Contos Olimpianos escrita por Marquesita M


Capítulo 11
Jantar




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Durante as Provações de Apollo.

A primeira coisa que Sally notou foi as duas figuras divinas que haviam entrado no restaurante e a segunda foi que já tinha visto a mãe de Annabeth antes. A terceira coisa que reparou foi a proximidade que os ilustres rivais mantinham.

— Aí, meus Deuses! Eles chegaram, Percy! - Annabeth falou em uma voz cheia de energia, levantando da cadeira. Percy imitou seu gesto e acenou para os dois Olimpianos que caminhavam em direção a mesa. - Nossa, eles estão lindos.

E estavam mesmo, pensou Sally ao se levantar junto com Paul. Ambos sorriram para os adolescentes e depois voltaram a atenção para os Deuses, ou melhor, para a Deusa. Ela vestia um lindo vestido azul escuro, com um sobretudo preto por cima, saltos que a deixavam ainda mais alta e um coque meticulosamente arrumado. Poseidon, por incrível que pareça, estava sem roupas de praia e usava as mesmas cores que Atena. Paul nunca tinha visto Atena pessoalmente e por mais que Sally se lembrasse da mulher de uma forma vaga, ela nunca tinha reparado tanto quanto agora. Poseidon mantinha uma expressão tranquila e um sorriso de tirar o fôlego de qualquer um, mas Sally estava mais impressionada com a linguagem corporal que ele estava expressando do que com qualquer outra coisa. 

— Annabeth, eles estão…estão juntos? - Sally sussurrou para a moça, que lhe deu um sorriso brilhante.

— É o que eu estou querendo descobrir. - Ela sussurrou de volta segundos antes deles chegarem. Annabeth abriu um sorriso ao ver a mãe de perto. - Oi, mãe. Está lindíssima! E como você está, Lorde Poseidon? Faz um tempo que não o vejo pelo Olimpo.

Atena e Poseidon cumprimentaram os semideuses e responderam algumas de suas perguntas, logo se virando para Sally e Paul, que percebeu a mão do Deus na base das costas da mulher de olhos cinzas e franziu as sobrancelhas, pensando que a rivalidade estava ganhando um novo significado no mundo moderno.

— Paul e Sally, essa é minha mãe, Atena. - Annabeth os apresentou e Sally sentiu Paul tremer ao seu lado, ele ainda não estava acostumado a conhecer Deuses. - Mãe, essa é a família mortal do Percy.

— Olá, é um prazer conhecer vocês. - Por mais que tenha dito isso, a mãe de Percy notou os olhas da morena se fixarem nela por mais de um segundo em sinal de reconhecimento, embora a voz autoritária e aveludada não deixasse isso transparecer para o resto.

— O prazer é todo nosso! - Ela apertou a mão de Atena e Paul fez o mesmo, parecendo um pouco maravilhado com a situação toda e abrindo um sorriso envergonhado ao apertar a mão da filha de Zeus. Poseidon riu e sacudiu a cabeça. - Como vão?

— Vamos muito bem, Sally! Ficamos um pouco surpresos com o convite desses dois, mas não foi tão difícil assim escapar do Olimpo. - Poseidon falou em uma maneira que deixava claro que tinha aprontado alguma coisa e a mulher ao seu lado revirou os olhos, balançando a cabeça. - Até porquê eu estou acompanhado da jóia rara do Rei, então…

Atena deu um forte tapa no braço dele, que sorriu provocativamente e puxou cadeira para que ela se sentasse. Sally e Annabeth trocaram um olhar cheio de surpresa, a coisa toda parecia normal demais. Paul também estava com o mesmo olhar, porém o dele era mais pela elegância dos dois, que não pareciam notar os olhares dos demais.

Enquanto esperavam a comida chegar o grupo começou a conversar sobre Apollo, Percy contou que o Deus apareceu na casa deles há uns meses atrás e perguntou se sua sogra sabia de alguma coisa sobre o irmão.

— Não estou sabendo de muita coisa sobre meu irmão, mas essa punição me pegou de surpresa. Não esperava que meu pai fosse tomar essa atitude, visto que a culpa nem foi dele…

— E você acha que ele vai sair dessa?

— Ah, eu tenho certeza. Estamos falando de Apollo e não de um Deus qualquer, Perseu. - Atena falou, séria. - Meu irmão é extremamente capaz quando não está fazendo idiotices, mesmo como um mortal eu acho que ele ainda vai saber se virar muito bem, todos nós treinamos juntos e espero ter ensinado a ele a mesma quantidade de coisas que ele me ensinou.

