Esposa de Aluguel escrita por Regina Rhodes Merlyn, Marielle


Capítulo 4
Meeting the Rhodes (part. 2)


Notas iniciais do capítulo

Olá flores! Pensem na odisséia para postar hoje!!! Meu note deu problema, melhor dizendo o caregador (acho que queimou) e quase não consegui postar. Foi na caixa das almas! Literalmente. Postei fechei os arquivos e a bateria acabou. Zerou. Agora só quando resolver o problema já que pelo celular não consigo postar nada (culpa minha, lógico).
Mas vamos deixar as lamúrias de lado e acompanhar os primeiros contatos de Sarah e Sofia com o clã Rhodes.
Grata por todos os rewiews passados. Aguardo mais rewiews. Boa leitura. Bjinhos flores.



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“...Hey, Jude, don’t be afraid;

You were made to go out and get her;

The minute you let her under your skin;

Then you begin to make it better….”

Hey Jude

The Beatles

Residência Dulce e Mathilda Rhodes (sábado, 04:00 p.m)

Cinco dias para o Natal; Onze para o duplo aniversário

Sentada na cama, Sarah tamborila os dedos sobre o colchão, um suspiro escapando por seus lábios. 

Acordara uma hora atrás certa de ter ouvido a filha choramingar, constatando, ao ir até o berço, que a menina dormia tranquilamente. 

Retornara, então, a cama, subindo cuidadosamente para não acordar Connor, que dormia tranquilo. 

O cirurgião se oferecera para dormir no confortável, porém inadequado para alguém de seu porte físico e altura, sofá de dois lugares existente no quarto, mas ela o convencera não ser necessário pois a cama era grande o bastante para os dois e podiam muito bem dividi-la confortavelmente. Se bem que dormir fora algo que ela ainda não conseguira fazer desde a partida de Chicago. Sua mente estava agitada demais, sentia-se inquieta demais para relaxar e conciliar o sono. Foram muitas as informações recebidas na conversa que tivera com Claire Rhodes enquanto aguardava seu voo. Informações extras das recebidas de Connor, duas noites atrás, e que a fizeram questionar-se haver tomado a decisão correta em aceitar tomar parte na farsa.

 Ao desembarcarem, um motorista os aguardava, mesmo sendo madrugada ( perto das duas da manhã), para os conduzir à residência da família Rhodes (que ela descobriu tratar-se de um sobrado antigo de três andares em Upper West Side, uma das regiões cujo metro quadrado era um dos mais caros de Manhattan e não uma casa, como fora induzida pensa)em Nova York, acrescendo mais um item aquela que parecia interminável lista de informações sobre eles.

Evidente que não era ingênua. Sabia que a família de Connor (e ele próprio) eram ricos (fizera uma rápida pesquisa a fim de conhecer o “terreno” aonde pisava), mas não tinha noção do QUANTO eram ricos. As passagens, todas de primeira classe, e o par de alianças absurdamente cara (ela tinha certeza disso,mesmo ele negando) que Connor pusera em seu dedo, tinham lhe dado uma vaga idéia, mas aquela “casa” lhe dera a noção exata do quão ricos os Rhodes são, fazendo-a rir de seus tolos pensamentos e preocupações acerca daquela farsa poderia estar saindo cara demais para ele, mesmo sendo um homem de posses.

Bom, se ele prefere gastar uma pequena fortuna à enfrentar a própria família, é problema dele. Quanto a mim, cumprirei minha parte e depois adeus. Nunca mais nos veremos…. pensa, olhando-o de soslaio, a inquietação em seu baixo ventre fazendo-a morder o lábio para conter o gemido ao contemplar o corpo masculino parcialmente exposto a seu lado, apertando as mãos a fim conter o desejo de tocá-lo.

—Droga, Sarah! Controle-se - ordena baixinho, mantendo-as coladas ao peito - Não esqueça do porquê de estar aqui e principalmente lembre-se: ele NÃO tem interesse algum em você  - sussurrou, decidindo levantar-se e explorar um pouco enquanto era cedo.

Suavemente, desliza para fora da cama uma segunda vez, vestindo o robe aveludado, calçando as pantufas confortáveis(e silenciosas), indo certificar-se uma vez mais que a filha dormia antes de se dirigir a porta, admirando o ambiente no qual se encontrava.

O quarto no qual foram instalados fica no segundo andar, na parte frontal, com uma bela vista para o Central Park (segundo lhe dissera Connor). O cômodo era luxuosamente decorado, mas sem extravagância. A mobília, um misto harmonioso entre o antigo e o moderno, a tinha encantado de cara. O banheiro, relativamente pequeno (ao menos ela achou) havia sido muito bem projetado, aproveitando cada mínimo espaço. 

No canto direito do quarto, um móvel tinha sido retirado para dar lugar o berço para sua filha. Além do já citado sofá e da enorme cama de casal, uma cadeira, um armário embutido. um reclaime, um criado mudo e o aquecedor completavam o ambiente. Flores (rosas, em sua maioria, nas cores vermelha, branco e champanhe)haviam sido dispostas em jarros de cristal. As cores usadas eram suaves, criando uma atmosfera tranquila e romântica, propícia a um casal apaixonado desejar permanecer boa parte de seu tempo ali, se amando….

—O que não é, em absoluto, nosso caso! - murmura ela, dando uma última olhada em direção ao berço e a cama para ter certeza de que ambos dormiam, fechando a porta delicadamente ao sair.

Mesmo tendo chegado na madrugada, as poucas luzes que haviam sido acesas permitiram a ela ter uma visão ampla do corredor, o que agora estava sendo-lhe útil, evitando esbarrar em algum móvel enquanto caminha na semi escuridão. Também a estava ajudando o fato de ter uma excelente memória visual. Bastara uma rápida olhada em volta enquanto o mordomo (sim, eles tinham um!!!) os conduzira ao quarto, para ela decorar a distribuição de tudo que havia no corredor.

