Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 13
Capítulo 13 - Acusações, mágoas e tragédias


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que disse que não demoraria, mas acabei empacando no fim do capítulo. Sorry! Tentei ser o mais rápida possível. Enfim... boa leitura!



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Ele foi tomado por um choque ao analisar as feições do garoto. O menino era idêntico a ele. O tom de seus cabelos loiros e até a cor de seus olhos. Ele podia ver até algumas marcas de nascença. Por um momento passou por sua cabeça que poderia ter batido na porta errada, que era uma tremenda coincidência, dar de cara com um garoto que parecia ser ele mesmo. Mas ao ver Hinata parada na calçada, com as mãos na boca, ele teve certeza. A genética era uma filha da mãe.

Hinata correu até o garoto e o pegou no colo em posição protetora, correndo para a casa ao lado. Naruto ficou parado observando-a, tentando processar se aquilo era mesmo real. 

ㅡ Hinata! ㅡ chamou-a quando sua voz finalmente saiu. Ela simplesmente abriu a porta e entrou, sem responder.

Ele sentou nos degraus da escada e enfiou as mãos nos cabelos, desnorteado. Uma hora ela teria que voltar para casa. Sua cabeça explodia com mil suposições. Logo ouviu os passos dela de volta e levantou a cabeça para encará-la.

ㅡ Vamos entrar, não quero dar um show na rua. 

Ele não contestou, queria entender ou surtaria. 

Entraram em silêncio. As mãos dela tremiam e lágrimas não paravam de cair. Parou em frente as escadas, já dentro da casa, procurando apoio no corrimão, enquanto ele permanecia parado perto da porta, encarando suas costas.

ㅡ Quantos anos tem o menino? ㅡ foi direto ao assunto. Não tinha formas  delicadas de saber.

ㅡ Quatro ㅡ respondeu. Mentir seria inútil, qualquer um saberia quem era o pai, se vissem Naruto.

Ele apertou os olhos. As contas batiam perfeitamente, mas precisava de uma confirmação.

 ㅡ Hinata… tem alguma possibilidade de eu ser o pai daquele menino? ㅡ tomou coragem para falar.Tinha medo de ouvir o óbvio pois lhe causaria uma dor sem precedentes.

Ela apertou os lábios impedindo o soluço de sair. Assentiu lentamente.

Ele segurou o peito. Isso dói, pensou. Jamais em sua vida cogitou a hipótese de ter um filho por aí. Obviamente queria, um dia. Mas sentia que estava cada vez mais distante desse dia, pois não encontraria alguém que pudesse lhe despertar essa vontade. Agora sua vida dera uma reviravolta em segundos. A primeira mulher que amou, a única, gerara um filho seu.

ㅡ Por que o escondeu de mim? ㅡ sua pergunta saiu num fio de voz. Hinata balançou a cabeça, recusando-se a responder. ㅡ POR QUÊ? ㅡ gritou.

ㅡ Qualquer um no meu lugar faria o mesmo! ㅡ seu tom e seu olhar nãos escondiam a mágoa enraizada. 

ㅡ Por causa de um estúpido beijo que eu nem correspondi?!

ㅡ Acha que iria embora por uma droga beijo? Você destruiu minha vida! 

ㅡ Quem te contou, Hinata? Era impossível que você estivesse lá ㅡ sua mente estava um turbilhão. Milhares de questionamentos surgiam. 

ㅡ Não importa, Naruto. Mesmo sabendo disso, eu estava disposta a contá-lo assim que soube.

ㅡ E por que não contou? ㅡ perguntou, magoado. Naruto podia ver que Hinata estava sofrendo em remoer o assunto. ㅡ Eu não te trai, nem tentei. Ela me beijou sem consentimento algum. Depois implorou para eu não te contar nada. Mas de alguma forma você sabia. Quem te contou? Foi ela? ㅡ ele insistiu, querendo juntar as peças. Querendo escutar algo que fizesse sentido, que justificasse alguma coisa.

Hinata apenas balançou a cabeça em negativa.

ㅡ Então me fala algo que faça sentido! 

ㅡ Eu fiz o que achei melhor!

Naruto se levantou e bagunçou os cabelos num acesso de raiva.

ㅡ Por quê? Por que eu era inadequado e ter um filho meu iria sujar o nome da sua família? 

Ela não respondeu, apenas se encaravam. Lágrimas banhavam o rosto pálido de Hinata, corado pelo choro.

ㅡ Eu fui até aquela maldita mansão e implorei para qualquer um me contar onde você havia se metido, mas ninguém me disse. Sua irmã… ela me adorava… depois passou a me ignorar como todos os outros. ㅡ começou a tagarelar ㅡ O Sasuke brigou comigo diversas vezes, meu padrinho ameaçou até me internar por loucura. Meu pai e até minha mãe ficaram contra mim. E você… você tinha fugido com meu filho. ㅡ seu tom era acusatório e sua voz quebrada pela mágoa.