— E como está Lady Ártemis, mãe?

— Irritada, triste e quieta. Não está nada bem, para ser sincera. Nós, os mais próximos de Apollo, fomos proibidos de ajudá-lo e ela se sente impotente, isso logo vai passar. - Agora a Deusa sorriu misteriosamente e Poseidon olhou para ela de relance, tentando esconder o riso. - Nem uma palavra, Poseidon.

— Oh, mas eu nem ia comentar nada. - Ele disse com falsa inocência, fazendo Atena revirar os olhos mais uma vez e dessa vez ela também sorriu de uma forma afetuosa, que o Deus dos Mares retribuiu.

Sally estava ficando cada vez mais desconfiada e olhou de Percy para Annabeth, vendo que os dois estavam segurando sorrisos. Eles já sabiam de alguma coisa, estavam apenas tentando confirmar isso.

— Se não for nenhum incômodo, posso perguntar algumas coisas sobre a Guerra de Tróia? - Paul perguntou em uma voz alegre e ambos os Deuses assentiram. - E sobre a jornada de Odisseu também.

— Atena sabe absolutamente tudo sobre esses assuntos, não é mesmo?

— Não começa, Poseidon! E você sabe tanto quanto eu, já que metade dos anos que Odisseu demorou para voltar para Ítaca foram culpa sua. 

— Eu tinha meus motivos.

— É claro que tinha, assim como eu tinha os meus em outra situação. - Atena falou com sarcasmo pingando e se virou para o homem de olhos verdes, suas feições se tornando mais leves quase que imediatamente. - Bom, não vamos brigar por isso agora, temos que responder a pergunta do Sr.Blofis.

— Ah, me chame de Paul. - Sally viu o rosto de seu marido queimar de vergonha e riu, acariciando sua mão. - Eu queria saber o por que da guerra ter acontecido, se começou mesmo pela maçã dourada.

Atena se endireitou na cadeira ao mesmo tempo que Poseidon e eles ficaram com semblantes pensativos, embora o de Atena demonstrasse um pouquinho de irritação que era dirigida ao estúpido príncipe de Tróia. Annabeth estava com os olhos brilhando e Percy olhava para ela de uma forma encantadora.

— A história em si começa pela maça, mas o que causou isso tudo foi a escolha de Páris. Veja bem, o problema não foi ele ter escolhido Afrodite, ela é a Deusa do Amor e da Beleza afinal de contas, só que o prêmio que ele escolheu foi impróprio. Ele podia ter escolhido qualquer outra coisa, podia ter se tornado o homem mais desejado do mundo ou ter um poder que faria qualquer mulher se apaixonar por ele. Bom, entre todas as opções ele escolheu raptar Helena de Esparta, uma mulher casada com um homem que tinha um irmão sem nenhum escrúpulo. Claro, Afrodite fez com que Helena se apaixonasse por Páris e ambos foram para Tróia, mas não foi algo natural.

— Você não gosta de Páris. 

— Nem um pouco. Sempre achei ele um homem estúpido que destruiu sua família e sua cidade inteira apenas por caprichos. 

— E Aquiles, Odisseu, Diomedes e Ajáx eram aquilo tudo mesmo? 

— Eram, sim. Tão diferentes e com as mesmas falhas, exceto por Aquiles, aquele ali tinha uma coisa típica de vários dos semideuses antigos, queria glória e reconhecimento, não queria deixar seu nome morrer.

— Mas você gostava dos Troianos? - Paul estava confuso.

— Ah, mas é claro que sim. Príamo era um excelente rei e Heitor era meu favorito entre todos os Troianos, era esperto e tinha compaixão, teria sido um excelente governante. Era leal a sua cidade e sua família.

— E por que ficou do lado dos Gregos?

— Eu nunca fico contra meu país. 

— E se Páris tivesse te escolhido?

— Nunca aconteceria uma guerra, eu faria ele se tornar o homem mais sábio do mundo, ele teria mais senso e não sequestraria a Rainha de Esparta.

Poseidon soltou uma gargalhada e chegou mais perto de Atena do que ele já estava, nisso nem Annabeth e nem Percy esconderam a cara de surpresa, encarando os pais com os olhos tão abertos quanto possível.

— Eu vou te eletrocutar se não parar com as gracinhas, Poseidon. Já que está com tanta energia, conte sobre Odisseu.

