Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 10
Capítulo 10 - Maus entendidos


Notas iniciais do capítulo

No capítulo de hoje, temos revelações e explicações... Boa leitura!



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Seu celular vibrou indicando uma mensagem.  

"Preciso te falar algo urgente".

Era de Sakura. 

Ele havia encontrado ela no hospital mais cedo, e a mesma havia tratado sua torção. Naruto tinha notado algo bem estranho no comportamento da prima que parecia muito dispersa. Mas estava tão mal que não teve vontade de perguntar o que tinha acontecido.

Hinata havia dado um motivo incontestável para suas atitudes. Mas mesmo compreendendo, ele achava que tinha algo mais. Havia errado em esconder aquilo dela e sabia disso.

Na época, Shion o havia beijado quando interpretou as coisas entre os dois errado e havia o implorado para que não contasse nada à Hinata e ele não contou.

Eles não estavam bem, vinham brigando constantemente e, por isso, ele não quis causar um mal desnecessário, seria um abalo na confiança dela e talvez eles dois não durassem depois daquilo.

Mas aquilo acabou sendo  o estopim. Ela sabia. De alguma forma ela sabia. Mesmo estando em outro lugar quando aquilo aconteceu, ela sabia. E ela saber daquilo estava fazendo-o quebrar a cabeça. Apenas Shion poderia ter contado, não havia como outra pessoa ter visto ou contado a ela.

"O que?", respondeu, já sem ânimo. Nada do que ela dissesse poderia consertar aquilo.

"Preciso falar pessoalmente". Estranhou o tom direto e monótono. Parecia ser algo corriqueiro. Naruto jogou o celular para o lado. O que poderia ser tão urgente? Mas seja lá o que fosse, teria que esperar até amanhã.

Tentou dormir, mas a insônia o abateu. Ele rolou pela cama. Encenou diálogos em sua mente que pudessem justificar o que aconteceu, mas sabia que ela não acreditaria. Quem acreditaria? Era muito conveniente. Que frustrante!

Levantou-se da cama de supetão e olhou o relógio de cabeceira: uma hora da manhã. Não era tão tarde para uma visita à Sakura. Precisava conversar com ela.

Saiu da cama num pulo, vestindo uma calça e blusa rapidamente. Iria até ela.

Chamou um táxi, estava com o pé enfaixado, não poderia dirigir. Foi confabulando maneiras de dizer tudo a prima, para que pudesse ajudá-lo. Ela iria querer matá-lo tendo ele culpa ou não pelo beijo.

Ainda no carro, viu Sakura sair a passos duros de casa, batendo a porta com força e entrando no próprio carro estacionado na calçada da garagem. Provavelmente iria para um plantão. Frustrou-se.

Ainda chegou a abrir a porta do táxi e gritar por Sakura, mas ela simplesmente o ignorou e ligou carro, olhando para frente. Daquela distância não dava para definir suas expressões, mas ele entendeu que tinha algo errado quando Sasuke saiu desesperado a tempo de vê-la ligar o carro e sair cantando pneus.

Que dia de merda.

Naruto pagou o táxi ainda assustado e foi mancando até o amigo.

ㅡ O que você fez? ㅡ perguntou, porque sabia que ele era a única pessoa que causaria aquela reação na prima.

ㅡ Ela deixou a Sarada. Ela foi embora e deixou a Sarada ㅡ Sasuke repetia, em choque, olhando por onde o carro tinha sumido. 

ㅡ O que tá acontecendo, teme? ㅡ Colocou as mãos no ombro do amigo, tentando trazê-lo a si.

ㅡ Sakura quer o divórcio… ㅡ Sasuke engoliu em seco, o bolo queimando em sua garganta. Uma lágrima escapou.

Naruto emudeceu. Sasuke não era o tipo de cara emocional. Na verdade ele nunca o havia visto sequer derramar uma lágrima. Era a primeira vez.

ㅡ O que você fez? ㅡ repetiu. ㅡ O que porra você fez, teme? A Sakura nunca deixaria Sarada assim, desse jeito.