Connor lhe contara, enquanto se preparavam para dormir, que a avó e a tia-avó dividiam o sobrado havia dez anos, após ambas terem ficado viúvas. As duas senhoras optaram por ocupar o térreo do prédio, onde também ficavam a cozinha e duas amplas salas, uma na qual recebiam visitas e ou outra para jantares em família. Já o primeiro andar tinha sido reformado há pouco tempo. Uma sala para filmes e um ambiente contendo alguns jogos (sinuca e pebolim) tinham sido criadas por conta de alguns parentes mais jovens se hospedarem ali quando estudando na cidade. Também uma copa auxiliar fora acrescida para maior comodidade tanto dos jovens hóspedes quanto de amigos a virem passar uma temporada no lugar.

No andar havia ainda três quartos mais simples (segundo Claire dissera),um banheiro social e uma saleta que servia de recinto para leitura e como escritório dos moradores (e quem mais precisasse utilizá-lo enquanto hospedado). 

O segundo e terceiro andares haviam sido destinados acomodar parentes e amigos íntimos que por ventura viessem visitá-las. Evidente que não tinha  a capacidade de acomodar a Todos que viriam para a reunião neste ano (mais de cento e cinquenta pessoas, segundo Claire, número que a haviam espantado e assustado ao mesmo tempo), e que somente os mais próximos iriam ficar no sobrado aqueles quinze dias. Os de primeiro grau primordialmente. 

Admitia, estava particularmente ansiosa em conhecer o outro aniversariante (gêmeo de Dulce), Christopher, os pais de Connor (ouvira e lera muita coisa sobre o Elizabeth e Cornélius Rhodes, algumas meio assustadoras. Sobre ele, mais precisamente) e duas de suas primas (que teriam sido a segunda motivação a Connor armar aquela farsa): Cordélia e Catherine Rhodes.

Claire a advertira ter cuidado e não confiar em ambas pois eram, ainda hoje, terrivelmente manipuladoras ( a empresária lhe contara ter sido vítima das primas incontáveis vezes durante sua infância e adolescência, não apenas por ser dois anos mais nova, mas principalmente por sua timidez excessiva) especialmente no que dizia respeito a Connor…. “As duas só sossegaram quando conseguiram, em momentos diferentes, lógico, se enfiar dentro das calças de Connor! E depois disso viviam disputando atenção dele, nem sempre de maneira saudável, quando a oportunidade surgia. Isso causou  atritos e discussões em algumas ocasiões já que Connor não conseguia dizer Não a nenhuma das duas. Infelizmente, um dos poucos defeitos de meu irmão é se deixar envolver e manipular facilmente por qualquer rabo de saia quando está apaixonado!” ...dissera a empresária, reconhecendo ser horrível dizer tal coisa sobre o irmão, mas que havia todo um histórico para confirmar sua afirmação… “Connor tem um coração maior do que ele. É um profissional pra lá de qualificado, inteligente, atencioso, prestativo, e não irá encontrar um amigo ou colega de trabalho que diga o contrário. Mas quando se trata de assuntos do coração, é uma verdadeira negação! Meu irmão tem um terrível e quase infalível, dedo podre para relacionamentos!”... cometara, na ocasião Sarah perguntara-se o que aquilo significaria em termos práticos.

Particularmente, achava difícil acreditar que o mesmo homem decidido, que arriscara-se ser preso ao aguardá-la defronte o prédio aonde morava para tentar convencê-la o ajudar, se deixaria manipular por quem quer que fossem, mas como o conhecia a muitíssimo pouco tempo, teria de confiar no que Claire dizia, afinal, quem poderia conhecê-lo melhor do que a irmã?

Para ao alcançar o topo da escadaria que a levaria ao andar imediatamente abaixo, dando uma olhada no corredor, assegurando-se não haver acordado ninguém antes de prosseguir.

Desce os degraus, sobressaltando-se quando uma luz acionada por sensor de presença acende. Apressa-se em seguir adiante, rolando os olhos ao recordar que naquele andar não havia  nenhum hóspede ainda. Com renovada curiosidade, atravessa o curto corredor, adentrando a primeira sala onde as mesas de sinuca e pebolim dividiam espaço com um sofá em L, uma televisão de cinquenta polegadas (ela presume) munida de home theatre e um moderno videogame acoplados se destacavam, sorrindo ao imaginar as duas senhoras manipulando qualquer dos jogos naquela sala. Connor assegurara que, salvo os limites da idade e alguma doença ocasional, eram bastante ágeis e animadas, seu vigor desafiando em alguns momentos os membros mais jovens da família.

No canto esquerdo, um pequeno, porém bem abastecido bar, forneceria bebidas àqueles que ali estivessem desfrutando de momentos de lazer. Um aquecedor, algumas cadeiras, dois pufs e quadros completavam o ambiente bastante jovial e revigorante.

Seguindo em seu passeio, adentra o ambiente seguinte, a saleta/escritório mencionada por Connor e que imediatamente ganhou status de predileta da barista até ali, não somente pela decoração intimista e elegante com suas paredes em tom rosa lavanda, mas por um detalhe especial: livros! Muitos livros. Milhares deles. Ocupavam toda uma parede e metade da outra. Do chão ao teto.

Encantada, adentra-o, deslizando os dedos pelas lombadas salientes, notando estarem organizados por assuntos e autores. A primeira parte era dedicada aos romances de época. Entre outros títulos, identificou logo à primeira vista Orgulho e preconceito, Razão e sensibilidade, Emma e Mansfield park, de Jane Austen, toda a coleção de Os Bridgertons e Agentes da coroa, de Julia Quinn, além de clássicos como E o vento levou, de Margaret Mitchell,  O morro dos ventos uivantes, de Emily Bronte, Dom Quixote De La Mancha, de Miguel Cervantes, entre muitos outros que ela já havia lido ou estavam em sua lista de leitura (sim, ela tinha uma). Ao lado destes figuravam romances mais atuais como a trilogia de Jenny Han e a recente quadrilogia de Annie Darling. Mais para a metade da parede/estante, estavam volumes muito antigos, em outros idiomas e depois destes figuravam clássicos de literatura policial e suspense onde Sidney Sheldon e Agatha Christie dividiam pacificamente espaço com autores mais atuais, como Dan Brown.

