Esposa de Aluguel escrita por Regina Rhodes Merlyn, Marielle


Capítulo 5
And I….love her??


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao último capitulo dessa short que me deu o maior prazer escrever. E antes que me esganem, sim, teremos um epilogo. O capitulo ficou muito grande (este já é o maior dos quatro) então resolvi dividi-lo. Semana que vem, junto com capítulos de outras fics regulares (várias, se tudo der certo!!).
Aqui, vamos acompanhar as festas natalinas na residência tranquila dos Rhodes. Não me prendi a festa de aniversário porque achei melhor o clima natalino, embora esse não tenha sido a idéia central da fic. A comemoração pode vir a ser recordada durante o epilogo (há um trecho mas não sei se manterei).
E chega de papo furado! Vamos ao que interessa.
Grata pelas lindas rewiews passadas (responderei a todas até amanhã, sem falta). Espero suas rewiews e opiniões . Boa leitura. Bjinhos flores.
P.S: The Beatles despedem-se aqui. O epilogo terá outra trilha sonora.
P.S 2: a resposta a pergunta titulo tbm no epilogo



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“I give her all my love;

That’s all I do;

And If you saw my love;

You’d love her too;

I love her;

She gives me everything;

And tenderly;

The kiss my lover brings;

She brings to me;

And I love her….”

And I Love Her

The Beatles

Manhattan Mall, área de alimentação (quarta-feira, 13:33 p.m)

Antevéspera de Natal

—Não é que eu esteja reclamando, nem tenho esse direito, mas Connor bem que poderia ter uma atitude mais firme. Afinal, para todos os efeitos ele é meu marido, poxa! - queixa-se Sarah, brincando com sua taça de sorvete -Pior, somos praticamente recém casados!! Seria de se esperar que não fosse dar trela a outras mulheres, correto!?! - questiona, inclinando a cabeça para ver a filha, que brincava com os primos no playground ali perto.

—E ele está dando? - sua irmã mais velha, Megan, pergunta, apoiando o rosto na mão, cotovelo à mesa.

—Sim....mais ou menos - hesita a barista, deixando escapar um suspiro cansado - Não é que ele faça de propósito ou incentive, mas também não dá um basta às avançadas delas, entendem? - questiona, olhando as irmãs alternadamente.

—Mais ou menos - Megan admite, pensativa- Me corrige se estiver enganada: não foi justamente para evitar este tipo de assédio que ele te contratou? - faz aspas no ar, encarando-a.

—Não exatamente - respondeu, franzindo o nariz - Na verdade, quando me propôs  ajudá-lo, disse apenas não querer ser o alvo das armações casamenteiras da mãe, da avó e da tia avó. Quem me alertou sobre as tais primas foi a irmã dele, Claire - esclarece.

—O que Eu não entendo é porque raios foi aceitar participar dessa farsa ridícula!! - sua outra irmã, Danielle protesta - Se estava precisando de dinheiro poderia ter me ligado. Ou para Megan. Sabe que pode contar conosco sempre, para o que der e vier - assegura.

—Com toda certeza!! - corrobora Megan, silenciando o protesto iminente de Sarah ao erguer o indicador, inclinando-se minimamente, soltando a voz -Gregory e Josh Welton Reese, não se atrevam puxar o cabelo de sua irmã!! - adverte, ambos  garotos estancando, olhando-a desafiadoramente - Não me façam ir até aí!! - diz, em tom ameaçador, os meninos dando de ombros, sorrindo marotamente antes de girar nos calcanhares e sair correndo para a piscina de bolinhas - Samantha, largue esse maldito celular e preste atenção em seus irmãos se não quiser ficar de castigo em pleno Natal- ameaça, a menina abaixando o aparelho, emitindo um suspiro pesaroso antes de obedecer - Por que aceitou participar dessa farsa, afinal? - reforça, dando atenção a Sarah novamente.

—Não estou nisso pelo dinheiro, embora seja uma quantia respeitável - confessa a barista - Evidente que não hesitaria em pedir-lhes, se estivesse precisando - assegura.

—Então por que?? - Danielle insiste estreitando os olhos, desconfiada - Tem algo para nos contar? - questiona, emendando antes que respondesse - Sofia é Mesmo filha daquele babaca do Daryl não é? - pergunta de repente.

—O quê? Claro que é!! Como pode perguntar uma coisa dessas? - Sarah questiona, magoada.

—Não se zangue, maninha. Não estou levantando dúvidas sobre seu caráter ou coisa do gênero - tranquiliza-a - Foi só um pensamento que me ocorreu. Uma esperança, na verdade, de que Sofia pudesse ter um progenitor melhor do que aquele cretino - confessa.

—Por que pensou isso? - quer saber a barista, enrugando o cenho.

—Você falou que Connor estava em Vegas no mesmo período que vocês então pensei: vai que ela saiu para espairecer, depois de uma briga, e rolou algum lance do qual não lembra!?! - teoriza- Ora, pode acontecer. Tá cheio de casos assim por aí. E você mesma nos contou ter saído sozinha, algumas vezes, após uma discussão mais aguerrida - relembra ante o espanto das irmãs.

—Sim, mas nunca trai Daryl, nem mesmo quando ele mereceu  - garante, chateada.

—Pena!! - Danielle lamenta, corrigindo-se ao sentir o chute por sob a mesa - Quer dizer, desculpa, Sarah. Bobagem ter pensado isso - pede, esfregando a canela.

—Idiotice, eu diria - Megan ralha, séria.

—Pode ser, mas admita que ela ter concordado em participar dessa farsa é bastante estranho, ainda mais não sendo por grana...a não ser que esteja apaixonada - supõe.

—Eu Não estou apaixonada e definitivamente não existe a menor possibilidade de Connor ser o pai de Sofia! -Sarah declara, taxativa.

—Certo, certo, já entendi. Não zangue comigo!! - Danielle pede, fazendo biquinho.

—Então pare de elaborar teorias malucas! - Megan reclama, empertigando-se a fim de ver as crianças, voltando-se para Sarah outra vez - Qual sua motivação, afinal? Porque eu jamais pensaria em você aceitando este tipo de coisa - declara, a barista franzindo o nariz em uma careta.

—Sendo sincera com vocês, também não sei porque concordei - confessa, mordendo o canto da unha - Tá certo que, depois de conhecer alguns membros da família, entendo, em parte, o porquê de ele não querer comparecer a essa reunião  - reconhece.

—São tão ruins assim? - Danielle quer saber.

—Ruim não é bem o termo - Sarah responde, ponderando um segundo - Alguns deles são, como direi, dedicados demais, amorosos demais, preocupados demais em fazer com que todos sejam felizes e bem sucedidos. A avó e a tia-avó dele, em especial - exemplifica, sorrindo ao lembrar delas -Elas enfiaram na cabeça que precisam garantir a seus netos, sobrinhos-netos e demais parentes mais jovens, encontrar sua cara metade, como admitiram abertamente, antes de elas morrerem, o que têm certeza irá acontecer em breve - conta, fazendo as irmãs rirem.

—Qualquer semelhança com uma certa senhora Joan Reese não será mera coincidência!! - brinca Danielle, fazendo menção avó delas - Sabia que até hoje ela não me perdoou ter te apresentado ao Daryl? - revela, Sarah abrindo a boca surpresa - Sempre que surge a oportunidade, me dá uma alfinetada - conta, rindo com o canto da boca - Para ser franca, também não me perdoo- admite, desgostosa.

—Não vejo porque. Fui eu quem insistiu para você nos apresentar, e quando começamos namorar, tentou me avisar sobre ele. Eu quem escolheu não ouvir- relembra Sarah, amarga, voltando-se para o playground, buscando a filha com o olhar - A única coisa boa disso tudo está bem ali. Minha garotinha linda e esperta!! - exclama, com olhos brilhantes.

—Ele nunca te procurou ? - Megan pergunta, indignando-se quando ela confirma com um aceno - Que babaca, idiota! - xinga, surpreendendo-as - Eu sei, eu sei, não costumo xingar ou depreciar ninguém, mas para ele abrirei uma honrosa e merecedora exceção - diz, provocando risos.

—Pois nem isso ele terá de mim. Prefiro ignorá-lo - Danielle declara solenemente - Mas voltando ao assunto marido gostosão, me diz aí, tem certeza de que não sente nada por ele? Nem um tantinho assim? - insiste, exemplificando com os dedos.

