Sobreviventes de Cthulhu escrita por Beyond B Nat


Capítulo 9
Um ano Atrás - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Após um bom tempo não só tentando adaptar a jogatina como também escrever elementos narrativos além do que joguei, FINALMENTE está pronto esse capítulo de Sobreviventes de Cthulhu! Creio que vocês acharão um tanto interessante o que será mostrado aqui. Sigamos com o capítulo ;)



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Aquele ataque começou com um incêndio na biblioteca do campus. Logo em seguida, aquelas pessoas trajando mantos escuros e alguns monstros provocaram várias mortes na universidade. Os poucos que sobreviveram ao incidente, se mantiveram em salas, depósitos ou qualquer outro lugar que fosse possível se esconder. Lutar contra aquelas pessoas ou os monstros era ir de encontro com a morte.

No dia seguinte, após uma noite mal dormida para alguns e da qual era possível perceber movimentos do lado de fora, tudo parecia mais calmo, no entanto, o receio de sair invadia alguns. Apesar disso, havia os que consideravam a possibilidade de se instalarem temporariamente na casa de quem conhecesse e morasse próximo da universidade, pois não poderiam ficar nos seus esconderijos para sempre, não apenas devido à fome como pelo fato de que a universidade não era um local seguro.

Trocando ideia com Jade e Lucas durante a manhã, através de mensagens, Gabriel combinou com eles junto de Eduardo e Lorena ficarem na casa de Jade por um tempo. Alguns ficariam de passagem, pois conseguiram contato com parentes que poderiam buscá-los. Todos concordaram que era melhor encontrá-los fora da área da universidade, pois, com tudo que aconteceu no dia anterior, era melhor evitar que mais pessoas entrassem nesse lugar.

Eles combinaram de seguir para a casa de Jade durante a tarde assim que fosse possível, no entanto as últimas mensagens de Jade deixaram Gabriel intrigado. Nelas ele mencionou que o namorado dele não estaria em casa e por isso, caso o grupo de Gabriel chegasse antes ou eles esperariam o dele ou poderiam pedir ajuda para a senhora da casa ao lado, já que ele estaria com as chaves da casa e não teria como eles entrarem. Gabriel estranhou isso, pois no dia anterior Jade não havia mencionado que não estava conseguindo entrar em contato com Alen.

Gabriel considerou a possibilidade de Jade ter passado esse tempo tentando ter contato e por isso não mencionou antes. Ele mesmo, até o momento, só conseguiu falar com sua mãe, quanto o seu pai nada, porém isso tudo era levemente estranho.

Após um tempo sem aparentemente haver movimento no lado de fora, Gabriel, Lorena e Eduardo se viram prontos para sair. A porta foi aberta com cuidado, as outras pessoas que decidiram ficar na sala estavam apreensivas também, porém o corredor estava vazio, então rapidamente eles saíram da sala e fecharam a porta, para logo em seguida percorrer o caminho para as escadas do prédio.

Estava tudo calmo, porém isso não era tranquilizador, havendo algumas manchas de sangue no chão e nas paredes. Estranhamente, neste corredor não havia nenhum cadáver e Lorena notou que algumas manchas traziam a impressão de algo ter sido arrastado.

Quando chegaram nas escadas, eles desceram agachados, porém pouco antes de chegar ao nível do andar inferior, eles ouviram um barulho e logo pararam. O som parecia uma mistura de grunhido e de algo sendo triturado e assim que espiaram para ver o que era, eles avistaram uma criatura bípede, de pele escamosa de um verde escuro levemente azulado e barbatanas em seus braços e costas, além de uma enorme calda. Não era possível ver a face da terrível monstruosidade por tal criatura estar distraída devorando a carne do que sobrou de uma pessoa, porém um imenso arrepio percorreu a espinha do trio. 

