CAPITULO 3

Depois de uma breve explicação de Masrur, eles se dividiram em dois carros a caminho do hospital. Sinbad e Já’far em um e Hinahoho e Masrur em outro, Pist e Sharkan também queriam ir mas o delegado insistiu que era melhor não já que poderiam chamar muita atenção. Estavam todos preocupados com Yumi, ela não é de pedir ajuda por pouca coisa.

Ao chegarem ao hospital parecia tudo normal, exceto pelos dois seguranças que guardavam a entrada que geralmente estava aberta. Sinbad saiu do carro, se dirigindo a eles já com o distintivo em mãos e perguntando o que eles sabem sobre o que está acontecendo.

O segurança da direita, um homem de porte médio e cabelos escuros, deu um passo à frente- Uma médica de cabelos azuis veio até mim e pediu para fechar tudo...- Ele disse num tom despreocupado- ao que parece há um homem suspeito no prédio.

Sinbad assentiu em concordância, fazendo um sinal para seus companheiros saírem dos carros e o acompanharem.

—Ela parecia bem desesperada então acatei seu pedido...- O homem continuou- Um dos nossos está com ela nesse momento.

O delegado assentiu novamente enquanto o outro segurança abria passagem para eles. Tudo que ele pensava nesse momento era se ela estava bem.

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Yumi estava com Yamuhaira e o segurança que a acompanhava, ela explicou que já tinha comunicado a policia e logo estariam aqui. O homem pediu a elas que ate eles chegarem, que agissem como se nada houvesse acontecido para que o estranho não tentasse escapar, mesmo que sua equipe não permitiria isso.

Yumi concordou prontamente mas Yamu estava um pouco relutante, mesmo assim assentiu. A azulada também ofereceu ficar perto da amiga só por precaução mas Yumi insistiu que não era necessário e que elas deviam voltar para seus afazeres.

E foi o que fizeram, agora a prateada estava caminhando pela área infantil depois de conferir um paciente. Essa parte do hospital, no terceiro andar, estava um pouco mais vazia, já que felizmente havia poucas crianças para tratar ultimamente.

A sensação de desconforto não a deixou, o que significa que seja lá quem for ainda esta a seguindo. Dessa vez Yumi optou por não ficar olhando em volta, tinha medo de ver aquele borrão cinza novamente e entrar em pânico.

Quando percebeu, estava sozinha no extenso corredor, ou quase.

Atrás de si, Yumi identificou som de passos. Pelo peso dos passos, primeiro pensou que fosse o Dr. Tomás, o gerente da pediatria mas logo lembrou que ele havia comentado sobre a apresentação de sua filha, por tanto não estaria esta tarde.

O medo começou a lhe invadir, a respiração foi ficando cada vez mais pesada e ela começou a caminhar mais rápido. Quanto mais acelerava o passo percebia que o espaço entre os sons atrás de si ficavam bem menores, o que significa que ele estava a acompanhando.

Yumi sabia se defender mas não tinha conhecimento do que seu perseguidor tinha, se ele estava armado ou não, ela não gostaria de parar para descobrir. Quanto mais pensava, mais perturbada ficava e quando se deu conta estava correndo.

Ela não escutou os passos ficando mais altos mas sabe que ele não parou, só não estava a acompanhando de perto.

Virou uma esquina em direção as escadas, pulando dois degraus por vez. Quando chegou ao térreo continuou sua corrida, pela primeira vez olhou para trás tentando ver se ele ainda a seguia, já que seus outros sentidos estavam perturbados de mais pelo medo.

Antes mesmo de voltar sua atenção para frente bateu contra algo duro, que de imediato a lembrou uma parede. Ela se preparou para uma pequena queda que acabou não vindo, braços fortes estavam a segurando pelos ombros e quando levantou a cabeça encontrou com o olhar preocupado de Hinahoho.

O alivio lhe inundou imediatamente e ela suavizou sua expressão perturbada. – Hina! Que alivio.- ela olhou além dele e reconheceu que Masrur também estava lá, lhe dando um olhar agradecido pela ligação de antes.