—Não e agradeço se parar de tentar enfiar minhocas na minha cabeça!- Sarah pede, levemente irritada - No máximo rolou uma empatia, solidariedade, porque sei como é sentir-se acossado ou ouvir insinuações do tipo: Ainda não casou? Por que? Olha que o tempo tá passando !! Não vai querer chegar a velhice sozinha, vai? - enumera, imitando a voz da avó paterna.

—Nossa, Sarah, senti até arrepios agora!! - Megan exclama, esfregando os braços - Você sempre conseguiu imitá-la direitinho - diz, fazendo-a rir.

—Está querendo enganar a quem: a ele ou a você? - persiste Danielle, não dando a ela chance responder - Sarah, eu vi como se olharam quando ele te deixou mais cedo. Deu pra sentir a vibe no ar. Pode até não estar rolando nada ainda, mas a vontade está presente, visível a quem olhar com mais atenção - assegura, tranquila - Aliás, deve ter sido por isso que as priminhas partiram para o ataque. Perceberam que ele está apaixonado por você....

—Ele não está apaixonado por mim!!! Para de fantasiar - Sarah rebate firmemente - Diz pra ela parar Megan - pede, voltando-se para ela.

—Geralmente eu te apoiaria..- ela começa, erguendo o canto da boca em um meio sorriso travesso -, mas neste caso, estou de pleno acordo com Dani! - exclama, tocando a mão estendida no ar.

—Que bicho te mordeu hoje? Cadê aquela mulher prática que amo?? - Sarah resmungou, cruzando os braços à frente do peito - Olha só, ninguém está apaixonado por ninguém e se soubesse que iriam ficar de zoeira, teria deixado vocês pensarem que somos mesmo casados. Já estou me arrependo não ter feito isso! - sopra, empertigando-se - E também não teria me queixado do assédio delas. Sério gente, me ajudem a não passar recibo de otária diante dos Rhodes, é tudo que peço. Como iria sentir-se, Megan, caso estivesse acontecendo com você?? - questiona-a.

—Isto jamais aconteceria porque Roger tem amor a própria vida! - declara, taxativa, prosseguindo logo em seguida -Hipoteticamente falando, caso estivesse em seu lugar, eu teria uma conversa franca com ele. Diria como estou me sentindo e o intimaria tomar uma atitude ou iria embora - sugere.

—Pois eu aproveitaria a primeira oportunidade para deixar bem claro que ele tem dona e que piranha nenhuma, seja ela parente ou não, tem vez! - Danielle declara calmamente - E, desculpa o que vou dizer minha irmã, mas não é unicamente culpa dele. Você também é responsável - acusa, explicando-se - Veja bem, como disse a pouco, diante dos Rhodes vocês são recém casados, têm uma filhinha juntos e estão tentando construir uma relação, correto? - interroga.

—Sim, mas…

—Então haja como uma esposa, droga! - bufa, batendo as mãos na mesa, Sarah piscando, surpresa - Deixe claro não estar gostando da situação. Não precisa fazer uma cena. Basta deixar claro que ele não está disponível. Agora ele é seu e...

—Mas ele Não é meu!! - rebate Sarah, cortando-a.

—Ah, é sim. Por quinze dias ele é - a corrige - E você é dele. Ao menos para aquelas pessoas lá….A exceção da irmã e do namorado, claro - lembra - E se fosse ao contrário? Se algum primo dele resolve dar em cima de você, como seria? Aposto que o bonitão não iria gostar nadinha - teoriza.

—Verdade - Megan corrobora novamente - Vocês criaram uma história bastante crível, a meu ver, logo devem estar fazendo algo errado para ter levantado suspeitas e precisam corrigir rápido, caso contrário serão descobertos antes mesmo de o Natal acabar - aconselha.

—Isso. Ou vai ser o mico do século!! - Danielle exclama.

—Pagar mico nem é problema - Megan rebate, séria - O que me preocupa é o que irão pensar e principalmente o que podem cogitar fazer contra você - afirma, tensa - Esses Rhodes são pessoas influentes e nunca é bom comprar briga com gente assim - alerta, fazendo Sarah estremecer ao lembrar o olhar de Cornélius Rhodes quando foi apresentada a ele - E desde já aviso: se alguém se atrever te destratar, vai se ver comigo. Não hesitarei em rachar algumas cabeças, especialmente a dele!!! - bufa.

—Fico emocionada por sua preocupação, mas eu prefiro que não machuque ninguém, Mags - declara a barista, dando dois tapinhas no antebraço da irmã- E não permitirei ninguém me destratar, fique tranquila. Quanto a estarmos fazendo alguma coisa errada, honestamente, nem imagino o que possa ser - confessa, mordendo o lábio, insegura.

—Pois eu até faço uma vaga idéia, a julgar pelo que nos contou- Danielle assegura, fazendo Sarah arquear a sobrancelha - Megan, quantas vezes durante o dia você e Roger dizem eu te amo um para o outro? - pergunta, não deixando-a responder - Esquece. Nem todos casais dizem isso com frequência - corrige-se, prosseguindo - Mas trocam afagos, carinhos, dizem coisas boas um para o outro…

—Se beijam - o comentário de Samantha as faz voltarem-se, deparando-se com as três meninas paradas perto da mesa.

—Como é? - o trio inquere em uníssono

—Se beijam, mãe  -Samantha repete, sorridente - E se abraçam. O tempo todo. Você e o papai fazem isso muitas vezes durante o dia, todos os dias. É até meio enjoativo, se quer saber - diz, fazendo careta.

—Tão sempre se beijando e fazendo assim, oh....- a pequena Emily espreme as bochechas, emitindo muxoxos, provocando risos.

—Salvo os exageros, minha filhotas estão certas - Megan diz quando para de rir - Roger e eu gostamos de demonstrar nosso amor um pelo outro com beijos ocasionalmente - frisa, olhando a filha - Abraços e carinhos diversos - reconhece, pegando Emily no colo, Sarah fazendo o mesmo com Sofia, oferecendo água a menina - Sam, busque seus irmãos. Seu pai deve estar chegando - pede, consultando o relógio, a menina obedecendo sem contestar - Embora não sejam de fato um casal, têm de parecer ser um. Somente assim passarão credibilidade - aconselha.

—Já havia pensado nisso algumas vezes - Sarah admite, mordendo o lábio inferior outra vez, a lembrança do olhar que Connor lhe dirigira algumas noites atrás fazendo-a corar- O problema é que não sei se conseguirei fingir esse tipo de coisa, essa intimidade, entende? - justifica-se.

—Mas vai precisar se não quiser ser desmascarada, babe - Danielle decreta, dando atenção seu celular, que tocava - Licencinha que meu gato tá ligando - pede, levantando-se e afastando-se para atender.

— Dani está certa. Sabe disso não sabe? - Megan questiona, ela assentindo com um aceno afirmativo - Não será fácil, eu sei, mas se não passarem agir minimamente como casal, logo todos irão desconfiar - argumenta , arrumando o vestido da pequena Emily - Sugiro aproveitar este tempo que terão a sós para conversarem a respeito. Delimitar até onde irão sem ficarem constrangidos - sugere.

—Farei isso - Sarah sussurra, organizando-se antes de enviar uma mensagem a Connor avisando que poderia buscá-las - Roger já está a caminho?- pergunta ao ver a irmã franzir o cenho enquanto lê algo no celular.

—Já está aqui - Megan informa, erguendo o olhar, girando a cabeça de um lado para o outro, acenando ao localizar o marido - E não está sozinho - avisa, sinalizando na direção dele, fazendo Sarah se voltar.

—Connor?? - surpreende-se, sorrindo timidamente enquanto o cirurgião se aproxima acompanhado por seu cunhado, por Danielle, que encerra a ligação, e por seus sobrinhos - Chegou rápido - comenta quando ele para a seu lado, somente então notando as sacolas que trazia consigo.

—Na verdade, nem cheguei ir embora - assume o moreno - Aproveitei para fazer aquelas compras que mencionei - lembra-a, sorridente - Estava para te ligar quando recebi sua mensagem - conta, indicando o homem a seu lado - Nos encontramos no elevador.

—Esse cara tem uma memória incrível! Nos vimos uma única vez e já guardou meu rosto e nome - Roger elogia, tocando o ombro de Connor.

