Sobreviventes de Cthulhu escrita por Beyond B Nat


Capítulo 4
Dia 2 - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Se preparem pro mês de dezembro todo com capítulo aqui, por que esse dia foi longo, hehe.

Bom, atualizada a capa da fic e não se esqueçam que também estou postando no Spirit e no meu blog.

Bom, boa leitura!



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Um ano atrás

Várias pessoas estavam dentro daquela sala, uns dois professores e alguns alunos. Eles se esconderam no piso inferior do bloco, onde ficava umas duas salas pouco abaixo do solo, com pequenas janelas onde era possível ver o lado de fora. Começou apenas com um pequeno terremoto uns minutos atrás, de repente pânico e umas pessoas trajando mantos escuros proferindo palavras de uma língua estranha fazendo abrir algo no ar de onde saíram criaturas horrendas… Ninguém estava entendendo o que estava ocorrendo. Única coisa que conseguiram fazer era se esconder nessa sala.

Alguns estavam em estado de choque, outros com os olhos no celular, tentando entender o que estava acontecendo ou entrar em contato com alguém da família. Os restantes estavam tentando acalmar os outro.

— Quase ninguém me respondeu. — falou baixo Lucas tremendo segurando o celular com a mão ainda suja de sangue — Na verdade GC respondeu, mas, parece que ele está com umas pessoas que nem a gente agora, só que no bloco de Letras.

Jade abaixou a cabeça abraçando os joelhos para tentar se acalmar. Ele não estava conseguindo pensar direito, só queria sair dali.

Dava para ouvir a conversa das pessoas que estavam um pouco mais exaltadas. É claro, a sala era pequena:

— Está acontecendo em toda parte. — disse o professor de Física olhando pro celular — Droga, quem são esses malucos? 

— A gente vai ter que sair daqui alguma hora.

— Como?! Tá acontecendo uma carnificina lá fora!

De repente, o telefone de Lucas, Jade e mais duas outras pessoas que estavam na sala receberam mensagem. Era de Gabriel e com prints de uma notícia em espanhol seguidos do link da referida.

“Criatura gigante emerge del Pacífico Sur”

Jade arregalou os olhos ao ver a imagem da parte de um vídeo que mostrava o referido monstro sendo registrado numa cidade no Chile. Uma criatura humanoide com asas gigantes e estruturas similares a tentáculos na região inferior do rosto, como se fosse um polvo.

— Isso não pode estar acontecendo…

 

Hoje, dia 2

Por ter ido se deitar antes dos outros, apesar de demorar um pouco, Gabriel conseguiu dormir dessa vez, embora isso não mude o cansaço em sua mente. Ele pegou junto das suas coisas um pequeno caderno de anotações e o folheou por alguns segundos. Este era onde ele tem anotado algumas coisas que ele sabia ou apenas teorizava sobre alguns encantamentos e criaturas que eles chegaram a encontrar ou ao menos saber algumas coisas. 

Ainda existia nele certa dúvida sobre o quanto do que era dito como ficção é real de fato, algumas ele já suspeitava antes da criatura que todos concordaram chamar de Cthulhu despertar, porém ao mesmo tempo lhe vinha a dúvida se valeria a pena tentar saber mais sobre isso.

Ele colocou o objeto no bolso do seu casaco, deitou novamente e ficou pensativo encarando a parede. Alguns minutos depois os outros acordaram e perceberam que ele não estava dormindo, então não havia muita escolha a não ser se levantar.

Apesar do ferimento do dia anterior, Lucas parecia estar muito bem, e um pouco empolgado por ele e Jade terem conseguido fazer umas melhorias na moto e apelidado ela de Star Kill. Com ela, poderiam chegar em outros lugares mais rápido.

Nesse começo do dia comendo uma mistura de um pouco da comida que tinham, como de costume eles debateram o que fariam nesse dia. Talvez fosse possível, com alguns recursos que conseguiram, reforçar algumas coisas, porém como o melhor a fazer era explorar durante o dia, se quisessem coletar alguns recursos precisariam fazer uma estratégia diferente pro tamanho atual do grupo.

