Damon está sentado na banqueta em frente ao balcão bebendo seu uísque no Grill, enquanto por um momento vagueia nos seus pensamentos, o fazendo ir longe o bastante para se perder no passado enquanto estava preso naquela cela com Liv. Mas não era a cena dele tentando ser frio o suficiente para quebrar o pescoço de Liv que o atormentava até porque sabia que tinha feito o certo naquele momento e sim, a maneira como Klaus se mostrou tão interessado por ela assim que a viu e isso não saía da sua cabeça.

—Claro que seria aqui, que outro lugar Damon iria? - Hayley se apoia no balcão, encarando-o com um ar de diversão.

—Demorou. - Ele apenas diz, ainda sem olhá-la, encerrando seus últimos goles e apoiando o copo novamente no balcão num gesto dramático.

—Desculpe se eu tinha coisas a fazer. - Ela dá de ombros e o analisa - Qual é a encrenca?

—Talvez você tenha ouvido falar sobre alguma magia, feitiço, maldição… que envolva Silas ou Klaus no passado? - Damon a olha, agora interessado por suas expressões, vendo-a nitidamente perdida em seu raciocínio - Ou que envolva… montar um exército?

—Eu esperava algo menos complexo vindo de você….

—Não vou encarar como uma ofensa. Sorte a sua, porque eu estou de mau humor. - Ele a encara friamente, ainda esperando por alguma resposta.

—Tudo bem… - Ela recompõe sua postura e se esforça a pensar em qualquer coisa que faça sentido ou que de certa forma tenha alguma ligação. - Bom… tem a maldição da pedra da lua, da imortalidade, do estripador, do…

—Espera aí, - Damon a interrompe no mesmo segundo e franze a testa, curioso - estripador? Estamos falando de Stefan agora? Qual é, seja mais específica!

—Não! - Hayley revira os olhos, indignada - Stefan se tornou o estripador porque ele não se controla mesmo, mas o que eu estou falando é de uma maldição transferível que faz com que a pessoa comece a se alimentar de qualquer ser. Seja humano ou sobrenatural… foi criada para acabar com os vampiros, mas erraram um pouco na “receita” e acabaram criando um monstro…

—Transferível? - Damon desvia o olhar tentando assimilar tudo e linkar com Klaus e Silas.

—Não sei como, mas tem a ver possivelmente com o exército que você falou. - Hayley percebe a tensão no olhar de Damon, então ela dá de ombros - Mas hei, isso é uma lenda.

—De onde você conhece essa lenda? - Damon a olha desconfiado.

—Ela é contada a nós lobisomens há séculos. Reza a lenda que “o monstro” só não deu certo porque não acharam uma forma de acioná-lo… - Ela dá de ombro, mas o vê com a expressão de quem havia entendido tudo e começa a se preocupar - Damon… quem?

—Eu preciso ir. - Damon se levanta no mesmo segundo e dispara para fora da porta.

Fazia horas que Liv não saía do banheiro por nada. Ela sentia que iria machucar Alaric se saísse de lá, afinal, ouvia o coração e o sangue fluindo no corpo dele mesmo através da porta. Era sufocante sentir que não tinha muita escolha a se fazer e seu corpo a apressava a tomar alguma decisão, começando a enfraquecer tanto a ponto de causar-lhe certa ansiedade. Não queria morrer, muito menos naquela situação.

—Liv? - Elena novamente confere seu estado, perguntando do outro lado da porta, ouvindo o coração de Liv que antes estava acelerado agora começar a ficar mais lento. - Você já decidiu? Não queremos que sofra sozinha, pode contar com a gente independente do que decidir.

—Acredite em mim, mesmo que escolha morrer, ninguém merece morrer sozinha trancada num banheiro. - Stefan tenta convencê-la também.

—Eu não quero machucar ninguém! Eu não quero ser uma vampira! - Liv por fim responde, angustiada.

—E você por acaso quer morrer? - Caroline pergunta, com seu tom nada sutil, recebendo um olhar de repreensão de Stefan.

—Você não precisa machucar pessoas… eu posso te mostrar uma outra forma de se alimentar, se quiser. - Stefan tenta convencê-la.

