Esposa de Aluguel escrita por Regina Rhodes Merlyn, Marielle


Capítulo 2
A hard day’s night


Notas iniciais do capítulo

Olá flores. Bem vindas ao segundo capitulo dessa short que amei escrever. Conforme combinado, serão cindo finais de semana (mesmo que decida fazer um epilogo, será postado no mesmo dia que o quinto e último capitulo) seguidos de postagens, sempre aos sábados, salvo, evidente, algum imprevisto pessoal ou por motivo de força maior (tipo falta de energia ou queda de internet).
No capitulo anterior, Sarah deixou Connor a ver navios após ele ter feito a ela uma proposta nada convencional. Hoje vamos descobrir o que aconteceu depois que ela desligou o interfone e tudo que decorreu disso.
Grata pelas rewiews passadas. Foram poucas mas amei todas e irei responder dentro em pouco. Aguardo mais rewiews, please! Boa leitura. Bjinhos flores
P.S : conforme falei, a trilha sonora segue com The Beatles
#usemmascarsemprequesair
#seprotejameaquemvocesamam
#apandemianãoacabou



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“It’s been a hard day’s night;

And I’ve been workin’ like a dog;

It’s been a hard day’s night;

I should be sleepin’ like  log;

But when I get home to you;

I find the things that you do;

Will make me feel alright…”

A Hard Day’s Night

The Beatles

Apartamento Sarah (sexta, 11/12/20202 -20:18 p.m)

Narrador

—Inacreditável! - Sarah murmura, olhando o interfone, incrédula.

Havia uns bons quinze minutos que desligara o aparelho e ainda o olhava, entre um movimento e outro dentro da pequena cozinha, como se o objeto inanimado pudesse lhe fornecer alguma resposta para os questionamentos em sua mente: quem era aquele homem? Algum tipo de maluco ou apenas alguém entediado querendo se divertir às custas das pessoas?

Pensou em entediado porque, a julgar pelas roupas e o relógio que usava (até mesmo ela, que não é ligada em moda, sabia reconhecer um Rolex esportivo ao ver um!), deveria ter uma vida tranquila, sem infortúnios ou grandes preocupações além do que iria vestir para ir na balada com os amigos ou qual viagem faria nas próximas férias, bem o oposto dela! 

Sendo assim, o que raios fazia no metrô e porque, por tudo que é mais sagrado, entre tantas pessoas naquele vagão, foi cismar justamente com ela!?!?

—Sarah, escutou o que eu disse? - a pergunta a faz piscar repetidamente, saindo do devaneio.

—Desculpa Michelle, não te ouvi não - confessa a jovem, sorrindo pequeno.

—Falei que consegui acalmar a Sofia. Ela adormeceu novamente. Tá quietinha no berço. Pode ir para sua aula descansada - avisa, sorridente.

—Ahhhh!! Obrigada- ela agradece, buscando o relógio na parede com o olhar, fazendo uma careta de desagrado ao perceber que tinha menos de vinte minutos para chegar a sala de aula - Merda! - xinga baixinho, caminhando apressada em direção ao quarto, usando, mentalmente,  palavras que jamais ousaria pronunciar em público para xingar o maluco que a fizera atrasar-se em suas tarefas que usualmente realizava antes de sair para o curso. 

Todas as noites, após chegar em casa, Sarah dispunha de quase uma hora para tomar uma ducha rápida, troca de roupa, engolir algo e sair deixando a filha sob os cuidados de Michelle, a adolescente filha de sua vizinha que lhe prestava serviço de babysiter, posto que, normalmente, Sofia adormecia no caminho, acordando apenas, algumas vezes, após haver chego do curso. Hoje, essa rotina tranquila fora quebrada pelo toque do bendito interfone, acordando-a, gerando um efeito cascata que teve como resultado a correria na qual entrara para não se atrasar.

Ainda xingando (ambos, Connor e o interfone absurdamente alto), troca apenas a blusa que usava, borrifando um pouco de perfume antes de pegar os livros sobre a cômoda, correndo de volta a sala.

—Assim que terminar a aula, venho para casa. Caso ela acorde, pode trazê-la para ficar aqui na sala junto com você - Sarah libera, pendurando a bolsa no ombro, levando a mão à maçaneta - Só não deixe que coma nada doce ou ela não vai me deixar dormir - recomenda, a garota rindo divertida.

—Pode deixar. Ainda lembro o que aconteceu na última vez em que tomamos sorvete com bolo! - recorda, Sarah enrugando o nariz em uma careta cômica.

—Nem me lembre! - exclama, indo até o balcão da cozinha, pegando duas maçãs - Até mais tarde - despede-se, atravessando o corredor rapidamente, preferindo as escadas ao elevador, chegando em tempo recorde no pequeno e aconchegante mezanino e dali para a rua, estancando, boquiaberta, em meio a escadaria, encarando o moreno sentado no meio fio defronte seu prédio, no lado oposto da rua -Não acredito que ainda está aqui!! - bufa, recuperando-se da surpresa, olhando para os lados enquanto descia, buscando alguém a quem pudesse pedir ajuda ao vê-lo levantar-se, claramente intencionado vir a seu encontro - Escute, por sua causa minha filha acordou e agora estou em cima da hora para minha aula. Sequer pude comer alguma coisa antes de sair e seja lá o que tem a dizer, não estou interessada, portanto, vá embora - ordena, virando para a direita rumo ao anexo da igreja ali perto aonde frequentava um curso noturno, tentando ignorá-lo.