— Yumi, você esta bem? Está machucada? Por que estava correndo?- ele tentou dizer numa voz tranquila mas não conseguiu mascarar sua preocupação.

Yumi assentiu- Sim, estou bem, bem... Mais ou menos. Não estou machucada mas aquela pessoa ainda está me seguindo, quando me vi sozinha com ele entrei em pânico e corri.

— Ele ainda está por perto?- Masrur chegou mais perto.

— Acredito que sim. Eu o deixei para trás um pouco antes das escadas mas se ele não desistiu de me seguir antes com os seguranças não vai ser agora que vai.

— Tem mais alguma saída? O ruivo continuou.

— Tem o elevador e mais escadas mas essas ele teria que passar pelas salas de cirurgia e lá é muito movimentado, sem falar que só os médicos tem acesso.

Os dois assentiram e logo depois Sinbad e Já’far também chegaram. O delegado pousou o olhar em Yumi e relaxou um pouco, estava muito preocupado mas pelo visto ela estava bem, tirando o semblante um tanto assustado e as orbes escarlate chorosas.

Ele abriu a boca para falar com ela mas Hinahoho o interrompeu- Só tem duas saídas possíveis para ele, Já’far vem comigo para escadaria e Sinbad e Masrur esperam por ele no elevador. Como você o descreve Yu?

—Eu não vi seu rosto mas ele estava usando algo cinza, talvez um casaco e acho que uma calça branca.

—Ok, você vem com a gente.- Sinbad disse apontando para ele e Masrur e Yumi assentiu, então os dois grupos seguiram caminho para seus postos.

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Tudo que precisavam fazer era esperar o elevador chegar e ficar de olho nas pessoas que saiam, durante esse tempo Sinbad e Yumi não trocaram uma palavra. A tensão era tão forte que Masrur já estava ficando incomodado mas ele é a ultima pessoa que seria capaz de quebrar esse silencio.

Até que o delegado finalmente o fez.

—Ele ficou a manhã inteira nisso?- ele nem levantou a cabeça para olhar para ela, estava encostado em um lado da porta do elevador e Masrur no outro, com Yumi entre eles mas ainda um pouco atrás.

— Sim, o pior foi        que eu nem ao menos o notei mas sabia que tinha algo errado.

— Como você não notou?

— Sei lá, só estava desconfortável. Pensei que fosse por causa da briga, se não fosse pelo Matheus eu provavelmente teria ficado o dia inteiro nisso

Sinbad franziu o cenho mas ela não pode ver- Matheus?

—É um dos residentes da minha equipe, ele veio até mim e Yamu hoje no almoço e nos contou.

— Por que ele perceberia e você não?- o tom da sua voz demonstrava que ele estava incomodado mas passou despercebido por Yumi, menos para o ruivo que ouvia tudo e ficava cada vez mais desconfortável.

— Não sei, vai ver ele estava de olho em mim.- Ela soltou uma risadinha baixa, rindo da própria piada.

Sinbad não se acreditava, era sério? desde quando ela ficou tão devagar? Ele se virou para ela e estava prestes a dizer algo e demonstrar de uma vez seu ciúme, quando o elevador finalmente abriu e todos assumiram uma postura séria novamente, para o alivio de Masrur.

Dentro dele havia um homem jovem de estatura media e batia com a descrição de Yumi, ele estava meio ofegante e pretendia sair assim que as portas abrissem mas quando percebeu o delegado e o policial ali parados, congelou.

Franziu o cenho e intercalou o olhar entre os dois homens para depois perceber a médica e relaxar. Sinbad e Masrur viraram para Yumi ao mesmo tempo e lhe lançaram um olhar que dizia “confirme”, o qual ela apenas assentiu em concordância.

Essa foi a deixa para os dois puxarem o homem de dentro do elevador, Sinbad o imobilizou enquanto Masrur pegou o celular e mandou uma mensagem a Já’far, avisando que pegaram o cara e poucos minutos depois eles se juntaram.

