Liv estava deitada no sofá do apartamento de Alaric, ainda imóvel. Ele, Elena, Stefan e Caroline estavam em volta, angustiados com o que havia acontecido andando de um lado para o outro em silêncio, até porque não havia nada a ser dito naquele momento precisavam apenas esperar que ela acordasse para ajudá-la no processo. Impediram Damon de estar presente por ter agido sem pensar no estrago que poderia acarretar para a vida dela, então ele foi ao Grill resmungar com seu uísque sobre o que havia acontecido. 

Já estava amanhecendo, quando Liv começou a dar sinais de que estava acordando. Todos, que estavam agora cochilando em várias partes do sofá começaram a ser despertados por Alaric, que não dormiu um minuto sequer, preocupado com ela. Liv acorda por fim e olha ao redor, confusa sobre o que havia acontecido e de como tinha parado ali, quando antes que alguém dissesse algo, começa a ter flashes sobre vários momentos de sua vida. Descobriu que havia sido hipnotizada quando ainda era adolescente por Klaus, em algum momento em que ele esteve pessoalmente com sua mãe e ameaçava-a; logo, lembrou do momento em que chegou em Mystic Falls e se deparou com Damon no meio da estrada e tudo o que ele havia dito a ela sobre a mordida, a xerife e por fazê-la esquecer de tudo. Por fim, lembra do momento em que estava na cela e… Damon a matou.

—Hey, Liv… - Alaric tenta acalmá-la ao vê-la agitada, visivelmente lembrando-se do que aconteceu. - Tá tudo bem.

—Ele me matou! - Ela se senta no sofá, agitada, enquanto esfregava a mão pelo pescoço tentando entender como era possível - Como isso é possível?

—Liv… - Stefan é quem toma a frente agora, mesmo um pouco receoso por como ela iria receber tudo aquilo, então ele se aproxima e senta bem a sua frente na mesa de centro para olhá-la de perto nos olhos - Você lembra quando ele te deu o sangue dele?

—Eu… lembro. Inclusive foi meio nojento, mas…

—O sangue dele te curou, porque é uma das vantagens em ser vampiro. Mas… Como você acabou morrendo ainda com o sangue dele no sistema…

—O que Stefan quer dizer, é que você está passando pela transição. - Caroline dispara ao ver que ele estava demorando demais para falar, recebendo assim um olhar repreensivo dele, que retruca como se não tivesse entendido tal olhar.

—Transição?! - Liv olha para todos, assustada, até que enfim parece cair a ficha e ela começa a entrar em desespero - Ai, meu Deus… Eu sou uma vampira?! Não… não…

—Ainda não… - Alaric tenta acalmá-la - Liv, por favor…

—Na verdade, você está na fase de escolher o que quer fazer. - Stefan diz, atraindo a sua atenção novamente - A grosso modo, ou você se alimenta de sangue ou então… 

—Definitivamente morre. - Caroline completa, recebendo novamente um olhar de Stefan.

—Mas nós estamos aqui pra te ajudar. - Elena por fim diz, analisando a reação de Liv com a notícia - Independente do que escolher, estamos com você aqui.

—Não precisa decidir agora, mas… - Alaric toca a sua mão sutilmente, olhando-a nos olhos com alento - não vai ser fácil. Por isso, estamos aqui.

Liv por um momento percebe sua atenção se desviar para a mão de Alaric pousada na sua e naquele momento, ela jurava poder ouvir seu sangue pulsar num ritmo extasiante o bastante para fitá-la por um bom tempo. E por alguma razão, agora ela sentia fome. E todos ali sabiam que essa fase chegaria.

—Eu preciso comer… - Liv tenta se distrair, levantando-se do sofá e indo até a geladeira de Alaric - Eu não comi desde que fui à festa, então é totalmente normal… isso, comida… Ric, sobrou pizza não é? Eu…

Ela abre a geladeira, mas a luz ao acender parece ter a deixado cega, irritando seus olhos com o clarão de uma forma tão intensa que ela precisa fechar novamente a porta para novamente conseguir abrir seus olhos. Agora, era as gotas pingando na pia que pareciam estar gritando em seu ouvido, irritando-a de uma forma agoniante e logo em seguida, os segundos do relógio, os carros andando do lado de fora do prédio, as vozes de pessoas caminhando.... Tudo parecia estar contra ela, ecoando em sua cabeça e deixando-a transtornada tentando aliviar a angústia pressionando suas mãos contra seus ouvidos e fechando fortemente seus olhos na intenção de que tudo parasse, até que por fim ela surta, dando um belo soco contra o balcão da cozinha, canalizando agora sua dor para a mão.

—Faça isso parar! - Ela grita em meio às lágrimas, desabando no chão e sentindo-se aliviada por conseguir fazer parar pelo menos por um instante. 

—Elena, passou pela minha cabeça agora… - Caroline comenta com a amiga de repente - Klaus falou sobre acionar a maldição e tudo mais… lobisomens precisam de uma ação para desencadear tal maldição… Talvez ele possa ajudar com alguma informação.

—Você ainda acredita nessa história? - Elena responde sem querer dar crédito a Klaus - Ele poderia muito bem estar blefando.

—Mas eu acho que Caroline tem razão… talvez eles podem nos ajudar com alguma coisa.

—Falaram com Bonnie sobre isso? - Alaric pergunta.

—Ela já está pesquisando…

—Eu preciso tomar um ar. - Liv apenas diz ao se levantar do chão, ainda transtornada indo em direção à porta.

—Não, não, não… - Stefan a impede antes mesmo de chegar à porta. - Acredite em mim… está mais segura aqui com a gente.

—Eu não estou bem, eu preciso de ar!

—Liv, isso é parte do processo, você precisa ficar aqui até decidir. - Ele a olha nos olhos, mostrando o quão sério estava falando naquele momento.

—Preferia ter morrido no chão daquela cela. - Ela apenas dá meia volta e se tranca no banheiro.

Ela se apoia na porcelana da pia, encarando-se no espelho por um tempo esperando que aparecesse alguma resposta para tal dilema, mas só havia ainda mais dúvidas. Tentava não pensar em como havia parado no meio daquilo tudo, mas era inevitável, até porque, era a realidade e de algum jeito teria que aprender a lidar. Quando saiu de Tallahasse, era isso o que queria: uma nova vida. Era uma Petrova, uma sobrevivente.

Então, seus dentes começaram a doer e ela tentava ver pelo espelho se encontrava alguma resposta, mas eles apenas doíam e ela sentia mais fome ainda. Até que vê pelo espelho finas veias abaixo dos seus olhos aparecerem levemente e ela toma um susto, chocando-se contra a parede do banheiro. O pesadelo parecia piorar e ela sabia que precisava tomar uma decisão logo.