Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 2
Capítulo 2 - Coisas do passado


Notas iniciais do capítulo

Voltei, pessoal! O próximo capítulo deve demorar menos para ser postado. Aproveitem!



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Não deu tempo nem de ver o seu reflexo na água, Hinata simplesmente despejou todo o seu café da manhã na privada.

Após o encontro desastroso com Naruto, sentia-se extremamente nauseada. Seu estresse havia chegado em níveis altíssimos.

Tinha chegado a Konoha a poucas horas, deixara tudo para trás e pegou o voo mais próximo. Seu pai havia tido um ataque fulminante, e nem ela, nem sua irmã, estavam lá para socorrê-lo. Apesar das diferenças, ele ainda era seu pai, o único que restara.

Havia chegado poucas horas antes que sua irmã e não tinha deixado o quarto do pai desde então. 

Sua mente estava bastante ocupada com o estado de seu pai, mas sua preocupação de estar novamente em sua cidade natal e o que aquilo poderia acarretar também não a deixavam em paz.

Hinata sabia muito bem que poderia encontrá-lo e era tão azarada que tinha acontecido. Imaginava que poderia acontecer algum dia, mas não daquela forma. 

Mesmo depois de tanto tempo, ainda lembrava claramente de cada traço daquele que foi seu grande e único amor. Aquele que a tinha dilacerado de forma irreversível.

O pior de tudo era constatar as sensações que ele ainda causava nela. Seu coração batia tão loucamente que podia escutar as batidas estridentes em sua mente. Não podia se portar daquela forma, ela era outra mulher agora.

Lavou o rosto e se olhou no espelho. 

Para completar, Hanabi presenciou a cena. Se sua irmã decidisse tirar a história a limpo, poderia colocar todo seu esforço de anos a perder.

Ela aguardou alguns minutos, respirando fundo. 

Saiu do banheiro e se encaminhou para o quarto.

ㅡ Como ele está? ㅡ perguntou, como se não estivesse ali minutos atrás. 

ㅡ Estável. Parece que foi mais um susto. A enfermeira disse que o médico vem daqui a pouco dizer alguma coisa.

Hinata assentiu, sem saber o que dizer. Ficaram alguns segundos em silêncio.

ㅡ Senti sua falta ㅡ Hanabi falou e sorriu. Hinata sorriu de volta, ela que sentia falta de tudo, mas tinha que conviver com suas escolhas.

Hanabi era apenas três anos mais nova que ela e participava dos negócios da família, junto com Neiji, seu primo. Ela viajava o mundo todo em reuniões e por isso não estava quando o pai foi internado. Era nova, mas muito disciplinada e sua família sempre foi muito rígida na educação.

Hinata se sentia um tanto culpada por isso, afinal a irmã teve que assumir o lugar que ela havia abdicado tão precocemente.

ㅡ Desculpe.

Hanabi suspirou.

ㅡ Você sempre diz isso quando me vê. Eu já disse que minhas escolhas não têm a ver com as suas. Não precisa se sentir culpada, Hina.

Hinata suspirou.

ㅡ Também sinto sua falta. Demais. 

Hanabi sorriu novamente.

ㅡ O que ele disse? ㅡ perguntou. Sua expressão era fechada. Hinata engoliu em seco, aí estava o campo minado. Seu pai se remexeu.

Hinata temeu que seu pai escutasse a conversa e sinalizou para conversarem fora do quarto. Hanabi a seguiu.

ㅡ Não quero que o papai saiba. Já temos conflitos o suficiente, não quero que ele se aborreça nesse estado.

ㅡ Claro, Hina. 

ㅡ Ele não disse nada demais, só que veio cumprimentar. Mas logo tratei de o dispensar. Por favor, Hanabi, não o procure. Quanto menos contato tivermos com ele, melhor. E eu logo estarei de volta a minha vida.

Hanabi bufou. Estava pronta para discordar da irmã.

ㅡ Hina? ㅡ uma voz melodiosa a chamou e ela constatou que com certeza não era seu dia de sorte. As irmãs se viraram para encontrar uma Sakura em trajes profissionais. 

Suas mãos estavam afundadas nos bolsos do jaleco e o cabelo em um coque. Andava com o seu celular dentro do bolso, para o caso de emergências e havia espiado a mensagem de seu primo, logo tratou de investigar.

ㅡ Oi, Sakura. Como vai? ㅡ Hinata foi receptiva, mas pensava no seu azar enorme de ter Sakura trabalhando justamente ali. 

ㅡ Estou bem. Assim que soube que o senhor Hyuuga deu entrada vim saber como ele estava. Acho bom ter um rosto conhecido numa situação delicada como essa.

