Contos Olimpianos escrita por Marquesita M


Capítulo 10
Lembre-se


Notas iniciais do capítulo

Volteiiii! Logo vou trazer uma outra fic aqui, que será completamente diferente dessa!



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Antes de Percy Jackson e os Olimpianos.

— Me perdoe, eu fui injusto com você.

— Sim, foi. Teria sido bem mais fácil se você tivesse procurado outro lugar para levar sua namorada ou tivesse me deixado quieta, mas isso parece ser uma tarefa impossível para o temível Deus dos Mares, não é mesmo? - A voz de Atena deixava claro que ela não estava nem um pouco pronta para pensar em perdão. - Isso já está passando dos limites. Nós dois precisamos resolver isso e eu não sei como, só sei que não está nos fazendo bem essas…bom, esses desentendimentos que acontecem sempre que nos encontramos enquanto estamos com outras pessoas.

Poseidon passou a mão no cabelo com raiva e se sentou na poltrona de frente para a que Atena ocupava. Os dois se encararam e ela massageou as têmporas levemente, sem quebrar o contato visual.

— Você quebrou o juramento, meu pai vai ficar furioso quando descobrir e você terá que ficar no Olimpo por um bom tempo, então não vamos conseguir nos evitar.

— Não vou mais me envolver com ninguém. 

Atena soltou uma risada amarga e sacudiu a cabeça, se levantando da poltrona e indo para fora de seu quarto, parando de frente para o mar. Ela sabia muito bem que essas promessas eram sempre vazias.

— Não sou idiota, Poseidon. Essa é uma promessa que você nunca cumpriu, nem você e nem meu pai parecem ser capazes de fidelidade.

— Não é a você que eu devo fidelidade!

— E eu nem espero isso. Quando estávamos juntos você não foi fiel, não é agora que vai ser. - Atena o olhou com raiva e apertou os dedos das mãos com força, começando a perder o temperamento. - E se não me deve fidelidade, então não a cobre de mim! Volte para a sua esposa e me deixe em paz.

Ele se aproximou dela em passos largos e a segurou pelo cotovelo, fazendo a Deusa se virar. Eles tinham um espaço quase nulo entre si e não se afastaram. Nunca se afastavam.

— E você acha que eu não quero?! Que eu não quero seguir minha vida e esquecer você?! Hein?! - Poseidon falou com ferocidade e a Atena o encarou, furiosa. - Eu simplesmente não consigo te tirar da cabeça! Nada que eu faça é eficaz contra você, inferno!

— E você acha que é fácil para mim? Você esfrega cada um de seus casinhos na minha cara, eu pelo menos sou discreta e não saio gritando o nome das pessoas que me envolvo para você.

— Eu não transformo seus homens em monstros, transformo?

— Você quer mesmo entrar nessa questão, Poseidon?! - Ela perdeu qualquer resquício de calma que tinha sobrado e o esmurrou no peito com toda a força. - Você me traiu, seu infeliz! Traiu minha confiança! Nós não tínhamos nada quando me envolvi com Odisseu, eu era completamente livre para fazer o que bem entendesse e com quem eu bem entendesse! Não prometi esperar você tomar uma decisão para depois aparecer com outro no meio do seu templo! 

Atena olhou para cima em uma tentativa de conter as lágrimas, que escorreram pelo seu rosto do mesmo jeito. Poseidon as limpou com suas mãos calejadas e puxou a mulher para um abraço, sentindo suas próprias lágrimas caírem.

— Se eu pudesse voltar no tempo e corrigir aquilo, eu faria. Naquela época eu achei que você não queria mais nada comigo, eu pensava que aquela coisa do “Você precisa de uma Rainha” era um ponto final. Eu levei ela lá por vingança, sim.

— Não, Poseidon. Nunca teve um ponto final para nós e acho que nunca vai ter, eu só espero que não tenhamos mais essas brigas.

— Eu preciso me controlar melhor.

— Nós precisamos nos controlar melhor, eu também não fui exatamente uma santa hoje.

— Mas fui eu que comecei, fui eu que fui até você e seu…seu amante. - Ele falou as últimas palavras de forma amarga e dolorosa. - Devo ter assustado o mortal para o resto da vida.

— Provavelmente.

— Me perdoe.

— Vou pensar.

Ela tinha muito o que pensar e não somente sobre perdão. Essa briga tinha passado de todos os limites possíveis e eles tinham que achar uma solução.

— Você ainda está cheirando a álcool. Sorte a nossa que bebidas mortais não nos afetam, não é mesmo?

— Eu não diria que é uma sorte, não no dia de hoje. Eu precisava ter um momento de paz e não consegui, Dionísio se recusou a me dar um de seus vinhos.

— Me lembre de agradecê-lo depois. 

Os dois se olharam mais uma vez e voltaram para dentro do palácio em Atenas, se sentaram um de frente para o outro e Atena virou o rosto para o chão, um gesto muito incaracterístico da Deusa da Sabedoria, que sempre sustentava qualquer olhar.

— Acho que vou ficar aqui por um tempo, ou talvez em outra cidade. É melhor nos afastarmos mais.

— Atena…

— Eu sei que não nos vemos com frequência, mas era para ser assim até que conseguíssemos conviver normalmente de novo. Nós não estamos conseguindo nada disso.

— Devíamos mudar de tática, então. Devíamos nos ver mais para trabalharmos nossas diferenças.