—Sarah, eu sei que parece loucura, mas eu realmente preciso muito que aceite minha proposta - Connor declara, sem rodeios, acompanhando os passos rápidos dela sem nenhuma dificuldade.

—Não parece, É loucura e acho até que ligeiramente imoral já que, imagino eu, essa farsa que planeja, servirá para enganar alguém, estou certa? - interroga, olhando-o de soslaio, o silêncio dele confirmando suas suspeitas - Me desculpa, mas não pretendo participar de nada que envolva enganar pessoas - frisa ela, atravessando a rua com ele em sua cola - Sem mencionar o fato de que não o conheço - reitera, aumentando o ritmo dos passos na tentativa, sem sucesso, de fazê-lo desistir.

—Está coberta de razão, eu sei - Connor reconhece, continuando acompanhá-la sem dificuldade -, e também sei que nada justifica o que tenciono fazer, especialmente com quem pretendo fazer…

—Se sabe disso tudo, por que insiste? - ela o corta, dirigindo-lhe um olhar irritado.

—Mas se puder ao menos ouvir meus argumentos, se puder me dá cinco minutos para me explicar…. - ele prossegue, ignorando a pergunta, parando quando ela o faz, a encarando decidido, fazê-la entender seus motivos tornando-se, de repente, muito importante para ele.

—A única situação que justificaria agir como pretende seria uma questão de vida ou morte, tipo, ter pai ou mãe moribundos, a beira da morte, e você querer dar-lhes uma última alegria - conjectura ela, completando antes que ele pudesse confirmar ou negar - Ainda assim, não considero ser uma atitude digna para com qualquer deles posto que morreriam julgando o filho estar feliz e realizado, o que suponho queira fazer seja lá quem for acreditar - presume, cruzando os braços, olhando por cima do ombro dele ao ver um de seus professores adentrando o prédio as costas de Connor.

—Não é este o caso e posso te assegurar que se fosse, não o faria. Jamais deixaria minha mãe ou meu pai, apesar de tudo, morrer pensando que eu realizei o desejo deles em ter um neto. Neta, no caso - garante ele, erguendo o queixo.

—Se não é isso, do que se trata então? - questiona-o, mudando de idéia a seguir, sacudindo uma mão com firmeza - Esqueça, não quero saber. Não tem importância porque não vou aceitar e poderia sair do caminho por favor? Meus professores estão chegando e não pretendo me atrasar -pede, inclinando-se a fim de alcançar o portão e ao fazê-lo, seu braço roça no de Connor, disparando uma corrente elétrica que se espalhando pelo corpo de ambos em segundos - Quer me deixar passar!! - bufa após um tempo impreciso no qual se encararam, Connor pondo-se de lado de forma a permitir sua passagem, confuso com as sensações que ela começava despertar nele, enquanto Sarah corre para dentro da construção antiga sem olhar para trás, sentindo o coração acelerado, o rosto quente e a mente confusa, procurando deixar de lado tais sensações tão logo senta-se em uma das muitas carteiras vagas na sala de aula, cumprimentando e sendo cumprimentada pelos poucos colegas presentes, não estranhando a ausência da maioria da turma.

Estava se tornando habitual isto acontecer às sextas feiras. Ainda mais agora que o final do ano se aproximava...Melhor. Assim as aulas irão terminar mais cedo ...comemora, abrindo livros e caderno, empurrando o charmoso e desconhecido maluco do qual sabia apenas o primeiro nome (o que, tecnicamente, não o tornava totalmente desconhecido) e sua proposta maluca para fundo da mente, concentrando-se no assunto exposto pelo professor a sua frente.

Nas duas horas seguintes, esquece completamente o absurdo da situação pela qual passara antes de chegar a sala de aula, conversando animadamente com uma das garotas encarregadas de organizar a festa de formatura da turma, o assunto vindo à tona outra vez apenas ao final das aulas, quando, ao deixar o prédio, visualiza Connor parado junto ao portão tendo duas sacolas de um restaurante próximo penduradas em suas mãos, as quais ergue ao vê-la aproximar-se.

—Me senti culpado por ter atrapalhado seu jantar. Por favor, aceite com meu pedido de desculpas - justifica-se, dirigindo a ela seu melhor e mais charmoso sorriso.

—Isso não vai me fazer mudar de idéia - Sarah avisa, parando a sua frente, encarando-o com firmeza.

—E isto não é uma tentativa de suborno - assegura Connor, mantendo o sorriso -Eu realmente me senti muito culpado por ter interferido em sua rotina e quase te feito perder o horário de suas aulas - ratifica, inclinando discretamente a cabeça a fim de ver a capa dos livros que ela carregava.

—Designer de interiores - ela informa, rindo com o canto da boca ao ver a expressão confusa dele - O curso que estou fazendo. Designer de interiores - repete.

—Ahhh - Connor murmura - Então… permitiria a este maluco acompanhá-la, mais uma vez, até sua casa? Apenas para ajudar com as sacolas, nada mais. Prometo - diz, beijando os dedos cruzados.