Ele enxugou as lágrimas rapidamente e voltou para dentro em desespero, procurando pelo celular. Pegou-o em cima da poltrona. E quase caiu para trás quando viu o que fez Sakura explodir.

Karin, sua colega de trabalho, havia mandado um texto de desculpas por tê-lo beijado após ele espantar um ex-namorado e levá-la para casa.

Ele jogou o celular na parede.

ㅡ O que tá acontecendo, porra?!

ㅡ Ela entendeu tudo errado! ㅡ Sasuke puxou os próprios cabelos como forma de autoflagelação. Aquilo tinha virado uma bola de neve.

Há meses Sakura tinha simplesmente cismado com Karin e estava extremamente ciumenta. Ela havia visto os dois conversando algumas vezes quando passava pela delegacia por algum motivo. Algo no comportamento de Karin não a agradara, e ela vinha implicando desde então.

Há semanas, Karin tinha terminado com o namorado e vinha procurando Sasuke para desabafar, o que fez Sakura flagrar mensagens muito suspeitas.

 

Sakura sobressaltou-se com o celular na mão após ler as mensagens de Sasuke.

ㅡ O que isso significa? ㅡ balançou o aparelho na frente dele, foi o suficiente para que entendesse o que queria dizer.

ㅡ Você está lendo minhas mensagens? ㅡ perguntou, querendo mudar o foco da conversa. Estava ficando saturado daquelas discussões.

ㅡ Você quer ficar com ela, Sasuke? ㅡ insistiu.

ㅡ Querida, não é nada disso. Só estava tentando ajudá-la.

ㅡ E você é guru de relacionamento agora? Ela pode se virar sozinha. Você é casado comigo, e dá mais atenção a ela. Se ela precisa, te tem nas mãos. Não tem sentido você continuar comigo se quer estar presente o tempo inteiro para outra mulher.

ㅡ Sakura, tenta me ouvir. Uma amiga precisou de mim e eu ajudei. Foi só isso.

ㅡ E onde você estava quando eu te liguei? Eu também precisava de alguém.

Sasuke ficou mudo. Tudo que falasse seria usado contra si mesmo. 

ㅡ É disso que eu estou falando ㅡ seus olhos lacrimejaram e ela correu escada acima. Sasuke a seguiu.

ㅡ O que está fazendo?

ㅡ Indo embora. ㅡ disse, puxando uma mala do guarda-roupas. ㅡ Eu to cansada. Toda hora você tem que dar assistência à pobre Karin, que não tem família. Mas quando eu preciso de você, nunca está disponível. Eu cansei, Sasuke. Você é um homem casado e ela não leva esse detalhe em consideração e, pelo visto, nem você. Pode ficar com ela, eu vou embora e vou levar minha filha.

ㅡ Você enlouqueceu? Nós não temos nada, Sakura. Ela é só uma colega de trabalho e você é minha esposa.

ㅡ Já evoluímos, de amiga, ela caiu para colega de trabalho ㅡ debochou, batendo palmas.

ㅡ Não seja irônica comigo. Eu não vou deixar você ir. ㅡ Se colocou diante da porta como se fosse impedir qualquer decisão dela. Sakura o encarou, exausta tanto emocionalmente quanto fisicamente. Tinha acabado de sair de um plantão de 24h, onde perdeu um paciente, com quem vinha lutando há semanas. Tentou dizer alguma coisa, mas nada saiu. Queria ter forças para fazer o que disse, mas não tinha. Não naquele momento. Um soluço escapou por seus lábios, ela estava magoada.

Sasuke se abaixou abraçando-a  e disse que ficaria tudo bem. Sakura deveria estar esgotada e frustrada pela perda e por isso estava tão sentida. Nos dias seguintes tentou compensá-la, mas não durou e voltaram a se distanciar.

 

Naruto simplesmente sentou e apertou as têmporas tentando processar. Não tinha o que falar. Entendia a prima, no fim ela estava certa sobre Karin.

Queria dar um soco em Sasuke, mas as coisas não eram mais simples assim. Um soco por um coração partido. Nesse caso, um casamento estava em jogo e não sabia se teria conserto. 

A linha de amizade entre um homem e uma mulher era muito tênue e ele mais do que ninguém conhecia as consequências. Seria hipócrita da sua parte julgá-lo antes de entender toda a história.

