Sobreviventes de Cthulhu escrita por Beyond B Nat


Capítulo 8
Dia 3 - Parte 2




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Lucas cansou de cortar madeira e julgou o suficiente o que havia conseguido, com isso estava a alguns minutos as separando de forma que poderia carregar. Ficaria bem pesada sua bolsa se carregasse isso tudo sozinho, fora o que teria que ser na mão. Por um momento, ele ficou levemente preocupado. Ele não tinha relógio, então não fazia ideia de a quanto tempo Gabriel e Jade se separaram dele. 

De repente, Lucas ouviu sons de tiros. Rapidamente deixou sua mochila e as madeiras para trás, pegou seu machado e correu para ver o que era. 

Ele avistou uma mulher com um bastão bloqueando o ataque de uma outra com roupas esfarrapadas, enquanto um homem próximo logo em seguida a acertou com um soco fazendo recuar. Mais distante, haviam algumas outras pessoas atacando Jade e Gabriel, que estavam recuando e atirando. 

Num momento rápido, quando a mulher seria atacada novamente pelo homem próximo, após esta apagar a mulher que a estava atacando, Lucas se colocou na frente dela, bloqueou a tentativa de ataque com o cabo do machado, deu um corte no tórax e logo em seguida um chute no estômago do homem, assim este caindo no chão inconsciente.

As pessoas restantes deixaram Jade e Gabriel encurralados. Uma delas chegou próximo de Gabriel e tentou arrancar a arma da mão dele. Acabou escapando um disparo, que acertou a pessoa de raspão, mas esta não parou de lutar, então Gabriel o deu uma cabeçada para afastar dele.

Por estar muito perto e dois terem focado em Jade, ele não conseguiu atirar em um deles e o outro o deu um golpe no estômago. Ele tentou não perder o equilíbrio, pegou seu facão e fez um corte profundo no que acabou de acertá-lo.

Logo em seguida Lucas e a mulher se moveram na direção daquelas pessoas, cada um deixando um inconsciente.

Restou apenas uma daquelas pessoas, que era o que Jade acertou com o facão. Era um homem franzino, parecia ter o dobro da idade deles, com os olhos vidrados, o cabelo parecendo que alguns tufos haviam sido arrancados e este olhava ao redor, percebendo que era o último e estava cercado com as mãos tremendo e um sorriso torto no rosto.

Jade fez um olhar sério e ameaçador, apontando o facão sujo de sangue na direção dele e disse:

— Dê o fora daqui.

O homem não pronunciou uma única palavra, apenas encurvou um pouco o corpo e correu para longe do grupo, sumindo entre as árvores. Todos suspiraram. Depois da adrenalina abaixar, foi inevitável reparar nas pessoas caídas no chão e um pouco do sangue delas que estavam em suas roupas. Era possível perceber que alguns deles ainda estavam respirando, mas os que tiveram ferimentos mais graves, um com um corte e outro alvejado, não estavam.

Tirar a vida de uma pessoa, não era o mesmo de um monstro.

— Moça… Você está bem? — Jade perguntou, quebrando o silêncio.

A mulher estava olhando pras pessoas caídas e sua atenção voltou para ele quando falou com ela. Ela confirmou com a cabeça e disse “Sim, obrigada por me salvarem”.

— Melhor deixarmos o papo furado para fora daqui — Gabriel falou andando — Vamos embora antes que tenhamos mais surpresas.

Jade falou baixo pra mulher “Não ligue, ele é assim mesmo” e logo em seguida foram atrás dele. Lucas olhou por alguns segundos as pessoas caídas e suas roupas e machado com algumas gotas de sangue. Ele apenas suspirou e seguiu os outros.

Assim que chegaram onde Lucas deixou a mochila e os pedaços de madeira, eles os recolheram e andaram para fora do parque.

No caminho, eles conversaram um pouco com a mulher e se apresentaram. O nome dela era Sabrina, sua pele era levemente bronzeada e seus cabelos negros bem lisos e compridos estavam presos para trás com uma bandana marrom. A princípio estava um pouco hesitante, mas em pouco tempo não houve problema em conversar.

Assim que saíram da área com árvores e chegaram onde haviam mais restos de construções, Gabriel olhou ao redor se percebia algum lugar para descansarem antes de voltarem para a base. Não sentia muita confiança em levar uma pessoa estranha direto pro refúgio, ainda mais que, se Seu Francisco o deu outro dia o conselho de não espalhar por aí onde eles estavam escondidos, isso poderia significar alguma coisa.

Ele percebeu um prédio abandonado que estava fechado. Avisou aos outros e procurou uma forma de entrar. Uma porta estava fechada, Lucas tentou usar o machado para abrir, mas o máximo que fez foi lascar um pouco a porta.

— Ah… Desse jeito não dá.

— Aff, dá um desconto, fiquei metade da tarde catando mais madeira que boneco de jogo survival!

— Xiu!

Gabriel percebeu uma confusão. Assim que eles andaram em volta da construção, perceberam ao longe várias pessoas, muito mais do que eles enfrentaram antes, ao redor de alguns pedaços de madeira e alguns destes estavam com tochas nas mãos. Além disso, aparentemente eles capturaram alguém.

Eram muitos, dessa vez eles não poderiam fazer nada.

— É melhor sairmos daqui. Não tou a fim de ouvir o que vai rolar ali.

