Sobreviventes de Cthulhu escrita por Beyond B Nat


Capítulo 10
Um ano Atrás - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a parte 2! Vejamos o final desse começo do caos e se eles chegarão bem (o.o)



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O caminho passou a ser mais lento e um pouco mais difícil de seguir discretamente por estarem carregando uma pessoa. Estava causando certo desconforto a situação, com nenhuma alma viva por perto e isso não era normal, há algumas lojas nesta rua, porém estas estavam fechadas.

De repente, eles ouviram um grito “Ei!” e com isso Gabriel e Eduardo se assustaram ao mesmo tempo,  mas com sorte não deixaram Issac cair sem querer. Ao se virarem, viram que logo atrás deles estavam Lucas, Jade e mais duas pessoas. Gabriel reconheceu a garota, era Camila, que era da turma de programação de Lucas e que já jogou RPG com eles uma vez, mas o cara ele não conhecia.

Lorena correu na direção deles, muito feliz por reencontrá-los,e abraçou Jade, porém percebeu que Lucas estava bem mais fadigado que os outros, então não fez o mesmo com ele.

— Que bom que vocês estão bem!

— Digo o mesmo — falou Jade — Ah, esses são Camila e Pedro Henrique. Ela tava na sala onde estávamos e ele encontramos no caminho, quando estávamos passando perto da área de saúde.

— Cabe isso tudo de gente na sua casa?

— Se rola a minha família passar lá, então tem como dar um jeito… — Jade falou coçando a cabeça.

— O que aconteceu com ele? — Lucas perguntou se referindo à pessoa que Gabriel e Eduardo estavam carregando.

— Ah! Esse é Isaac, a gente encontrou ele caído aqui perto. Ele trabalha na biblioteca.

Lucas ficou pensativo. O veio uma sensação ao ver Isaac porém não sabia o que era. Ele frequentou a biblioteca raramente, então nunca se encontrou com ele antes. 

— É melhor a gente sair daqui logo — Gabriel se pronunciou, quando os dois grupos estavam mais próximos — A gente encontrou um monstro e pouco depois um daqueles “cultistas”. Ficar muito tempo parado é uma péssima ideia.

— Encontramos alguns daqueles malucos também — Pedro mencionou —  Bom, nem tou aguentando andar muito mais, né?

— A gente tá quase chegando — Jade falou — Vamos.

Os dois grupos se uniram e todos seguiram juntos o resto do caminho. Em parte do percurso estavam em silêncio, em outra havia uma troca de diálogo pequena. Lucas estava um pouco atrás dos outros, com olheiras um pouco profundas e visivelmente exausto. Lorena se aproximou dele para conversar:

— Você está bem?

— Eu não sei… Tou bem cansado.

— Ficou tacando Hadouken naqueles caras?

Lorena fez a posição do ataque de Street Fighter com as mãos e Lucas deu um riso de leve, mas logo em seguida ele sacudiu a cabeça respondendo:

— Não. Eu não consegui fazer nada.

— Como assim?

— Depois te conto… — Lucas falou olhando para os outros à frente.

Todos finalmente chegaram na casa de Jade. O ruivo rapidamente tirou as chaves de um pequeno bolso presente na alça de sua mochila e logo abriu o portão. Assim que todos entraram e o portão foi fechado, Jade falou enquanto abria a porta da entrada:

— Podem deixar Isaac no sofá, por enquanto. Vou só… Ver umas coisas, aí fiquem à vontade.

— Tem algum curativo ou algo do tipo para cuidar de quem tá machucado? — Pedro perguntou.

— Deve ter. Vou dar uma olhada, não vou demorar.

Jade avançou pelo interior da casa enquanto os outros ficaram na sala. Era visível que ele estava agitado. Ele andou pela casa, porém não encontrou nada de seu namorado. Boa parte das coisas dele, inclusive seu animal, haviam sumido. Ao chegar no quarto, também não havia muito além das próprias coisas. Jade encarou seu celular tremendo levemente e leu as últimas mensagens que tinha no chat com ele. Alen o havia mandado uma mensagem estranha alguns minutos antes do tremor que ocorreu antes do ataque à universidade. Após isso, nenhuma resposta:

11:00 Alen: Está acontecendo algo errado. Fique seguro, voltarei para casa quando puder.