—Pai, a Emily tem memória melhor do que a sua!! - Samantha exclama - Sem ofensa, tio - acresce, sorrindo para Connor.

—Não me ofendi - ele diz, piscando para a menina.

—É, eu sei anjo - admite Roger, piscando para a filha mais velha - Mas pra que me preocupar com isso se tenho as melhores assistentes do mundo? - elogia.

—Vou nem perder meu tempo comentando isso!! - Megan exclama, rolando os olhos, olhando o relógio em seu pulso - Detesto ser estraga prazeres, mas precisamos ir. É antevéspera de Natal e ainda tenho tanta coisa para preparar que canso só de lembrar - diz, pendurando algumas sacolas nos braços.

—Do jeito que fala parece que vai fazer tudo sozinha meu amor! - Roger exclama, inclinando minimamente a cabeça na direção de Connor - Na verdade ela meio que vai mesmo, porque é perfeccionista. Mal de família, caso não tenha percebido ainda -sussurra em tom de brincadeira.

—Eu ouvi isso Roger Welton!  - Megan alerta-o, sinalizando ao marido pegar as demais sacolas - E se não quer ficar sem seu bolo de nozes e mel, trate de ser útil carregando minhas compras - ordena.

—Ouço e obedeço! - ele brinca, fazendo uma reverência pomposa, deixando um beijo casto nos lábios dela antes de segurar as compras.

—É disso que falávamos - Danielle cochicha no ouvido de Sarah ao passar por ela conduzindo os gêmeos, a barista mordendo o lábio mais uma vez.

—Essas são as suas? - Connor pergunta, adiantando-se em pegar as sacolas restantes sob a mesa, distribuindo-as em seus braços juntamente com as que já trazia sem esperar resposta.

—Posso levar algumas Connor - ela protesta, fazendo menção ajudá-lo, ele impedindo.

—Não se preocupe. Dou conta - garante o moreno, piscando - Melhor os seguirmos antes que fiquemos para trás - sugere, ela se dando conta as irmãs já terem se posto a caminho.

—Sim, sim, claro - anui, apressando-se em alcançá-las tendo-o a seu lado.

O grupo segue em direção a saída do shopping conversando animadamente, combinando encontrarem-se antes da festa de aniversário para patinarem, expressando os votos de feliz Natal ao despedirem-se.

Após acomodar Sofia na cadeirinha apropriada, Sarah toma seu lugar no assento do carona, refletindo uma forma de abordar o assunto discutido com as irmãs com ele sem parecer uma esposa ciumenta. Como não conseguisse pensar em nada, opta pelo silêncio, limitando-se sorrir quando ele assume seu lugar ao volante.

No início do trajeto, o único som no interior do carro é a voz da pequena Sofia tentando acompanhar as músicas natalinas tocadas no rádio, Connor sendo o primeiro a quebrar o silêncio entre eles após cantarolar com Sofia uma canção tradicional.

—Se divertiram? - quer saber, olhando-a de soslaio.

—Bastante - ela responde - Havia algum tempo que não encontrava minhas irmãs pessoalmente. Senti saudades delas - admite a barista, suspirando.

—Vocês mantém contato? - ele pergunta, curioso.

—Uhum. Megan e Roger me ajudaram muito quando precisei. Financeiramente falando - relembra, sem entrar em detalhes.

—Eles se amam muito, pelo pouco que pude notar - Connor comenta, casualmente.

—Sim - Sarah anui, apertando as mãos, voltando a morder o lábio, perdendo-se em pensamentos por um breve segundo.

—Algo errado Sarah? - ouve-o perguntar, voltando-se, surpresa - Ficou séria de repente e está mordendo seu lábio inferior - enumera, ela arqueando a sobrancelha -Notei que faz isso quando está preocupada ou tensa. Ou ambos - completa, esticando os lábios em um riso discreto, ela demorando-se um tempo para responder.

—Você trava o maxilar e enruga o cenho quando está tenso - ela comenta de repente, fazendo-o olhá-la ligeiro - E às vezes, só às vezes, também morde o lábio - acresce, sorrindo da expressão surpresa dele - Também tenho te observado - confessa, puxando o ar a fim de tomar coragem - Connor, precisamos conversar - diz, escolhendo as palavras - Não quero parecer invasiva nem que pense que estou exagerando em meu papel de esposa…- pausa, observando a reação dele antes de prosseguir -Mas você me trouxe aqui para evitar o assédio de suas primas e também eventuais planos casamenteiros de suas avós e mãe - relembra, ele concordando com um aceno leve, sem desviar a atenção do trânsito intenso - No entanto, a exceção do primeiro dia, tem passado mais tempo ao lado de Cordélia e Catherine do que de sua pretensa esposa e filha - acusa, mantendo o olhar nele - Elas estão manipulando sua atenção, a meu ver de forma acintosa, e tenho certeza sua mãe e Dulce, em especial, já terem percebido isso. Notei pela maneira como me olharam ontem a tarde, quando você saiu para patinar com as duas como se fosse solteiro. Se era para ter esse tipo de comportamento, Por que me trouxe? Por que fingir ser casado? - reclama, corrigindo-se ligeiro - Você é solteiro, eu sei…

—Não durante estes quinze dias - ele corrige, interrompendo-a - Para todos os efeitos, aqui e agora, sou um homem casado e pai dessa linda garotinha aí atrás! -  completa , apertando o volante com força - Desculpe Sarah. Eu realmente não tenho agido de acordo com o meu papel - pede, buscando um local para estacionar, voltando-se para ela após fazê-lo - Está correta em me cobrar uma atitude condigna a minha situação perante a família. Te peço desculpas por meu comportamento - reconhece, de maneira formal, deixando-a levemente tensa - Eu pensei que o simples fato de sua presença, de te apresentar como minha esposa seriam suficientes para evitar as investidas de Cordy e Cathy, mas me enganei - confessa - E reconheço ter uma grande parcela de culpa por elas sentirem-se à vontade em o fazer - acresce.

—Sente algo por Cordelia ou Catherine? - ela pergunta, sentindo uma leve pressão no peito sem saber bem porquê.

—Se estou apaixonado por uma delas, é isso que está perguntando? - ele inquere, ela confirmando com um aceno  - Não, mas também não me são indiferentes - admite, o aperto no peito de Sarah aumentando sem que ela pudesse controlar - Tive com cada uma delas, em épocas diferentes, uma história e, como minha irmã já deve ter lhe dito, sou um pouco fraco no que se refere resistir a recaídas amorosas, entende? - confessa, massageando o pescoço.

—Um pouco - ela responde, sincera - Daryl, o pai de Sofia, não foi meu primeiro namorado, mas com certeza foi o que mais me marcou por diversas razões. Uma delas é o fato de conseguir me manipular, fazendo perdoar sua várias traições durante o tempo no qual estivemos juntos - revela.

—Ele te traia? - Connor surpreende-se.

—Sim. E eu perdoava. Sempre - confirma - Em algumas ocasiões me fez sentir culpada, alegando ter ido para cama com outra porque eu o estava negligenciando - relembra, uma sombra de tristeza cruzando seu olhar - Águas passadas - declara, espantando tais memórias - O que faremos? Digo, daqui por diante para evitar sermos descobertos, porque acredito não deseje tanto quanto eu - observa.

—Não mesmo! - ele exclama, estremecendo em pensar na reação do pai caso a farsa que montara viesse a tona, percebendo o risco ao qual os expusera - Me perdoe Sarah. Te convenci me ajudar, te trouxe aqui e agora ajo feito um prefeito idiota! Me perdoe - reitera, ganhando um sorriso complacente.

—Tudo bem. Ainda temos tempo salvar minha reputação! - ela brinca, dissipando a tensão, fazendo-o rir.

—Ok - ele anui, voltando a ficar sério - Te autorizo chamar minha atenção em frente a todos caso me comporte mal. Pode fazer uma cena, me bater, xingar, o que quiser - libera, fazendo-a rir - Tem alguma idéia? Pensou em algo que possa consertar minha burrice?- pergunta.