—Eu não sei - vacila a jovem, olhando-o com desconfiança.

—Ficarei sempre dois passos atrás de você e em silêncio total e absoluto. Não direi uma só palavra a menos que me dirija. Nem vai perceber minha presença - assegura ele, sorrindo ainda mais.

—Eu devo estar ficando maluca - Sarah murmurou, suspirando, sinalizando a ela acompanha-la com um gesto de cabeça, tomando o caminho de volta para casa.

Conforme prometera, Connor caminhava dois passos atrás dela, em total silêncio, a curiosidade vencendo-a antes que atingissem a metade do trajeto, fazendo com que parasse em meio a calçada, voltando-se para o homem que a seguia, encarando-o séria.

—Provavelmente irei me arrepender por perguntar, mas por que precisa contratar uma mulher para se passar por sua esposa? - questiona-o - Sendo bastante honesta com você, não me parece o tipo homem que precise recorrer a este tipo de artificio. Tenho certeza de que, se pedisse, qualquer mulher de seu círculo de amizades ou mesmo uma ex namorada se disporia a fazer este papel, por assim dizer - complementa.

—Talvez, mas a verdade é que se pedisse a qualquer delas, eu fatalmente teria problemas mais adiante - declara o cirurgião, igualmente sincero, suspirando - Quanto ao motivos… bem, você provavelmente me acharia um covarde se te contasse ..

—Deixe-me tirar minhas próprias conclusões - ela o interrompe.

—Ok - ele diz simplesmente, abrindo os braços, animando-se intimamente por ela haver, aparentemente, mudado de idéia -Mas....Vamos falar sobre isso aqui, no meio da rua? - questiona, ela olhando em volta, mexendo o nariz de forma graciosa, distraindo-o.

—Não vou colocar um estranho dentro de meu apartamento! - avisa, decidida.

—Nem eu pediria isso a você - tranquiliza-a - Quando interfonei mais cedo, pretendia convidá-la a sair, ir jantar ou mesmo conversar no mezanino de seu prédio. Jamais lhe pediria para subir a seu apartamento - assegura veementemente - Acha que poderíamos conversar no mezanino? - pergunta.

—Podemos, desde que não demore demais - condiciona ela - Vamos - convida, ambos retomando a caminhada, desta vez, lado a lado.

Após terem adentrado o prédio e se acomodarem na minúscula mesinha de canto ali existente, Connor deposita parte do conteúdo das sacolas, arrumando-os cuidadosamente, antes de iniciar a conversa. Lentamente, ele conta sobre as reuniões de família, como elas haviam se tornado raras nos últimos anos, o motivo pelo qual tinham decidido que aconteceria neste ano especificamente, onde se daria, não esquecendo de citar o hábito de  sua avó e a tia-avó em tentar resolver a vida amorosa de seus netos, sobrinhos netos, bisnetos e outros parentes solteiros nestas ocasiões, finalizando com a conversa entre ele, a irmã e os amigos horas antes.

—Agora você deve ter certeza de que sou, além de maluco, covarde - Connor diz, fazendo careta enquanto junta as embalagens vazias, pondo-as em uma das sacolas, retirando a sobremesa da outra.

—Talvez só um pouco maluco - admite a jovem, aceitando o pote com pudim que ele lhe estendia -Provavelmente faria o mesmo se estivesse em seu lugar . Detesto ser pressionada - ela o surpreende com a confissão, os dois permanecendo em silêncio durante alguns segundos, ela sendo a primeira a quebrá-lo - Eu ainda não estou certa de que seja o certo, mas entendo seus motivos - afirma, erguendo os olhos para encará-lo - Tenho duas irmãs mais velhas que sempre foram muito populares. Como a diferença de idade entre nós é mínima, estudamos nas mesmas escolas até que elas entrassem na universidade, logo as comparações e cobranças foram inevitáveis - revela, sua expressão tornando-se distante e triste por alguns segundos, fazendo Connor querer trazer o sorriso de volta - Apesar de nunca termos realizado uma reunião de família com a dimensão que a sua parece ter, havia ocasiões em que estávamos juntos e acabava acontecendo algo parecido Bem parecido, para ser franca - confessa - Sem mencionar que todos os namorados que me atrevi convidar a estar presente ao menos em um jantar, era medido e avaliado e geralmente perdia quando comparado com os namorados perfeitos que minhas irmãs apresentavam - conta, torcendo o nariz para a lembrança.

—Imagino como isso devia ser irritante e até um pouco degradante - Connor comenta, perguntando-se porque os pais permitiam isso acontecer sabendo que prejudicaria o relacionamento entre as irmãs.

—Não me entenda mal. Eu e minhas irmãs nos damos bem apesar disso - ela afirma, como se lesse seus pensamentos - Sempre fomos muito unidas, por diversas razões, e eu sabia o quanto aquele tipo de situação as irritava, mas como bem sabe, há coisas, parentes, que não tem o menor senso de noção ou gentileza - comenta, rindo sem vontade.

—E que não estão nem aí se ferem nossos sentimentos ou mesmo se estão nos humilhando perante os demais - ele acrescenta, suspirando profundamente - Eu sei que deveria ser honesto, que deveria enfrentar a situação de cabeça erguida como sempre, mas é que, este ano em particular, até onde sei, muito provavelmente serei o Único solteiro presente já que minha irmã, habitual companheira de combate, está namorando firme, logo….