Continuando sua exploração literária, na meia parede predominavam livros científicos, mapas, dicionários (de vários idiomas) e outros para pesquisa e estudos que a deixaram maravilhada. Perto da janela, uma escrivaninha antiga exibia-se, imperiosa, alguns porta retratos e cadernos de capa em couro dividindo espaço com um tinteiro (fora de uso, evidente), um notebook (peça mais moderna que vira até agora no cômodo) e alguns bibelôs, lembranças de viagens, ao que parecia, sobre o tampo reluzente.

Por fim, em um recanto discreto, encontravam-se álbuns de tamanhos e materiais variados. Ela hesita um segundo (não queria ser invasiva), a curiosidade vencendo-a. Pega dois dos maiores, sentando-se na confortável cadeira estofada. Abre o primeiro, deparando-se com fotos antigas que supõe serem das anfitriãs com seus pais, irmãos e demais membros da família pertencentes à mesma geração que elas, um jovem chamando sua atenção em uma das fotografias. Ele sorria, parecendo extremamente feliz e a vontade ao lado da garota loira, tão bonita quanto ele. A moça, por sua vez, o olhava de uma forma tão enlevada que não deixava qualquer dúvida sobre seus sentimentos pelo rapaz, o qual, Sarah deu-se conta, lembrava muito Connor.

O segundo álbum trazia outra geração da família Rhodes. Ali estavam os pais de Connor e Claire, seus tios e outros parentes. Nas últimas páginas predominavam fotos dos irmãos em idades distintas. Uma de Connor bebê, todo lambuzado de glacê a faz sorrir. Ele fora um nenem fofinho, do tipo que dava vontade pegar e não largar mais! Claire também, mas de uma forma diferente. Mesmo naquela tenra idade, já tinha olhos astutos e parecia muito ativa. As últimas fotos traziam ambos com treze e catorze anos (ela calcula) respectivamente, no que pareciam férias em alguma praia pois usavam trajes de banho e estavam muito bronzeados.

Estranho como as coisas desandam em nossa vida repentinamente...pensa, lembrando-se de como a relação entre Connor e sua família (o pai em especial) se deteriorara, deixando escapar um suspiro triste.Fecha o álbum, levantando-se, devolvendo os dois ao local de onde os retirara, seu olhar dirigindo-se a janela. A neve diminuira, permitindo-lhe enxergar um pouco lá fora. Instintivamente, procura algum relógio, encontrando um pendurado alguns passos de onde estava: seis horas. Temendo alguém despertar e flagra-la ali (estava de pijama), decide retornar ao quarto.

Refaz o caminho de volta tendo o mesmo cuidado em não fazer barulho ao passar diante das portas, paralisando momentaneamente ao adentrar o quarto, a cena diante de seus olhos trazendo-lhe lágrimas que contém a muito custo.

Deitados na cama, Connor e Sofia dormiam, sua filha confortavelmente aconchegada sobre o dorso nu dele, os cachinhos rebeldes espalhados sobre o pescoço e parte do queixo de Connor, que por sua vez a segurava protetoramente, um braço envolvendo-lhe a cintura enquanto o outro permanecia estirado ao longo do próprio corpo, ambos ressonando tranquilamente. Era, ao mesmo tempo, a cena mais linda, doce e assustadora que já vira e a leva refletir novamente se aceitar aquela farsa não teria sido um erro. 

Desde que nascera, a única presença masculina com quem Sofia tivera um mínimo de convivência fora seu Pediatra (que, por coincidência,morava no mesmo prédio que elas), mas isso, claro, não conta. Não que Sarah fosse reclusa ou evitasse flertes e coisas do genêro. Isso ela não fazia, mesmo tendo, logicamente, diminuído suas saídas noturnas após o nascimento da filha. Mas jamais levara qualquer dos poucos homens com quem se envolveu para casa. Até porque a maioria perdia o interesse quando descobria sobre Sofia e os que não perdiam deixavam claro não estar a fim de um relacionamento mais sério, o que de certa forma, vinha sendo um arranjo satisfatório para ela. Não pensava nem desejava um relacionamento longo ainda. Ainda.

Lentamente, caminha até a cama, despindo o robe sem jamais desviar o olhar dos dois, deitando-se cuidadosamente em seu lado, permanecendo alguns minutos admirando-os até que adormece.

Algumas horas depois….

Sarah acorda sentindo mãos pequenas apertando seu rosto segundos antes de um beijo molhado e estalado ser depositado em sua bochecha, a fazendo sorrir antes mesmo de abrir os olhos, o calor em sua face dando-lhe a certeza estar tão vermelha quanto um pimentão ao se deparar com as orbes azuis de Connor observando-a, sério, o cabelo desalinhado denunciando ele também ter acordado havia pouco tempo.

—Por favor, me diz que não babei!! - ela pede, enrugando o nariz em uma careta graciosa, o sorriso que ele lhe dirige fazendo-a sentir a mesma inquietação de antes em seu baixo ventre e neste momento ela se dá conto do perigo que corria. Seria fácil, terrivelmente fácil, se apaixonar por aquele homem!

—Não - ele mente, fazendo-a arquear a sobrancelha em uma pergunta muda, ganhando outro sorriso - Talvez só um tantinho assim - usa os dedos para exemplificar, Sofia segurando-os, encarando o moreno, desatando a falar palavras soltas como “mama baba” , “bebê” e outras que ele não consegue entender, limitando-se acenar e concordar - Sim, sim, concordo inteiramente - diz e é a vez de Sarah sorrir, deitando-se lateralmente, apoiando o cotovelo no colchão e a cabeça à mão, olhando-o atentamente.

—Tem certeza de que concorda com ela? - inquere, tentando parecer séria.

—Sim. Acho que sim...Mas...eu concordei com o quê mesmo? - pergunta, levantando uma sobrancelha, buscando o rosto da garotinha, que já voltava sua atenção para a mãe, reclamando estar sem a “peta”, de fome e avisando ter feito “caca”.