— Talvez seja melhor um de nós ficar aqui cuidando da base e fazendo umas melhorias — falou Lucas enquanto comia seu “mexidão” num pote de plastico enquanto ponderava sobre isso — enquanto isso o resto coleta recursos. 

— Pode ser uma boa — disse Jade — Quem tem mais habilidade manual sou eu e você, então…

— Pode ficar, eu já tou bem de ontem, hehe.

— Também, matando carniçal com um golpe só, ainda bem que tou do seu lado. — comentou Gabriel. — E nesse ponto de ir atrás de recurso, acho que é melhor um explora por perto a pé enquanto outro um pouco mais distante com a moto.

— Ué?

— Porque ficar todo mundo separado?

— Tempo. E daria pra achar mais coisas mais rápido.

Jade moveu a cabeça discordando e Lucas também não concordava com essa parte do plano.

— Só um ficar na base ok, mas o resto não tem necessidade, ainda mais porque a moto dá pra nós dois.

— Mas se espalhando dá pra explorar mais áreas.

— Só se a gente tivesse algum outro veículo. Desse jeito não vale a pena, fora que o que estivesse sem moto demoraria mais pra voltar, então a parte de economia de tempo não faz nem sentido.

— E pra escapar dos monstros a pé é mais difícil. — Jade complementou.

Gabriel suspirou e acabou deixando de lado essa ideia.

Eles terminaram de comer em silêncio, após isso Gabriel e Lucas pegaram e organizaram o necessário para sair. Jade os pediu para tomar cuidado e ajudou a abrir a estrutura da garagem para ter espaço suficiente pra moto passar. A garagem era um puxadinho improvisado na casa, porém para esconder a moto, ainda mais quando ela não estava sendo usada, era o suficiente.

Assim que tiraram a moto de dentro da casa, Lucas e Gabriel subiram nela antes de se despedirem de Jade e irem embora. Toda vez que era necessário alguém do grupo se separar batia nele uma preocupação. “Eles vão voltar. Até o anoitecer, eles vão voltar” disse para si mesmo enquanto trancava tudo novamente e logo em seguida olhava pela base o que havia no local e pensava o que poderia fazer.

 

Lucas era quem estava pilotando, após alguns minutos pela rua, foi possível avistar através de uma cerca de arame destruída uma descida em paralelo. Ele parou a moto, queria dar uma olhada. Ambos desceram do veículo e se aproximaram empurrando a moto. O mato crescido quase escondeu, mas não foi muito difícil perceber que havia trilhos nessa área.

— Eita, nem lembrava que o metrô passava por aqui. — Lucas comentou.

— Sério?

— Não me julgue, eu mal saía de casa.

— Como se eu saísse… Acho que se tiver uma estação por perto ou um vagão abandonado no caminho, dá pra achar alguma coisa. 

— Boa ideia. — Lucas subiu na moto novamente — Sobe aí! 

Sobre a moto, eles seguiram ao lado dos trilhos por alguns minutos até encontrarem um túnel. Mirt tentou ligar o farol do veículo, mas este não estava funcionando. Ele devia ter verificado isso na noite anterior.

Enquanto Lucas resmungava tentando inutilmente ligar o farol, Gabriel ficou pensativo encarando o túnel, logo em seguida suspirou descendo do veículo e retirou seu caderno de anotações do bolso. Lucas percebeu o que o amigo estava fazendo e ficou olhando.

Após dar uma lida na parte que precisava se lembrar, ele guardou o caderno e tentou se concentrar. Para isso ele precisaria das duas mãos livres.

“Mgr'luhah, fm'latghor nilgh'rinah ot ya orr'e ng ah'hri ya ulnah…”

Conforme ele falava baixo e repetia as palavras das quais o significado de cada uma ele desconhecia, começou a surgir entre suas mãos um leve brilho esverdeado tentando tomar forma. Porém, começava a vir nele um desconforto e quando estava quase conseguindo fazer aquele brilho se firmar, este se expandiu e se desfez como uma mini explosão.