—Liv… - Alaric vai até a porta do banheiro e até pensa em abri-la, mas desiste - Por favor, decida logo… não quero te ver sofrer. Me deixa entrar…

Liv vê o trinco da porta do banheiro se mexer e por um momento, se assustou ao pensar no que poderia acontecer se caso Alaric conseguisse abrir aquela porta. Ela não tinha controle mais do que queria ou não fazer, estava confusa demais para decidir o que no momento parecia ser o mais correto a se fazer. Ela respira fundo e decide pôr um fim em tudo; ou conseguiria resistir a Alaric e decidiria realmente morrer, ou então se descontrolaria e o machucaria.

Ela abre a porta e dá de cara com todos no ambiente encarando-a apreensivos naquele segundo. Ela estava pálida, suas olheiras entregavam o cenário de desespero e suas mãos tremiam pelo nervosismo. Mas a sua atenção mesmo se voltou para Alaric e quando vê, ela estava fitando seu pescoço como se visse suas veias pulsando o sangue sob a pele. Naquele momento, sua sede e vontade de viver falaram mais alto. O celular de Stefan toca no mesmo segundo, mas apenas Liv parece ouvir, o que a deixa desnorteada e irritada com o toque.

—Liv, tá tudo bem, você não precisa me machucar. - Alaric diz, atraindo a atenção dela enquanto ele faz um corte na sua mão com um canivete na intenção de dar a ela apenas o necessário para completar a transição.

—Desculpa Ric…

Em um milésimo, Liv ao sentir o cheiro do sangue, disparou direto no pescoço de Alaric na intenção de beber direto da fonte, para a surpresa dele. Os próximos segundos pareceram ter acontecido em câmera lenta, pois enquanto Liv se perdia no sabor novo do sangue entrando em seu organismo e lhe dando prazer, Stefan disparava até ela para recuá-la, vendo que seu ataque acabou sendo mais agressivo do que esperavam o que podia muito bem trazer sérias consequências para Alaric. Elena e Caroline vão até Alaric que estava desnorteado se recuperando do susto, enquanto estancavam o sangue com a mão.

Stefan ainda segurava Liv contra a parede, vendo-a ainda ansiar pelo sangue de Alaric enquanto o líquido ainda escorria pelos seus caninos e por todo seu queixo, fazendo até mesmo ele se tentar com o sangue humano que estava a centímetros de lhe causar uma recaída. Mas então, Liv parece tomar consciência de voltar para o seu estado presente, relaxando sua expressão e todo seu corpo enquanto Stefan a soltava aos poucos na certeza de que não iria atacá-lo novamente.

—Não… - Ela olha para Alaric sangrando sentado ao chão e não acredita que havia feito aquilo - Não… Ric…

Caroline busca rapidamente por um pano para ocultar ainda mais o cheiro e ajudar a estancar ainda mais o sangue, enquanto ela ainda o olha apavorada com os olhos cheios de lágrimas. Stefan a abraça de lado, achando que ela poderia desabar nas emoções a qualquer momento por estarem visivelmente desequilibradas, quando a porta do apartamento se abre. Damon chega às pressas, mas ao dar de cara com o cenário atual ele fica sem saber como começar a falar, porque ainda tinha esperanças de que as coisas não tivessem saído do controle.

—Você… - Liv o encara no mesmo segundo, sentindo a raiva dominá-la. - Você fez isso comigo! Você me transformou num monstro! Olha o que você fez!

—Liv… - Damon suspira e se aproxima aos poucos, fechando a porta atrás de si - Eu preciso falar uma coisa que é mais importante do que você querer me matar agora.

—MAIS IMPORTANTE?! - Ela surta, empurrando-o com força contra a parede, tentando golpeá-lo no rosto e pelos pontos mais acessíveis em seu peito, mas ele bloqueia segurando suas mãos. - VOCÊ ME MATOU!

—Eu descobri... - Ele apenas diz, agora tendo a atenção de todos - Eu possivelmente descobri o que Klaus queria… as notícias não são boas, mas você precisa saber.