ㅡ Tem certeza que você não retribuiu? ㅡ perguntou.

ㅡ Naruto, eu jamais faria isso. Eu realmente pensei estar ajudando Karin, mas pelo visto só piorei. Ela estava fragilizada, é uma pessoa sozinha, eu devia ter previsto.

Sasuke estava muito transtornado. Totalmente fora da sua máscara impassível de sempre. Estava muito preocupado e muito culpado. Um peso parecia estar em seus ombros.

ㅡ Calma! ㅡ ele disse. ㅡ Ela não vai ficar longe da Sarada por muito tempo. Deixe-a digerir. Deve estar decepcionada. ㅡ Passou as mãos pelo rosto. ㅡ Amanhã eu tento procurá-la e vejo o que posso fazer. Até lá, mantenha-se bem, pela Sarada.

Sasuke assentiu. Naruto se levantou para ir embora e deu dois tapinhas no ombro do amigo. Ele teria uma noite de cão.

Neji tentou se esconder a todo custo do tio. Sabia que uma discussão se formaria quando ele visse seu estado e ele pretendia adiar o máximo possível o confronto. Mas aquele não era seu dia de sorte.

ㅡ Neji ㅡ a voz imponente de Hiashi soou do escritório, enquanto ele atravessava a sala para a saída. Ele se amaldiçoou por não ter saído pelos fundos.

ㅡ Sim, tio ㅡ respondeu, ainda do lado de fora. ㅡ Precisa de algo?

ㅡ Que venha até aqui.

Ele praguejou e adentrou o escritório com receio.

ㅡ Mas o que raios aconteceu com você? ㅡ sua expressão se contorceu em nojo assim que viu os hematomas espalhados pelo rosto do sobrinho.

ㅡ Me meti em uma briga. ㅡ Foi sucinto, querendo não dar detalhes sobre o que aconteceu.

ㅡ Enlouqueceu? Como quer passar seriedade para assumir o conselho se não se porta como tal? ㅡ ralhou. ㅡ Como vai aparecer assim na empresa?

ㅡ Foi por um motivo pessoal.

ㅡ Não me importa porque foi. Espero que não se repita, ou eu mesmo o tirarei do cargo.

ㅡ Não faria isso ㅡ suspirou, para não explodir. Estava aturando as atitudes mesquinhas do tio há bastante tempo. Ele não era um subordinado.

ㅡ Tente me contrariar novamente.

ㅡ Não pode controlar minha vida ao seu bel prazer, tio. Está indo longe demais, assim como já foi com Hinata fingindo esse ataque cardíaco ㅡ gritou. Talvez ele estivesse do lado errado tendo que acobertar atitudes inescrupulosas.

ㅡ Fale baixo, moleque ㅡ vociferou. ㅡ Quem pensa que é?

ㅡ Um Hyuuga, igual a você. Não sou mais uma criança desprotegida, que precisa aceitar suas vontades. Não vou permitir que passe por cima de mim, igual quer fazer com a própria filha e neto.

ㅡ Ela deixou de ser minha filha quando foi embora com aquele bastardo. Não ouse dizer que aquele garoto faz parte dessa família. O que acontecerá com Hinata ficará de exemplo. Vou tirar aquela criança dela, nem que seja a última coisa que eu faça. ㅡ Bateu na mesa com força para extravasar sua raiva. Estava farto da pressão do conselho, que estava em seu encalço exigindo a presença de Hinata. Ele mesmo mandara Hanabi à filial na Europa para acalmar os ânimos por lá. Mas parece que a presença da filha mais nova no lugar da outra irritara ainda mais os acionistas.

Neji balançou a cabeça chocado. Achava que estava ajudando-o a se reaproximar da filha, mas suas intenções eram cruéis. 

ㅡ Acho que está louco ㅡ falou e deu as costas se afastando. Ele mesmo acabaria com os planos do tio.

ㅡ Neji! ㅡ gritou, levantando-se da mesa para segui-lo. ㅡ Volte aqui agora mesmo!

