Centauros escrita por KaguraWay, HarunooMalika


Capítulo 6
Os Médicos


Notas iniciais do capítulo

Queridos Leitores

Estamos de volta com Sexto Capítulo dessa história original
do Universo da Ficção e Fantasia com Seres Mitológicos.

Boa Leitura



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Uruha *POV*

Eu estou correndo, e tudo está escuro, não há nada além de escuridão e risadas más. Estou ofegante e tremendo de medo, têm alguém me perseguindo, escuto as risadas, estão se divertindo com meu medo. 

Eu grito por minha mãe, pra ela vir me salvar, porque ela disse que sempre me protegeria, mas não está comigo. Estou com tanto medo. Correndo, correndo e correndo.

E quando olho para trás, têm um homem grande, ele está perto muito perto de mim, ele para de correr, pega uma pedra enorme do chão, dá alguns passos largos e quando o braço forte vai para trás para pegar impulso, eu viro para frente de novo sinto lentamente a pedra vir chegando perto, e mais perto, e mais perto, baixo a cabeça um pouco e quando tenho certeza que a pedra vai me acertar em cheio. . .

— Kouyou!_ Acordo assustado, em um pulo olhando em volta com os olhos arregalados, não identificando a estrada e o mato ao meu redor. 

Meu coração bate como um louco, meu tronco erguido com minha mão apoiada no chão, olho em volta de novo e me encolho assustado quando sinto uma mão na minha cintura.

Estava tudo bem, haviamos ido dormir, eu estava muito bem aconchegado no moreno.

Deitado de lado, sentindo as patas de coloração negra passando por cima de mim, meu lombo equino encostado na barriga quentinha da parte equina dele, minhas costas em seu peito travado, um braço forte em volta da minha cintura enquanto eu uso o outro de travesseiro. E assim dormi.

A melhor noite de sono de anos. Seria se não fosse pelo pesadelo.

— Kouyou?_ Olho para trás vendo o moreno com as sobrancelhas franzidas, me olhando preocupado. Respiro fundo várias vezes tentando me acalmar, sentindo ele me tocar a testa, meu cabelo grudando no meu pescoço e rosto ensopados de suor. _ O que houve?_ Pergunta num sussurro. 

— Nada eu só. . . _ Olho em volta de novo temendo ouvir as risadas dos homens. _ Foi só um pesadelo. _ Murmuro tentando fazer meu coração se acalmar. 

— Quer falar sobre?_ Pergunta e me estende a jarra de barro com água, tomo um gole grande e a estendo de novo para o moreno. 

— Foi. . . Foi assustador. _ Me deito de novo, e sinto um beijo na cabeça junto com os braços fortes me rondando de novo, me protegendo, ele me aperta e depois volta a colocar seu braço debaixo da minha cabeça como um travesseiro, sinto seu queixo em meu ombro e um arrepio gostoso me percorre. 

— Por que?_ 

— Eu sonhei com o príncipe perdido. _ Murmuro. _ Sonhei que era ele, e que tinham rebeldes me perseguindo, e era uma sensação tão ruim, por que eu só queria minha mãe. Por que ela disse que estaria ali por mim pra sempre, mas eu tava sozinho, eu tava tão assustado. _ Falo sentindo aquela sensação no peito de novo, um aperto, e minha voz soou fraca e magoada.

— Está tudo bem agora. _ Ele beija meu ombro e pescoço.

— Uhum, os rebeldes me perseguiam e então um deles parou, ele era enorme, e ele pegou uma pedra e a acertou na minha cabeça. _ 

— Hey, está tudo bem agora._ Resmunga de novo. 

E realmente está. Agora realmente está tudo bem. 

……..

Estamos andando de novo, com o Sol e a brisa da manhã fria bagunçando o meu cabelo, jogando ele na minha boca e olhos, as nuvens escondendo a chuva que eu sei que está por vir. 

Andando calmamente, acabamos de comer, com a barriga cheia e as conversas nem tão animadas quanto nos dias anteriores. 

Passamos por fora das vilas, vendo ao longe o barulho e os centauros passeando, crianças, idosos, jovens. . . Essa é uma época animada, afinal, é a época que os parceiros se encontravam. 

Não deixo de sorrir com isso sentindo a mão quente e forte do moreno na minha, não que eu tenha aceitado essa coisa dele ser meu parceiro. Quero dizer, essa parte eu aceitei sim, porque parece tão certo.

E, sendo franco, com muito pouco eu estava babando e abanando o rabo pelo Aoi, ele é impressionante e simplesmente um doce. De sorrisos fáceis, gentil, com piadas sem graça, mas mesmo assim inteligente, carinhoso e muito lindo. 