— Sim, isso seria o ideal, porém meu pai ficaria desconfiado e isso causaria uma guerra. E não seria bom para o Olimpo e nem para Atlântida.

Não seria mesmo, Poseidon e Zeus quase chegaram nesse estado uma vez, foi uma das piores brigas que os dois tiveram sobre as atitudes do mais novo como governante. Se brigassem por Atena a coisa seria terrível, pois desde o momento em que nasceu ela era a favorita de seu pai e Zeus nunca escondeu isso, sempre a favorecendo e demonstrando seu amor. Ele amava a filha mais que qualquer outra de suas crianças e faria de tudo para mantê-la ao seu lado.

— Eu não vou me afastar de você. 

A morena suspirou e fechou os olhos, beliscando a ponta do nariz e demonstrando sua frustração. Mesmo assim, irritada até o ultimo fio de cabelo e pronta para xingar o Senhor dos Mares, ela continuava a mulher mais linda do mundo aos olhos dele. Fazia tanto tempo que não faziam elogios um ao outro, tinha se tornado algo praticamente proibido depois de Medusa e isso fez com que ele se arrependesse ainda mais. Agora, nos dias de hoje, apenas falavam o que os irritava no outro, nunca elogios ou coisas que vinham do coração. As vezes parecia que os momentos gloriosos que passaram juntos nunca tinham existido, embora em outras vezes as coisas fossem reais demais para que eles pudessem duvidar da veracidade de tudo.

— O que você sugere, Poseidon?

— Que devíamos nos lembrar do propósito disso tudo, que temos que sair mais fortes e preparados. Não vou ter mais nenhum caso com outras mulheres e essa promessa eu faço a você. Sem mais joguinhos.

— Não me prometa coisas assim, só vai piorar nossa situação se eu descobrir algo que não queira e você sabe disso.

— Não vai descobrir nada porque não terá o que descobrir, falo sério sobre isso.

—E as Ninfas? As mães dos Ciclopes? Vai ficar longe delas também?

— Sim.

Atena bufou e se levantou de novo, indo observar as pinturas que tinham na parede de seu quarto, cada uma representava um momento importante de sua vida sem fim.

— Eu quero acreditar em você, Poseidon. Me prove que não vai me enganar novamente, prove que eu tenho algum…que nós temos algum valor para você. - Ela falou quase que em um sussurro, ainda de costas para o Deus. - Essa é sua última chance e falo sério. Não acho que vamos conseguir controlar nosso ciúmes ou nossa raiva, nem nossa rivalidade e não estou te pedindo isso, porém se for infiel de novo, não terá volta. Você sabe o que significa para mim, mas eu não sou o tipo de pessoa que rasteja pelas outras, eu sei o meu valor e não vou implorar pelo seu amor. Nunca.

— Você é a coisa mais valiosa do mundo para mim, sabe disso.

A filha de Zeus se virou e balançou a cabeça, demonstrando que ela não se sentia assim. Atena sabia de seu valor para si mesma, mas não fazia ideia de seu valor para o Deus do Mar, já que eles nunca foram de sair jogando declarações e contatos para o mundo.

— Eu tenho algum valor para você, Atena?

— Se não tivesse, eu não estaria aqui te dando outra chance e indo contra todas as minhas crenças. Sei que não manifesto meus sentimentos de uma forma convencional, peço desculpas por isso.

— Eu já sabia no que estava me metendo, Nea.

— Sim, mas eu não quero que duvide ou que tenha motivos para duvidar do que sinto por você.

Ela não ia dizer em voz alta, não podia se permitir esse luxo agora e sabia disso, só tornaria as coisas mais difíceis do que já estavam e para todos os efeitos eles ainda tinham que ser rivais. Só poderiam se entregar completamente ao outro quando tudo estivesse bem.

— Quem era esse, que estava com você hoje? - Poseidon perguntou depois de uns minutos em silêncio. - Eu jurou que não vou infernizar ele ou coisa do tipo, só estou curioso.

— Liam Pace, o pai de Malcolm. Ele precisava de ajuda com uns projetos e eu fui até lá.

— Ah, ele é o pai de seu filho mais novo.

— Não é o mais novo, Malcolm já tem dois anos.

— Certo. - Ele respondeu de forma amarga, sabendo que a Deusa então já tinha um novo amante.

— E sua namorada?

— Meu filho irá nascer daqui alguns meses, provavelmente em agosto.

— Proteja-o. Meu pai e meu tio vão ficar furiosos quando descobrirem e não vai demorar muito para isso.

Eles ficaram em silêncio, um do lado do outro, os braços se encostando e em um movimento preciso e certeiro, Atena o puxou para um longo beijo que deixava sua alma exposta para ele. Sentiu saudade da sensação do beijo salgado e dos braços fortes que lhe apertavam, das mãos nos quadris que subiam para seu cabelo. Sentiu tanta falta de puxar os fios bagunçados de Poseidon e da barba dele lhe arranhando a pele.

— Atena…você é uma feiticeira de primeira categoria, me tem na palma da mão.

— Como se você não fizesse o que bem entendesse comigo, pescador. 

Os dois riram com os lábios ainda colados e juntaram as testas.

— Você é meu. - A Olimpiana disse em um tom que deixava claro que não aceitaria algo diferente. - E eu sou sua até o fim. Lembre-se disso, nunca se esqueça de nossas promessas.

— Nunca. - A voz rouca do homem lhe causou novos arrepios e antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, ela o puxou para outro beijo caloroso. - Minha Atena.


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