Ele não deu importância e saiu porta a fora, estacando logo em seguida. Seus olhos arregalados exclamavam surpresa.

Hinata o encarava com os olhos marejados, em choque por tudo que escutou.

ㅡ Hinata… ㅡ foi só o que saiu de sua boca antes da prima dar as costas e sair a passos largos.

Assim que amanheceu ligou várias vezes para a prima, que não o atendeu. Pensou em ligar para Ino, mas mesmo que soubesse de algo, ela não diria nem sob tortura.

Antes que ligasse mais uma vez, uma mensagem de Sakura chegou em seu celular. Ele apenas correu em seu encontro, mesmo que não soubesse o que dizer a ela. Sabia que se defendesse Sasuke, ela o expulsaria sem ouvi-lo. Mas precisava tentar fazer alguma coisa.

Bateu na porta que foi aberta logo em seguida, como se ela já estivesse aguardando.

ㅡ Você está péssima ㅡ disse, impulsivamente. Sakura revirou os olhos, já estava acostumada com o comportamento impulsivo do primo, mas não podia discordar. Seus cabelos estavam recém molhados. As olheiras bem mais escuras e a pele branca, mais pálida. 

Deu espaço para ele entrar no apartamento que era dela, antes de se casar.

Naruto não deixou de notar tudo bem arrumado, parecia até que ela vinha morando lá.

ㅡ Quer um café? ㅡ perguntou, tentando iniciar uma conversa.

Naruto balançou a cabeça em negativa.

ㅡ Eu te vi ontem, quando você… saiu.

ㅡ Eu sei, eu te escutei.

Ficaram em silêncio.

ㅡ O teme está preocupado.

ㅡ Ele que vá para o raio que o parta.

ㅡ Sakura, e a sua filha? Vai se ausentar da vida dela também?

ㅡ Não posso ser a mãe dela agora, Naruto. Não quero que ela me veja assim. Alguns dias afastada será melhor para ela também.

Naruto bufou. Sakura era uma tremenda cabeça dura. O teme era especialista em teimosia, mas a Sakura conseguia superá-lo.

ㅡ Mas não foi para discutir isso que te chamei aqui...

Naruto ficou mudou, aguardando que ela continuasse.

ㅡ O amor não é tudo, Naruto. Ainda que sinta algo arrebatador, não é suficiente. É preciso muita dedicação e compreensão na vida a dois, e depois dos filhos, pensamos mais neles do que em qualquer outra coisa.

ㅡ Aonde quer chegar com isso? ㅡ perguntou, confuso. Pois o discurso parecia bem contrário às últimas atitudes.

Sakura suspirou, era melhor dizer de uma vez.

ㅡ Hinata tem um filho ㅡ contou. Naruto demorou a assimilar a informação. Parecia que Hinata e filho na mesma frase não se conectavam.  Não fazia sentido. Sua mente entrou em uma letargia, como se estivesse sonhando ou desejando veementemente que aquilo fosse um sonho. ㅡ E parece que se casou, não sei. Ela deu a entender isso em meias palavras. Não sei se estão juntos ainda, mas o que quero dizer é: a família é importante. O casal em si talvez não tenha tanta força, mas a família sim. E depois de tudo que aconteceu ontem, eu só posso reforçar isso, Naruto. Por favor, esqueça a Hinata de uma vez.

ㅡ Casada? ㅡ repetiu, sentindo uma dor invadir seu peito. Era como se tivesse perdido algo valioso. A sensação de ter sido roubado. Seus joelhos cederam e ele caiu sentado no sofá. ㅡ Filho? C-como você soube?

ㅡ Pela própria Hinata ㅡ afirmou. Naruto sentia-se perdido, preso em outra realidade. Queria negar, mas era a Sakura dizendo que ouviu da própria Hinata.

Sakura observou o primo em choque. Era melhor que soubesse por ela, do que continuar insistindo em algo que já não tinha conserto. Hinata tinha sua vida e já tinha problemas demais.




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Notas finais do capítulo

Agora o circo vai pegar fogo hahaha Já iniciei o próximo capítulo e pretendo postar logo, se tudo der certo kkkk Comentem o que acharam!
Até a próxima!



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