—Nossa burrice, você quer dizer - o corrige, apontando de si para ele - Se está acontecendo é por minha culpa também. Eu poderia ter falado com você antes, dizer que estava me sentindo incomodada e tal - argumenta, Connor sentindo-se estranhamente satisfeito, apesar de tudo, em saber ela não ser indiferente a ele como chegara pensar - Minhas irmãs, e sim, eu contei a elas porque precisava de conselhos, me fizeram enxergar aonde estamos errando, por assim dizer e sugeriram...bem, sugeriram algumas coisas - conta, sentindo o rosto esquentar - Não digo que vai ser simples porque exigirá um pouco mais de mim, mas eu consigo...acho - diz, murmurando o final da frase - E só para constar, detesto cenas. Jamais faria algo do gênero a menos que fosse levada ao limite, portanto, não espere que isto ocorra - avisa, o cirurgião anuindo com um gesto de cabeça, imaginando, intimamente, o que a levaria ao limite, sentindo-se tentado descobrir - O que faremos, de agora em diante, é agir mais como um casal e menos como amigos, entende? -pergunta, o tirando do devaneio.

—Não, mas confio em você. Plenamente - assegura, sorrindo ao vê-la corar intensamente.

—Eh...eu...acho melhor continuarmos porque já devem estar à nossa espera para o lanche - sugere, agradecida por ele desviar o olhar.

—Ok - ele anui, dando partida no carro, fazendo o restante do trajeto rapidamente posto estarem a poucas quadras do sobrado, adentrando a garagem.

Optam por subir direto para o quarto a fim de guardarem as compras e trocarem de roupa antes de irem ao encontro dos demais, que, de fato, os aguardavam na sala para o lanche.

—Boa tarde e desculpem a demora. O trânsito já está complicado - Connor pede tão logo adentra, tendo Sofia nos braços, Sarah a seu lado.

—Já havíamos imaginado  - Christopher diz, sorrindo para eles, indicando-lhes sentar - E não foram os únicos, como podem notar - abre os braços indicando a mesa ocupada apenas por Mathilda, Dulce, Elizabeth, Cornélius, Claire e Will.

—Todos resolveram fazer compras de última hora e ficaram presos no tráfego - Mathilda comenta, servindo-se um pouco de chá - Mas não fiquem apenas olhando. Sirvam-se - convida.

—Pensei que convidaria suas irmãs a virem nos conhecer, Sarah - Elizabeth comenta após alguns minutos, fazendo carinho em Sofia.

—Não havia como senhora...Elizabeth - corrige-se ligeiro - Elas já tinham compromisso - justifica a barista, aceitando o prato que Connor havia preparado para ela.

—Não faltará oportunidade antes de retornarmos a Chicago mãe - assegura o cirurgião, franzindo o cenho - Claire, tudo bem? Está um pouco pálida - observa.

—Mais ou menos. Estou um pouco indisposta - assume a empresária, tomando seu chá devagar.

—Ela andou vomitando muito nos últimos dias - Will entrega, saltitando na cadeira ao sentir o chute na canela por sob a mesa - Ui!! - exclama, inclinando-se com a finalidade de esfregar o local.

—Por que não nos contou, meu bem? - Mattie ralha.

—Porque não quero preocupar ninguém com bobagem. Deve ter sido algo que comi - justifica-se - Will está exagerando - garante.

—Estou nada! Ontem mesmo vomitou tudo que comeu no jantar pouco antes de deitar. Tomou até medicação que eu vi - delata o médico, ganhando um olhar furioso da namorada - Aliás, sabe que se auto medicar é um erro, não sabe? - questiona-a.

—E justo você que tem dois médicos a disposição. Que feio senhorita!! - Christopher a provoca, rindo divertido.

—Existe alguma chance de vir a me tornar avó pela segunda vez nos próximos meses?- Elizabeth dispara fazendo todos encararem a empresária e o médico em expectativa.

—Não

—Talvez - respondem ao mesmo tempo, Claire encarando o ruivo de boca aberta - Temos sido cuidadosos, mas ….

—Não tem essa de Mas! Não estou grávida. Ponto - decreta a morena, bufando - E vamos mudar de assunto - determina, servindo-se outra xícara de chá - Espero que tenha comprado meu presente Connor, ou vai ficar sem o seu! - ameaça, pegando uma torrada, lambuzando-a com geléia de amora.

—Comprei - Connor responde, dando de ombros ante o olhar inquisidor da tia avó - Não adianta insistir. Ela é teimosa e não vai dar o braço a torcer. Vamos deixar o tempo responder  - declara, completando antes que a irmã protestasse - Comprei seu presente também Will, que havia esquecido, confesso, portanto, sem desculpas para qualquer dos dois não me presentear - avisa.

—Vou pensar no seu caso! - Will brinca, a conversa, a partir dali, passando a girar em torno dos preparativos para o Natal e demais festas.

Ao terminarem o lanche, Connor, Sarah, Will e Claire decidem passar um tempo na sala de jogos, enquanto o mais velhos optam por recolherem-se e descansar um pouco antes do jantar.

A noite já iniciava quando sobem aos quartos  a fim de trocarem-se para a ceia.

Enquanto arruma a filha, Sarah pensa em como poria em prática os conselhos dados pelas  irmãs sem ficar envergonhada nem parecer forçado. Uma coisa era certa: o que quer que fosse fazer teria de começar naquela noite e não poderia combinar nada com Connor. Teria de tomar a iniciativa o mais naturalmente possível e torcer para que ele, tal e qual fizera durante o lanche da tarde, seguisse suas deixas.

—Pronta? - a pergunta a tira do devaneio, fazendo-a erguer o olhar, retendo brevemente o ar ao vê-lo.

—Uhum - é tudo que consegue dizer, levantando-se com a filha nos braços.

Seguem lado a lado pelo corredor, em silêncio e é assim que adentram a sala de jantar, já bastante cheia, cumprimentando e sendo cumprimentados por todos, Mathilda encarregando-se de apresentar Sarah àqueles que haviam chego enquanto estavam fora.

—Então foi conhecer suas cunhadas Connor? Que programão para uma antevéspera de Natal hein! - Kathy Rhodes ironiza em determinado momento, atraindo atenção dos mais próximos.

—Foi bastante agradável. Tanto que nem notei a manhã passar - ele rebate, tranquilo, ignorando o sarcasmo evidente.

—E a sogrinha, já conheceu? Recebeu aprovação ou bronca? - insiste, olhando de um para alternadamente.

—Ainda não, mas não faltará oportunidade - garante ele, mantendo-se calmo.

—Minha mãe encontra-se fora da cidade no momento. Deve regressar em um ou dois dias -revela Sarah, igualmente tranquila - Quanto ela aprovar ou não meu casamento, me indiferente. Irei gostar, obviamente, mas não é algo que ocupe meus pensamentos, mesmo porque estou certa de ela ficará feliz em saber que eu estou feliz - mente, pondo a mão aberta sobre a mesa, palma voltada para cima, Connor entendendo a deixa, cobrindo-a automaticamente com a sua, entrelaçando seus dedos e sorrindo.

—Isso é o que toda mãe e todo pai deseja para seus filhos, correto meu querido - Elizabeth comenta, dirigindo um olhar significativo ao marido.

—Evidente - Cornélius murmura, escondendo o rosto atrás de sua xícara de chá, o que faz com que Connor fique imediatamente em alerta.

—Pais normais, ao menos - alfineta o moreno, recebendo um sorriso enviesado como resposta.

—Normal nunca foi minha palavra predileta - Cornélius diz após alguns segundos, aumentando o mal estar pairando no ar.

—Vocês dois não vão começar a discutir justo na antevéspera de Natal, vão?- Claire interroga, exasperada - Por favor, se forem dar início uma guerra, avisem para que possamos sair de cena. Não vou passar meu feriado inteiro tendo de evitar um ou outro muito menos apagando incêndio - avisa, ainda mais irritada.

—Evidente que isto não irá ocorrer - Dulce adianta-se, tranquila - Estou certa ter sido apenas uma rusguinha passageira entre pai e filho, por força do hábito, a qual já até foi esquecida, não é mesmo? - insinua, olhando de um para outro com firmeza, ambos anuindo com acenos de cabeça, Cordélia fazendo menção falar, mas ela não permite - Estou certa de Todos concordarmos que assuntos relativos à vida do casal dizem respeito unicamente a eles, portanto, vamos nos sentar e tomar a refeição em silêncio, caso não se tenha nada agradável ou referente às festas para ser dito - ordena, olhando diretamente para a sobrinha neta, que baixa o olhar, resignada - Excelente. Annie, peça que o jantar seja servido, por favor - pede, a jovem inclinando a cabeça levemente - Nos acomodemos. Os lugares estão marcados para uma maior comodidade - avisa, caminhando em direção a imensa mesa, todos a seguindo, juntando-se a Mathilda, Christopher, Clint e outros que já se encontravam lá, cada qual defronte a plaquinha com seus nomes.