—Você será o alvo de toda a artilharia pesada!! - Sarah completa, sorrindo minimamente, ele confirmando com um meneio de cabeça, fazendo nova careta de desagrado.

—Entende agora porque não estou com disposição para passar por tudo isso? - interroga o cirurgião, fixando os olhos nos dela, as orbes azuis acentuadas pela fraca luminosidade do local a fazendo retendo o ar momentaneamente  -Hoje cedo, quando estava para sair de meu plantão no hospital, minha tia-avó ligou perguntando se deveria preparar para mim um quarto de solteiro ou casal e já aproveitou para citar algumas primas e amigas de primas que irão comparecer. Todas solteiras e ótimos partidos, na opinião delas - resmunga, recostando-se a parede, empurrando o pote com o pudim intocado para o centro da mesinha - É inacreditável que em pleno século vinte e um esse tipo de coisa ainda aconteça - comenta não propriamente para ela, que ainda assim responde.

—Verdade - concorda, reflexiva - Porque eu? - Sarah repete a pergunta feita anteriormente - Não sabe nada a meu respeito além de que tenho uma filhinha. Posso muito bem ser casada ou ter alguém com quem me relaciono. Já pensou no tamanho da encrenca que pode ter-se metido? - questiona-o.

—Para ser franco, pensei nisso quando S. Martham praticamente me engoliu pelo interfone - Connor diz, indicando o quadro na parede, ela escondendo o riso com a mão - Mas aí lembrei que não tinha visto nenhuma aliança ou anel em seu dedo….

—Muita gente não gosta ou não pode usar anéis por diversas razões. Eu poderia ser uma delas - ela o corta, cruzando os braços defensivamente.

—Verdade, mas algo me diz que você usaria uma - ele argumenta, olhando-a intensamente - Quanto a ter alguém, bem, posso falar por mim, evidente, mas jamais deixaria minha namorada e sua filhinha desacompanhadas no metrô, sendo a menina minha filha ou não. A esperaria mesmo que fosse na chegada, para ajudar com a bagagem e a bebê, logo, não acho que tenha alguém em sua vida no momento - completa, esticando os lábios a fim de conter o riso ao ver a expressão irritada dela.

—E concluiu isso tudo nos poucos minutos em que dividimos o vagão ou foi na curta caminhada até aqui? - Sarah pergunta, tentando disfarçar o quanto estava irritada consigo mesma por ser transparente, pensando que depois dessa noite iria seguir o conselho de suas amigas e comprar uma aliança fajuta para pôr no dedo.

—Sou ótimo em lê pessoas - Connor vangloria-se - Ao menos na maior parte do tempo...Especialmente quando não estou apaixonado!...pensa, lembrando a acusação feita por Claire de que teria o “dedo podre” para escolher mulheres.

—Muito bem senhor sou-especialista-em-lê-gente, tente adivinhar minha resposta!! - ela bufa, pondo-se de pé -Obrigada pelo jantar e me desculpe tê-lo feito perder seu tempo me contando, mas minha resposta continua a mesma - garante, voltando-se em direção ao elevador.

—Quanto você ganha? -Connor pergunta, alcançando-a rapidamente, interpondo-se entre ela e o cubículo de metal.

—Vai querer apelar para o lado financeiro agora? - ironiza ela, arqueando a sobrancelha.

—Para a praticidade, na verdade - a corrige, erguendo o indicador - Você é solteira e tem uma filhinha, o que certamente gera muitas despesas com roupas, saúde, educação, além, é claro, de uma babá a qual deve pagar para que fique com a menina enquanto estuda. Mesmo não sendo pai, tenho amigos que o são e todos, sem exceção, reclamam do preço exorbitante que elas têm cobrado…

—A minha não - rebate Sarah, erguendo o queixo em desafio.

—Ainda restam as despesas com aluguel, alimentação, transporte, vestuário, uma eventual saída no final de semana, um cinema de vez em quando com os amigos, alguma medicação que precise eventualmente….

—Vai chegar a algum lugar em algum momento ou está apenas querendo me irritar ainda mais??? - bufa a jovem, batendo o pé com força - Além disso, como bem lembrou, tenho uma babá a minha espera, sem mencionar o fato de que está ficando tarde e síndico logo irá reclamar por ter posto um estranho aqui dentro!

—Viu como estava certo sobre a babá? - ele não resiste provocá-la - Ok, irei direto ao ponto - diz quando Sarah ameaça acerta-lo com os livros que trazia nas mãos - Quanto você ganha por semana? - quer saber, ela hesitando um segundo antes de responder.

—Mil e quatrocentos e oitenta e sete dólares e cinquenta centavos

—Certo. Eu…

—Trabalho em média sete horas por dia, seis dias por semana. Duas vezes por mês trabalho uma hora a mais em cada dia - acrescenta, como para desafiá-lo.

—Ok, entendi - Connor diz, enrugando o cenho e estreitando os olhos - Por mês você ganha em torno de sete mil e quatrocentos dólares, correto? - pergunta, a encarando.