— Ah, merda! — Gabriel se irritou.

— Bom, acho que não vai rolar…

Lucas suspirou e olhou para o túnel, porém quando considerava a possibilidade de dar a volta, conseguiu avistar um objeto. Ele deixou a moto de lado e se aproximou. O objeto não estava muito distante do começo do túnel e assim que chegou mais perto, ele percebeu que era um megafone.

— O que essa coisa faz aqui?

Ele pegou o megafone e mexeu num botão e pelo som agudo que o objeto emitiu, de fato estava funcionando. Era muito estranho acharem uma coisa dessa num lugar como esse, ainda mais sem estar quebrado.

Gabriel olhou ao redor tentando ver se percebia algum sinal de pessoas e ficando mais atento não foi muito difícil perceber algumas pegadas de sapato sobre a poeira do chão de uma parte mais elevada do túnel.

— Alguém passou por aqui, talvez não faça muito tempo.

— Pessoas… Seriam outros sobreviventes ou cultistas?

— Não sei… — Gabriel ficou pensativo — Um ou outro, se forem hostis pode ser um problema, nossa base não é muito longe daqui.

Lucas suspirou coçando a cabeça, e pensou por alguns segundos. Não havia como ignorar o fato de haver pessoas humanas por perto independente das intenções. Eles decidiram entrar no túnel, porém arrastando a moto ao invés de com ela ligada, para não chamarem a atenção devido o barulho do motor.

Quanto mais eles entravam no túnel, mais escuro ficava. Apesar da pouca visibilidade, foi possível notar as pegadas seguindo por uma divisão do túnel que talvez fosse de uma área de manutenção. Eles não escutavam nada além dos próprios passos e um ou outro som de água pingando. Mesmo com a vista se acostumando levemente, ficava cada vez mais escuro, até não ser possível enxergar nada e eles apenas sabiam que estavam perto um do outro por estarem apoiados na moto.

Passaram alguns minutos andando, porém pareciam horas e vinha cada vez mais a vontade de dar meia volta e retornar à superfície, até que conseguiram descobrir uma luz leve. Ao seguir naquela direção, eles andaram até se encontrarem numa área mais ampla e a luz que eles viram vinha do alto, de um buraco logo acima do qual aparentemente estava ali pois parte da estrutura caiu.

Havia alguns centímetros de água cobrindo todo o chão e várias colunas de concreto, além de mais afrente ser possível ver outros túneis que levariam para algum lugar. Eles não faziam ideia de onde estavam e com a água não haviam mais rastros para seguir.

De repente eles escutaram um barulho. De um dos túneis, surgiram duas silhuetas humanoides, mas foi fácil perceber que não eram humanos e sim carniçais. Eles se prepararam para enfrentá-los e assim que os monstros os notarão, não havia outra reação, eles avançaram na direção deles.

Lucas se moveu contra um dos carniçais com o seu machado e golpeou com a arma na cabeça dele, não o dando qualquer chance. Gabriel sacou o revólver e atirou no outro, porém, mesmo o acertando não foi o suficiente para matá-lo e este aproveitou que Mirt estava mais perto para atacá-lo com suas garras.

Lucas recuou alguns passos e revidou, acertando no peito do carniçal com seu machado. O monstro tentou resistir, mas não teve forças e caiu no chão. O sangre negro da criatura se espalhou um pouco pela água no chão.

— Que droga, todo dia isso!

— Estou com mal pressentimento. — Gabriel olhou ao redor.

De repente eles ouviram mais sons, porém eram ecoantes, então estava um pouco mais distante. Vinha do túnel que eles viram os carniçais saindo. Eles, um pouco hesitantes, pegaram a moto e se moveram naquela direção. Dava para ver um pouco de luz, e ao se aproximarem havia alguns entulhos no caminho, onde eles poderiam espiar e se manterem escondidos. Olhando o que havia do outro lado, eles puderam perceber o que estava acontecendo.


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Notas finais do capítulo

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