Eu tenho que ressaltar essa última parte, porque ele parece não ter noção do quão lindo ele é. Não é brincadeira, ele é muito muito lindo. 

Mas tirando tudo isso, eu consigo me ver passando o resto da vida com ele, ele é bem humilde e por isso me imagino vivendo num morro, de uma vilazinha, com pomares e festivais pequenos onde todos se conhecem. Aquela coisa aconchegante e gostosa de vila pequena. 

Me imagino ficando velhinho com ele ao lado. Ele é perfeito pra mim, e não nego estar completamente caidinho por ele, na verdade tenho muito orgulho de mostrar o quão estou apaixonado por ele e seus pequenos gestos. 

O único problema é que ele me trata como se eu fosse uma gestante. 

E vamos ser sinceros, eu não sou. 

Parece não ter entrado na cabeça dele que sou um infértil e isso me magoa de certa forma, porque no final dessa esperança boba, não vai ter filhote nenhum. E tenho medo dele me deixar por isso, é bobo eu sei, porque vejo que meus sentimentos são correspondidos por ele, mas mesmo assim. . .

Suspiro. 

Eu imagino que seja um baque horrível, ou até uma notícia extremamente triste, mas ele vai ter que aceitar uma hora ou outra. Não tem como ele ficar me tratando como se eu estivesse carregando nosso filhote, porque eu não estou, e isso acaba comigo porque eu queria estar. Queria poder ter filhos, mas eu já me conformei, passei anos nessa realidade. 

Não tem como ele me tratar assim a vida inteira, ou ele vai quebrar a cara no final ou vai surtar, ele precisa de um banho de realidade o quanto antes. Mas sempre que estamos a sós e eu tento puxar esse assunto ele só desconversa, beija minha testa e sai andando para ficar com os outros. 

Ele chega a me evitar. E eu sei que ele acha que eu não acredito em nada, mas veja bem, eu sou infértil, ele tem que aceitar isso uma hora ou outra. Não tem como ficar me evitando por toda a nossa vida. 

Droga, Aoi, isso dói tanto em mim quanto em você. Então facilita pelo amor dos deuses!

Suspiro. 

Assim não dá!

— Algo te incomoda, Kou-kun?_ Olho para o lado, Ruki está andando ao meu lado enquanto Kai está do outro lado e os três estão andando atrás de nós. 

— Não, por quê?_ Pisco os olhos. 

— Começou a suspirar, e então a marchar com força e depois a andar rápido e deu algumas bufadas. . ._ O baixinho vai listando nos dedos, diminuo a minha passada e vejo que o baixinho se sente mais à vontade andando, assim como Kai. 

Porque apesar de sermos ambos de porte médio, sou maior que ele.

— Pensamentos barulhentos?_ Kai pergunta do outro lado e eu suspiro de novo. 

— Algo assim... _ Resmungo. _ Aoi tá me evitando!_ Murmuro chateado. 

— Eu percebi. _ Me sinto envergonhado com o comentário nada sútil nem animador. 

— Ahn. . ._

— Bem, já se perguntou o por quê?_ Kai tenta me ajudar. _ Pode ser um assunto ou gesto que você fez, talvez uma palavra mal colocada. _ Ele sorri animador.

— Eu já sei o porquê dele estar assim!_ Disse e minhas patas frontais bateram no chão com força.

— E então?_ O covinhas me anima. 

— Se sabe, resolva!_ 

— Não é essa a questão!_ Olho para o baixinho. _ Ele é teimoso e cabeça dura!_ Nego com a cabeça apertando meus braços que estam cruzados. 

— Me faça entender a situação._ Resmungo qualquer coisa praguejando. Olho para o baixinho e depois para o covinhas.

— Ele não aceita!_ Olho para trás, alguns passos atrás estão os três, que no começo estavam em uma conversa animada e descontraída, agora conversam seriamente, com posturas eretas, cara fechada. . . 

— Não aceita o que, meu anjo?_ Kai segura a risada com o sarcasmo do Ruki. 

— Que eu. . . _ Respiro fundo e me abraço, olho para frente me mantendo forte. _ Ele não aceita que eu sou infértil. _ Mordo o lábio. _ Ele me trata como se eu estivesse carregando um filhote, mas eu não estou!_ Minha voz falhar no final. 

Esse ainda é um assunto doído. 

— Entendo. _ Vejo Kai e Ruki trocarem um olhar significativo. _ Mas, se não tem a ligação pai e filho, como ele te achou?_ Kai tenta. 

