Forget me not escrita por Lua Chan


Capítulo 6
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Olar! Como eu falei antes, esse capítulo saiu um pouco menor que os outros. Mas mesmo assim, espero que tenham uma boa leitura :)



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LÁGRIMAS QUENTES EXPLODEM NO vinco de sua jaqueta, formando gotículas que aumentavam de diâmetro conforme Julie contemplava a figura radiante do guitarrista à distância. Sob a luz de diversos projetores presos ao urdimento do palco, o corpo dançante de Luke parecia roubar toda a atenção do mundo para si com uma energia surpreendentemente contagiante a qual a jovem Molina demorou para processar. Embora o dínamo em seu peito palpitasse com um estranho misto de felicidade e dor ao revê-lo – e logo naquele estado de euforia – , a garota não conseguiu se desvencilhar do torvelinho de pensamentos que agora reverberavam uma só frase: ele não podia ser real.

Não foi preciso se esforçar para perceber que os dois fantasmas e a melhor amiga ao seu lado também compartilhavam de sentimentos conflitantes como os que agitavam seu coração. Nem Alex ou Reggie estavam dispostos a falar algo, concentrados demais em admirar alguém que há seis meses teria sido o responsável por abrir uma ferida que demoraria a ser cicatrizada. Além disso, havia um outro fator incompreensível: Luke claramente estava visível para o público – Julie só não seria capaz de entender como.

Flynn, por outro lado, ainda conseguia trocar de olhares entre Julie e a figura estonteante que sugara a felicidade de sua amiga.

— Ok... — ela é a primeira a se pronunciar, saboreando a descrença ao ver um garoto que deveria (duas vezes) estar morto — Quem aqui vai dizer que eu tô ficando louca e que aquele não é o guitarrista bonitinho da banda de vocês? Julie?

Mas ela não ouvira. Apenas dividia a concentração entre a própria respiração oscilante e as vibrações jorradas da guitarra do garoto a cada acorde. Ela desejou que ele a tivesse avistado, mas a plateia era imensa e sua presença ali era tão banal como a de qualquer outra pessoa. Em partes, Julie até sentiu-se agradecida por estar perdida entre a multidão. Assim poderia ficar mais tempo divagando sobre aquele Luke ser real ou não – embora ele parecesse transbordar uma aura diferente da que ela se acostumara sentir.

A jovem Molina sente as pulseiras metálicas de Flynn gerarem uma pequena estática em seu braço, fazendo-a finalmente retornar à realidade com um susto e pelos eriçados. Há uma evidente confusão dos olhos castanho-escuros da garota, uma a qual a própria Julie não detinha as respostas que a amiga procurava.

— Não é ele. — Alex interveio num gesto repentino que se pareceu com um safanão — Não tem como ser, tá? Nosso Luke tá bem longe daqui e eu... e-eu não vou voltar pra merda da estaca zero por causa de uma imitação barata como aquela.

— Qual é, Alex, eu reconheceria aquele riff em qualquer lug-

Não importa, Reg. — a voz do baterista se sobressai tanto que Julie pôde jurar que um garotinho ao seu lado o havia escutado — E-Eu... eu não aguento isso de novo. Desculpem, eu tenho que sair daqui.

As vozes relutantes de Reggie e Julie se dissiparam na multidão antes mesmo que Alex pudesse teleportar para sabe-se lá onde. Tudo o que eles poderiam fazer agora era torcer para que o garoto pudesse ficar mais aliviado. Até que não parecia ser uma má ideia desaparecer do nada.

— Julie... — Flynn a puxa para perto, tentando não parecer tão surpresa para a amiga — o que vocês vão fazer agora?

— É, a gente não pode só aparecer na frente dele e perguntar que porcaria tá acontecendo aqui. — Reggie complementa, dando o máximo para não se perder nas próprias palavras.