ㅡ Claro ㅡ disse, mas por dentro estava mortificada. Não queria ter Sakura em seu encalço. ㅡ Agradeço a preocupação.

ㅡ Não por isso. Vamos lá ver como seu pai está.

As três entraram no quarto. Hanabi e Hinata observaram Sakura ler o prontuário e verificar as bolsas de medicamentos. 

O desconforto da irmã mais velha era palpável. Trocava o peso entre uma perna e outra. Hanabi não conhecia Sakura, mas pode sentir e hesitação da irmã e, por isso, manteve-se quieta.

ㅡ Bom, está tudo bem com ele. No mais, foi um susto grande, mas nada que cuidados especiais não possam dar conta. Vou prescrever uma dieta, alguns remédios e solicitar alguns exames. Ele deve receber alta em dois dias.

Ambas as irmãs respiraram aliviadas.

ㅡ Obrigada ㅡ disse Hinata.

ㅡ Ele deve ficar em observação, então não pode ter acompanhantes. Desculpe. Mas pode me passar seu número, eu entro em contato.

Sakura era extremamente sagaz.

Hinata ficou estática por um momento. Queria perguntar se era de forma profissional ou pessoal, mas não queria ser rude.

ㅡ Eu, er, claro ㅡ Sakura estendeu o telefone e ela digitou rapidamente. 

Sakura sentiu toda tensão dela, por isso não quis forçar a barra. Estava claro que Hinata não estava confortável em sua presença. Ela pegou o telefone de volta e guardou no bolso. Precisava ganhar sua confiança.

ㅡ O horário de visitas acaba em vinte minutos. ㅡ Ela se dirigiu à porta. ㅡ A propósito, o tempo te fez muito bem, Hinata. Está linda.

E saiu sem esperar uma resposta.

Hanabi olhou a irmã com um olhar de repreensão. 

ㅡ Isso já foi longe demais, Hina ㅡ falou e Hinata sabia do que se tratava.ㅡ Tenho que ir. Tenho uma reunião em dez minutos. Qualquer problema não hesite em me ligar, estarei atenta.

Hanabi saiu em sua pose de mulher de negócios e deixou Hinata com seus pensamentos.

Uma dor de cabeça insuportável despontou em Hinata e ela desejava dormir para sempre. Já estava em casa, no seu antigo quarto, mas não conseguia dormir, apenas rolava de um lado a outro. 

Pensava em como sua vida tinha virado de cabeça para baixo e como faria para resolver tudo. Não poderia mais ficar tanto tempo ausente da vida de seu pai, mas não sabia se ele iria querer ela e toda sua bagagem. Isso sim era um problema.

Hinata nunca teve uma boa relação com seu pai e há anos mantinha um contato mínimo, só em ligações esporádicas duas ou três vezes no ano. Apesar de ter renunciado ao dinheiro e ao seu lugar na família, seu primo não permitiu que ela ficasse desamparada. 

Levantou-se. 

Não era só isso que a perturbava. Há mais ou menos cinco anos havia ido embora e deixado toda sua vida para trás e recomeçara em outro lugar, mas agora as reais consequências daquela decisão começavam a aparecer.

Abriu a porta de seu armário, aparentemente estava tudo como havia deixado. Buscou o fundo falso e puxou a madeira, retirou uma caixa de lá. Sentou-se na ponta da cama e respirou fundo, passando a mão pela tampa da caixa. O maldito encontro a deixou nostálgica. 

Respirou fundo e puxou a tampa. Em seu interior havia  fotos e cartas escritas a mão. Fixou seu olhar na primeira foto e lágrimas escorreram por seu rosto. Naruto e ela abraçados, no primeiro ano de namoro, ambos compartilhavam um sorriso que chegava aos olhos. Era tão ingênua. 

Quis rasgar a fotografia, mas não encontrou coragem. Guardou-a na caixa novamente e jogou-se no colchão macio, chorando copiosamente. Seu choro era alto, mas não havia ninguém para escutá-la. Choraria tudo o que tinha para chorar e depois daquele dia, enfrentaria tudo sem derramar mais uma lágrima.

Sakura mal havia colocado seus pés para fora do hospital e seu telefone tocou. Naruto. 

Não sabia explicar o motivo, mas a hesitação de Hinata incomodou-a profundamente. Elas não eram melhores amigas na época do colégio. Na verdade, só se aproximaram no último ano por causa de Naruto e mesmo assim, havia sido um ano péssimo para ela, ela não prestava muita atenção ao seu redor. Mas ainda assim mantinha uma relação amigável com ela.

ㅡ Oi, idiota ㅡ Sakura atendeu. ㅡ Não podia esperar por umas horas de sono?

