Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 14
Capítulo 14 - Consequências


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer as meninas que sempre comentam. Pode parecer bobo, mas adoro lê-los! Muito obrigada! Aqui vai mais um capítulo ;*



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Apertou a descarga pela terceira ou quarta vez no dia. Apoiou-se na pia para se encarar no espelho. Suas olheiras profundas denunciavam o cansaço e as várias noites sem dormir bem. Sua pele mais pálida que o normal indicavam uma possível anomalia na sua saúde que ela sabia muito bem do que se tratava, afinal, era médica.

Escutou batidas impacientes na porta.

ㅡ Já vai! ㅡ falou, tentando controlar outra onda de náuseas.

ㅡ Sakura, sou eu. ㅡ Ino falou do outro lado. Mas em vez de se sentir confortada, ficou aflita. ㅡ Abre a porta.

ㅡ Já estou indo! 

Lavou o rosto rapidamente para apagar a expressão apática e abriu a porta em seguida. Ao encarar a amiga encontrou o cenho franzido e os olhos azuis exalando preocupação. Ia abrir a boca para perguntar o que ela queria, mas a amiga foi mais rápida empurrando-a para dentro do cubículo e trancando a porta novamente.

ㅡ O que você…

ㅡ Já chega! ㅡ cortou-a. ㅡ Você está apática há dias. Eu já sei o que aconteceu e não vou mais relevar sua situação.

Sakura quis se defender, mas se abrisse a boca, choraria com certeza.

ㅡ Está anêmica! Acha que não percebi suas idas ao banheiro? Está na sua cara.

Sakura ficou lívida, claro que não poderia esconder nada de Ino. Sentiu sua vista escurecer e a amiga logo a amparou, sentando-a no vaso. Passou as mãos no rosto.

ㅡ Já fez o teste? ㅡ perguntou. Poderia ser ou não. Ela sabia que tinha uma ínfima chance de ser outra coisa, mas duvidava. Eram os mesmos sintomas da gravidez de Sarada. Apenas negou com a cabeça. ㅡ Droga, Sakura. Por que é tão cabeça dura? Eu sei que é óbvio, mas se não estiver grávida, pode estar doente e precisamos descobrir o mais rápido possível.

ㅡ Tudo bem, tudo bem. Eu realmente estou sendo negligente. Eu vou fazer o teste. Só que isso deve ficar entre nós duas.

Ino bateu as mãos ao lado do corpo.

ㅡ Só pode estar de brincadeira! Seja racional, Haruno! ㅡ chamou-a pelo sobrenome de solteira. Só falava assim quando queria irritá-la ou estava irritada.

ㅡ Ino, por favor. Eu prometo que resolvo tudo depois. Agora preciso terminar o plantão. 

A loira suspirou frustrada com a teimosia da amiga.

ㅡ Às vezes tenho vontade de te bater, testuda!

ㅡ Porca!

ㅡ Testa de marquise!

Sakura riu.

ㅡ Chega! Já passamos tempo demais aqui. Vou comer alguma coisa e já volto para a ronda.

ㅡ Vou ficar de olho em você. Não pode salvar alguém se estiver em estado debilitado. Realmente se sente melhor?

ㅡ Sim. Acho que precisava de um chacoalhão.

Ino levantou uma sobrancelha em descrença e se virou para abrir a porta e sair do banheiro. Acompanhou a amiga até o refeitório e a fez comer sob sua supervisão. Sakura pareceu ter voltado à cor normal e até se sentia com mais energia.

As duas médicas descansaram por um momento até escutarem o som dos altos falantes, chamando-as para a emergência.

ㅡ Código azul? ㅡ as duas olharam rapidamente o page e correram pelo corredor.

Uma enfermeira vinha apressada com uma prancheta em mãos.

ㅡ A vítima sofreu um acidente na cidade vizinha, mas a mandaram em um helicóptero porque não tinham um hospital desse porte lá.

Sakura e Ino só tiveram tempo de assentir, antes que as portas do elevador se abrissem e os paramédicos passassem empurrando a maca. Ambas correram para socorrer.

ㅡ Acidente de carro. O carro ultrapassou a grade de contenção e despencou de uma altura de vinte metros. A vítima é uma mulher, estava sozinha. Usava cinto. Jovem, entre vinte e cinco e trinta anos. Possível traumatismo craniano ㅡ disse, um dos homens entregando a paciente para as médicas que logo começaram a examiná-la. ㅡ A polícia está tentando contato com a família.

O rosto da mulher estava irreconhecível. Um corte profundo no couro cabeludo indicava que havia batido a cabeça fortemente, o que pode ter ocasionado o traumatismo craniano. O cabelo dela estava completamente empapado, o que significava que ela havia perdido muito sangue.