—Nada muito grave - Sarah diz, despreocupadamente, levantando-se com graça e agilidade, pegando a filha no colo - Apenas em ajudá-la dominar o mundo, caso não esteja ocupado - brinca, fazendo-o rir alto ao sentar-se, acompanhando-as com o olhar.

—Vou verificar minha agenda, mas estou certo de que consigo um tempo para ajudá-la nessa tarefa. Quem sabe até Claire nos ajude - ele diz, entrando na brincadeira.

—E sua tia-avó, já que, pelo que sua irmã me contou, é adepta de aventuras - Sarah comenta, abrindo a mala da menina após tê-la colocado dentro do berço, escolhendo uma muda de roupa para ela, voltando-se para pegar fraldas, sabonete, perfume e tudo o mais que precisaria para banhá-la.

—Verdade. Mattie tem energia suficiente para se embrenhar em uma batalha para conquistar o mundo sem pestanejar - Connor anui, enrugando o cenho enquanto caminha até elas -Aonde foi tão cedo? Acordei com ela te chamando - pergunta, parando junto ao berço.

—Senti sede - ela mente, evitando o olhar, separando uma muda de roupa para a filha, erguendo o rosto, olhando em volta - Sabe que horas são? - pergunta.

—Dez e alguma coisa - ele responde, prendendo a mão de Sofia entre os lábios, fazendo a menina rir.

—Minha nossa Connor!! Por que não me acordou?- ralha, seu olhar detendo-se no dorso nu, fazendo-a abaixa-lo, sentindo as bochechas esquentarem.

—Sarah, ninguém espera que acordemos cedo. Chegamos de madrugada. É normal dormirmos um pouco mais hoje - ele responde, atendendo o pedido de Sofia quando  esta estica os braços para ele, pegando-a no colo - Hã … tem catarro escorrendo do nariz dela - avisa - Será que gripou? - inquere, preocupado, inclinando-se para que Sarah pudesse limpar a filha com um lenço umedecido.

—Espero que não. Ela é sensível a mudanças bruscas de temperatura, assim como eu era em sua idade. Ficarei atenta - tranquiliza-o, ambos se voltando ao escutarem a leve batida na porta precedida do aviso “Tô entrando”, Claire surgindo juntamente com Will, os dois sorrindo largamente ao vê-los.

—Bom dia casal!! - cumprimenta o médico, exibindo um sorriso tão radiante quanto o de Claire.

—Estão se preparando para descer? Nós também - ela observa, apoiando-se ao namorado - Acordamos agora, então, se quiserem podemos esperá-los para irmos juntos - oferece.

—Pode ser - Connor anui, passando Sofia para os braços de Sarah - Vamos nos arrumar e já encontramos vocês na sala de jogos - sugere, eles concordando.

—Combinado - Claire diz, olhando-os com curiosidade - Até já - gira nos calcanhares, saindo do quarto, levando o namorado consigo, um sorriso divertido brincando em seus lábios enquanto caminham pelo corredor.

—Se eu não soubesse a verdade, diria que eles são, de fato, um casal - o ruivo comenta.

—Eu quase falei isso, mas segurei a tempo - admite a morena, estalando a língua - Conhecendo meu irmão, iria travar e estragar tudo e isto é a última coisa que desejo, amor. Tive um pressentimento sobre eles.Um bom pressentimento e no que depender de mim os dois continurão se vendo depois que voltarmos a Chicago - declara..

—Hastag team Rheese!!- brinca o ruivo, fazendo-a enrugar o cenho.

—Rheese??? - olha-o, confusa.

—Os sobrenomes. Rhodes mais Reese. Rheese - explica enquanto descem as escadas.

—Humm… gostei - Claire diz, sorridente - E nós, como ficamos? - pergunta, parando de frente para ele, erguendo o queixo a fim de olhá-lo.

—Rhoestead! - responde de pronto, enlaçando-lhe a cintura - Criei logo que começamos namorar pra valer - revela, lhe dando um selinho.

—Ownnn! Fofo!! - ela exclama, ficando na ponta dos pés para beijá-lo, o limpar de gargantas fazendo-os separarem-se, voltando-se para os recém chegados - Pai, mãe, bom dia! - Claire os cumprimenta, recostando-se em Will - Também acordaram tarde? - pergunta.

—Quem me dera!! Sua mãe me expulsou da cama tão logo o dia nasceu - resmunga o empresário, dirigindo sua atenção ao ruivo - Cornélius Rhodes - estica a mão para ele - Já nos vimos antes? -pergunta.

—William Halstead e sim, nos vimos algumas vezes, mas não fomos apresentados formalmente - responde o ruivo - Trabalho no Gaffney - elucida ante o olhar inquisidor do outro.

—Ah, é colega de Connor, então - Elizabeth Rhodes comenta, sorrindo gentil.

—Will e Connor são amigos mãe - Claire adianta-se em corrigir - E ele é meu namorado - acresce.

—Então é este belo jovem o responsável por você estar sorrindo com mais frequência!! - exclama ela, estendendo a mão para o médico - Elizabeth Rhodes, mas pode me chamar de Lizzie - pede, o ruivo aceitando, deixando um beijo educado no dorso da mão delicada.

—Prazer em conhecê-la e me chame de Will - ele pede, abrindo um largo sorriso - Agora sei de quem Claire herdou a beleza - elogia, fazendo mãe e filha corar enquanto Cornélius arqueia a sobrancelha, o quarteto voltando-se ao escutar uma voz suave ecoar na sala.

—Hum, então minha neta conseguiu capturar um romântico. Que maravilha!! - exclama a mulher, sorrindo enquanto se aproxima do grupo - Bom dia a todos - cumprimenta, envolvendo Claire em seus braços quando esta se atira sobre ela - Ia perguntar como você está, mas esse sorriso que parece ter-se fixado em seu rosto me diz tudo - comenta, olhando por sobre a cabeça da neta - Não me apresenta seu belo e ruivo cavalheiro? - indaga, Claire voltando-se para o namorado.

—Vó Dulce, este é Will. Will, vó Dulce - apresenta-os, o médico indo até elas, cumprimentando a avó da namorada com um beijo na mão.

—Muito prazer em conhecê-la, senhora Rhodes - diz, polidamente.