11:01 Jade: Q? Não entendi

11:05 Jade: ?

13:00 Jade: Alen! Aconteceu algo aqui na faculdade! Uns caras tacaram fogo na biblioteca e tem uns monstros atacando todo mundo! 

13:00 Jade: É disso q vc tava falando mais cedo?

 

13:01 Jade: Oq tá acontecendo? 

 

13:02 Jade:

13:03 Jade:

13:05 Jade: !!!

18:54 Jade: Onde vc tá?

20:37 Jade: Me responde, por favor.

09:00 Jade: Alen?

Em nenhum momento houve resposta e a nota de “offline” desde a poucos minutos após o horário da última mensagem de Alen fazia Jade se sentir ainda pior. Ele suspirou e mandou mais uma mensagem, dessa vez dizendo que estava em casa, apesar de não estar tão confiante de que esta seria lida.

De repente Gabriel se aproximou dele e ambos se assustaram ao mesmo tempo.

— P-Droga, Gabriel!

— Você que me assustou! Hum… Mirt me falou da mensagem que Alen mandou.

Jade suspirou, olhou para baixo e resumiu toda a situação. Jade tinha saído de casa cedo, como de costume, e Alen havia ficado em casa dormindo um pouco mais pois tinha passado a madrugada trabalhando. Após isso, além daquela mensagem, nenhuma notícia.

— Sinceramente, não sei muito o que pensar sobre isso, nem ligo se alguém sabia sobre aquela coisa. Só queria saber o que aconteceu com ele...

— Dá pra entender… Ah! — Gabriel tirou um papel do bolso — Isso aqui estava com Isaac quando o encontramos. Já que quem poderia ser especialista nisso não tá aqui…

— Aí você tá superestimando ele, hu. — Jade analisou o que estava escrito no papel, então continuou — Hum… tem coisa aqui que parece seguir padrão diferente, provavelmente foi escrito depois, mas falando do que identifiquei, esse círculo com um ponto no centro já vi representando “sol” ou “ouro” em lance de alquimia e esses triângulos aqui tem ligação com os quatro elementos, mas aí não lembro o que é o que. Os outros símbolos com sorte podem ser de alguma cifra de substituição.

 — Hum… Entendi… Acho que dá pra usar isso pra descobrir algo enquanto o cara alí não acorda. Posso usar seu computador?

Jade deu de ombros respondendo que sim. Logo em seguida, ele seguiu para o banheiro pegar a caixa de primeiros-socorros e ambos voltaram para a sala. Quando voltaram, Camila estava conversando no celular e os outros ou estavam mexendo nos próprios telefones ou conversando entre si. 

—--

Passaram algumas horas. Isaac estava se sentindo um pouco dolorido e exausto e quando acordou, se viu meio tonto, exausto e desorientado. De repente lhe veio em mente o que aconteceu com ele antes de perder a consciência e quase começou a se preocupar por estar num lugar que nunca viu antes, porém o veio certo alívio ao reconhecer algumas das pessoas que estavam na casa e que nesse momento notaram que ele acordou.

Lorena resumiu como seu grupo o encontrou e os outros contaram como chegaram onde estavam. E, apesar de não ser necessário, também mencionaram que Camila e Eduardo não estavam mais com eles, pois Camila havia conseguido contato com o pai dela e Eduardo pegou uma carona já que a casa dele era no caminho.

— E eles foram embora assim?

— Todo mundo ficou com o pé atrás com isso, ainda mais a essa hora — Pedro falou franzindo as sobrancelhas — Com sorte eles ficarão bem.

— É…

Isaac ficou pensativo e levemente preocupado, com sua mente divagando sobre o que acabaram de lhe contar enquanto encarava discretamente todos presentes. Ele não sabia muito o que fazer ou dizer nesse momento. O perguntaram o que aconteceu com ele e como foi parar inconsciente fora da faculdade, no meio da rua. Ele respondeu, esfregando um pouco as mãos, que o incidente provavelmente começou no seu horário de folga e ele mencionou que com isso teve sorte de não estar trabalhando durante o começo do ataque, pois estaria morto.