Logo empurraram a maca para a sala ao lado, trocando a entubação e verificando a pressão e os batimentos cardíacos.

ㅡ A pressão dela está muito baixa! ㅡ Sakura disse e deu leve batidinhas na barriga da mulher. ㅡ Está muito dura. Ino, ela tem uma hemorragia interna. Precisamos de uma tomografia do corpo todo.

As duas se apressaram para levá-la. O estado dela era bastante crítico e qualquer segundo era de extrema importância.

Constataram costelas quebradas que haviam perfurado o pulmão direito, fazendo com que o mesmo se enchesse de sangue.

Ambas tinham que concordar que aquela mulher estava viva por um milagre, e tivera muita sorte de ter sido socorrida em tempo hábil. Tiveram que realizar uma cirurgia de emergência que durou algumas horas e conseguiram estabilizá-la momentaneamente.

Sakura sentia-se grata por Ino ter forçado-a a comer, ou não teria forças para auxiliá-la no tratamento daquela mulher. Sentia-se aliviada por ter dado a ela mais algum tempo de vida, e quem sabe ela sairia de lá saudável.

Deitou-se no sofá de descanso, totalmente exausta. Faltavam apenas poucos minutos para finalizar o seu plantão, queria tomar um banho e ir para casa.

ㅡ Sakura… ㅡ Ino a chamou, entrando na sala.

ㅡ O que foi? ㅡ perguntou sonolenta. ㅡ O que foi? ㅡ repetiu quanto não foi respondida.

Sakura tirou o braço dos olhos e se sentou.

ㅡ Ino… ㅡ falou alarmada, ao ver a expressão da amiga ㅡ O que aconteceu?

ㅡ A mulher que tratamos… nós a conhecemos.

Sakura se levantou num sobressalto. 

ㅡ Como?

Ino tentou pronunciar. Sabia que a notícia abalaria a melhor amiga.

ㅡ Hi-Hi-Hinata.

ㅡ O que? 

ㅡ Hinata Hyuuga!

ㅡ Não! ㅡ disse, em choque. ㅡ Não, não, não. Tem certeza, Ino? Aquela mulher estava entre a vida e a morte, não pode ser a Hinata. Ela estava por aqui há poucos dias.

ㅡ É ela sim. Acabaram de trazer os documentos que estavam junto aos pertences no carro.

Sakura caiu no sofá, cobrindo a boca com as mãos.

ㅡ Ela tem um filho ㅡ Sakura falou mais para si. ㅡ Onde está a criança?

ㅡ Eu não sei. A assistente social pediu para te chamar. Ela vai ligar para a família e quer que uma de nós dê a notícia.

ㅡ Família? Hinata morava sozinha em outra cidade. Acha que se importam com ela?

ㅡ Mas é o que deve ser feito.

Sakura bufou, frustrada. Estava atônita pelo estado dela a ponto de não reconhecê-la. Sentia-se estranha, angustiada. Queria chorar, mas não podia, não naquele momento. Tinha que ser a médica e a ética vinha em primeiro lugar.

ㅡ Naruto vai ficar arrasado ㅡ falou e Ino assentiu com um olhar tristonho.

Ele não sabia dizer o que realmente estava sentindo. Passou um bom tempo admirando a paisagem pacata de Suna, com o intuito de aplacar a raiva que lhe dominava. Depois sentou na cama e chorou feito um bebê em posição fetal. Chorou porque sentia-se injustiçado e prejudicado. Por um lado até podia entender o lado de Hinata. O que Shion tramou por capricho foi terrivelmente cruel. Ela não só separou seus caminhos, mas arrancou seu filho de seus braços. 

O pior de tudo era que ela continuaria ilesa, com sua vida fútil. E pensar que ele tentara dar uma chance a eles causava-lhe um asco profundo.

Burro.

Não sabia o que faria dali em diante. É claro que não tentaria tirar o filho de Hinata, não seria canalha. E sabia que teria que ter mais paciência para ser inserido na vida do garoto.

Sorriu ao lembrar a fisionomia dele. Eram idênticos. Seus pais iam adorar a notícia, apesar de com certeza estranharem a novidade. Seu padrinho amaria ter mais uma criança em casa, já mimava Sarada ao extremo.

A pequena sobrinha ia ter alguém com quem brincar. E ele agora podia falar sobre ser pai. Ele era um pai. O sentimento nascera tão prontamente em seu coração no momento exato em que assimilou a semelhança entre ele e o garoto. Isso lhe causava uma felicidade tremenda. Como se ele tivesse nascido naquele mesmo dia. E na mesma proporção, tristeza porque ele havia perdido quatro anos da vida dele. Para o menino, ele não existia e isso lhe doía.