Eles recuaram rapidamente para fora de vista antes que o monstro os percebesse. Gabriel e Lorena ficaram com um leve embrulho no estômago pela cena que acabaram de ver, enquanto Eduardo começou a ficar com a respiração um pouco irregular e a suar frio.

— O-o que é aquela coisa?! — perguntou Eduardo, não acreditando no que acabou de ver.

— Ipupiara, Caboclo D’água, Abissal, Monstro do Pântano, você escolhe — respondeu Gabriel.

— Eu tou falando sério!

— Também tou.

— Não era… Não era pra esse tipo de coisa existir, só pode ser piada, aquilo tudo de ontem… Meu Deus... 

— Se acalme — Lorena falou — Tem que ter outro jeito de sairmos daqui…

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, até que de repente Gabriel falou do poço do elevador. Lorena ficou surpresa por essa sugestão, pois por estudar boa parte de suas matérias em outro prédio, ela não sabia que havia um elevador ali.

— Na verdade é só o buraco —Gabriel explicou — Era pro papo furado da universidade de “mais acessibilidade”, mas nunca instalaram.

— Tem esse poço mesmo… — Eduardo confirmou — Mas mesmo o prédio sendo pequeno, se a gente cair ao tentar descer, não vai ser agradável.

— Acho que a gente não tem muita opção — disse Lorena pensativa — vamos ter que tentar. 

Eles andaram pelos corredores do andar até chegarem numa placa de madeira, que com um pouco de força foi possível retirar e revelar um buraco. Havia apenas dois andares abaixo deles até o fundo do poço, então um a um eles desceram, utilizando a beirada da “entrada” dos andares como apoio. Eduardo desceu primeiro e ajudou Gabriel e Lorena a descerem. Assim que chegaram no fundo, bastou subir um pouco na pequena escada que havia no fundo do poço para acessar o último andar com melhor apoio para verificar se não havia nada do lado de fora. Retirando a placa que fechava a entrada da área do elevador, eles puderam finalmente sair do local sem serem notados.

Finalmente fora do prédio, eles andaram um pouco atentos, evitando ficar tempo de mais distantes de construções para não ficarem expostos. Em alguns lugares, era possível ver sangue e massas de carne indistinguíveis. Eles tentavam andar sem pensar muito no que avistavam e no que aconteceu no dia anterior. 

No meio do caminho, quando estavam próximos de um prédio em construção, Eduardo sugeriu que eles precisavam pegar algo para se defender. Gabriel não gostou muito da ideia pois queria sair da universidade o mais rápido possível, porém Lorena concordou em procurarem e ele não tinha como ir contra isso.

Eles olharam em volta do prédio e facilmente encontraram um meio de entrar. No interior do prédio, pela poeira e estado de abandono, era possível notar que ninguém passou pelo local, ao menos durante o incidente do dia anterior. Num cômodo, eles encontraram alguns materiais de construção depositados que pareciam estar uns bons anos onde estavam. Haviam sacos de cimento, tijolos e outros materiais de construção, eles pegaram alguns canos de metal de tamanho um pouco inferior a um cabo de vassoura.

Dentro do prédio, eles perceberam uma outra saída, que seguia para uma área com algumas árvores que não estava cercada pelas placas de metal que estavam ao redor da construção, então perceberam que poderiam pegar esse caminho para sair da área do campus sem ficarem totalmente visíveis.

Havia uma pequena trilha e à distância podiam ver alguns prédios da universidade, assim sem correr o risco de se perderem. Era possível reconhecer alguns e perceber que estavam próximos da saída, porém, eles não estavam atentos o suficiente nesse momento para se antecipar, então quase ao mesmo tempo viram um homem trajando um manto amarelo e este percebeu o grupo.

O homem pegou uma adaga de baixo de seu manto e avançou na direção do grupo enquanto balbuciava palavras de uma língua da qual no momento ninguém reconheceu. Eduardo se colocou na frente e bateu com o cano na mão do homem, fazendo-o largar a adaga, porém este continuou pronunciando as palavras. Por um momento, antes de atacar, Gabriel viu que um brilho esverdeado estava se formando ao redor de uma das mãos do homem de manto, mas de repente Lorena avançou nas costas do inimigo e bateu com o cano na cabeça dele, fazendo-o ficar inconsciente.

