Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 3
Capítulo 3 - A nova Hinata


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que demoraria menos haha Informações importantes nesse capítulo. Espero que gostem!



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Hinata levantou logo cedo. Nem sequer havia conseguido dormir. Sua mente se encarregou de perturbá-la a noite inteira sobre seus problemas. Após uma ou duas horas de sono leve, resolveu levantar e tomar um café bem forte para despertar de vez.

ㅡ Bom dia, prima ㅡ a voz grave de Neiji a fez pular de susto, quase derrubando o café que tomava em si mesma.

ㅡ Que droga! ㅡ praguejou. 

ㅡ Isso são modos de me receber? ㅡ Brincou. ㅡ Achei que era um exemplo agora.

ㅡ Não enche, Neiji ㅡ respondeu. Sem beijos ou abraços, apenas um abismo entre os dois. A relação dos dois nunca foi um exemplo de cumplicidade, mas era muito mais amigável antes. 

Os dois se ocuparam de fazer sua própria refeição em silêncio.

ㅡ Como vai ele? ㅡ Neiji foi o primeiro a quebrar o silêncio. Hinata levantou o olhar do prato para o encarar, estranhando a pergunta. ㅡ Com quem deixou o menino?

Ela franziu o cenho.

ㅡ Não precisa fingir que se importa.

ㅡ Não seja dura, Hina. Nunca permiti que faltasse nada para vocês.

Hinata riu.

ㅡ Não seja um hipócrita. Você e meu pai sempre trataram meu filho como um bastardinho. Sou grata pela sua ajuda ㅡ fez aspas com os dedos ㅡ mas há anos não recebo mais nada de vocês. 

Neiji suspirou. Sua relação com Hinata ficou totalmente defasada após assumir o lado do tio. Sabia que a prima não entenderia, mas fez o que achava melhor no momento. Agora já era tarde. Ela não era mais aquela garota tímida com medo de desobedecê-lo.

ㅡ O menino foi concebido fora do casamento ㅡ falou e se arrependeu em seguida, não era isso que queria dizer. Os olhos de Hinata se arregalaram em surpresa. Apesar de não se dobrar as convenções de seu pai, pelo menos não mais, ainda a feria ouvir aquele tipo de coisa. ㅡ Desculpe, não foi o que quis dizer. 

Hinata levantou num rompante e deu as costas a mesa, encostando-se na pia, agarrando a borda para não acertar um tapa na face do primo. Estava repensando seriamente sua ida à Konoha e se havia fundamento em estar pelo pai ou qualquer um deles.

Seu telefone tocou, no bolso da calça e ela pegou rapidamente.

ㅡ Hina, graças a Deus ㅡ Kurenai disse assim que a ligação iniciou. A mulher cuidou de Hinata como uma filha e a considerava parte de sua família. Hinata havia deixado o filho sob seus cuidados.

ㅡ O que foi, Kurenai? Algo aconteceu ao Boruto? ㅡ Hinata se apressou, já aflita. Começou a andar de um lado a outro passando as mãos no cabelo.

ㅡ É melhor você sentar ㅡ a mulher falou e fez o coração dela acelerar. ㅡ Não aconteceu nada com ele, está tudo bem. É só que…

Neiji parou de comer para observar a cena.

ㅡ U-um oficial de justiça acabou de me entregar um ofício ㅡ o nervosismo na voz de Kurenai era evidente. ㅡ Aqui diz que você precisa comparecer a vara familiar para prestar esclarecimentos. Diz que… Hiashi Hyuuga reivindica a guarda do menino.

ㅡ O que?! ㅡ Ela exclamou surpresa. Não poderia ter escutado certo. O pai dela, a quem sempre rejeitou seu filho de todas as maneiras possíveis. Que havia a desprezado por não querer entregar o menino à adoção e renegado até onde era possível o próprio sangue. ㅡ Isso não pode estar certo, Kurenai. Isso nunca aconteceria. É impossível!

ㅡ É o que diz aqui, Hina. Quando volta? O que faço se batem na minha porta querendo levá-lo.

Seus olhos bateram no primo sentado, observando-a.

ㅡ Kurenai, escute. Não vou permitir isso, volto logo, não se preocupe. Vou procurar resolver isso o quanto antes.

ㅡ Tudo bem, Hina. Prometa que vai se cuidar, por favor.

ㅡ Prometo. Cuidem-se também. Assim que puder, ligo novamente.

Hinata desligou a ligação. Fechou os grandes olhos que mais pareciam pérolas e os abriu logo em seguida, encarando os olhos de cor idêntica, mas opacos, de Neiji.

Era uma situação tão absurda que chegava a ser engraçada. Estava tão estarrecida pela afronta do pai que nem conseguiu se sentir preocupada o suficiente.

ㅡ Você sabia de tudo ㅡ afirmou. Sabia que sim, seu pai não faria isso sem consultá-lo. Neiji sabia que não adiantaria negar, seria uma afronta a inteligência da prima. Deu de ombros. ㅡ O que significa tudo isso? Querem me punir mais? Já não basta o que me fizeram todos esses anos?

ㅡ Acalme-se, ele não pretende tirar o menino de você.

Hinata riu. Gargalhou como se tivesse escutado uma piada muito engraçada.

ㅡ Com que direito ele acha que pode reivindicar qualquer coisa? Ou não se lembra que rejeitaram o menino desde que nasceu? Não sejam ridículos, por favor. Se levarem isso adiante, qualquer juiz vai rir de vocês.

ㅡ Ele estava ressentido pelo que fez. E não pode negar que você dificultou bastante a nossa relação com o menino.