Sally reparou que Poseidon não estava nem um pouco a vontade para falar sobre o Herói e repassou a história do homem em sua cabeça. Era ele que tinha furado o olho do ciclope, que era filho do Deus, mas parecia ter algo a mais para deixá-lo tão desconfortável assim.

Antes que os dois pudessem começar uma discussão, Annabeth apontou para a fonte da parte externa do restaurante, que brilhava com uma Mensagem de Íris, que mostrava um rosto de um homem jovem e bonito, com cabelos loiros e um sorriso que gritava problema.

— É Hermes. Poseidon, fique aqui. Eu vou lá ver o que ele quer.

 Atena se levantou rapidamente e quando chegou lá, o homem começou a falar rápido e em outra língua, e Poseidon, apesar de ter ficado na mesa com eles, fechou os olhos e balançou a cabeça, passando a mão pelos cabelos.

— Ah, não. 

— O que foi, pai?

— Ártemis fugiu do Olimpo.

Annabeth engasgou com a água e olhou para Percy, que também parecia um pouco assustado. Atena voltou para a mesa e pegou suas coisas rapidamente.

— Tenho que voltar para lá, meu pai ainda não sabe e nem as caçadoras, então não falem nada para Thalia.

— Aonde você vai, mãe?

— Delos ou Delfos, preciso achar Ártemis antes que alguém de por falta dela no Olimpo.

— Vamos logo, então. Afrodite logo vai perceber que ela não está por lá e vai avisar todos.

— Poseidon, você… - A Deusa da Sabedoria foi interrompida pelo Senhor dos Mares, que olhava para ela com determinação.

— Não vou te deixar sozinha naquela cidade, Atena.

A conversa morreu ali, ambos os Olimpianos se despediram e saíram do restaurante praticamente correndo e de mãos dadas. De mãos dadas. Poseidon nunca foi de fazer coisas assim. Sally imediatamente se virou para sua nora e seu filho, arqueando as sobrancelhas.

— Eles estão juntos há quanto tempo?! Na última vez que vi os dois juntos eles quase se mataram!

— Da última vez?! Como assim, Sally? De onde conhece minha mãe?!

— Bom, eles com toda a certeza estão tendo alguma coisa, ele chegou com a mão nas costas dela e não parou de olhá-la nem por um segundo. - Disse Paul enquanto voltava a se sentar.

— Olha, eu só vi sua mãe uma vez e Percy ainda não era nem nascido. Fui em um café com Poseidon e ela estava lá com um homem.

— Meu pai?

— Não, querida. Acho que o nome dele era Liam e ele parecia  ser arqueólogo, estava cheio de projetos e mapas na mão. Eles dois estavam conversando e Poseidon foi para lá com uma cara bem fechada, começou a falar sobre juramentos e um monte de coisa, sua mãe ficou estressada e eles começaram a discutir, saíram do café e continuaram brigando. Do nada eles sumiram e Poseidon voltou horas depois, ainda bem irritado e olhou para esse moço com muita raiva, mas fomos embora antes que Poseidon pudesse falar qualquer outra coisa.

Annabeth e Percy trocaram um olhar e depois ficaram pensativos.

— Bom, esse homem que você falou, eu acho que sei quem ele é, consegue lembrar do físico dele?

— Moreno, bem alto, não era muito musculoso e tinha cabelos meio castanhos, ou talvez um loiro mais puxado para o mel. E seus olhos eram bem verdes.

— É ele mesmo, o pai do Malcolm. Liam Pace.

— Sabidinha, não podemos envolver mais gente nisso. 

— Eu sei, descobrir se eles estão juntos ou não nós meio que já descobrimos, agora falta saber quando que tudo realmente começou.

— Estão investigando isso? E se chegar nos ouvidos de quem não deve saber? - Sally perguntou, preocupada. - Estou falando sério, crianças. Poseidon me falou uma vez que o Rei é extremamente protetor com Atena, não acho que ele vai ficar feliz se descobrir essas coisas.

— Sally, eu acho que ele não vai descobrir. Veja bem, Percy e eu encontramos uma semideusa muito antiga que nos levou para um lugar um tanto esclarecedor. Se esse relacionamento deles for tão antigo quanto desconfiamos, então eles enganaram TODOS os Deuses. Se eles conseguiram enganar a própria Deusa do Amor, não acho que o Rei do Olimpo irá descobrir nada disso tão cedo. 

Sally tinha outro pensamento, pois lembrava muito bem de todas as histórias que Poseidon havia lhe contado e nenhuma delas terminavam bem. 

— Só tomem cuidado, não queremos nenhum deles terminando como Apollo, não é mesmo?


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