virou por um momento. ㅡ Sabe quem ele vai me contar tudinho, não é?

ㅡ Nem morto ㅡ brincou o tio.

ㅡ Tenho meus métodos ㅡ gabou-se Tsunade, saindo da cozinha e despertando uma gargalhada no marido.

Naruto se voltou ao seu tio, ansioso. Jiraya ainda encarava o umbral com um sorriso bobo. Ele adorava essa cumplicidade dos tios. O relacionamento sólido que construíram.

Ele sempre buscava do tio conselhos sobre tudo que envolvia sua vida. Apesar de ter um relacionamento excelente com os pais, via no tio um grande amigo. Além disso, ele tinha um talento nato para isso, era escritor e entendia muito bem de relacionamentos.

ㅡ Terminei o namoro ㅡ soltou. Era sem rodeios. Conversa de homem.

ㅡ Que excelente notícia, garoto. Você não ficou triste, não é? Aquela garota não é para você. ㅡ Nem fez questão de esconder a satisfação.

ㅡ Não, foi o melhor a ser feito. Mas não quero falar dela, tio… eu… aconteceu uma coisa bem estranha.

Jiraya riu. Na concepção de Naruto, uma coisa estranha poderia ser qualquer coisa. Solto a panela e desligou o fogo.

ㅡ Não me diga que engravidou aquela garota?! ㅡ Jiraya disse alarmado, já colocando a mão no peito.

ㅡ Não! ㅡ Naruto negou de imediato. ㅡ Vira essa boca pra lá, tio. A gente nem… er… você sabe.

ㅡ O que? Não acredito! Virou monge agora?

Naruto corou violentamente.

ㅡ Quer parar com isso? Está me constrangendo. 

ㅡ Ora, até parece que você tem um pingo de vergonha na cara ㅡ isso ele tinha que concordar. ㅡ Diga-me de uma vez o que aconteceu de tão estranho.

ㅡ O senhor lembra da Hinata Hyuuga? ㅡ Naruto não sabia como ia iniciar a conversa, precisa ser direto. Falar dela não era um assunto fácil, nem para ele, nem para as pessoas próximas dele.

ㅡ A filha do Hiashi? ㅡ Jiraya disse surpreso. Fazia tempo que o sobrinho não falava naquele nome e nem achava que um dia sairia de sua boca novamente. Naruto assentiu. ㅡ Como poderia esquecer a garota que te largou como um cachorro fedido? 

O loiro sabia que não era o assunto preferido de seu tio. Ele odiava Hiashi. Respirou fundo antes de continuar.

ㅡ Eu preciso de um conselho sincero. Ontem encontrei com ela e foi como se nada tivesse mudado. Eu… tio… tem algo que não faz sentido. Foi justamente em um momento oportuno...

ㅡ Não acha que essa família já te causou problemas demais? ㅡ Jiraya o cortou. Sabia que a mente de Naruto iria longe se não recebesse logo um balde de água fria.

ㅡ Eu sei… mas é que… a Shion me disse umas coisas… e… 

ㅡ Não deveria considerar isso, Naruto ㅡ Jiraya disse, apertando o cabo da frigideira. O bom humor matutino se esvaindo completamente. Naruto tinha dado um trabalhão por causa dessa garota, não queria vê-lo passar por isso de novo. ㅡ Filho, deixe essa história como está. Não vai mudar nada.

Um silêncio mortal se instalou entre os dois. Ambos pensando nas palavras que deveriam usar.

ㅡ Achei que teria seu apoio, que todos as pessoas o senhor me entenderia. 

ㅡ Está louco? ㅡ gritou. ㅡ Isso te destruiu, Naruto. Acha que quero te ver pelos cantos depressivo, correndo para aquela maldita casa atrá dessa garota para logo após ser escorraçado por aquele infeliz. Você não cansa disso?

ㅡ Hipocrisia da sua parte perguntar. Afinal, não ser o favorito de Hashirama Senju teve seu preço.

Jiraya soltou uma risadinha. Não acreditava na coragem do garoto de lhe falar aquilo, mas tinha que admitir pra si mesmo que estava mesmo sendo hipócrita. Se virou para pia, arrumando a comida com uma falsa calma. Não queria explodir de novo. Deveria aceitar que o garoto já era crescido e podia fazer suas próprias escolhas.