— Eu não sei. _ Digo exasperado. 

— Mas então, não pode considerar a hipótese?_ Ruki me olha como um cãozinho abandonado. 

— Você não está entendendo. Eu passei anos, anos, indo e voltando da semana fértil, anos Ruki, eu não acabei de entrar na minha maturidade sexual, eu a atingi a anos._ 

— Tem gente que demora para engravidar mesmo, o Kai por exemplo._ Ele gesticula, mas eu nego com a cabeça. 

— Não Ruki._ O olho. _ Comigo não é assim. Uma médica me diagnosticou, Ruki. _ Nós suspiramos ao mesmo tempo. 

— Depois Aoi que é teimoso._ Reclama. _ Você não pode simplesmente aceitar?!_ Bate os cascos no chão. 

— Não vou viver uma mentira!_ Soco os cascos no chão também.

— Ok ok! Calma gente._ Kai entra no meio de nós dois e eu resmungo vendo o baixinho bufar. 

— Tô calmo!_ Resmunga Ruki. _ Ei!_ Ele reclama ao ser puxado para trás, olho e vejo o Reita o abraçando pela cintura, Miyavi passa puxando Kai consigo e ficando na minha frente com ele, abraçando-o também.

— Hã?_ Murmuro sentindo o moreno me abraçar pela cintura também, se colocando ao meu lado, grudado comigo. 

— Shiii._ Resmunga beijando minha bochecha. 

— O que houve?_ Pergunto me virando para ele, mas tudo que recebo é um selinho. Sorrio levemente sentindo outro selinho, seguro em seu queixo e dou-lhe um selinho mais demorado. 

Nos afastamos e ele sorri tão docemente que é impossível não morder o lábio vendo.

Ele é muito perfeito. 

Sorrio sentindo um sentimento quente formigando dentro do meu peito, de uma forma avassaladora, de uma proporção enorme. . . Raios eu o amo com tão pouco tempo. 

— Ei! Parados aí!_ Me assusto com a voz que de repente aparece, olho para trás e vejo um grupo pequeno de centauros vindo rápido em nossa direção. 

Mas nós não paramos de andar.

— Aoi?_ Cutuco ele de leve. _ Pediram para pararmos._ Confuso murmuro, olhando para o rosto impassível que não olha pra mim, continua virado para frente. 

— Preste mais atenção, Kou. _ Sussurra para mim e eu o olho confuso, depois olho para o grupo de novo que vem rápido na nossa direção, estão vestidos de branco e azul, com algumas maletas e expressões sérias. _ São médicos, Uruha._ E beija minha têmpora. 

Sinto-me gelar, com um frio na espinha que me percorre e gela o coração. Médicos?! 

— Ei vocês!_ Vejo um vulto passar rápido por nós parar na frente de Kai e Miyavi os forçando a parar. Paramos todos. _ Estamos falando com vocês!_ Fala com raiva. 

— O que quer?_ Miyavi resmunga visivelmente mau humorado. _ Não sei se percebeu, mas eu quero levar meu destinado para casa, de preferência antes que ele complete os últimos meses._ 

— Ah, só queremos fazer algumas perguntas e uma rápida identificação._ Fala o médico e eu vejo os outros parando ao nosso redor. 

Me sinto completamente intimidado. 

— Nós moramos longe. . . _ Miyavi reclama de novo. 

— Não vai demorar. _ Insiste e eu me sinto tenso quando ele começa a fazer perguntas para Miyavi. Perguntas sobre mim. _ Já ouviu falar sobre Uruha o infértil?_

— Não, eu moro longe, não sei de lendas do interior._ Resmunga emburrado o colorido. 

— Não é uma lenda, senhor. _ O médico se remexe. _ Estamos atrás dele, é um caso de saúde pública, ele é infértil e tememos que seja uma doença transmissível. _ O médico explica e eu arregalo os olhos. _ Precisamos achá-lo para neutralizá-lo e tentar achar a cura. _ 

— Vão fazer experimentos nele?_ Kai fala surpreso. 

— Bem, não, vamos ver como funciona o seu sistema reprodutor e ver qual a falha. _ 

— Vão dissecá-lo._ Miyavi fala com certeza. 

Me sinto terrivelmente tenso e amedrontado. 

— É em nome da saúde e ciência._ Se justifica. 

— O que eu tenho a ver com isso?_ Miyavi resmunga.