—O prazer é todo meu e trate de tirar esse senhora. Para meus netos e futuros netos é apenas Dulce -admoesta, sorrindo-lhe.

—Tentarei lembrar - o ruivo promete, retribuindo o sorriso, admirando-se, intimamente, do quão em forma a mulher era para uma quase centenária.

—Gostaram das acomodações? Dormiram bem? - quer saber, apoiando-se a bengala - Não se assuste criança. Apenas excesso de zelo de minha dedicada enfermeira Annie. Estou em perfeita saúde para alguém que completará um século dentro de alguns dias - tranquiliza-o ao perceber o olhar preocupado do médico.

—Will é médico vovó. Se preocupar com os outros é automático nele assim como é em Connor - Claire justifica-o, fingindo não notar o bufo do pai - E sim, estamos muito bem acomodados- assegura.

—E por falar em meu neto mais rebelde, onde ele está? Ainda não acordou? Estou ansiosa para conhecer a jovem que capturou seu coração e minha primeira bisnetinha - inquere.

—Primeira?? Mas eu pensei que ...você me disse que teriam outras crianças - Will indaga em tom acusatório.

—E haverão, mas, de fato, Sofia é a primeira bisneta da Dulce. Menina - frisa a empresária - E também a primeira neta de meus pais - completa.

—Ah. Entendi - murmura o ruivo, enrugando o cenho, preocupado.

—Tudo bem amor - Claire tenta tranquilizá-lo, lendo nas entrelinhas.

—Eu ainda custo acreditar que seu irmão teve o desplante de se casar sem nos convidar - Elizabeth reclama, soltando um longo suspiro - Jamais pensei que Connor seria capaz de tal coisa. Só espero que ela seja melhor do que as duas últimas namorada dele - acresce, torcendo o nariz.

—Ah, ela é - Claire e Will dizem juntos - Muito melhor - a empresária acrescenta - Você vai amar a Sarah vó. E Sofia é a coisinha mais linda do mundo! - exclama com um brilho nos olhos.

—Veremos - Cornélius resmunga.

—Cornélius, não se atreva a tentar intimidar nossa nora! - Elizabeth adverte, estapeando o ombro do marido - Tenho certeza ter sido por causa dessa sua atitude que nosso filho a escondeu - acusa.

—Se escondeu, algum motivo deve ter - rebate o empresário, tranquilo.

—Quero lembrá-lo, meu filho, de que está em Minha casa! Não admitirei que destrate ninguém, Ninguém, enquanto estiver sob Meu teto, especialmente a esposa de meu neto - Dulce adverte, fazendo-o recuar, resmungando, ao acertá-lhe o pé com a bengala - Comporte-se ou pudim de fígado será a menor de suas preocupações na ceia natalina - alerta, o empresário bufando, resignado.

—O que eu perdi? - Will sussurra ao ouvido da namorada.

—Qualquer dia te conto - responde ela, abrindo um largo sorriso ao visualizar o irmão aproximando-se tendo Sarah a seu lado e Sofia nos braços - Bom dia de novo maninho! - cumprimenta, Elizabeth, Cornélius e Dulce se voltando, as duas mulheres sorridentes ao passo que o pai de Connor o encara, desconfiado.

—Bom dia - o cirurgião respondeu, parando, olhando o grupo um a um - Vovó, mãe...pai…- chama, dirigindo-lhes um sorriso -,deixem-me apresentar minha esposa, Sarah - a faz dar um passo a frente - E essa é Sofia - completa, exibindo a menina.

—Muito prazer em conhecê-la - Elizabeth adianta-se, indo até a jovem - Posso lhe dar um abraço? -pergunta, Sarah permitindo com um aceno de cabeça, sendo imediatamente envolvida por ela durante alguns segundo - E essa linda bonequinha!! - volta-se para Connor - Olá meu bem. Bom dia!! - exclama, ganhando um sorriso tímido da menina - Ela estranha? Posso pegá-la no colo? - pergunta, alternando olhar de Sarah para Connor.

—Raramente - a barista afirma, esticando os lábios em um sorriso simples.

—Vem para a vovó meu bem, vem - convida, esticando cuidadosamente os braços, a menina hesitando um segundo antes de se inclinar, segurando primeiramente as mãos da mulher para logo a seguir se deixar pegar -Olá amorzinho! - Elizabeth exclama, adocicando a voz - Veja Cornélius. Nossa neta é linda - elogia, aproximando-se do marido, ele limitando-se sorrir discretamente, olhando atentamente para Sarah.

A barista finge não perceber a análise minuciosa a qual está sendo submetida, sorrindo e acenando afirmativamente a avó de Connor mesmo sem ter ouvido uma palavra que a mulher dissera, agradecendo mentalmente ter-se arrumado com esmero para o café. 

Como aquele seria o primeiro encontro oficial com a família de seu “marido” , queria causar uma boa impressão. Pensando nisso, escolhera para si um conjunto de saia e pullover em tom vinho, o corte clássico lhe conferindo uma aparência elegante e austera que, esperava ela, agradasse a todos. Para calçar, escolhera uma botinha marrom escuro sem salto. Já para a filha, escolhera um dos muitos conjuntinhos que Megan, sua irmã mais velha, enviara de presente: casaquinho rosa com cinto e lacinho em tom verde oliva, o mesmo da leg, um sapatinho leve e confortável em tom neutro. 

A princípio pensara ter exagerado e isto quase a fez mudar de idéia, porém, ao ver os trajes de Connor (pullover cinza, calça jeans escura e sapatênis) bem como os elogios dele ao vê-las, concluira ter escolhido acertadamente. Além do mais, já passava das onze quando desceram e certamente haveria alguma programação (Claire lhe dissera que as anfitriãs haviam preparado atividades para todos os dias) a fim de manter a todos ocupados.

—Sarah, tudo bem? - a pergunta sussurrada junto de seu ouvido a tira do devaneio ao mesmo tempo em que provoca arrepios de prazer.

—Uhum - murmurou, dirigindo um olhar rápido a Connor, dando atenção a anfitriã ao escutá-la chamar.