ㅡ Não deveria seguir meus exemplos.

Dessa vez foi Naruto a rir amargamente.

ㅡ Tarde demais. Deveria saber que me pareço mais com o senhor do que com meu pai. Não me entra na minha cabeça que seja contra, depois de tudo que passou pela minha tia. Por acaso se arrepende?

Ele aguardou em um silêncio ensurdecedor antes de receber sua resposta a contra gosto.

ㅡ Se me garantisse estar aqui com ela, enfrentaria tudo de novo.

ㅡ Entendo ㅡ falou com sinceridade, pois se sentia da mesma forma. ㅡ Sobre a reunião com a editora, marquei uma videoconferência as duas. Vamos discutir o contrato ㅡ mudou drasticamente de assunto, não queria ter uma enxaqueca desnecessária por ficar repassando a discussão o dia todo em sua mente. Sabia que uma hora falariam daquilo de novo, mas por hora havia vencido nos argumentos. Não que precisasse da aprovação do padrinho. Ele já havia se decidido, só buscava aliados.

ㅡ Claro ㅡ respondeu. 

ㅡ Bom, preciso ir. Konohamaru está esperando uns documentos. ㅡ Naruto deu tapinhas na pasta que segurava. Ele não esperou uma resposta. Deu meia volta no balcão e saiu pela porta da cozinha mesmo.

Sabia que não podia ter orgulho se quisesse esclarecer tudo. Orgulho não costumava ser algo que ele levava em consideração para si. Preferia buscar a paz de espírito. Mas não era assim que se sentia.

Desde que a viu em carne e osso, estava perturbardo. Mal havia pregado os olhos durante a noite, pois ficara repassando a cada segundo as imagens que gravou dela. Seus cabelos negros e ligeiramente mais curtos, e seus olhos perolados, tão raros. Aquele olhar ele conhecia bem. Ninguém mudava da água para o vinho. Sabia que ela não era como o pai, algo dentro dele afirmava isso. Precisava ter a certeza de que as palavras que ouviu dela eram reais.

Rapidamente cumprimentou sua secretária e entrou em sua sala. Não queria estar ali. Queria ter ido atrás de Hinata e arrancado dela toda a verdade. Mas não podia fazer isso. Não podia ser inconsequente. Já haviam se passado muitos anos, precisava ter calma.

ㅡ O que está fazendo? ㅡ perguntou Konohamaru da porta. Naruto batia a cabeça na mesa e não havia escutado batidas ou a porta se abrir.

ㅡ Estou tentando pensar no que fazer. O que quer?

ㅡ Só passei para dizer que eu estou de saída. Meu tio ligou agora a pouco e me pediu urgência com um caso na guarda de um menor. Parece que é alguém importante de Konoha. Preciso encontrá-lo ㅡ Konohamaru olhou seu relógio de pulso ㅡ daqui a vinte minutos. Terá que fazer a reunião com o Jiraya sozinho.

Naruto bufou. Ótimo

Deitou novamente a cabeça na mesa, sem dizer uma palavra e fez um gesto afirmativo com dois dedos.

Konohamaru entrou na sala, fechando a porta.

ㅡ Está tudo bem, mano? Se quiser peço para o meu tio vir amanhã.

Naruto levantou o rosto rapidamente.

ㅡ Não, desculpe. Pode ir. Se ele te chamou, deve ser muito importante. Seu tio sempre nos passa bons caso.

Sorriu cinicamente. 

Konohamaru o olhou desconfiado. Já havia presenciado várias fases do Naruto e sabia que quando algo o afetava ele ficava totalmente aéreo e relapso. Falaria com sua secretária e pediria para ela revisar qualquer papel que saísse do escritório de Naruto e ficasse de olho em tudo que ele fizesse.

ㅡ Tudo bem. Já que prefere assim, estou indo.

O sorriso cínico desabou assim que o amigo deu as costas e fechou a porta novamente.

ㅡ Mais um dia para eu enlouquecer de vezㅡ falou para si mesmo.


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Notas finais do capítulo

Genteee, me contem o que estão achando. É muito importante e me estimula a escrever mais rápido. Obrigada e até a próxima!!



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