Lily Luna e os quatro poderes escrita por Lily


Capítulo 2
Capitulo II. A garota perdida




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Lily se sentiu como se estivesse flutuando, submersa na água, como nos dias quentes em que ela e seus primos aproveitavam o lago perto da Toca. Ela abriu os olhos observando a imensidão escura à sua frente, girou sentindo seu corpo mais leve, seu cabelo flutuava ao seu redor se misturando à água esverdeada. 

—Muitos tentaram chegar ao meu poder. - a voz suave a fez virar novamente, seus pés se movendo para mantê-la flutuando. Uma figura deslumbrante se encontrava à sua frente, cabelo escuro e olhos amarelos, brilhantes como ouro. - Muitos se perderam ao longo do caminho e os poucos que conseguiram, tiveram que lidar  com as consequências do que criaram. Você estará disposta a arcar com as consequências, Lily?  

Lily arregalou os olhos e abriu a boca para questionar que consequências, que tipo poder, mas sentiu a água invadir sua boca, se arrastando por sua garganta e inundando seus pulmões. Então gritou. 

Ela empurrou seu corpo para cima e o jogou para o lado quando sentiu um gosto amargo da bile, Lily vomitou, o líquido escuro se acumulou no chão. 

—Senhorita. - a voz foi seguida de passos apressados em sua direção, uma mão acariciou gentilmente suas costas. - Se acalme. - Lily foi empurrada para trás e suspirou quando seu corpo caiu sobre a cama macia, ela piscou sentindo sua visão um tanto turva. - Apenas se acalme, vou pegar uma poção para ajudar com seu estômago. 

Os passos se afastaram e ela se mexeu na cama sentindo como se cada músculo seu tivesse sido triturado, soltou um gemido antes de se afundar novamente contra os travesseiros macios.

—Vá com calma. Seu estado ainda é delicado e você precisa se acalmar para se curar. - Lily virou o rosto e olhou para o homem barbudo sentado ao seu lado, seu rosto era familiar, mas então subitamente arregalou os olhos quando Dumbledore sorriu ternamente para ela. 

—Acho que eu bati com muita força a minha cabeça, porque estou delirando. - ela murmurou, mas para si mesma do que para o homem à sua frente. Seus olhos percorreram o local onde estava, enfermaria de Hogwarts, Albus fazia tantas visitas à madame Lewis que Lily já havia memorizado cada canto daquele lugar. Porém não era madame Lewis que vinha em sua direção com um pequeno vidro escuro, era a madame Pomfrey, a antiga enfermeira de Hogwarts. - Eu realmente estou delirando.

—Tome isso, querida. Sentirá melhor depois disso. - Lily bebeu a poção que lhe era empurrada, um gosto amargo invadiu sua boca, sentiu uma nova onda de náusea, mas a reprimiu. - Voltarei em meia hora para uma segunda dose.

—Vá cuidar dos outros pacientes, eu ficarei com a senhorita. - Dumbledore disse sorrindo para madame Pomfrey que já se afastava, então ele se voltou para ela e  indagou. - Deite-se, tem descansar já que teve um noite agitada, presumo eu. 

—O senhor nem imagina. - ela murmurou enquanto se acomodava contra os travesseiros. 

—Hagrid a achou à beira da floresta. É um local perigoso para alguém tão jovem. 

—Não é tão perigoso quando se sabe o que procurar. Tudo é perspectiva. 

—Então da sua perspectiva, sair à noite e entrar na floresta é algo normal?

—Não. Sair à noite e entrar na floresta não é normal, mas eu precisava provar algo e acabei me deixando levar. - Lily disse e então indagou com curiosidade. - Você é realmente Albus Dumbledore? 

—Sim. 

—E estamos em Hogwarts?

—Sim. Onde mais eu poderia estar?

—Existe uma lista de lugares que eu poderia estar, lugares melhores do que a enfermaria. Meu irmão costuma vir muito aqui, na verdade meus dois irmãos costumam. E os meus primos também. Eu nunca venho para ficar, apenas para visitar. - Lily balbuciou se sentindo nervosa a cada palavra. Era uma mania estranha que seus tios sempre diziam que ela havia herdado de sua mãe. - Desculpa, eu não deveria estar falando tanto. Quando eu fico nervosa as palavras apenas saem. 

—Está tudo bem, senhorita…?

—Lily. 

—Senhorita Lily. Agora me diga, o que uma jovem senhorita estava fazendo na floresta durante a madrugada? Não é seguro andar sozinha pela noite. Por mais que Hogwarts seja segura, não posso dizer o mesmo sobre a floresta proibida. 

—Eu fui porque meu amado irmão resolveu me desafiar. - ela disse e desviou o olhar, encarou o teto. - Al disse algo sobre um poço que realiza desejo e eu precisava descobrir se era verdade ou não. 

—Ah, o velho poço. Muitos já se arriscaram para provar sua existência, poucos voltaram. - ela arregalou os olhos e se voltou para o velho professor. - A senhorita teve sorte de encontrar Hagrid antes que algo pior acontecesse. 