—Um pouco mais em alguns meses - ela confirma, abraçando os livros e inclinando a cabeça, aguardando-o falar, rolando os olhos e suspirando ante a demora - Eu realmente preciso...

—Considerando que precisará está a minha disposição, por assim dizer, mais ou menos vinte horas por dia durante dezesseis dias e que irá levar sua filha, porque jamais cogitaria que a deixasse - apressa-se em dizer, calando o protesto que ela ensaiava com um erguer de mão - Te pagarei cinquenta mil pelos dezesseis dias em ficar comigo na reunião. Melhor, sessenta, dez mil como bônus por ter de aturar alguns membros de minha família - acresce, deixando-a sem palavras durante alguns minutos.

—Está falando sério? - questiona Sarah, não o dando chance responder -Está mesmo propondo comprar dezesseis dias de minha vida porque não tem coragem de enfrentar sua família? - acresce - E ainda por cima quer que eu envolva minha filha nessa palhaçada! Sério???

—Falando assim você faz parecer algo imoral - Connor reclama, sacudindo as mãos, impedindo-a falar - Escute Sarah, já lhe expus meu motivos para lhe propor tal acordo e igualmente reconheci ser sim covardia de minha parte assim como também não nego estar meio que desesperado. Não tenho como fugir dessa bendita reunião sem correr o risco de ser atormentado pelo resto de minha vida, senão pela família inteira, mas por uma parte significativa dela, e acredite, eles sabem como atormentar uma pessoa - diz, passando a mão pelo cabelo.

—Imagino, a julgar pela amostra que estou tendo! - ela compara, encarando-o - Não percebe o quão frágil essa mentira é? Como podem facilmente te desmascarar? - questiona-o - Sua família sabe que está sozinho. Como vai justificar o meu surgimento e de Sofia? Estalou os dedos e fez surgir esposa e filha num passe de mágica, é isso? E se começarem a perguntar coisas simples, como quando nos conhecemos ou quando Sofia foi concebida, já pensou nisso? E quanto a mim? Que vão dizer sobre mim quando descobrirem a verdade? O que irão pensar a meu respeito? Posso nunca mais ver nenhum deles na vida, mas será o bastante ouvir o que irão dizer sobre ter aceito esse seu plano maluco! - argumenta ela, exasperando-se.

—Ainda não, mas minha irmã certamente me ajudará com isso. Ainda temos tempo para bolar algo verossímil antes do dia da viagem - Connor rebate de forma pouco convincente - Sarah, eu sei o risco que estou correndo, mas juro que prefiro isso a ter aturar as avançadas casamenteiras de minha família e quanto a você, tem minha palavra de que ninguém irá destrata-la - tranquiliza-a - Isto supondo que aceite e sejamos descobertos - frisa.

—Acha mesmo que existe alguma possibilidade de Não sermos?? - cogita Sarah, sustentando o olhar dele.

—Se fizermos tudo certinho, não vamos não - afirma Connor, disfarçando a própria insegurança em relação a tal fato.

—Você é louco! - Sarah exclama, empurrando-o para o lado, entrando no elevador e apertando o botão referente ao andar em que morava, Connor retendo as portas quando estas fechavam.

—Sarah, ao menos pense em minha proposta - pede, puxando a caneta afixada em um dos livros dela, dobrando uma pequena parte da capa aonde anota seu nome e telefone - Caso mude de idéia, este é meu número de contato pessoal. Trabalho no Gaffney, departamento de Cardiologia. Se não atender, pode ligar para lá e deixar recado com Maggie Lockwood e ela me passará - avisa, repondo a caneta após terminar - Reconheço o absurdo da situação, mas peço que pense a respeito, ok? Apenas...pense - reitera, afastando-se de modo a permitir o elevador fechar as portas e subir, permanecendo ainda alguns minutos parado em frente as portas antes de se voltar e sair do prédio.

Enquanto caminha em direção a estação do metrô, tenta entender o porquê de haver insistido tanto com ela quando poderia simplesmente dar as costas, ir embora e procurar outra pessoa. Quem sabe até Claire já teria alguém em mente e se não tivesse, certamente poderia lhe indicar. Mas a possibilidade de a irmã ajudá-lo em uma situação a qual rechaçou quando lhe foi sugerida, mais lhe inquietava do que tranquilizava. E ainda havia aquela vozinha insistente em sua cabeça dizendo que Sarah era a escolha certa, embora ele continuasse a não entender como aquela idéia se infiltrou em sua mente tão de repente e com tamanha força a ponto de fazê-lo praticamente se humilhar diante dela.

—E por um motivo tão estúpido! - reconhece, sentando-se pesadamente no assento do vagão, recostando a cabeça na janela e fechando os olhos com força - Eu devo ser muito idiota para ter dado ouvidos à sugestão de Will - resmunga - O que eu preciso agora é de um bom banho, uma dúzia de cervejas e algumas horas de sono e esquecimento. Quero esquecer esse dia, em especial as últimas horas - sopra, verificando aonde estava para não perder a parada mais uma vez.