Após acomodarem-se, o jantar é servido e logo o silêncio as conversas retornam, com outro tom depois do ultimato da esperta senhora, girando sempre em torno de assuntos referentes aos preparativos para a ceia natalina, o centenário dos irmãos e o aniversário de Mathilda logo nos primeiros dias do ano novo.

O mesmo tom é mantido ao término, os convidados dividindo-se em grupos, espalhando-se pelos ambientes internos e externos do sobrado posto a neve ter cessado, Sofia tendo a oportunidade de interagir com os “priminhos” quando os garotos despertam, unindo-se aos pais no andar térreo.

Durante todo o tempo em que permanecem entre seus familiares, Connor não se afasta de Sarah, realizando pequenas demonstrações de carinho para com ela, ora segurando-lhe as mãos, sorrindo ocasionalmente de algum comentário feito por ela, ora olhando-a com devoção, fazendo com que até mesmo Will e Claire se questionarem se não estaria havendo algo entre o casal, indagação que verbalizam ao se retirarem, ao mesmo tempo, pouco depois da meia noite.

—Minhas cunhadas chamaram atenção que deveríamos agir um pouco mais como um casal recém casado para dar veracidade, só isso - Connor explica, dando de ombros, quando param diante da porta do quarto, abrindo-a para Sarah entrar carregando a pequena, que dormia tranquila.

—Pois já podem pensar em seguir carreira artística! - Will exclama, sorridente.

—Verdade. Depois dessa noite, duvido alguém não ter acreditado que são um casal. Até nós acreditamos!! - Claire corrobora- O que não seria nada ruim - cochicha ao ouvido de Connor, não dando a ele chance rebater - Bem, o papo tá bom, mas é melhor irmos dormir porque amanhã o dia promete! - esfrega as mãos, animada- Boa noite Sarah - deseja.

—Boa noite Claire, Will - a barista responde de dentro do cômodo, desviando rapidamente o olhar da filha, a qual depositara sobre a cama, começando despi-la cuidadosamente.

—Boa noite - o casal responde em uníssono, acenando-lhe - Boa noite e Connor, pensa a respeito do que sua irmã disse - Will aconselha, piscando, tocando o ombro do amigo antes de segui-la corredor adentro, deixando o cirurgião estático por um segundo, espantando a idéia com um menear de cabeça antes de voltar-se e entrar, porém, durante a madrugada, a insônia traz o assunto de volta a sua mente enquanto observa mãe e filha (a menina fora posta na cama, junto com eles) dormirem tranquilas, o antigo questionamento sobre o porquê de tê-la escolhido vindo a tona, acompanhado pelos momentos vivenciados ao lado da barista até agora, levando-o concluir que, de fato, estava começando sentir algo pela jovem. Ainda não sabia exatamente a intensidade do sentimento, mas decide não sufoca-lo. Aguardaria o passar dos dias para entender e decidir qual atitude tomaria.

**** Véspera de Natal -10:00 a.m) ***

—Bom dia, belo adormecido!! - Mathilda cumprimenta Connor tão logo ele adentra a cozinha, atraindo atenção de Sarah, que ajuda no preparo das rabanadas.

—Bom dia Mattie -ele retribui, bocejando, beijando-lhe a bochecha quando passa por ela indo ao encontro de Sarah - Bom dia - cumprimenta, inclinando-se, deixando um selinho em seus lábios, o gesto fazendo Claire, que se encontrava próxima a ela, reter o ar - Por que não me acordou? - pergunta, “roubando” uma rabanada que a barista acabara de tirar da frigideira.

—Notei que ficou acordado até a madrugada e como não tínhamos planejado nada, te deixei dormir um pouco mais - ela responde com naturalidade, continuando assar as rabanadas, tentando ignorar o tremor provocado não apenas pelo gesto dele, mas pela proximidade - Quer que prepare seu desjejum? A mesa do café da manhã ainda está posta na tenda -questiona, voltando o rosto para olhá-lo.

—Não precisa, eu mesmo me sirvo - declina, pegando outra rabanada, franzindo o cenho ao olhar rapidamente em volta - Sofia?? -pergunta, estranhando a ausência da menina.

—Lá fora com os meninos e Alice, aproveitando um pouco do sol e vendo seu primo montar os enfeites- informa a barista.

—Vou ajudá-lo antes que faça bobagem ou pior: encha o saco o restante do feriado por ninguém tê-lo feito. Na volta como algo - avisa, engolindo o restante do doce - Até já - despede-se, deixando um novo selinho nos lábios dela, deixando uma estupefata Claire a observá-lo.

—Feche a boca Claire e trate de pôr as mãos na massa! Esses doces não irão se aprontar sozinhos - ralha, Mathilda, tirando-a do transe - Venha, me ajude com esse bolo de frutas. Sarah consegue dar conta das rabanadas, não é meu bem?

—Com certeza - garante a barista, ainda levemente zonza com a atitude de Connor.

Não haviam combinado nada na noite anterior, logo aqueles gestos de intimidade e carinho a pegaram de surpresa. Por sorte, apenas Claire e Mathilda estavam presentes na cozinha no momento.

Mais tarde, enquanto participavam da alegre arrumação imensa árvore de Natal junto a lareira, aproveitando estarem afastados dos demais, ela questiona qual fora sua motivação para tal gesto.

—Nenhuma - ele diz, parando, pensativo - Na verdade, lembrei a interação entre sua irmã e cunhado e também de alguns comentários feitos por meu pai quando julgou estar sozinho com minha mãe e Dulce. Algo sobre nunca nos tocarmos ou o fazer com pouca frequência, não lembro com exatidão - conta, abrindo uma caixa de bolas coloridas - Desculpe. Deveria ter perguntado se concordaria - pede, sem graça.

—Não precisa se desculpar e sim, concordo. Apenas tente sinalizar o que pretende para não me surpreender - ela pede, segurando alguns enfeites, mordendo o lábio inferior - Minhas irmãs comentaram que seria bastante estranho um casal não se beijar - lembra, corando - Não sei se consigo fazê-lo com naturalidade …

—Para mim ficou bem natural - ele a interrompe, encantado ao vê-la corar mais - Talvez este seja o segredo: pegarmos uma ao outro de surpresa! - brinca.

—Ah, é. Até um dos dois reagir com um empurrão, um tapa ou fazer cara de espanto. Vai ficar lindo! - ela rebate, rindo divertida, caminhando em direção ao grupo que enfeitava a árvore.

—Não fez nada disso mais cedo - ele insiste, cortando seu caminho, parando a sua frente, obrigando-a fazer o mesmo - Gostou? - pergunta, encarando-a.

—Do quê? - ela desconversa, sentindo-se observada, retendo o ar ao vê-lo inclinar-se, ficando muito próximo a seu rosto.

—Dos beijos -esclarece, um brilho novo no olhar.

—Não foram ruins - responde, espremendo os lábios ante o olhar indignado dele - Levando em consideração que foram selinhos e que estava com açúcar nos lábios, foram …passáveis - não resiste provocá-lo, empurrando-o delicadamente para o lado, seguindo adiante.

—Passáveis? - escuta-o resmungar, rindo discretamente, entregando os enfeites ao jovem ruivo, um dos primos mais jovens de Connor que chegara naquela manhã, sentando-se no tapete ao lado da filha, que brincava com alguns enfeites e caixas - Passáveis...humpf!! - ouve outra vez, abaixando a cabeça, protegendo a boca com a mão, escondendo o riso.