— Bem, estamos rondando e procurando por ele como um farsante, então só vamos fazer um teste de gravidez em seus parceiros._ 

— E como vão fazer isso?_ Aoi pergunta visivelmente mais relaxado. Ele é burro ou se faz? Vão me pegar nisso, vão me matar e dissecar. 

— No tato, como se passou pouco tempo desde a semana fértil ainda não conseguiríamos sentir o feto, mas, o útero fica mais consistente e duro para suportar o crescimento, então tem como sentir. _ Explica e eu me encolho para perto do Aoi, ele me aperta como um conforto.

— Espero que não demore._ Reita resmunga lá atrás. 

— Não, será consideravelmente rápido. _ Ele se aproxima do Kai. _ Posso?_ 

— Está bem._ Murmura o moreninho e o médico vai até a sua barriga equina, no baixo ventre e aperta com os dedos aquela área sobre o olhar atento do casal. Ele parece procurar algo, mudando os dedos de posição e então para os dedos sobre um pedaço de pele e pelos. 

— Achei. _ Murmura e se afasta do Kai.

— Achei. _ Ouço outro murmurar e olho para trás vendo um outro médico se afastar sobre o olhar assassino do baixinho. 

— Posso?_ Viro a cabeça e vejo um médico a minha frente, aceno lentamente apreensivo. _ Relaxe, não faz mal ao seu filhote nem a você, e não dói também. _ Ele fala pra mim e eu aceno lentamente. 

Sinto seus dedos gelados em mim, caçando algo, me apalpando a barriga e cada segundo que ele demora a achar eu já me sinto enjoado.

— Aí!_ Exclamo surpreso pela pontada fraca de dor que sinto e me afasto em um pulo, na mesma velocidade que um raio, Aoi se coloca entre eu e o médico. 

— O que você fez?!_ Fala raivoso meu moreno me afastando mais do médico. 

— Desculpe, mas não era minha intenção machucá-lo, por acaso teve dificuldade de engravidar?_ Ele me pergunta e eu aceno em choque. 

— Isso explica sua sensibilidade no útero. _ Explica. _ Mas mesmo assim está tudo bem, com você e o seu filhote._ Se afasta de nós. 

Ele se afasta mais sobre o olhar assassino e postura ofensiva do Aoi, quando está em uma distância boa ele fala mais algumas palavras de desculpas, de agradecimento e tudo o mais e então o grupo volta a caminhar tão rápido a nossa frente que não demora mais que alguns minutos e eles somem no horizonte. 

Suspiro. 

— Você tá bem?_ Aoi se vira para mim e se coloca na minha frente, as mãos seguram minha cintura e os olhos nos meus, sorrio de leve passando minhas mãos acariciando seus braços de leve e lentamente até chegar nos ombros, onde apoio minhas mãos. 

— Estou, não se preocupe._ Murmuro para que só ele escute, já que a conversa é íntima, não pelo assunto, mas pela nossa proximidade. Ele está com o nariz encostando no meu, o sorriso lindo nos lábios que de vez em quando roçam nos meus lábios. 

Faço bico. 

— Ainda está doendo?_ Ele murmura arrastando os lábios carnudos banhados em tentação em meu queixo. 

— Não. . . _ Pauso para apreciar o arrepio e o toque que subiu pelo queixo e agora roça minha orelha.  _ Quando ele apertou foi só uma pontada, nem doeu tanto, mas eu estava tão apreensivo. . ._ 

— Humm_ Ele resmunga descendo pelo meu pescoço e dando um beijinho na curva do ombro, depois sobe com o nariz pelo meu pescoço de novo. _ Apreensivo porque você é teimoso._ 

— Eu não! Você que é cabeça dura e. . ._ Ele morde meus lábios. Simples. Morde meus lábios os juntando e me impedindo de falar. Que ousadia!

— Você é teimoso, porque não acreditou em mim, porque ignorou os sinais que seu corpo deu, e por dar ouvidos mais as pessoas que te querem mal que as que te querem bem._ Ele fala e eu o olho surpreso e depois olho para o chão.

— Não é isso. . ._ Murmuro. 

— Eu imagino que não. Mas, por favor, confie em mim._ Ele beija minha testa. _ Confie quando eu for falar algo, quando eu pedir para fazer algo, só confie em mim, por mais absurda que a ideia possa parecer. _ Ele beija minha têmpora. _ Preciso que confie em mim._ Sussurra e eu confirmo com a cabeça.


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Notas finais do capítulo

Ser infértil agora é uma doença transmissível?
Dissecá-lo, em nome da saúde e ciência.
Uruha corre muito perigo?

Um Parceria de MalikaHarunoo , Kagura Way e Elisha_Sky



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