Ao chegar em seu apartamento, larga a mochila em um canto junto a porta, seguindo  direto para a cozinha aonde pega uma cerveja na geladeira, caminhando, a seguir, para o quarto. Após um banho demorado, enrola-se em uma toalha e retorna a cozinha a fim de pegar mais cervejas, bebendo-as esticado na cama enquanto assiste a reprise de um jogo qualquer tentando não pensar em tudo que acontecerá durante aquele dia, especialmente no final dele. Mais especificamente, em Sarah, ela, do outro lado da cidade, fazendo o mesmo que ele.

……………………………………………….

Jitters Café (sábado, 12/12 - 13:12 p.m)

—Deixa ver se entendi direito: a delícia do Connor Rhodes, aquele deus grego descido a terra, te propôs fingir ser esposa dele por quinze dias e ainda vai pagar uma pequena fortuna por isso? - Valerie pergunta, abrindo a boca quando Sarah confirma com um aceno de cabeça -  Aeiiie!! Por que algo assim não acontece comigo? - reclama, fazendo um muxoxo.

—Essa fala é minha baixinha! - Zoe protesta, enrolando o guardanapo de papel entre as mãos, formando uma bolinha a qual atira na lixeira logo ao lado do balcão onde encontrava-se sentada - Mas te entendo porque estou me fazendo a mesmíssima pergunta - diz, erguendo as mãos para o teto - Universo, meu filho, para de fazer piada com minha cara! Tu só me manda sapo e joga um príncipe no colo justo da minha colega de trabalho? Vai ser irônico assim na China! - reclama, olhando para Sarah - Nada contra você amiga, muito pelo contrário. Depois de tudo que passou com aquele Zé mané, se tem alguém que mereça mais um príncipe, desconheço - diz, pondo a mão sobre a de Sarah em um gesto afetuoso.

—Concordo e é por isso que não me conformo em você não ter dito Sim logo de cara- Valerie resmunga.

—Ela tá certa. Não podia simplesmente aceitar do nada. Tinha que endurecer o jogo, valorizar o passe entende? Quem sabe ele não aumenta a oferta - Zoe retruca, dando uma piscadela.

—Só que não foi essa minha intenção e sério que estão me criticando por ter dito não?? - questiona a jovem, olhando-as alternadamente.

—Desculpe, mas pelo que entendi você Não disse Não - Douglas, o outro barista do lugar contesta, apoiando-se ao balcão - Pelo que entendi, deixou a incerteza no ar.

—Mas havia dito a ele que mantinha minha opinião de antes de ele falar em dinheiro, portanto conta como um Não! - contesta Sarah, irritada.

—Conta não amiga. Ainda mais que você não ligou imediatamente  para ele recusando o que eu acho, sinceramente, ser um baita desperdício e, me desculpe a franqueza, burrice de sua parte! - Zoe declara, sincera, erguendo o indicador - E antes, que qualquer um aqui me condene, quero lembrar que a Sarah tem uma filhinha a qual sustenta sozinha, sem nenhuma ajuda do pai da criança nem da família dela e estes sessenta mil iriam ajudar e muito a trazer um pouco de paz a sua cabeça por uns bons meses - argumenta.

—Isso é verdade - anui Douglas, estalando a língua - E com a orientação certa, poderia até multiplicar parte deste valor, o que lhe garantiria ainda mais meses de tranquilidade - pontua o rapaz.

—Eu estaria me vendendo!! - protesta mais uma vez Sarah, olhando-os incrédula - E pior: estaria vendendo minha filha também. Que tipo de mãe eu seria? - questiona-os.

—Tecnicamente não porque ele não te pediu para transar com ele…- Valerie começa, Zoe a interrompendo.

—O que eu, particularmente, consideraria um bônus! - exclama a ruiva, sorrindo maliciosa - O quê? É de Connor Rhodes que estamos falando aqui. Além de rico, o cara é um gato e um dos quarenta solteiros em ascensão no país. Não leram sobre isso, não? - interroga, o trio negando com um aceno de cabeça - Vocês precisam ficar mais informados gente! - critica, Douglas soprando e rolando os olhos, impaciente.

— Ele também não incluiu, necessariamente, a Sofia já que te deu a opção, se não entendi erroneamente, de deixá-la sob os cuidados de outra pessoa se assim desejasse - prossegue Valerie, ignorando o comentário feito por Zoe - Tudo que te pediu foi que representasse, diante da família dele, e apenas dela, o papel de sua esposa, como faria uma atriz, logo você não estará Se vendendo, mas sim a um serviço como uma atriz faria.Isso! Faça de conta que é uma atriz.  Amadora, mas ainda assim atriz - aconselha, concluindo seu raciocínio.

—E se não quiser levá-la com você, posso pedir a minha mãe tomar conta dela estes dias. Garanto que não vai se recusar - oferece Zoe, sorridente.

—Eu não vou largar minha filha para brincar de atriz, sem ofensas porque confio plenamente em sua mãe - frisa, olhando a amiga, Zoe sacudindo as mãos em entendimento - ,mesmo por uma grana considerável e também não quero expô-la a este tipo de situação. Posso causar algum trauma a ela -confessa seu temor, mordendo o lábio, insegura.