Não entendia bem o que estava acontecendo, mas a verdade é que desde a conversa no carro, algo entre eles havia mudado. Ele a desejava, ela sabia. Já o flagrara olhando-a mais de uma vez, especialmente após tê-la vista na banheira. Mas até então parecia retraído, tímido até, a conversa parecendo ter funcionado como um catalisador, o deixando mais solto, mais leve e, até certo ponto, atrevido. Ela gostou da mudança, tinha de admitir. Estava ciente de trilhar caminhos perigosos, mas saber que aquele homem lindo a desejava era um bálsamo em seu ego tão constantemente machucado por relações one way (como Verity chamava) com homens que buscavam tão somente sexo. É certo que ela também passara buscar o mesmo depois de algum tempo, mas ainda era uma mulher jovem, com sonhos e esperanças de um dia ser feliz ao lado de alguém que a amasse e não apenas desejasse seu corpo. E Connor tinha tudo para ser este homem. A pergunta é: estaria disposto a tal? E ela? Estaria disposta a dar-lhe uma chance caso ele pedisse?

Os questionamentos são espantados pelos risos, que a trazem de volta a realidade, enrugando o cenho ao ver o rapaz ruivo, Dean, tentando convencer sua filha abrir um dos presentes.

—Abre bebê, abre!! - pedia, estendendo o pacote em direção a garotinha, que recua, levando a mão a boca.

—Dean Rhodes, quantas vezes terei de dizer que os presentes devem ser abertos somente na manhã de Natal? - Dulce ralha, espetando o rapaz com a bengala - Comporte-se e pare de tentar induzir esse anjinho a fazer seu trabalho sujo ou vai levar uma bengalada na cabeça! - ameaça, ele encolhendo-se com um riso travesso no rosto.

—Não to induzindo nada. Além do mais, este presente é dela. Por que fazer a criança esperar até amanhã quando pode ser feliz hoje? - rebate o jovem, encarando Sarah - Você não se importa, não é prima? - pergunta, Claire adiantando-se a ela.

—Diga que sim, Sarah, porque ele fez Mattie prometer se alguma das crianças abrir um presente, ele poderá fazer o mesmo! - alerta, ganhando um estirão de língua.

—Nesse caso, melhor escolher outra criança. Sofia não vai abrir mesmo que eu mande - declara a barista, causando espanto.

—Por que? O que houve? Algum trauma? - Cornéilus, que observava a tudo em um canto questiona, curioso, empertigando-se ao vê-la acenar afirmativamente.

—Sério? - Dean inquere, tão surpreso quanto os demais.

—Durante uma festa de aniversário na creche aonde a deixo, o pai do garotinho aniversariante a assustou, sem intenção, e desde então ela não gosta de embrulhos - conta, recebendo a filha em seu colo.

—Agora que mencionou, realmente notei que ela não tocava nas caixas. Mexia em tudo, menos nos embrulhos - Cordélia observa - O que esse homem fez? - quer saber, legitimamente interessada.

—Ele viu Sofia segurando um dos presentes, achou que ela o rasgaria e gritou para que soltasse. Só que o fez tão alto e repentinamente, que todas as crianças em volta paralisaram e começaram a chorar. Menos Sofia, que tomou choro - revela, afagando o cabelo da menina, suspirando triste - Foi a segunda vez que ela fez isso. A professora me ligou apavorada. Por sorte, a mãe de uma das crianças era enfermeira e soube o que fazer até minha chegada. Desde então ela não pega embrulhos de qualquer espécie, mesmo eu dizendo que pode- completa, todos falando ao mesmo tempo.

—Pobrezinha da minha sobrinha! - Claire exclama.

—Mas que sujeito horrível! - Cordélia xinga.

—Você quebrou a cara dele? - Clint pergunta, olhando diretamente para Connor.

—Que dó!! - Jason lamenta, segurando a mão da priminha.

—Quando isso aconteceu? - a voz de Cornélius sobressaindo-se aos demais comentários, que cessam.

—Uns seis meses atrás e não, eu não bati em ninguém primeiro porque violência, além de não resolver, iria piorar a situação caso tivesse chegado a tempo - Connor responde, olhando do pai para o primo - Segundo, porque o sujeito não fez por mal e se desculpou com Sarah - afirma, aparentando uma calma que não sentia. 

Intimamente, questionava-se se teria tal atitude de fato.

—Pediu. Milhares de vez. A todas as mães, mais precisamente, e a mim por ter causado a crise em Sofia - confirma a barista.

—O que estão fazendo para contornar a situação? - Mathilda pergunta, preocupada.

—Daniel aconselhou sentar e abrir com ela, dizendo palavras de incentivo e carinho, para que ela veja não ser ruim - ela revela, arrependendo-se em ter citado o amigo.

—É o Pediatra dela? - Elizabeth quer saber.

—Psiquiatra - Connor adianta-se, tendo o mesmo sentimento que Sarah - Estamos trabalhando isso sem pressa, como deve ser - acresce, dando entender que deveriam mudar de assunto, o que, para alívio de ambos, ocorre, a arrumação prosseguindo em um clima leve e divertido.

Mais tarde, enquanto se arrumavam para a ceia, Connor retoma o assunto.

—Obrigado por ter-me contado sobre o trauma de Sofia. Certamente pareceria estranho não ter conhecimento do fato - agradece, abotoando o punho da camisa social, observando-a vestir a menina.

—Especialmente levando em conta que já estaríamos casados na época - ela comenta, ocasionalmente, fechando os últimos botões do vestido da filha, ajustando-o ao corpinho dela - Na verdade, quando vi os presentes, achei que o assunto poderia vir a baila e achei melhor que soubesse antes que os demais - revela, pondo a garotinha no chão - Pode ficar de olho nela enquanto me visto? - pergunta, admirando-o um segundo.

—Claro - prontifica-se, agachando-se e estendendo os braços para a menina, que corre até ele.

—Tome cuidado para não amarrotar o vestido ou desfiar a meia calça - adverte a barista, entrando no banheiro.

—Terei - ele tranquiliza-a, erguendo e girando a menina no ar, fazendo-a soltar gritinhos de alegria, repetindo o gesto mais algumas vezes, sentando-se na cama com ela sobre a barriga - Você é uma coisinha muito linda, sabia? diz, soprando na junção do pescoço com o ombro, causando mais risos - Igual sua mãe - acresce, dirigindo o olhar a porta do banheiro ao escuta-la abrir, retendo o ar ante a visão da barista -Uau!! - exclama, admirando-a - Está linda - elogia.

—Obrigada - ela agradece, enrubescendo, olhando-se no espelho - Não está exagerado, está? Ou simples demais? - questiona, examinando do vestido vermelho com colo trabalhado em pedrarias, bojo drapeado e saia lisa, à sandália de salto médio, dois tons mais clara, lisa. Havia amado o traje assim que o vira na loja, mas agora ficara insegura - Está bom mesmo? - reinquire, voltando-se para encará-lo, a franca admiração masculina que vê no rosto dele deixando-a ao mesmo tempo orgulhosa e encabulada.

—Está perfeita!! - Connor exclama em um sussurro baixo, levantando-se com Sofia nos braços - Linda - repete, parando alguns passos dela - Vai deixar o cabelo solto? Gosto dele assim - declara, segurando um cacho entre os dedos -Se bem que quando prende, sua nuca fica a mostra e...o que foi? Eu disse algo engraçado? - quer saber ao vê-la sorrir.

—Não, é só que lembrou o personagem de um livro que li - explica-se ela, erguendo os braços, segurando os cabelos - Eu pensei em prender uma parte, assim - demonstra - Que tal? - pergunta, sentindo-se presa aquelas orbes azuis.

—Eu…- ele hesita, sentindo uma estranha sensação de familiaridade - Sarah, eu …- começa, a batida suave o interrompendo.

—Filho, posso entrar? - Elizabeth pergunta, quebrando a magia do momento.

—Hã..claro mãe - libera, recuando um passo, ambos voltando-se para recebê-la.

—Minha nossa! Estão lindos -Elizabeth elogia, segurando a caixinha de veludo nas mãos - Que família linda está construindo filho - acresce, indo em direção a eles - Sarah, eu sei que a troca de presentes é somente amanhã, mas gostaria que usasse isto hoje a noite - diz, estendendo a caixinha, a jovem hesitando um segundo, aceitando ante o aceno discreto de Connor, retendo o ar ao abri-la - Pertenceram a minha avó. Uma das poucas coisas que herdei. Passei para Claire a maioria, mas esta guardei para  minha futura nora - sorri gentil.

—Senhora Rhodes, eu não posso aceitar - Sarah tenta recusar, ela sacudindo as mãos em negativa.