Gabriel ficou com os olhos arregalados por um segundo e suas mãos começaram a tremer levemente. Ele olhou pro corpo do homem e, quase involuntariamente, desviou o olhar para a direita, encarando aquela Sombra, que o observava de volta. Ele ficou paralizado tempo o suficiente para Lorena perceber que ele estava olhando para algo, mas ao olhar na mesma direção não avistou nada. Antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Gabriel bruscamente começou a revistar o corpo caído no chão enquanto sua mente se inundava com o que acabou de ver e o pouco que viu do caos no dia anterior. Era visível que estava nervoso, mas ele tentava não respirar rápido nem tremer demais. 

— Gabriel, o que foi? — Lorena o perguntou se aproximando dele.

— N-não é nada — ele respondeu baixo — A gente acabou de ver um monstro minutos atrás, eu não sei porque tou surpreso em ver que esse filho da puta quase fazendo… Magia.

— Quê?

— Eu já tou quase sem juízo, ok?! — ele suspirou e após terminar a revista continuou — Tá… Fora alguns frascos que eu não sei do que é, ele não tem nada…

— Nem vi pra onde voou a adaga que acertei… — comentou Eduardo olhando ao redor — Acho melhor a gente aproveitar e ir andando, antes que apareça algum amigo dele.

Os outros concordaram, então seguiram em frente.

As ruas nos arredores da Universidade estavam desertas. Eles não tinham certeza se o incidente no interior do campus afetou a vizinhança, não havia como saber por a princípio não encontrarem rastros de sangue ou o que sobrou de alguém, porém, após alguns minutos andando, eles perceberam vestígios de sangue no chão e logo adiante uma pessoa caída. Olhando com mais atenção, Lorena reconheceu a pessoa e se moveu na direção dela. Antes que Gabriel ou Eduardo intervissem por ela fazer isso de repente, ela falou que aquela pessoa era Isaac, uma das pessoas que trabalhava na biblioteca.

Lorena o reconheceu facilmente por frequentemente ir à biblioteca e vez ou outra conversar com ele quando o encontrava. Ele tinha a mesma idade do irmão mais velho dela, quase 30 anos, mas ela sabia que ele era uma boa pessoa. Lorena o sacudiu para checar como ele estava e notou ele se mexer um pouco, mas não recobrou a consciência.

— Ele ainda tá vivo — Ela suspirou com certo alívio.

— Me surpreende esses olhos de águia — Gabriel ironizou — Como ele veio parar aqui?

— Eu não sei, pode ser que nem a gente. Hum… Ele tá um pouco machucado...

Lorena o checando melhor percebeu que ele estava com nada, apenas um pedaço de papel em uma das mãos. Ao pegá-lo era uma folha amarelada. Havia alguns símbolos, mas ela não conseguia entender e perguntou para os outros se eles conseguiam. Eduardo achou  ter visto antes, mas não lembrava onde nem conseguia entender. Gabriel também não conseguiu decifrar.

— Coisa com língua estranha, isso não é bom… — Gabriel disse franzindo as sobrancelhas e olhando pro papel.

— Mesmo assim, a gente não pode deixar ele aqui.

— Ok… Acho que dá pra descobrir o que é isso depois. Ou ainda, se ele acordar vai ser melhor.

Gabriel e Eduardo se juntaram para carregar Isaac. Apesar da diferença de altura de ambos, não houve muito problema para carregar o que estava inconsciente.


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Notas finais do capítulo

Bom, essa primeira parte é dentro do que cheguei a jogar. A próxima será totalmente narrativo (tirando pedaço do comecinho). Enfim, até semana que vem o/



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