—Venha aqui meu bem - Dulce convida, estendendo-lhe a mão a qual prontamente aceita, deixando-se conduzir pela esperta senhora a um canto um pouco afastado - Então, como estão as coisas entre você e meu neto? - pergunta, fazendo-a franzir o cenho - Claire contou-me que, mesmo Connor tendo a convencido casarem-se, vocês ainda estão se entendendo, correto? - justifica-se, os olhos azuis tão parecidos com os do neto, fitando-a, atentos.

—Estamos bem, sim senhora - responde com um sorriso franco.

—Não precisa ser tão formal criança. Somos parentes agora. Me chame Dulce apenas. Ou vó, se preferir - pede ela, .

—Certo. Tentarei, mas desde já peço desculpas se não conseguir - a barista pede.

—Terá quinze dias para se acostumar… não é mesmo Connor? - inquere o perceber a aproximação do neto - Sua esposa é um doce, espero que saiba disso - comenta em tom de reprimenda.

—Estou descobrindo vovó - ele responde, beijando o topo da cabeça dela, envolvendo, instintivamente, a cintura de Sarah, trazendo-a um pouco mais perto de si - Tio Chris já chegou? - quer saber.

—Para minha alegria constante, sim - responde a matriarca, provocando risos nos presentes - Ele, Mattie e os demais nos aguardam para o brunch - avisa, sinalizando a jovem enfermeira se aproximar - Annie, por favor avise que estamos a caminho - pede, a garota adiantando-se em fazer o que pedia - A grande maioria dos que chegaram foi dormir tarde. Alguns, pelo que fui informada, haviam acabado de se recolher quando vocês chegaram, logo, praticamente todos acordaram depois das nove da manhã por isso achei melhor servir um brunch reforçado - justifica-se, sorrindo amável - Quando terminarmos iremos ao clube aonde acontecerá a festa de aniversário, para que possam, além de divertir-se um pouco, reconhecer o ambiente e Lizzie, Mattie e eu possamos fazer os últimos ajustes - completa, pondo-se gentilmente entre Connor e Sarah, enlaçando seus braços aos deles - Agora, enquanto seguimos para tomar a refeição, que tal me contar como conheceu essa bela jovem e porque a escondeu de mim - sugere.

—De nós, que dizer mãe - Cornélius a corrige, segurando levemente a mão que Sofia lhe estendia.

—Eu sabia - Claire declara, erguendo o queixo, adiantando-se ao grupo - Vem amor, como já conhecemos os fatos vamos nos adiantar porque estou morta de fome!! - exclama, praticamente arrastando o ruivo.

—Se não tivesse acompanhado cada uma de suas gestações e partos, diria nossos filhos terem sido trocados na maternidade, minha querida - Cornélius comenta, olhando a esposa com o canto de olho.

—E se eu não conhecesse Sua família pensaria o mesmo, amor - ela rebate, soprando-lhe um beijo.

—E eu vou ignorar as bobagens que ouvi - Dulce diz, sacudindo a cabeça, apertando suavemente o braço do neto - Estou esperando meu bem. Como conheceu essa adorável criatura? -insiste, o cirurgião contando-lhe (e aos pais por tabela), tranquilamente, com o auxílio de Sarah, enquanto se encaminhavam para a sala de refeições, a história que haviam combinado, tendo o cuidado de não florea-la pois tinham ciência terem de repeti-la algumas vezes nos próximos dias, terminando a narrativa quando chegam ao ambiente, já bastante agitado.

Mal adentram o recinto e duas lindas mulheres (as mais belas que Sarah já virá) veem ao encontro deles. A primeira era alta e elegante, seus longos cabelos castanhos caindo em ondas suaves sobre os ombros, os olhos de um tom castanho esverdeado brilhavam ao envolver Connor em um abraço que o afasta dela e de Dulce. A segunda era um pouco mais baixa porém não menos elegante ou bela. Seus olhos eram de um tom de castanho mais escuro assim como os cabelos, que ornavam seu rosto em um corte moderno. Ambas estavam deslumbrantes, a primeira em um traje similar ao de Sarah e a segunda em um conjunto calça e blusa em cetim de seda com um casaco em couro, o estômago da barista se contraindo dolorosamente quando ela resmunga.

—Agora já chega Cordy. Minha vez de matar a saudade desse meu primo lindo e fujão!! - declara, puxando-a sem nenhum constrangimento para logo a seguir ela própria envolver Connor em um abraço apertado - Estava com saudade desse seu cheiro másculo! - sussurra não tão baixo quanto deveria (ou poderia).

—E você reclamando de Claire Cornélius!! - Dulce exclama, acertando propositadamente os pés de ambas mulheres com a bengala, usando a mesma para afastá-las sem cerimônia -Quero acreditar que a falta de educação de ambas se deva a um sério problema de visão. Acaso não perceberam nossa presença? - aponta de si mesma para Sarah.

—Desculpa vovó. Foi a emoção em rever Connor - Cordélia diz, piscando para ele, ganhando outra advertência com a bengala - Ai vózinha! Isso dói - reclama, fazendo careta, Catherine escondendo o riso por detrás da mão - Já pedi desculpas por não…

—Não devem desculpas a mim - a esperta senhora diz, apontando-as com o objeto - Devem a Sarah, a Esposa de Connor - indica-a, fazendo questão enfatizar a posição da barista - Perdoe a má educação dessas duas minha querida. Lhe asseguro que são exceção a regra- diz, olhando diretamente para Sarah.

—Não se preocupe, eu entendo - Sarah minimiza, dando atenção às mulheres, algo dentro dela alertando-a para não abaixar a cabeça -, afinal, como bem disseram, não encontravam meu marido há algum tempo - acresce, dando-lhes seu melhor sorriso, estendendo a mão - Sarah Reese Rhodes. Prazer em conhecê-las - apresenta-se de maneira pomposa.

—Cordélia Rhodes - apresenta-se a loira, examinando-a de alto a baixo.

—Catherine Rhodes - a morena ergue a mão, sorridente - Mas pode me chamar de Cathy - diz, simpática, Sarah intuindo ser com ela que deveria ter mais cuidado - Quer dizer que conseguiu o milagre de prender meu priminho fujão?? - pergunta, a discreta ênfase ao pronunciar “meu” não passando despercebido a barista.