Naruto enterrou o rosto nas mãos. Uma aflição o acometia. Era um caso irreversível. Ele tivera um filho que não sabia que existia e perdeu os primeiros quatro anos de vida. Era uma falta tão grave que ele sentia como se tivesse sido roubado. 

Por alguns minutos só era possível ouvir o pranto dos dois.

ㅡ Por que, Hinata? Por que me tirou a chance de ser o pai dele? Já não bastou ter me arrancado a vida?

Hinata sentia-se genuinamente tocada pelos sentimentos de Naruto. Talvez tivesse errado, mas não podia dizer que faria algo diferente.

ㅡ Acha que foi fácil ir embora grávida? Eu estava sozinha, fragilizada. Não tinha nem o apoio do meu pai. Queriam tira-lo de mim… ou que me livrassem dele... E você… você, Naruto… ㅡ ela tentava falar em meios aos prantos. ㅡ Você…

Ela não conseguiu terminar, os soluços tomaram conta dela fazendo-na se curvar. Eles vinham de sua alma.

Em sua mente, um filme de tudo que aconteceu se passava. O dia que descobriu estar grávida, a confirmação da traição, a discussão com o pai e a viagem até Suna. Os dias em que sentia enjoos e não tinha ninguém para cuidar dela. As crises de ansiedade que desenvolveu com medo de não ser suficiente para o filho. A tristeza, a solidão… o nascimento prematuro de Boruto.

Naruto aguardou até que ela se acalmasse. Não saberia dizer quanto tempo depois. Ela se sentou no chão, agarrando as próprias pernas e deitando a cabeça sobre elas. 

ㅡ Eu não sei o que aconteceu… ㅡ Naruto insistiu, olhando para o nada. ㅡ Você precisa me dizer.

Hinata olhou para ele, seu olhar suplicante.

ㅡ Quer me torturar com essa história?

ㅡ Eu errei em não ter contado sobre o beijo. Eu achei que foi o melhor no momento, não queria que perdesse a confiança em mim, afinal eu não tive culpa. Mas aí você ficou fria e distante e eu achei que merecia seu desprezo. Eu não sei, tive minha cota de erros. Mas não te trairia, Hinata. Você deveria saber.

ㅡ Vai continuar fingindo que não teve culpa nenhuma? Ainda que fosse verdade, omitir isso foi uma forma de me trair. Você fez sua escolha. Ainda assim eu estive lá para te contar.

Hinata estava em estado torpe, anestesiada pelo próprio sofrimento.

ㅡ Mas não me deu a chance… 

ㅡ Você não se deu a chance…

ㅡ O que quer dizer?

Hinata suspirou.

ㅡ Eu fui até o seu dormitório. Não sabia se estaria lá, mas tinha a chave e estava disposta a esperar. Ao entrar lá dei de cara com você dormindo profundamente. Alheio a tudo… e eu vi a Shion. Vestida com a sua camisa e usando seu banheiro. A cena era tão óbvia que eu nem fui capaz de perguntar nada. Por outro lado, ela fez questão de falar. Deixou bem claro o que havia acontecido entre vocês… ㅡ parou para engolir o bolo que ameaçava irromper. ㅡ na cama, e que era constante. Eu nem pensei direito… só… fui embora.

Naruto se levantou, totalmente incrédulo.

ㅡ E você nem pensou em me confrontar? Em exigir uma resposta?

ㅡ Eu mal suportei ver aquela cena. Não ousaria te encarar.

ㅡ Sabe, Hinata, o que me deixa mais magoado não foi a armação… ㅡ ela finalmente o encarou, sem entender. Ele quase podia ver a pergunta: que armação? ㅡ Eu nunca dormi com ela. Nem quando… Nem antes, nem depois de você. Eu não dormi com ela. Eu sou inocente e mesmo assim você acreditou na mentira ao invés de me confrontar. Você me tirou até o direito de me defender!

Hinata abriu a boca, incrédula. Um lado seu queria acreditar nas palavras dele. Que tudo não passou de um mal entendido. Mas o outro, o sensato, torcia que o motivo das suas decisões fossem reais, porque o fardo de ter errado seria muito maior.

ㅡ Uma traição me doeria menos. Não consigo nem te olhar nesse momento.

Caminhou até a porta.

ㅡ O que vai fazer?

ㅡ Há muito a ser feito. Mas a princípio, você vai precisar de outro advogado ㅡ disse, sem explicar os motivos.

ㅡ Pretende ir à justiça? ㅡ perguntou em agonia.

Ele apenas assentiu.

ㅡ Não pode fazer isso, eu sou a mãe dele!

ㅡ E eu o pai! ㅡ gritou, fazendo um silêncio sepulcral cair sobre o ambiente.