Ele não pregou o olho. Sua mente o perturbara a noite inteira. Apenas levantou e tomou um café bem forte. Queria ver o menino. Conhecê-lo…

Pegou seu celular, totalmente esquecido em cima do criado mudo. Estranhou a infinidade de ligações e mensagens que recebera. Ele havia viajado sem avisar a ninguém, talvez fosse esse o motivo.

Ligou primeiro para Konohamaru. Apesar de ser um domingo, tinha que inteirá-lo da situação. Não teve que esperar muito, o amigo prontamente atendeu.

ㅡ Onde você se meteu?! ㅡ Konohamaru perguntou aos sussurros.

ㅡ Eu estou em Suna. O que aconteceu?

ㅡ O que?! O que raios foi fazer aí… aliás, não me interessa. Eu preciso de você aqui, agora! 

Konohamaru estava tão estressado que nem se passou por sua cabeça ligá-lo a Hinata.

ㅡ Aqui aonde?

ㅡ Como aonde, porra? Não leu minhas mensagens? No hospital de Konoha. 

ㅡ Não tem como, vim para resolver um problema.

Konohamaru respirou audivelmente.

ㅡ Naruto, eu preciso que venha agora. É urgente. 

Naruto protelou.

ㅡ Não posso…

Konohamaru suspirou novamente. Não sabia o grau de intimidade que ele tinha com Hinata. Quando ele conheceu Naruto, tudo já havia acontecido. Hinata já havia sumido da vida de todos e ninguém tocava nesse assunto. Ele não sabia o porquê o amigo tinha enfrentado a fase de depressão. 

Konohamaru sabia o que tinha que dizer, mas não queria. Não queria dar a notícia daquela forma, mas precisava.

ㅡ Naruto… a minha cliente… sofreu um acidente e foi internada no hospital de Konoha. Isso está uma confusão aqui e...

ㅡ Qual cliente? ㅡ cortou-o. 

ㅡ Lembra-se de sexta? O caso dos Hyuuga’s? É a minha cliente, a Hinata. 

Naruto riu.

ㅡ O que porra você tá falando, Konohamaru? Eu vi a Hinata há algumas horas aqui em Suna.

ㅡ O-o que? Eu to falando sério, cara. Ela sofreu um acidente pela noite e foi trazida às pressas para cá.

ㅡ Cara, isso não faz sentido. Você a viu?

ㅡ Não, mas… é ela Naruto! Os documentos dela estão aqui, vem logo!
ㅡ Tudo bem ㅡ confirmou, ainda sem acreditar. Desligou em seguida. 

Sentia-se estranho. Com certeza era um terrível engano ou… Konohamaru decidira ajudar Hinata de alguma forma. Afinal ele já estava no caso antes dele descobrir tudo.

Não havia pensado o suficiente sobre o próximo passo, não queria esperar mais nenhum segundo, mas primeiro confirmaria que Hinata estava são e salva em casa.

Pegou seus poucos pertences que havia levado consigo e foi rumo novamente à casa de Hinata. 

Uma ansiedade lhe dominava. E se realmente fosse ela no hospital, o que faria? Não, impossível que fosse!

Chegou à casa dela e bateu na porta. Aguardou alguns minutos, mas ninguém apareceu. Bateu nas janelas e uma sensação ruim apertava seu peito. O carro não estava na calçada, mas podia estar na garagem. 

Foi até a casa ao lado, onde viu Hinata deixar o filho e tocou a campainha. Não demorou para ser atendida.

Kurenai abriu a porta e ficou estupefata assim que encarou Naruto.

ㅡ Você é… ㅡ as palavras morreram em sua boca.

ㅡ A Hinata está? ㅡ perguntou, aflito, torcendo os dedos.

Kurenai continuou em silêncio, ainda em choque.

ㅡ Ela… não está ㅡ conseguiu dizer.

ㅡ Sabe se ela volta logo?

ㅡ Não… na verdade ela foi resolver algo urgente em outra cidade ㅡ falou, sem querer dar mais detalhes. Afinal, não sabia o que o homem iria querer com Hinata depois de anos.

A sua resposta atingiu Naruto que apenas balançou a cabeça e se afastou sem nem se despedir. Correu, sentindo dores no tornozelo, ainda inchado.

Precisava confirmar com os próprios olhos. E o filho? Onde estava? Estava junto dela?

Não teve coragem de ligar para Konohamaru, ou não saberia dizer se chegaria vivo em Konoha. Sentia seu coração acelerado.


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Notas finais do capítulo

Ai que dó do Naruto :( Um turbilhão de coisas prestes a acontecer... aguardemos kkkk É provável que poste um capítulo de hoje para amanhã, para compensar a demora desse. Fiquem atentos! Até a próxima!



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