Hinata não estava acreditando. Como foi tola, de ter deixado tudo e ido correndo socorrer o pai. Desconfiava até que tudo havia sido armado para pega-la desprevenida.

ㅡ O que eu fiz? Eu era só uma menina com medo, que foi obrigada a abrir mão de tudo por um orgulho sujo e hipócrita. Se eu tivesse feito tudo que ele queria... sabe-se lá onde meu filho estaria. Se dificultar significa mantê-los longe, por mim tudo bem.

ㅡ Hina, somos família. As famílias se desentendem. Não pode negar o direito de avô. Boruto também é um Hyuuga.

Hinata se retesou, massageando a testa com os dedos. Escutar Neiji se referir a ela e ao filho com intimidade estava deixando-a nauseada. Por outro lado, o primo mostrava-se pleno, inabalável, nunca deixava transparecer suas emoções. Sempre tão distante e frio, parecia até sarcástico.

Não ia lhe dar o gostinho de vê-la desestabilizada. Sua vontade era de virar a mesa de café da manhã em cima dele. Mas sabe-se lá o que planejavam contra ela. Um atestado de louca, quem sabe. Ela não era mais ingênua, era uma mãe, e precisava pensar no seu filho antes de tudo.

Ela se aproximou do rosto do primo lentamente.

ㅡ Nós não temos família ㅡ sussurrou próximo ao ouvido dele e se retirou da cozinha antes que ele dissesse qualquer coisa.

Subiu correndo as escadas da enorme mansão. Cheia de luxo, mas pouco familiar. Socou todos os seus pertences de volta para a mala. Se tivesse que ficar em Konoha, que fosse em um hotel. Como foi burra em ter caído nas artimanhas do pai.

Suas mãos tremiam. Ela foi até o banheiro da suíte para lavar o rosto e tentar se acalmar. 

ㅡ O que pensava, sua idiota, que dessa vez seria diferente? ㅡ falou com o próprio reflexo no espelho.

Teria que entrar em contato imediatamente com o seu advogado. Asuma Sarutobi, marido de Kurenai. A família Sarutobi era tradicional no direito e muito conceituada. Eles defendiam grandes empresários, políticos e até celebridades. Sabia que tinham um escritório em Konoha, dirigido pelo sobrinho do casal. Talvez ele pudesse ajudar. 

Voltou ao quarto e pegou o celular. Percebeu que Kurenai já havia enviado fotos do ofício que recebeu. Ótimo. Encaminhou para Asuma, explicando o mínimo e pedindo retorno imediato.

Agora só precisava arrumar um lugar para ficar de forma discreta. Agora que sabia que o pai buscava ter Boruto em sua convivência, a existência do menino seria anunciada. O problema era que o pai do menino nem sonhava com a existência dele. Antes de decidir ir embora da cidade, disse ao pai que Naruto negou a gravidez e que não queria saber dela, nem do filho. Mas não era verdade.

Ela sabia que para Hiashi, aquilo seria a vergonha da família, um filho fora do casamento. Mas, para a surpresa dela, ele achou melhor que Naruto tivesse rejeitado ao filho. Assim, sua família não se misturaria com a dele e Hinata poderia seguir em frente e ser o que ele sempre projetou para ela. Mas ela não aceitou. Se negou a deixar o filho para adoção e cortou os laços com o pai, que afirmou ser a única condição dela continuar sendo sua filha.

Hiashi nunca procurou Hinata ou o neto, nesses cinco anos em que ela passou longe da família. Sua irmã que fazia visitas frequentes e acompanhava o crescimento do sobrinho, sempre deixava claro que era contra que ela escondesse o menino do pai, mesmo sabendo o que Hinata tinha passado para tomar aquela decisão. O primo, só havia aparecido uma ou duas vezes para entregar-lhe uma quantia. No começo se sentia culpada por aceitar a ajuda, depois compreendeu que era tão dona quanto o pai e o primo, já que o dinheiro vinha de herança.

Mas nada daquilo lhe importava. Nunca lhe importou ter dinheiro, status, luxo... Ela só queria ter uma boa vida e viver ao lado das pessoas que amava e dos poucos amigos que fez. Mas seu pai nunca aceitou sua simplicidade e a falta de tato para os negócios, a obrigava a ser a filha perfeita, até ela virar a ovelha negra. A vida lhe deu uma rasteira e tirou tudo que ela tinha e seu pai deu o último empurrão para matar e enterrar a velha Hinata. 

Por outro lado, agora ela era totalmente independente do dinheiro da família e da opinião do pai e do primo que sempre lhe oprimiram. Vivia numa casa simples de família, em um interior próximo à Konoha. Mas não tão próximo para ser encontrada. Sua vida era tranquila, pacata, confortável. Tinha seu filho e sua família eram seus vizinhos, que muito lutaram para entrar na vida dela.

Tinha tudo que precisava ao seu lado. Apesar de se sentir feliz, sentia-se seca. Um dia fora uma pessoa doce que qualquer pessoa se encantaria por seu jeito meigo e tímido. Hoje ela não era mais aquela pessoa. Não se sentia disposta a amar outras pessoas e permitir que entrassem na sua vida e, consequentemente, na de seu filho.

No fundo, ela ainda tinha um coração mole, e por isso estava ali. Mas já havia tratado de recolocar sua armadura, que há tantos anos lhe protegia de ser machucada novamente. Não permitiria que matassem a nova Hinata. 


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Notas finais do capítulo

Contem para mim o que estão achando, sua opinião é importante! Queria agradecer a quem tá acompanhando a história, favoritando e comentando. Agradeço de coração ♥
Até a próxima!



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