As duas passaram grande parte da noite percorrendo as ruas movimentadas de Salém, passando em hotéis, bares e restaurantes, perguntando se alguém havia visto um menino ruivo e alto, mas não havia nenhum sinal, nenhuma pista de Sebastian.

Ele parecia ter desaparecido, dissolvido no ar. Era como procurar uma agulha em dez quilos de palheiro.

Uma missão impossível.

Era perto da meia-noite, quando Alexandra parou sua moto na lateral da Mansão Blackwaters, distante o suficiente da casa para não levantar suspeitas, mas no local perfeito para as duas ficarem juntas sem serem incomodadas.

Selena parecia mais murcha do que quando tinha saído para o seu primeiro encontro. Uma espécie de lamparina sem vela, como se algo dentro dela estivesse faltando.

— Obrigada, Alex — Falou Selena, cansada demais.

— De nada, baixinha — A voz de Alexandra era serena e preocupada, segurando os ombros da garota com firmeza, temendo que ela desmoronasse — Tem certeza que não quer que eu fique aqui?

— Está tudo bem… Minha mãe e minha avó estão aqui e eu vou só dormir… — Sussurrou, encolhendo-se em seu moletom — Desculpa estragar o nosso primeiro encontro…

— Podemos tentar outra vez — Afirmou, sorrindo de leve, sentindo seu corpo fraquejar ao ver a tristeza que cobria a aura de Selena — Ele vai aparecer, Lena.

— E-Eu espero.

— Ele vai, não se preocupe — Repetiu-se, tocando a face fria da garota. Alexandra queria beijá-la até que sua dor passasse — Entre e descanse um pouco, combinado?

— Alex? — Chamou criando coragem para encará-la — Me beija.

A loira engole em seco, sentindo suas pernas vacilarem.

— Hum… — “Olha eu, mais uma vez, pagando o papel de trouxa e idiota”, pensou, se desvencilhando do toque quente de Alexandra — Deixa para lá, eu só… 

Antes que pudesse terminar de falar, sua boca é selada pelos lábios macios de Alex, que pareciam saborear aquele momento mais do que deveriam. A loira desce suas mão para a cintura da mais baixo, apertando-a e puxando-a para mais perto, diminuindo todo e qualquer espaço entre elas. Se ela não se controlasse, era capaz de descobrir aos beijos cada pedaço de pele de Selena.

Sua língua invadiu a boca da bruxa com cuidado, tentando ter o máximo de certeza possível de que poderia fazer aquilo. Quando Selena deu a passagem, o beijo se intensificou e, com carinho, Alex mordiscou o lábio inferior da mais baixa, escutando-a arfar de desejo. Os seus gemidos abafados eram como música para seus ouvidos e, aos poucos, Selena aquecia e derretia sob seu toque.

— Lena — Sussurrou, mal reconhecendo a própria voz.

Seus lábios percorriam a linha crucial entre o pescoço e a clavícula, arrancando suspiros da ruiva. Alex queria mais, tocar a pele quente de suas costas não era o suficiente. As bocas das duas se encontraram novamente e o desejo entre as pernas de ambas queimou tão forte que poderia consumi-las por inteiro. Selena enroscou seus dedos nos cabelos sedosos de Alexandra, impedindo que ela parasse de beijar para respirar, a bruxa estava sedenta pelo seu toque.

Por mais que parecesse errado, a bruxa precisava daquilo. Era forma dela esquecer que seu irmão poderia aparecer numa vala qualquer no dia seguinte. Alexandra era como sua calmaria no meio da tempestade que era o mundo bruxo.

— Tem alguém em casa? — Uma voz conhecida chama.

Selena dá um salto para trás, afastando-se por completo de Alexandra, sentindo seu coração bater tão rápido que parecia estar tendo um ataque cardíaco.

— É a Milla — Sussurrou, limpando a saliva ao redor de sua boca — Você precisa ir.

Um sorriso malicioso assume as feições de Alexandra, ela não queria parar. Puxando Selena pela bunda, ela a beija novamente.

— Vamos repetir isso, não vamos?

A bruxa assente, empurrando-a com cuidado e apontando para sua moto.

— Depois eu te ligo — Murmurou, mordendo seu lábio inferior — Vai!

— Promete? — Instigou, a luxúria brilhava em seus olhos.

Selena revira os olhos, apontando para a saída.

— Chata — Atiçou enquanto sumia da propriedade.

Com um sorriso no rosto, Selena se encaminhou para a parte da frente da casa, onde ficava a porta de entrada principal. Jamilla parecia estressada, o seu cabelo estava cheio de folhas, como se tivesse nadado em um gramado. Suas roupas estavam sujas de lama e…

Ela engole em seco, a alegria escapa de seu corpo como se fosse o gás mais volátil do mundo.

— Sangue…

— Lena?

— Milla, o que houve? — A garota indaga, indo em direção a porta da frente.

— Eu sei que deve estar ocupada com o seu irmão, mas…

— Desembucha.

— É o Boxer.

— O que houve com o seu irmão?

— Meio-irmão — Ela protesta, fazendo Selena revirar os olhos — Precisa vir comigo.

— Milla, me diga o que aconteceu.

— E-Eu…

Ela trava e Selena é capaz de ver o corpo magro da garota tremer. Jamilla desvia o olhar, prendendo umas de suas tranças em seu dedo, cerrando o maxilar. A bruxa toca a garota, sentindo a pele fria, ou melhor, congelada de sua amiga. Se Selena não estivesse certa de que Milla estava viva, parada ali, em carne e osso, falando, ela poderia ser considerada morta, pois sua carne estava tão gélida que parecia um cubo de gelo.

— Você está congelando... — Tenta falar, mas é rapidamente silenciada.

— Eu acho que o matei… — Ela sopra, tão rápido quando um ataque cardíaco fumegante