—Engraçado, não estou vendo algemas nos pulsos dele - rebate a barista, um assobio jovial ecoando pelo recinto, que, somente então, ela nota estar em total silêncio.

—Gostei dela! - um homem quase tão alto quanto Cornélius declara, sorridente, aproximando-se do grupo - Christopher Rhodes, seu criado - apresenta-se, tomando e beijando os nós dos dedos da mão de Sarah, demorando-se um segundo antes de se voltar para Connor - Demorou decidir-se casar, mas quando o fez, escolheu muito bem, pelo que posso notar. Parabéns sobrinho - elogia, dando atenção a Elizabeth - E quem seria essa bonequinha linda?? - pergunta.

—Nossa netinha - ela responde de imediato, deixando Cordélia e Catherine boquiabertas.

—Fi-filha?? - Cordy gagueja.

—Filha - Connor confirma calmamente - Sofia - acresce o moreno, dando atenção ao tio-avô - Concordo plenamente tio - diz, segurando firme a mão de Sarah, sorrindo-lhe.

—Sofia!! Princesa Sofia…. O mundo de Sofia - uma mulher mais jovem se aproxima, sorridente - Linda escolha de nome - elogia, olhando de Connor para Sarah.

—Obrigada - a barista agradece, olhando-a curiosa.

—Sarah, essa é Mathilda, minha tia-avó. Tia, minha esposa - apresenta-as formalmente.

—Muito prazer em conhecê-la. Claire falou muito da senhora - Sarah diz, corrigindo-se logo a seguir - De todos, na verdade.

—Bem, eu espero - um rapaz moreno apoiado displicentemente a mesa solta, acenando - Caso contrário terei esquecido seu presente de Natal em Londres, priminha! - ameaça, sorridente.

—Não vou nem me dar ao trabalho responder Clint - Claire devolve, abraçada a Will.

—Bom, se já estamos todos aqui, creio que devamos tomar a refeição ou sua programação irá por água abaixo titia - Cornélius sugere.

—Concordo - Dulce adianta-se -E por favor, tentem controlar a curiosidade e não bombardear a pobre Sarah durante a refeição - pede, seu tom deixando claro não tolerar se desobedecida, caminhando em direção a mesa central.

—Isso mesmo. Deixem tudo pra depois para não causar indigestão ou afugentá-la! - Clint provoca, desviando-se da bengala, rindo divertido.

—Gostei dele - Sarah murmura.

—Ele é de longe o melhor de meus primos - Connor afirma em seu ouvido provocando novos arrepios, puxando a cadeira para ela sentar, pondo a pequena Sofia em uma cadeira própria a qual traz para junto deles - Aonde estão os meninos? - pergunta, curioso, sentando ao lado da barista.

—Thomas e Fred ainda dormem, Jason já tomou a refeição e agora deve estar aprontando por aí - Mathilda informa, distraidamente.

—Titia, Jason não apronta. Se bem conheço meu filho ele deve estar enfiado em seu escritório lendo - uma mulher ruiva defende o menino, inclinando-se para poder enxergar os rostos de Connor e Sarah - Meu marido e eu estimulamos esse hábito nele desde muito cedo…

—O que não esperávamos era que se tornasse um viciado!! - Clint adianta-se, encolhendo-se ante o tapa desferido pela esposa - A propósito Sarah, eu sou Clint, como já ouviu dizerem, e essa é Alice, minha esposa - apresenta, a ruiva sorrindo amigavelmente.

—Prazer conhecê-los - Sarah diz, retribuindo o sorriso - Eu sempre leio para Sofia dormir - conta.

—Você não, Connor? - Cathy interroga, encarando-o.

—Ainda não tive oportunidade, mas pretendo sim - ele responde.

—Não teve oportunidade? Como assim? - é Cordy que questiona, franzindo o cenho - Jurava que estavam casados! - ironiza, recebendo um olhar frio do cirurgião.

—Sofia e eu entramos na vida de Connor a muito pouco tempo. Ainda estamos ajustando nossos horários. Cada um de nós tinha ...tem ainda, na verdade, sua própria rotina. Coisas assim não se ajustam da noite para o dia - Sarah adianta-se em responder, altiva.

—Apesar de termos nos reencontrado a cerca de um ano, fazem apenas três meses que vivemos juntos sob o mesmo teto. Estamos literalmente nos entendendo em todos os sentidos -Connor acresce, tomando e beijando a mão de Sarah.

—Ainda assim é bastante estranho que….- Cathy tenta argumentar, Cornélius a interrompendo

—Elizabeth e eu vivemos juntos a mais de vinte e ainda assim não fazemos tudo juntos. Até mesmo nosso círculo de amizades é diferente - surpreende a todos ao sair em defesa do filho - Evidente que temos amigos em comum, mas preservamos várias antigas amizades de antes do casamento. De vez em quando saímos sozinhos. Não vejo nada de mal nisso - conclui.

—Nossos interesses e gostos pessoais caminham lado a lado com os que temos em comum. Cornélius se dedica a Dolan e eu as minhas obras e estudos, isso desde antes Connor e Claire nascerem - Elizabeth acresce, tranquila - Depois do nascimentos deles, quase nada mudou e nem por isso faltamos a nossos filhos. Sempre que era possível faziamos programas juntos, como passeios a museus e zoológicos - completa, ambos, Claire e Connor, preferindo não comentar.

—Se querem saber, essa história de “só vou se você for” é um saco!! - Clint exclama, provocando risos - Casar não é sinônimo de se anular, na minha opinião.

—Não deveria ser, mas sabemos que essa não é a realidade mesmo nos dias atuais -Alice comenta.

—Falem menos e comam mais! Temos uma programação a cumprir!! - o outro rapaz presente resmunga, enchendo seu prato com alguns dos quitutes uma segunda vez.

—Até porque se dermos bobeira você nos deixa sem nada, não é mesmo maninho?- Clint provoca, ganhando um gesto nada educado em resposta.