— Também não… — Jade se sentiu mal só de imaginar.

Tentando novamente encontrar algum lugar, se afastando um pouco, eles encontraram os restos de uma loja. Havia vidro quebrado no chão, porém no interior havia um porta destrancada que era para os fundos, onde ficava um pequeno corredor que trazia acesso ao depósito e área dos funcionários, além da saída. A porta era possível ser fechada, então eles decidiram ficar por ali.

Eles respiraram um pouco. Sabrina tirou da mochila dela aparentemente alguns remédios para aliviar a dor e enquanto isso os rapazes beberam um pouco de água. Após um tempo em silêncio esfriando a cabeça, começaram a conversar. Depois de descontrair um pouco para aliviar a tensão, Jade conduziu o assunto para saber um pouco mais de Sabrina:

— Oh, e como você acabou se metendo com aquelas pessoas que estavam atrás de você?

— Acabei sendo um pouco imprudente. A princípio me aproximei, mas assim que me perceberam eles tentaram me atacar e gritavam “mais um”. Provavelmente fariam comigo o mesmo  que os que vimos a pouco.

— Ou teria alguma coisa a ver com o ritual… — Gabriel balbuciou, mas os outros o ouviram, com isso Lucas e Sabrina ficaram confusos.

— Encontramos um ritual incompleto na floresta perto de onde nos encontramos — Jade explicou — Mas parecia mais coisa de cultista e não pessoas loucas, não faz sentido…

— Todos esses caras são loucos de qualquer forma.

— É, GC tem um ponto.

— Enfim… Ah! E por acaso você está sozinha ou faz parte de um grupo que nem a gente? Se tiver um lugar onde fica, pode ser bom para ambos se ajudarem, he.

Sabrina mudou de expressão e desviou o olhar abaixando a cabeça. Ela exitou um pouco, mas respondeu que estava sozinha. Os rapazes se entreolharam, Jade se aproximou um pouco dela e a perguntou: 

— Aconteceu alguma coisa?

Sabrina suspirou, então disse:

— Eu estava com algumas pessoas, mas… Um monte de… Não sei o que eram aquelas coisas, não eram pessoas, pareciam cadáveres vivos, tipo zumbis, e queriam só matar e destruir tudo. Eles eram muitos, consegui me esconder e escapar depois, mas… Não sobrou ninguém.

Ela parecia um pouco abalada por lembrar disso. Jade passou a mão no ombro dela e disse “eu lamento.”

Passaram alguns minutos de silêncio. Lucas se levantou e olhou pelo local se havia algo de útil. Olhando na sala dos funcionários, ele encontrou uma geladeira que já teve dias melhores, uma mesa, um sofá rasgado e alguns armários de metal abertos. No depósito apenas entulhos. O que tinha ali, foi saqueado a um bom tempo.

— Achou alguma coisa? — Gabriel se aproximou dele.

— Fora um pouco de lixo que a gente pode trazer utilidade depois… Altos nadas.

— A gente tá ficando sem tempo — Gabriel falou baixo — Ou a gente dorme aqui ou voltamos.

— E quanto à Sabrina?

Gabriel deu de ombros e disse:

— Eu não sei. Não tou conseguindo pensar direito sobre isso.

— Vai resultar em uma noite mal dormida, mas acho que a gente pode ficar por aqui. Aí amanhã a gente decide o que fazer.

Ao retornarem pro canto onde os outros estavam, parece que Jade no tempo que eles estavam conversando no depósito pegou na sala dos funcionários uma leiteira, alguns pedaços de enchimento e o que fosse levemente inflamável e uma cumbuca de metal para colocar tudo. Jade estava acendendo um pedaço de papel com um isqueiro e após colocar dentro da cumbuca para fazer fogo, devolveu o isqueiro para Sabrina.

— O que diabos você tá fazendo?

— Não riam — Jade tentou ficar sério, mas sabiam que não daria certo — achei umas ervas no mato enquanto a gente tava passando por lá.

— Beleza, sempre soube. — Gabriel falou sorrindo

Lucas não se segurou e começou a rir enquanto Jade falava “seus bestas”.

— Acho que não teremos problemas passando a noite aqui — jade falou — E com essa situação toda, creio que tomar alguma coisa quente dá pra aliviar a cabeça um pouco.

— É, a gente estava conversando agora de passar a noite aqui.

— Então tá certo, hu.

O tempo passou e se estendeu. O pouco de luz do lado de fora que era visível pelas frestas das portas desapareceu e a pouca luz que eles tinham era da pequena fogueira improvisada. Quando chegou no ponto de ser possível sentir o cheiro do chá, quem se dispôs a tomar bebeu um pouco e enquanto isso, todos conversavam, apesar de mais baixo que antes.

Pro Jade era um pouco nostálgica essa situação. Ele falou que reconheceu as plantas que coletou porque havia algumas dessas no quintal da casa de seus pais, pois sua mãe gostava de ter várias plantas que serviam para chá. Ele já não morava com os pais quando tudo aquilo aconteceu, mas lembrava dessas pequenas coisas. Lembrar da família obviamente era algo doloroso para todos, mas não se podia esquecer o que aconteceu, apenas seguir em frente.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que ocorrerá com Sabrina? Digam a opinião de vocês sobre o capítulo ^^



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