ㅡ Não. O que descobriu? ㅡ O tom ansioso do primo era perceptível.

ㅡ Eu também estou bem, obrigada por perguntar.

ㅡ Eu te vi há doze horas, Sakura. Conseguiu algo? Onde ela está hospedada?

Ela revirou os olhos.

ㅡ Isso é super antiético, não posso dar informações pessoais dos meus pacientes.

ㅡ Ela não é sua paciente. Não posso perder essa chance, Sakura. Me fala se você conseguiu alguma coisa.

Sakura ponderou por alguns segundos, antes de responder.

ㅡ Eu consegui o número dela, mas é melhor não pressioná-la. Ela estava muito receosa na minha presença, não quero que ache que fui mal intencionada pedindo o telefone. O pai dela recebe alta em poucos dias, essa vai ser a sua deixa.

Naruto bufou, frustrado. Estava de mãos atadas.

ㅡ Tudo bem ㅡ deu-se por vencido. ㅡ Eu espero. Obrigado, prima. Até mais!

E desligou.

Sakura respirou fundo e caminhou até Sasuke que a aguardava encostado no carro.

Ela também teve uma história complicada. Ela e Sasuke eram amigos de infância e costumavam negar o que sentiam, até que romperam definitivamente e ela foi estudar medicina fora do país. Não muito tempo depois, Sasuke foi a sua procura. O laço deles era forte demais e eles estão juntos desde então.

Ela achava a mesma coisa de Naruto e Hinata. Eles se davam muito bem e quase nunca brigavam, apesar do relacionamento à distância e da proibição do pai dela. Mas de uma hora para outra ela terminou sem um real motivo e sumiu do mapa. O que tinha sido muito estranho, pois isso não fazia parte da sua personalidade, nem o que ela dissera a Naruto quando tudo aconteceu.

Sasuke deu a volta no carro e abriu a porta para ela. Beijou seus lábios logo em seguida.

ㅡ Como foi hoje?

ㅡ Tranquilo. Onde está Sarada?

ㅡ Dormindo na cadeirinha. Ela mal acordou quando a tirei da cama.

Sakura riu. Estava pensativa. Pensou que seria fácil um mal entendido ter acontecido com os dois, afinal mesmo ela e Sasuke sendo tão próximos, quase acabam separados.

 Lembrava-se de ter tentado conhecer caras novos, afinal era muito nova, estava só começando a vida. Achava que era uma coisa de menina e que deveria seguir em frente. Mas não era.

Vez ou outra via-se chorando por não conseguir seguir em frente. Mas tinha se decidido a conviver com aquilo pelo resto da vida.

ㅡ No que está pensando? ㅡ Sasuke perguntou. Ele sempre foi muito calado, mas eles tinham uma dinâmica única de diálogo. ㅡ Está fazendo careta.

ㅡ No que poderia ter acontecido se você não tivesse ido atrás de mim.

Sasuke suspirou, não era seu assunto preferido.

ㅡ Você me rejeitou muitas vezes, estava bem decidida a não me aceitar.

ㅡ Você me rejeitou primeiro e demorou bastante para me procurar.

Sasuke parou em um sinal vermelho. Não gostava do rumo da conversa. Ele havia tido sua cota de erros com ela no passado, mas não gostava de lembrar.

ㅡ O que deu em você?

ㅡ A Hinata apareceu no hospital e o Naruto deu de cara com ela. ㅡ Sasuke ficou atônito. Escutou exaustivamente as lamúrias de Naruto sobre Hinata, coisas que ele não compartilhava com Sakura. Olhou de soslaio, esperando que ela continuasse. ㅡ Só fiquei me perguntando o que aconteceu de tão grave para separar aqueles dois e porque a Hinata foge dele como se ele fosse um leproso. O Naruto não fez nada de ruim para ela. Pelo menos, é o que afirma. O que será que a magoou tanto? Eles pareciam tão apaixonados. Mais do que nós dois.

Sasuke engoliu em seco. Aguardou alguns segundos, enquanto Sakura estava perdida em pensamentos.

ㅡ Querida, não deveria pensar nessas coisas ㅡ disse, após estacionar na garagem de casa. ㅡ Sei que não fui tão assertivo com você, mas veja, agora temos Sarada, uma vida boa e nos amamos. Eu não poderia querer mais nada e se estivesse em qualquer outro lugar, não seria feliz.

Sakura assentiu, ainda com uma expressão angustiada.

ㅡ Tem razão ㅡ respondeu. Mas não conseguiu vencer o incômodo. Precisava procurar formas de ajudar os dois a se entenderem.


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Notas finais do capítulo

Contem para mim o que estão achando. Até a próxima!



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