—Faço questão. Considere meu presente de casamento atrasado - declara, voltando-se para Connor - O que está esperando? Ajude sua esposa a pôr a pulseira - ordena, ele piscando repetidamente, confuso - Me deixe segurar esse anjinho e ajude Sarah - reitera, indo até ele, pegando Sofia nos braços - Ainda falta muito para descerem? Posso ajudar? - se oferece, não esperando resposta - Vou arrumar minha Sofia enquanto vocês fazem o mesmo e descemos juntos - avisa, adiantando-se em pegar os sapatos e tiara da menina.

—Não precisa mãe. Nós já…- Connor tenta declinar, segurando a mão de Sarah após haver posto a pulseira, ela o interrompendo.

—Faço questão - Elizabeth frisa, deixando claro que não mudaria de idéia, não percebendo o mal estar provocado em ambos - Vamos meus queridos. Terminem de se arrumar que cuido de minha netinha - reitera.

—Ok - Connor suspira, sinalizando a Sarah prosseguir.

—Connor….

—Eu sei - ele a corta, segurando-lhe as mãos novamente - Vou concertar isso. Prometo. Mas não agora. Não está noite. Quando passar o Natal, esclareço tudo com ela - assegura.

—E com Dulce e Mathilda - Sarah acrescenta - Tenho sido tão bem tratada desde que chegue…- cala-se, dirigindo o olhar a mulher que brincava com sua filha - Não posso continuar mentindo para elas.

—Nem eu. Mas,...- ele hesita, puxando o ar com força - Não precisa ser uma mentira - diz, ela franzindo o cenho - As coisas mudaram desde aquela noite em que te propus me ajudar, Sarah. Não sei bem a partir de quando, mas mudaram. Sinto isso e sei que você também sente - argumenta, silenciando o protesto iminente ao erguer a mão - Vamos conversar mais tarde Ok? Não vou mudar de idéia quanto a contar a verdade as três, mas preciso te falar sobre o que sinto antes. Você espera? - pergunta, ansioso - Só mais algumas horas.

—Certo - ela concorda, sorrindo sem vontade - Espero que não me odeiem. Aprendi amá-las nesses poucos dias - suspira.

—Não irão - ele tranquiliza-a, beijando-lhe a testa - Vamos nos arrumar - convida, separando-se dela, vestindo o terno enquanto ela ajeita o cabelo, prendendo-o como dissera que faria, caprichando na maquiagem um pouco mais do que o normal, juntando-se a Connor e Elizabeth tão logo termina, descendo com eles para juntarem-se ao restante da família.

*** Manhã de Natal ***

Sarah abre os braços, espreguiçando-se, estranhando o silêncio reinante.

Busca o relógio, surpreendendo-se com o adiantado da hora, sua atenção voltando-se para Connor e Sofia, que dormiam tranquilos. Sorri, voltando o rosto para a janela, a neve caindo lá fora convidando-a permanecer deitada ali, junto a sua filha e aquele quase estranho que cada dia mais a surpreendia e encantava.

Haviam conversado até quase os nascer do dia.

Connor propusera-lhe continuarem se ver após regressarem a Chicago. Mais: confessou estar sentindo-se atraído por ela e não apenas fisicamente. Desejava começar um relacionamento quando estivessem em casa. Sem pressa. Um passo por vez.

—Sei que parece loucura…. de novo...mas a verdade é não estou conseguindo imaginar minha vida sem a presença de vocês duas, Sarah. Não vou te fazer juras de amor nem me confessar apaixonado porque não seria honesto de minha parte. Mas que algo dentro de mim vem mudando desde que entramos naquele avião, vem e espero, de todo meu coração, que possa me dar uma chance mesmo que não sinta-se do mesmo jeito - discursou, deixando-a sem palavras por um momento, mas, por fim, concordara, reconhecendo também ter sentimentos, igualmente não claros, por ele.

Ficara acordado que contariam a verdade apenas a Dulce, Mathilda e Elizabeth, cabendo a estas a decisão de expô-los ou não. Só não haviam chegado a um acordo sobre contar-lhes sobre os planos pós festas pois temiam parecer um tipo de chantagem.

—Quantas horas? - a voz rouca a tira do devaneio, buscando primeiro o relógio, depois o rosto amassado de Connor.

—Passa um pouco das onze - informa, levando a mão, instintivamente, a cabeleira negra completamente em desalinho, “penteando-a” com os dedos - O que acha de descermos para ver se Dulce e Mathilda já acordaram? - sugere, sem interromper o carinho.

—Uhum - ele anui com um murmuro, deitando a cabeça sobre o ventre dela, aspirando o perfume doce algumas vezes, aproveitando um pouco da carícia terna antes de apoiar as mãos, erguendo o tronco e ao fazê-lo, mesmo que lentamente, a pequena acorda, levantando o tronco ligeiro como só as crianças sabem fazer - Hein! Bom dia bonequinha! - exclama, sentando-se sobre as pernas, adiantando-se a Sarah em ajudar a menina fazer o mesmo - Sua cara tá toda amassada - diz, beijando-lhe a bochecha - E babada!

—Eu ia avisar, mas você foi mais rápido - Sarah diz, rindo divertida - E a sua cara não está muito melhor do que a dela! -avisa, tocando a ponta do nariz de Connor, que o enruga em uma careta.

—Pesente, mama! - Sofia bate palmas, animada.

—Bem lembrado. Temos presentes para abrir lá embaixo, na árvore - Connor diz, imitando-a.

—Connor, precisamos falar com…

—E vamos - ele a interrompe, roubando um beijo rápido - Mas nada impede de levarmos Sofia para abrir os presentes antes - argumenta o moreno, saltando da cama com agilidade, buscando uma camisa e o robe para Sarah - Além do mais, elas podem estar por lá esperando as crianças aparecerem. É bem a cara das duas - afirma, entregando-lhe a veste, pegando Sofia no colo - Vamos lá Sarah! Que são cinco minutinhos a mais? 

—Certo. Mas se não estiverem, iremos procurá-las - avisa, pondo-se de pé, vestindo e amarrando o robe acetinado ao corpo, calçando as pantufas.

—Ok - ele anui, sorridente, caminhando, descalço, em direção a porta.

—Connor, calce algo. O chão deve estar gelado. Vai te fazer mal - ela ralha, agachando-se, pegando outra pantufa.

—Bobagem. Não vai ser uma friagenzinha a toa que vai me derrubar - minimiza, adiantando-se para fora do quarto - Anda Sarah. Vem logo - chama, ela rolando os olhos, o seguindo com o calçado em mãos.

—Crianças!! - bufa.

Na sala, como no restante do sobrado, o silêncio impera, dando a eles a certeza de terem sido os primeiros acordar, a governanta confirmando.

—Todos foram dormir muito tarde, depois até de vocês. Não devem acordar antes das treze horas - supõe a mulher - Dulce, Mathilda, o senhor Cornélius e a senhora Elizabeth até acordaram antes das nove, mas voltaram para os quartos após um lanche. Pediram ser acordados apenas quando do almoço, que, presumo, será servido bem tarde - comunica, sorridente - Querem algo para comer? Um suco? Torradas? - oferece.

—Sim, por favor - Connor pede.

—Prepararei algo e os chamo assim que estiver servido - avisa, retirando-se.

—Se ela estiver correta, teremos de aguardar o momento certo para falarmos com minha mãe, vovó e Mattie - Connor afirma, olhando Sofia parada junto a árvore.

—Tudo bem. Só não quero ter de adiar por muito mais tempo - Sarah concorda, mordendo o lábio, também observando a filha - Daniel está certo. Ela ainda vai demorar um pouco esquecer - suspira, triste, vendo a menina apertando a mãozinhas enquanto olha os embrulhos sob a árvore, sobressaltando-se ao sentir a mão de Connor envolvendo a sua.

—Que tal nós dois a ajudarmos vencer esse bloqueio? - sugere, piscando, conduzindo-a para junto da menina - Hei gatinha. Que acha de abrir alguns pacotinhos destes conosco? -pergunta tão logo agacham-se junto a ela, o medo estampando-se no rosto da menina ao vê-lo trazer o embrulho vermelho para perto - Olha. Este aqui tem seu nome - indica as letras em relevo.

—É seu filha. Vamos abrir juntos? -Sarah incentiva, segurando a mãozinha hesitante, fazendo com que ela ajudasse abrir o pacote bem devagar - Isso filha! Muito bem! - elogia, sorridente.