—Sofia é ainda muito pequena. Tudo que ver ou vivenciar nestes dias, caso aceite e a leve consigo, certamente não se fixará na mente dela por muito tempo. No máximo, em um futuro distante, não passarão de lembranças divertidas em companhia de amigos da mãe dela, nada mais - argumenta Valerie, voltando-se para o quarto membro da equipe, até então observando e escutando a tudo silencioso - Guy, uma ajudinha aqui viria a calhar já que tem fama de ser o mais sensato de todos nós - pede, o loiro erguendo o olhar do prato de comida a sua frente, encarando-os longa e silenciosamente antes de finalmente se pronunciar, olhando diretamente para Sarah ao fazê-lo.

—Normalmente eu não concordaria com nada do que foi dito até agora…- diz, massageando o queixo, deixando a todos em suspense - Mas, devo reconhecer que sessenta mil São sessenta mil! - frisa - Você pode guardar parte desse dinheiro para investir na educação da Sofia, pagar uns quatro meses, talvez mais, de aluguel adiantado e ainda se dar ao luxo de gastar um pouco consigo, como comprar um vestido legal para sua festa de formatura, além, é claro, de investir em algo que lhe traga rendimentos - enumera de forma sensata e calma - Também concordo que não estará se vendendo, como foi dito e se tem alguma dúvida em relação a Sofia, pode perguntar aquele seu amigo da cadeira de rodas, Daniel alguma-coisa - sugere - Ele não é Psicólogo? - pergunta.

—Psiquiatra - corrige ela, mordendo o lábio outra vez - E não sei se devo falar sobre isso com ele já que trabalha no mesmo hospital que o Connor - revela.

—Em minha opinião isso é ainda melhor porque ele conhece o cara, mas não precisa dar nomes. Sequer precisa dizer que é com você - argumenta Guy, dando de ombros - Pode usar o nome de umas das duas ou nenhum nome - indica as colegas, ambas anuindo com meneios de cabeça - O fato é que trata-se de uma oferta bastante tentadora. E apesar de igualmente concordar com seu ponto de vista Sarah, deve levar em consideração que ninguém será ferido. Depois que regressarem, as únicas pessoas da família Rhodes com as quais poderá cruzar acidentalmente serão a irmã dele e o próprio já que o senhor e a senhora Rhodes não costumam frequentar os mesmos locais que os filhos…

—Eu também não costumo!! - Sarah pontua, o interrompendo.

—Nenhum de nós, para sermos honestos - Douglas pontua, o grupo silenciando durante alguns minutos, Valerie sendo a primeira a quebrá-lo.

—Bom, pediu nossa opinião e demos. Agora é com você amiga. Só pensa que você dá um duro danado para se manter e a sua filha e que essa grana viria Muito a calhar - declara a morena, recolhendo os pratos sujos, dando uma rápida olhada no relógio na parede - E saiba que iremos te apoiar no que decidir, claro - assegura sorridente.

—Tome seu tempo e não se arrependa qualquer que seja a decisão tomada, isso é o mais importante - Guy enfatiza, pegando sua inseparável garrafa térmica - No final, quem vai ter de estar em paz com sua consciência é você, não nós - conclui, caminhando de volta ao salão principal, os demais, incluindo Sarah, o seguindo sem pressa.

Quando seu horário termina, a única decisão que Sarah tomara era de ligar para Daniel Charles em busca de conselho, o que faz tão logo chega em casa enquanto prepara seu almoço, a pequena Sofia fazendo-lhe companhia sentada em sua cadeirinha, divertindo-se com salada de frutas que a mãe lhe oferecera.

—Bom, devo dizer que seus amigos estão corretos. Essa jovem não estará se vendendo . Irá representar um papel tal e qual uma atriz faria, logo o que será vendido serão horas de trabalho. Representação, no caso. A diferença é que o palco será um cenário real e não fictício. E se não for machucar ninguém, não vejo demais em sua amiga aceitar a proposta - Daniel Charles declara, fazendo uma pausa curta - Quanto ao filhinho dela, de fato é muito novo. Suas memórias sobre o que acontecerá  sumirão quase que totalmente ou quando muito serão vagas - garante.

—E como garantir que ninguém, talvez até mesmo essa minha amiga, sairá machucado se trata-se de uma mentira? - questiona-o a jovem, retirando a panela com macarrão do fogo, escorrendo-o.

Esse é um risco que ela terá de correr caso aceite -diz o Psiquiatra, calmamente - Mas não propriamente por ser uma mentira. Mentir faz parte do ser humano, infelizmente. Há, na história da humanidade, uma série de eventos, bons e maus, que começaram com mentiras. Alguns deram certo, outros pereceram. É a vida Sarah. E sendo honesto, quem de nós nunca contou e até sustentou uma mentira por determinado tempo, quer seja por medo de ser descoberto, quer seja por necessidade? - pondera - A questão é como ela lidará com o depois. Se aceitar, que o faço sem remorsos. A quantia é generosa e trará tranquilidade financeira por um curto ou longo período de tempo a depender do que fará com esse dinheiro. E se não aceitar, que ponha um pedra em cima do assunto e não fique remoendo os “Ses” . O que quer que decida, que o faça de peito e mente abertas. Diga a ela para refletir durante o final de semana. Sem julgar ambos os lados: dele e dela. E na segunda ou terça, quando sentir-se pronta, comunique sua decisão - aconselha.