— Que bom que estavam a postos- Já’far disse, estava meio ofegante- Nós o encontramos lá em cima mas quando ele nos viu saiu correndo- ele parou e sugou o ar para logo depois solta-lo devagar- entrou no elevador antes que o alcançássemos.

— Vai querer prestar queixa?- Hinahoho se virou para Yumi.

—Depende, primeiro quero saber o porque disso.- ela disse já indo em direção ao homem que ainda era segurado pelo delegado.

A prateada assumiu uma postura seria em frente ao jovem, que agora com o capuz abaixado revelou um rosto jovial que de certo modo lhe era familiar- Por que?

Ele levantou a cabeça para olha-la nos olhos e corou fortemente, fazendo com que abaixasse o olhar rapidamente. Yumi fez uma expressão confusa e Sinbad também não pareceu gostar da reação dele, aumentou o aperto nos pulsos do garoto na esperança que ele captasse a mensagem.

—Ugh! Esta bem!- ele disse virando a cabeça e tentando olhar para o delegado para logo voltar para a medica com uma expressão mais tranquila- É que eu... am... Eu sou apaixonado pela Dra. Taisho!- ele praticamente gritou ao mesmo tempo que apertou os olhos como se estivesse com medo do que viria.

A faceta séria de todos os presentes caiu para dar lugar ao espanto, Masrur apenas arregalou os olhos enquanto os queixos de Hinahoho e Yumi caíram, Sinbad nem ao menos sabia como reagir.

—Desde quando eu estive internado aqui por conta de câncer e a Dra. Taisho realizou a cirurgia que salvou minha vida.- Ele levantou e abriu os olhos para a prateada- A senhorita sempre foi tão gentil, eu queria me aproximar mais mas nunca tive coragem. Perdão se agi como um lunático, eu nunca fui bom nisso. Fiquei o dia todo aqui na esperança de falar com você mas estava trabalhando e sempre que parecia livre eu perdia a coragem, me perdoe.

Yumi ainda estava ali em choque, com a boca aberta pensando em algo para dizer mas nada desse tipo lhe vinha a mente. Ela demorou mais alguns segundos para processar que o homem que a seguia era apenas um stalker e que se ela o confrontasse diretamente, já teria resolvido esse problema a muito tempo sem sequer preocupar todos dessa maneira e foi a vez dela de se envergonhar.

—E- eu... eu não sei o que dizer...- Ela gaguejou, o que impressionou um pouco os outros- sinto muito mas não posso corresponder seus sentimentos? Droga, me sinto uma colegial desse jeito...- Ela cobriu o rosto com as mãos, soltou um suspiro pesado e voltou a sua postura séria- Bem, respondendo logo o que você queria perguntar, sinto muito por tudo isso mas eu sou comprometida e mesmo que não fosse, tenho uma ética pessoal de não me envolver com meus pacientes.- Sinbad até sentiu um pouco de orgulho a ouvindo dizer isso.

O garoto suspirou- Eu imaginei, mas ainda assim gostaria de tentar. Mais uma vez sinto muito pelo transtorno que causei, a partir de agora ficarei longe.

— Eu gostaria.- Yumi se permitiu dar um pequeno sorriso de alivio- Não vou prestar queixa, acredito que tenha aprendido algo hoje.

Ele assentiu antes de ser conduzido por Masrur para a fora do hospital. Nesse mesmo momento Yumi se virou para seus amigos ainda presentes e corou arrependida- Sinto muito por isso pessoal, se eu tivesse o confrontado antes, não teria incomodado vocês por algo tão tolo.

— Está tudo bem Yu, você fez a coisa certa. E também não estávamos tão ocupados de qualquer maneira...- Já’far lançou um olhar mortal a Sinbad e Hinahoho, que os dois tentaram evitar olhando para todas as direções menos para ele.- Ficamos felizes de avisar os outros que tudo está resolvido.

Ela assentiu e logo todos se despediram, ainda tinham um longo dia pela frente.