Não havia palavras para argumentar contra aquilo. O som ecoara no ambiente como um rugido. Naruto bateu a porta com força, deixando Hinata para trás.

Ela continuou sentada, agarrada às pernas por algum tempo. Tentava acalmar-se e trazer sua consciência de volta. Sua cabeça explodia, não conseguia processar o que havia acabado de acontecer.

Em algum momento, levantou para lavar o rosto, precisava se recompor. Por ela, por seu filho, pelo que enfrentariam. Mas sentia que aconteceria o contrário. Ela estava prestes a desmoronar.

Sentiu a vibração do celular no bolso da calça e o pegou. Antes que pudesse atender, a ligação caiu.

Konohamaru. Ainda tinha isso.

Verificou e tinha mais ligações. No calor da emoção, não havia percebido. O celular vibrou novamente e dessa vez ela atendeu.

ㅡ Hinata! Finalmente! To tentando falar com você há horas! ㅡ disse assim que ela atendeu à chamada.

ㅡ Desculpe… eu tive um imprevisto. Mas o que aconteceu?

ㅡ Eu havia encomendado uma investigação minuciosa sobre o seu pai e acabaram de me enviar algumas coisas. ㅡ Hinata aguardou. ㅡ E bem, tem coisas gravíssimas que o seu pai tem escondido de você. Preciso que venha aqui imediatamente.

ㅡ O que? Eu to em Suna. Não pode adiantar nada?

Ele suspirou contrariado.

Konohamaru contou o que havia descoberto e logo ela desligou.

Desceu as escadas rapidamente, apenas buscando um casaco.

Foi até a casa de Kurenai.

ㅡ Onde está Boruto? ㅡ perguntou. 

ㅡ Ele está tirando uma soneca… Hinata, o que houve? ㅡ perguntou vendo o estado transtornado em que ela se encontrava.

ㅡ Eu preciso que olhe ele por um tempo. Tenho ir imediatamente à Konoha.

ㅡ Agora? Não pode esperar até amanhã e pegar um voo?

ㅡ Não!

ㅡ Hinata! Você não está bem! O que está acontecendo?

ㅡ Eu só… preciso ir… por favor! Cuide dele! ㅡ suplicou.

Não houve tempo hábil para uma discussão. Hinata se apressou para o carro, estacionado na calçada de sua casa. O percurso era de quatro horas até Konoha, se fosse rápida, chegaria em três horas e meia ou menos.

Não precisava realmente estar lá tão rápido. Poderia esperar até o dia seguinte quando refletisse tudo com calma. Mas não queria. Simplesmente não queria mais adiar aquele confronto.

Tudo se iniciou basicamente pelo domínio que o pai exercia sobre a vida dela e como ela não fora capaz de quebrá-lo. Ele havia manipulado-a perfeitamente e massacrado todos os seus sentimentos. Ele não ligava para o seu bem-estar. Ele só pensava em dinheiro e no status que tinha, e fazia qualquer coisas, inclusive passar por cima de pessoas, para mantê-los. 

Se tivesse tido algum suporte por parte dele, poderia ter enfrentado qualquer coisa. Poderia ter ficado e confrontado Naruto. Ele poderia ter se provado inocente. Mas não teve essa chance. Foi oprimida e renegada pelo simples fato de ter escolhido a vida que carregava. Nem poderia culpar a irmã ou o primo pela omissão. Talvez fossem tão vítimas quanto ela. 

Não poderia mais aceitar a manipulação, ainda que de longe. Nem mais um dia. Ele a ludibriara com a farsa do infarto a fim de atraí-la para uma armadilha pior. Ele tinha que escutar o que ela tinha para lhe dizer.

Estava a 100 km/h, já havia chegado na estrada principal. Sabia que era perigoso dirigir daquela forma quando já estava escurecendo. Mas não teve tempo de ponderar o bastante. Não teve tempo nem de ir muito longe.

Algo atravessou a pista de repente e ela tentou desviar, mas estava indo muito rápido e perdeu o controle da direção. O carro seguiu rapidamente para a grade de contenção, abrindo um buraco por ela e capotando ribanceira abaixo.

Tudo aconteceu em segundos, mas em seu ponto de vista aconteceu em câmera lenta. Pensou em como a vida era simples e bonita. Pensou no que perdeu e no que poderia ter vivido sem mágoas ou arrependimentos. Pensou nos erros e onde eles a tinham levado. Pensou no que tinha de mais precioso e o tempo se esgotou. Seu corpo sentiu o impacto e foi chacoalhado várias vezes antes que ela batesse a cabeça e perdesse a consciência. 

O destino era mesmo cruel com ela.


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Notas finais do capítulo

Quando tudo parecia que ia se resolver... Tá difícil pra esses dois, hein. Comentem o que acharam! Até a próxima!



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