—Clint e Joseph, não me façam intervir! Podem ser homens feitos, casados e pais, mas ainda posso pô-los de castigo - Dulce ameaça, Claire e Will quase engasgando com o suco, Sarah espremendo os lábios para conter o riso enquanto alguns dos demais riem abertamente, incluindo Connor - Sinta-se a vontade para se servir minha querida. Minha bisnetinha não vai comer nada? - questiona,fazendo muxoxos para a menina.

—Ela já comeu mais cedo, mas prepararei um prato com frutas e biscoitos - Sarah diz, Connor ajudando-a tanto servir-se quanto servir a filha antes de servir a si mesmo.

A refeição transcorre tranquila, alguém fazendo uma ou outra pergunta a Connor ou Sarah, eles repetindo, resumidamente, a história combinada uma segunda vez. Após um tempo, o casal deixa de ser o foco das atenções, conseguindo relaxar até o término da refeição, quando são informados haver carros esperando para conduzi-los ao clube.

Depois de fazerem sua higiene pós refeição e Sarah preparar uma bolsa com tudo que poderia precisar para a filha, ela e Connor se unem aos demais na sala e estar, o cirurgião apresentando-a àqueles que ainda não a conheciam, os dois optando por irem no mesmo carro que Claire e Will.

O restante do dia transcorre em relativa calmaria, excetuando o momento em que os gêmeos de um dos primos de Connor resolveram brincar de esconde esconde...sem avisar aos adultos, fazendo uma parte da família se embrenhar em uma busca frenética. À noite, como o número de convidados aumentara, o jantar é servido sob a tenda fechada que fora montada durante a tarde no jardim interno, enquanto estiveram fora, o que acabou por servir de teste da estrutura posto ter começado nevar novamente. Após a ceia, o grupo se divide, alguns aproveitando os jogos, outros lendo, outros formando pequenas rodas de conversa. 

Como ainda sentia-se pouco a vontade, Sarah opta por subir ao quarto com a filha, levando dois livros consigo. Depois de arrumar e por Sofia para dormir (o que, para sua grata surpresa, não demorou tanto quanto de costume) ela resolve ligar para as irmãs, conversando um tempo indefinido com elas, marcando de se encontrarem em dos shoppings da cidade na antevéspera de Natal para matar a saudade e trocarem presentes já que não poderiam estar juntas na ceia natalina, desligando assim que acertam os detalhes. 

Aproveitando a ausência de Connor, Sarah decide tomar um banho relaxante na banheira, fazendo uso de algum dos sais a sua disposição, mergulhando na água morna e perfumada, relaxando a tal ponto que adormece, acordando apenas ao sentir o toque em seu ombro, sobressaltando-a.

—Sou eu - Connor avisa, voltando minimamente o rosto para o lado oposto a banheira quando ela, por causa do susto, projeta parte do corpo para fora d’água - Desculpe, não quis te assustar, mas é que estava deslizando para dentro da água - justifica-se, mantendo o rosto virado.

—Hã...certo...obrigada - titubeia a barista, imaginando a quanto tempo ele a observava - Já vou liberar o banheiro para você e pode se voltar - avisa, pondo-se de pé, enrolando o corpo com a toalha, aguardando-o fazer para falar - Connor, importa-se se eu encontrar minhas irmãs daqui quatro dias? Faz algum tempo que não nos vemos e elas estão loucas para reverem Sofia - pergunta, sentindo o rosto esquentar ao notar a direção do olhar dele - Connor?? - chama, estalando os dedos, fazendo-o encará-la - Tudo bem se for encontrá-las? 

—Suas irmãs? - ele inquere, ela confirmando com um aceno - Problema nenhum - garante, ajudando-a sair da banheira - Basta me lembrar que as levo - pede.

—Não precisa. Posso ir de Uber ou táxi -Sarah diz, uma nova onda de calor a invadindo ao ver as orbes azuis escurecerem. Reconhecia aquele tipo de reação.

—De forma alguma. Faço questão de levá-las - Connor insiste, a voz soando mais rouca do que gostaria - Além do mais, seria estranho não ir com vocês não acha? Somos praticamente recém casados - lembra, fitando-a intensamente.

—Eh..não vai incomodar? - persiste Sarah sem saber bem por que.

—Não -ele responde sem hesitar, tentando não desviar o olhar do rosto dela...Foco Connor, foco! Não olhe para baixo. Não olhe…— Aproveitarei para comprar alguns presentes que Claire não teve tempo - diz, por fim - Te deixo com suas irmãs e quando terminarem basta me ligar que a busco - determina, Sarah resolvendo não discutir.

Mesmo porque não há razão para isso ...pensa, concordando - Ok então. Agora me deixe terminar para que você possa usar o banheiro - pede, ele demorando um pouco entendê-la.

—Ah,sim, sim. Quer que eu saia - balbucia, soltando, finalmente, a mão dela sem, no entanto, mover-se a princípio e quando o faz é na direção errada

—Connor, a porta é para lá - Sarah avisa suavemente, mordendo o lábio inferior a fim de segurar o riso.

—Ah, sim, sim...a porta - ele repete, coçando a nuca, ligeiramente envergonhado - Então eu vou… sair - avisa, ela acenando afirmativamente, acompanhando-o com o olhar, soltando o ar que mal notara ter retido quando ele fecha a porta ao sair.

—Catorze dias - sopra - Apenas mais catorze dias Sarah. Você consegue - incentiva a si mesma, deixando escapar um gemido baixo ao lembrar a forma lânguida que ele a olhara, o desejo claramente presente em seu olhar. Ou teria sido apenas reflexo de seu próprio olhar? - Será mesmo que eu consigo???....

“....Hey, Jude, begin;

You’re waiting for someone to perform with;

And don’t you know that is just you?

Hey, Jude, you’ll do;

The movement you need;

Is on your shoulder…;

Na, na, na, na, na, na, na, na, na, na, hey, Jude…” 

 





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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo final de semana para o quinto e último capítulo e sim, teremos um epílogo!! Goataram de saber?!
Bom fim de semana. Votem bem. Se protejam. Bjinhos



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