—Farei isso - Sarah murmura de forma quase inaudível - Transmitirei a ela seu conselho - corrige-se em tom mais alto, despedindo-se do médico logo em seguida, dedicando-se a terminar sua refeição com calma, decidindo que faria o que todos sugeriram: refletiria durante todo o final de semana. Pesaria prós e contra e somente então entraria em contato com Connor.

………………………………………………..

Gaffney Chicago Med - área externa (terça, 15/12 - 15:35 p.m)

Com um suspiro resignado, Connor trava seu celular mais uma vez, pondo-o de lado, olhando para o nada enquanto sorve um pouco da bebida em seu copo.

Após uma manhã extenuante, finalmente conseguira um tempo para comer algo mais sólido além dos incontáveis copos d’água entre um atendimento e outro.

Sentia-se frustrado, muito embora nenhum paciente que atenderá faleceu e sua única paciente que precisou de cirurgia encontrava-se recuperando-se satisfatoriamente. Sua frustração vinha de outra fonte: Sarah. 

A jovem não ligará comunicando sua decisão e como não havia pego o número dela, via-se obrigado a aguardar seu contato, o que estava aumentando seu estresse a níveis astronômicos. Ainda mais depois que fora obrigado pedir a Claire ajudá-lo procurar uma segunda opção caso a jovem mãe mantivesse a decisão negativa.

Outro fonte de irritação para ele fora a atitude de Ava. A cirurgiã vibrara ao saber que ele pedira licença por quinze dias para poder viajar. Estava certo de que a “colega” só não havia soltado fogos de artifício por não haver nenhum ao seu alcance.

—Connor, você Precisa tomar uma decisão porque eu realmente não tenho mais nenhuma desculpa crível para apresentar a Dulce e Mathilda - Claire exige, sobressaltando-o ao sentar-se na cadeira vaga a sua frente trazendo um risonho Will consigo.

—De onde raios você se materializou? - inquere o cirurgião, não fazendo questão alguma em esconder seu mau humor - Não deveria estar na Dolan a essa hora? - questiona-a, arqueando a sobrancelha ao encarar o amigo - E você não tem nenhum paciente para atender ou visitar, não?

—No momento não - Will responde, “roubando” uma batatinha frita - Sabia que essas coisas causam enfarto? - o provoca, recebendo um olhar gélido em resposta.

—Devo supor, pela sua falta de humor, que ela não deu notícias - Claire indaga, entrelaçando os dedos - Eu juro que queria entender o que te deu para fazer a proposta a uma estranha no meio da rua! Ainda mais uma com filho! - Claire exclama, elevando mais o já elevado grau de estresse do irmão.

—Filha. Uma menina e qual a diferença entre ter proposto a ela ou a qualquer outra em uma agência ou escola de artes? Seria uma estranha do mesmo jeito e não se atreva a fazer qualquer tipo de piada ou comentário a este respeito ou não respondo por mim! - ameaça, dedo em riste, encarando o ruivo a seu lado, sério.

—Piada não, observação: tô louco para conhecer essa mulher! - confessa o ruivo, evitando o beliscão iminente da namorada - Explico amor - apressa-se em dizer - Ela não apenas conseguiu fazer Connor mudar de idéia, como está fazendo ele quase correr até o prédio aonde mora e implorar que aceite. Das duas uma: ou de fato é alguém muito especial e, pela inédita primeira vez, o dedo podre de seu irmão não funcionou, ou ela é um tipo de bruxa ou feiticeira que jogou um encanto sobre Connor - teoriza, mexendo os dedos de forma engraçada - Qualquer que seja a resposta, o fato é que ele está aqui, quase tendo uma síncope, por não ter recebido a ligação que esperava - arremata.

—Estou ansioso sim, não nego, porque pedi a ela que ligasse mesmo que fosse para dizer não - Connor explica - Se ela é bruxa ou feiticeira não sei. Mas com certeza é bem diferente das….- paralisa de repente assustando o casal ao erguer-se ligeiro - Sarah - chama, já caminhando em direção a jovem, que estanca ao ouvir seu nome, voltando-se para o moreno - Eu estava….pensei que...O que faz aqui? - pergunta, aturdido.

—Esqueci meu celular em casa e não lembrava seu número, daí decidi arriscar vir até aqui depois que meu turno terminasse - justifica-se ela, rindo de lado.

—Ah, certo, certo - Connor anui, ainda confuso - Trabalha aqui perto? - quer saber, lembrando de não ter perguntado a ela na sexta a noite.

—Uhum. Na cafeteria a três quadras, então pode-se dizer que é perto sim - Sarah responde, pondo uma mecha rebelde atrás da orelha.

—A Jitters? Você trabalha na Jitters? - Connor pergunta surpreendendo-se quando ela confirma - Como nunca… esqueça, não importa - sacode as mãos - Você tomou uma decisão, suponho - indaga, inseguro, ela acenando afirmativamente.

—Eu aceito….

Continua

“....But when I get home to you;

I find the things that you do;

Make me feel alright;

You know I feel alright;

You know I feel alright”






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Notas finais do capítulo

Se gostaram, favoritem, indiquem e recomendem. Deixariam essa autora muitíssimo feliz!!
Até a próxima semana. Bom final de semana. Se puderem permaneçam em casa. Se for sair use mascara. Não se descuidem. O Covid ainda está por ai. Proteja-se e a quem ama. Bjinhos flores



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