—O que será? - Connor inquere, ajudando-as - Olha Sofia, é uma boneca! - exclama, terminando de retirar o papel - Que grande! Quase do seu tamanho!! - exclama, alegrando-se quando a menina abraça a caixa - Feliz Natal princesinha! - deseja, beijando o topo da cabeça dela - Vamos ver se tem mais presentes com seu nome? E com o da mamãe também! - convida, mexendo na pilha de embrulhos, ela o observando atentamente, começando ajudar quando Sarah o faz.

Durante alguns minutos, os três abrem vários presentes endereçados a meninas, a Sarah e a ele, parando quando a governanta avisa a refeição estar servida. A tomam em clima alegre e descontraído, rindo ao escutarem os gritos das outras crianças e Dean, que reclama por não terem esperado por ele. Logo a sala enche-se de gente, todos abrindo os presentes de forma desorganizada, porém divertida, a maioria ainda de pijamas, alguns se unindo a Connor e Sarah no lanche pré almoço ( a governanta trouxera mais comida tão logo escutou as vozes), comendo, rindo e conversando alegremente.

Por volta de meio-dia e meia, todos sobem para trocarem em virtude da proximidade do almoço. 

Novamente Connor e Sarah são os primeiros a chegar, indo ao encontro de Dulce e Mathilda tão logo as veem, tentando, em vão, iniciar uma conversação. Outra vez a sala enche-se rapidamente e são forçados adiar, deixando-se envolver no clima festivo. Até mesmo Cornélius estava de bom humor, rindo, aceitando as brincadeiras das crianças, Sofia em especial, passando grande parte da tarde com a menina.

À noite, enquanto se arrumam para o jantar, Sarah percebe Connor estranho, mas ele desconversa, dizendo ser apenas uma dor de cabeça provocada pela ansiedade da conversa adiada, no entanto, com o passar das horas a dor aumenta e traz consigo uma febre alta que o põe de cama por três dias inteiros, obrigando-os adiar a conversa em definitivo, ambos concordando em tentar novamente apenas antes de partirem, posto os preparativos para a festa estarem deixando a todos em polvorosa devido pequenos imprevistos que surgem, mesmo Claire protestando veementemente, alegando não ver a necessidade de tal gesto.

Os dias passam voando e logo chega o dia da partida.

—Connor, o que faremos? Como faremos? - Sarah pergunta, fechando a mala, o encarando.

—Honestamente não sei - ele assume, suspirando - Vamos descer e ver se a oportunidade surge, caso contrário me comprometo voltar aqui o mais rápido possível para ter essa conversa com as duas. Falamos com meus pais em Chicago - decide, pondo as bagagens junto a porta - Venha. Pedirei a Trent vir pegar nossas malas - convida, estendendo-lhe a mão.

Descem de mão dadas e assim chegam a sala aonde Dulce, Christopher, Claire, Will, Mathilda, Elizabeth, Cordélia, Katherine e Cornélius se encontravam, o empresário tendo Sofia nos braços, a menina fazendo-os voltarem-se para eles ao chamar:

—Papai! - estica os braços, atirando-se em direção a Connor, que paralisa, surpreso - Papai - a pequena chama novamente, inclinando-se mais em sua direção, tirando-o do transe, recebendo-a em seus braços - Mamãe! - exclama a menina, sorrindo feliz, escondendo o rosto na curva do pescoço de Connor quando Sarah faz menção pegá-la.

—Te entendo meu velho. É sempre emocionante a primeira vez em que os ouvimos nos chamar de pai!! - Clint, que chegara no exato momento, diz, tocando o ombro do primo ao passar por ele -Ainda mais porque sempre demoram muito fazer isso. Tão injusto! - brinca, pegando a pequena valise sobre a mesa - Ela sempre esquece alguma coisa - explica, acenando - Até qualquer dia pessoal e Claire, me se não me chamar para padrinho, ficarei bravo - ameaça, a morena piscando.

—Não temos intenção de casar tão cedo - diz, distraída.

—E quem falou em casamento? Quero ser padrinho do bebê!! - provoca, esquivando-se do jarro que ela atira, o mordomo evitando, com agilidade, o objeto espatifar-se contra a parede, a risada do rapaz ecoando no ambiente silencioso.

—Uhum, uhum...melhor irmos andando ou vamos perder o voo - Will alerta, tirando a todos do transe.

—Verdade - Claire murmura, voltando-se para os parentes - Vovó, Mattie, tio Chris, foram dias maravilhosos - declara, abraçando-os um a um.

—Concordo plenamente e espero não ter de esperar até o centenário de Mattie para revê-los! - Dulce comenta, piscando - E me avise se mais algum bisnetinho estiver a caminho!

—Ok. Farei isso - ela anui, desistindo de contestar.

—Foi um prazer conhecer a todos - Will declara, apertando mãos, ganhando abraços carinhosos.

—O prazer foi nosso meu rapaz - Mattie diz, sorridente.

—E trate de pôr uma aliança no dedo de minha adorável sobrinha neta ou vou a sua caça! - Christopher ameaça, sorridente.

—Tentarei senhor, tentarei - promete o ruivo, cingindo-a pela cintura, aguardando Connor e Sarah despedirem-se.

—Vovó eu….

—Eu sei meu querido. Venham aqui. Os três - Dulce o interrompe, gesticulando aproximarem-se, envolvendo-os em um abraço forte e protetor - Não precisa dizer nada. Nós sabemos e perdoamos. Ambos - cochicha, afastando-se minimamente, tocando seus rosto e a seguir o de Sofia - Como sua mãe bem disse, está construindo uma linda família, meu bem. Não deixe nada nem ninguém dizer o contrário - aconselha, ainda em tom baixo - Voltem mais vezes, com pelo menos mais um bisneto! Está na hora dessa mocinha ganhar um irmãozinho - brinca, beijando-os demoradamente, afastando-se para que Mattie pudesse despedir-se.

—Achou mesmo que enganaria duas raposas velhas como nós?- sussurra, repetindo o gesto de Dulce - Acho que nunca me alegrei tanto com uma mentira!! - confidência, afastando-se o suficiente para olhá-los nos olhos - A qual espero torne-se verdade em breve - complementa - Não deixe essa menina escapar Connor. Ela é uma joia rara. Uma pérola!! - elogia, olhando Sarah com carinho.

—Não deixarei - ele diz, emocionado - E me desculpe Mattie. Eu…

—Como já devem ter ouvido, não há do que se desculpar - reforça, o cortando - Até breve meu anjinho! Sentirei sua falta! - exclama, dando beijos estalados em Sofia, que sorri, escondendo o rosto outra vez.

—Sai pra lá Mattie!! Também quero me despedir deles - Christopher cobra, fazendo-a afastar-se, despedindo-se do trio.

—Nos vemos em Chicago daqui alguns dias - Elizabeth despede-se, acompanhando os filhos a porta, Cornélius a seu lado.

—Não virão conosco? - Claire espanta-se.

—Aproveitarei mais alguns dias para fechar alguns negócios pendentes e sua mãe resolveu ficar comigo - o empresário explica, segurando a mão que Sofia lhe estendia - Até breve pequena - beija-a, sorrindo gentil.

—Assim que voltarmos, marcamos um jantar em casa - Elizabeth avisa, despedindo-se de Sarah com um beijo no rosto - Espero que possamos ser amigas, minha querida - diz, sorridente.

—Eu também espero - anui a barista, insegura.

—O carro os espera - Cornélius avisa - Connor, gostaria de conversarmos, em particular, assim que possível - avisa, acompanhando-os ao veículo.

—Iremos pai - ele confirma, ajudando Sarah entrar - Quando chegarem em casa, ligue - pede, o empresário acenando afirmativamente - Tchau mãe - despediu-se, beijando seu rosto, entrando no carro, acomodando-se ao lado de Sarah.

—Façam uma boa viagem - deseja Elizabeth, acenando, seguindo o veículo com o olhar - Ainda acha que foi um erro? - pergunta, voltando-se para o marido.

—Somente o tempo dirá - ele declara, dando de ombros, conduzindo-a de volta ao interior do sobrado…

“... A love like ours;

Could never die;

As long as;

I have you near me…;

And I love her…”





 

 


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Notas finais do capítulo

Até sábado. Bjinhos flores
#usemmascara
#apandemianaoacabou
#seprotejameaquemvocsamam



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