Ele disse que chegou a perceber o ataque apenas quando chegou à área aberta e avistou pessoas correndo e alguns monstros e com isso ele se escondeu em uma sala. Quando viu oportunidade de ir embora ele tentou fugir, porém num momento foi atacado, após isso, não se lembra de mais nada.

— Posso ter desmaiado pelos meus ferimentos, cansaço… Não sei.

— Suas feridas não estavam das piores, mas pelo cansaço da fuga pode fazer sentido — disse Pedro.

— E o papel que tava com você? — Perguntou Gabriel.

Por um segundo Isaac ficou confuso, até Gabriel mostrar a folha em sua mão.

— Por que você tava com isso e o que são esses escritos? 

Isaac desviou o olhar e disse “Eu não me lembro dessa coisa. “

Gabriel ficou visivelmente irritado e Jade suspirou soltando um "ah, não…", enquanto o primeiro se alterava dizendo que era óbvio que Isaac estava escondendo alguma coisa. 

— Tem a porra de um monstro gigante com cara de “kutúlu” fazendo a festa lá no Chile enquanto pessoas ficam surtadas pulando de prédio, um monte de igreja explodindo, bibliotecas e universidades em chamas, servidores caindo, o lugar que VOCÊ TRABALHA foi ateado fogo e “cê” me aparece com um pedaço de papel com um troço cifrado e diz que não sabe de nada?! 

— Calma, Gabriel! — Lucas disse o dando um toque.

— Se tá insinuando que eu tenho alguma ligação com o que aconteceu, eu juro que não tenho nenhuma — Isaac falou com a maior seriedade possível.

— Então desembucha o que é essa merda!

— E o que qualquer um aqui vai ganhar sabendo disso?

Todos ficaram em silêncio. De fato, esse clima não os levariam a lugar nenhum. Após alguns minutos, Isaac ficou pensativo e logo em seguida falou:

— Mesmo uma biblioteca de uma universidade pública, com parte das obras paradas a anos, contém em seu acervo algumas coisas além dos fins acadêmicos.

— Tinha alguma coisa na biblioteca que poderia ser do interesse daqueles caras? — Lorena perguntou.

— Provavelmente — Isaac olhou por um segundo para Gabriel e depois para Lucas — Não tem como eu saber tudo que tinha lá, se duvidar nem o meu chefe sabe, mas… É possível que algumas coisas sobre ocultismo, história e religião possam ser o que eles quisessem roubar ou destruir. Essa parte tou só conspirando.

— Ocultismo? Chegaria a esse nível? — Pedro parecia um pouco incrédulo, mesmo depois das coisas que chegou a testemunhar.

— Tá… E o papel que estava contigo, tem alguma coisa ligado a isso? — Jade perguntou.

Isaac suspirou e ficou pensativo, até que decidiu dizer o que considerava o suficiente:

— Eu não sei o que está escrito nesse papel, só sei que antes de… Os cultistas que me perceberam me atacarem, Thiago, esse vocês não devem conhecem ele trabalha numa parte mais fechada do acervo, ele… Me pediu pra entregar isso a um amigo dele, aí… Só não consegui.

Jade ficou pensativo analisando o que Isaac falou. Ele suspeitava que ele estava ocultando algumas coisas, mas conseguia perceber que ele estava sendo sincero, inclusive de não estar do lado dos cultistas.

— Ok, eu acredito em você, foi mal por essa situação.

Os outros concordaram, mas Gabriel se mantinha com a cara fechada.

— Alguma pergunta? — Jade o perguntou sério.

— Oh! Não me olha com essa cara!

— Agora dá pra gente aliviar essa energia pesada, só dessa vez?

Todos presentes concordaram, logo em seguida mudaram de assunto. Estava difícil digerir tudo que estava acontecendo, todos estavam estressados, mas o que era certo é que nada será como antes.


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Notas finais do capítulo

Posso pressentir o perigo e o caos...
Próximo capítulo voltamos pro presente ;)

Até daqui a 84 anos o/



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