Sem sequer pensar duas vezes – até porque toda aquela situação não estava permitindo-a refletir com clareza –, a mão de Julie segura violentamente a alça da mochila nas costas de Flynn e a arrasta para longe de seus assentos. Ela, depois, não se recordaria de ouvir os gritos e alguns palavrões soltados ao ar pela melhor amiga, portanto continuou marchando sem hesitação. Apenas tinha em mente que iria puxá-la para perto do palco e nadar por um oceano de pessoas até chegar lá.

Após alguns segundos sem parar nem mesmo para soltar a respiração, Julie sente o braço se esticar ao máximo depois de perceber que Flynn havia parado de ser puxada no meio do caminho. A garota das tranças agora a encarava com um olhar que lembrava um tubarão prestes a atacar sua presa.

— Ficou doida?! — Flynn rouba a alça da mochila das mãos de Julie como se aquilo fosse essencial para sua sobrevivência — Jules, você entende o que tá fazendo?

— A gente tem que chamar a atenção dele, Flynn. Estamos tão perto...

— Tem muita gente aqui, amplificadores por todo o palco e um show tá rolando. Como acha que isso iria funcionar?

Eu só quero ele. — Julie deixa escapar as palavras, sentindo como se um nó profundamente apertado em suas entranhas tivesse desatado. Ela mal consegue se reconhecer depois disso — Eu só quero que aquele seja Luke e que ele tenha voltado pra mim.

Uma onda avassaladora preenche os pulmões de Julie enquanto novas lágrimas embaçavam a vista. Ela não soube ao certo se estava apenas sendo guiada pelo ritmo enérgico da banda ou se havia sido apenas o impacto da surpresa de ver Luke daquela forma, deslumbrante sob as luzes expressivas dos projetores. Mas independentemente disso, aquele sentimento estava devorando-a aos poucos, prestes a cegá-la.

Flynn abre a boca para dizer algo, mas o corte repentino do som da guitarra seguido por uma leva de burburinhos incontroláveis da plateia retiram toda a atenção que tinha reservado para Julie. Não demorou muito para outras coisas estranhas acontecerem, incluindo um desafino no baixo e alguns erros de toque do baterista, que tentara aflitamente retornar ao ritmo inicial. Parecia que os integrantes da Final Sentence haviam sido substituídos por adolescentes desajeitados que não sabiam exatamente com o que estavam lidando em suas mãos.

Julie dividia as mesmas dúvidas da melhor amiga, tanto que foi quase impossível evitar olhar novamente para o palco. A garota sente seu estômago afundar em pelo menos 3 andares quando percebe que Luke havia ficado estático e com um olhar completamente confuso para um ponto específico da multidão. Será que ele finalmente caíra em si e estava procurando pelos seus melhores amigos ou teria sido só uma coincidência dolorosa?

Também não demorou muito para a resposta.

Com o microfone quase que recostado ao queixo, o guitarrista que havia conduzido toda a desarmonia repentina da banda sussurra algo que nem mesmo as várias caixas de som puderam transmitir para o palco. Apenas quando sua boca moveu-se novamente para articular algo, Julie conseguira entender. Alex.

Alex?

— A-Alex? — Luke repete, como se tentasse tatear a palavra até sentir a presença do melhor amigo. Algo em seu seu tom tornou aquela pequena centelha de esperança mais tenebrosa — Alex!

Os olhos do garoto ardiam em desespero, e só depois de Julie acompanhar até onde eles estavam mirando que pôde sentir a mesma sensação de espanto que o guitarrista.

Julie percebera a pequena figura arqueada e pasmódica especificamente num ponto aleatório nas proximidades do palco. O mar loiro que se estrangulava em tufos bagunçados na cabeça, o corpo trêmulo encolhido e jogado ao chão como se tentasse se defender de um atacante invisível. Ninguém da plateia sendo capaz de realmente vê-lo contorcido em ângulos estranhos.

Era seu Alex. E algo terrivelmente errado havia acontecido com ele.<!--/data/user/0/com.samsung.android.app.notes/files/clipdata/clipdata_201101_213454_815.sdoc-->


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Notas finais do capítulo

O que será que aconteceu com o bebê Alex?
Cenas para os próximos capítulos rsrsrs



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