Lily desviou o olhar e suspirou. 

—Isso está acontecendo na minha cabeça, essa é a única explicação provável. - ela murmurou.

—E qual a opção improvável? 

—Uma que eu não quero cogitar, porque se estiver certa posso estar bastante encrencada. 

—Encrencada?

—Sim. Sim. Mamãe e papai vão me matar quando souberem. - ela sussurrou. - A diretora McGonagall irá me expulsar e o professor Longbottom vai tirar todos os meus pontos. Eu não deveria ter caído na história de Al. 

—Senhorita Lily, talvez devesse se acalmar e me explicar exatamente o que quer dizer com isso.

—Ora professor, é simples. Isso tudo está acontecendo na minha cabeça, porque é impossível eu estar conversando com você.

—E por que seria?

—Porque o senhor está morto. - ela disse e olhou para ele, a expressão serena no Dumbledore não mudou, ele apenas assentiu e gesticulou para que ela continuasse. - Você morreu quando papai tinha 16 anos. Isso foi há mais de 20 anos. 

—Entendo. Eu estou morto e isso tudo está acontecendo em sua mente, essa é sua teoria? - ele indagou com um tom calmo, Lily assentiu. - Mas não é porque isso esteja acontecendo em sua mente, que não seja real. 

—O que o senhor quer dizer com isso?

—O poço, o velho poço, é apenas uma lenda antiga de Hogwarts, mas assim como a Câmara secreta, algumas lendas podem ser reais. Alguns dizem que o poço é guardado por um ser mítico e misterioso, e aparece somente para aqueles que são dignos de passar por suas provações a fim de receber seus desejos. 

Lily piscou e franziu a testa.

—Isso é real, não é? - ela indagou em um sussurro. - Eu realmente estou em 1997, não estou?

—Temo que sim, senhorita.

—Ok. Sinto muito por dizer que o senhor vai morrer. 

—Eu não temo a morte, minha querida. - ele assegurou. 

—Oh, mas eu temo. Principalmente se ela vier pelas mãos da minha mãe. 

Dumbledore riu. 

—Senhorita Lily, poderia me dizer o que realmente aconteceu na noite passada? Assim poderei lhe ajudar.

—Bem, eu saí em busca do poço, eu encontrei o poço e cai nele. E por algum motivo mágico, insano e completamente desnecessário, fui parar no passado. É como todas as histórias do papai, eu não faço nada, mas ainda consigo me ferrar.

—Vejo que o senhor Potter continua com sua sorte rotineira. - Dumbledore comentou alegremente e Lily assentiu, mas parou quando percebeu o óbvio.

—Como o senhor…?

Dumbledore estendeu uma foto para ela, Lily esticou a mão e segurou a foto que havia sido tirada duas semanas antes, durante o Natal na Toca. Seus olhos percorreram a expressão de felicidade no rosto de seu pai, seu sorriso era extenso enquanto mantinha um dos braços ao redor dos ombros de sua mãe, esta por sua vez apenas se inclinava contra ele sorrindo para a foto, como fazia em qualquer situação. Lily estava abraçando a cintura de sua mãe enquanto mostrava a língua para a câmera, ao seu lado estava James com o braço ao redor do pescoço de Al, já seu irmão tentava se livrar do aperto, Teddy estava na ponta com seu cabelo violeta segurando a pequena Dora em seu colo, sua filha, o bebê da familia, a sua bonequinha. 

—Ele derrotou Voldemort. - Dumbledore disse com toda aquela sua calma. 

—Quando tinha 17 anos. A segunda guerra bruxa. O bruxo mais famoso do mundo moderno. - Lily voltou a olhar para seu pai, ele sorria tão brilhantemente, sua felicidade atravessando a foto. - Ele é auror, sabe. Vovó não gosta muito que ele se arrisque tanto, Nana Andy também não, mas todos sabem que essa é a profissão perfeita para ele. Papai gosta de ajudar as outras pessoas, ele sempre diz que nenhum caso é impossível de se resolver, apenas precisamos procurar uma nova perspectiva.

—Seu pai sempre foi atraído por aventuras, mesmo que não as buscasse, elas apenas apareciam.

—Eu sei, papai tem inúmeras histórias para contar. Mas existem muitas que mamãe provavelmente proibiu de contar. - ela disse então olhou para o velho senhor. - Eu vou voltar para casa, para o meu tempo, professor?

—Você irá.

—Quando? - ela indagou. Dumbledore se moveu, inquieto.

—Logo. Preciso pesquisar um pouco mais sobre as lendas e como enviá-las para seu tempo, mas prometo que a senhorita logo estará aonde deveria estar. - Lily assentiu e abaixou a foto, colocando-a sobre o peito, próximo ao coração. - Descanse agora, está bem? Mas tarde eu voltarei. 

Lily fechou os olhos e respirou profundamente, apenas dois segundos foram necessários antes que caísse na inconsciência novamente, assim como qualquer Weasley faria.


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