Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 35
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Muitas emoções no capítulo passado, né? Foi um capítulo meio gigante, mas espero que tenham gostado! Eu particularmente gosto muito desse aqui também porque é o começo do fim de uma coisa e o fim do começo de outra.
Vocês vão entender no final.

Beijos,
Mavelle



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No dia seguinte, Kate, Anthony e Charlotte acordaram mais cedo do que o normal para poder ir ao laboratório e coletar as amostras para fazer o teste de paternidade. Compreensivelmente, os dois adultos estavam mais nervosos do que a criança no caminho até o laboratório, mas, ao chegarem lá, Charlotte começou a ficar estressada. Já tinha ido lá vezes o suficiente para ter uma ideia do que estava prestes a acontecer e, para dizer o mínimo, ela não gostava. Levou um bom tempo até que conseguissem convencê-la de que daquela vez seria só cócegas na bochecha. Apesar disso, tanto Kate quanto Anthony tiraram amostras de sangue, já que era mais fácil de trabalhar com elas, de acordo com os responsáveis técnicos.

Depois disso, descobriram que o prazo para a liberação dos resultados era de quatro semanas e que geralmente esse era o tempo que levava. Quando receberam essa informação, a recepcionista que os orientou disse que podiam relaxar e esquecer que tinham feito o teste, já que ambos receberiam um email informando o resultado em quatro semanas.

Assim, às 14:30 daquele mesmo dia, Kate tinha passado pelos estágios de surto, calma e esquecimento. O esquecimento só durou por meia hora, depois ela lembrou e passou para a fase de surto, que foi de cinco minutos, passou para a calma e, mais alguns momentos depois, para o esquecimento novamente. Era um ciclo que provavelmente não seria quebrado durante esse dia.

Ela estava grata porque provavelmente conseguiria passar os próximos 30 minutos sem pensar nisso, já que tinha marcado uma reunião com a irmã de Posy. Ela tinha chegado em Londres em algum momento dessa semana e Kate tinha combinado um horário com Posy para que pudesse conversar com a irmã dela sobre um possível emprego. Não sabia bem quais eram as habilidades dela ou com o que já tinha trabalhado, então queria ter a oportunidade de falar com ela antes de simplesmente dizer a Paul, o responsável pelo RH, para arranjar uma vaga para ela em algum setor. Ele já não tinha ficado muito feliz por Kate ter pedido uma lista com os setores que precisavam de mais funcionários, então ela não queria terminar de passar por cima de tudo, apesar de ter recebido permissão para isso, já que quando falou com Anthony sobre a situação, ele lhe disse que podia decidir como bem quisesse e que acataria qualquer decisão que ela tomasse.

Posy bateu à porta e Kate disse que ela podia entrar. Então a porta se abriu e ela entrou, seguida por...

Prata, Kate pensou. Ela ia denunciar que já a conhecia, mas a mulher simplesmente arregalou os olhos e fez um minúsculo sinal de não com a cabeça. Posy não devia saber que ela tinha estado na festa da Bridgerton no ano anterior (ou seja, que esteve em Londres quase um ano antes), então Kate simplesmente sorriu. Era tudo o que podia fazer para evitar que a sua boca abrisse. As pessoas tinham suas razões para mentir e omitir, então ela não iria julgar a moça por não contar que estava em Londres para Posy ou por não dizer quem ela era para Benedict. Meu Deus, o Benedict vai surtar, ela pensava. Faz quase um ano que ele procura por ela.

Então, alheia à troca silenciosa que tinha acontecido entre as outras duas, Posy simplesmente as apresentou.

— Kate, esta é Sophie Beckett, minha irmã. Soph, esta é Kate Bridgerton, minha amiga e dona do dono da empresa.

Kate começou a rir.

— Ela está brincando, claro. - ela disse, olhando para Sophie e tentando não encará-la demais. Que mundo minúsculo, ela pensava.

— Não mesmo.

— Prometo que não é num sentido literal. Prazer em conhecê-la, srta. Beckett. - ela disse, apertando a mão da mulher a sua frente.

— Por favor, me chame de Sophie, sra. Bridgerton. - Sophie disse, já se sentando na cadeira em frente à mesa dela.

— Se eu vou te chamar de Sophie, então pode me chamar de Kate. Posy me chama assim e todo mundo da empresa também.

— Menos Dan. - Posy acrescentou.

— Menos Dan, mas ele é um caso à parte. - Kate concordou, depois virou para Sophie para explicar. - É o assistente do meu marido. Por alguma razão, ele acha que estamos no século XIX e nunca chama ninguém pelo nome. Ele chama minha filha de três anos de srta. Sheffield. Ela ama visitar a sala do pai porque ele deixa ela fazer o que quiser lá, mas, se Dan estiver lá, ela faz questão de passar correndo e entrar na sala antes que ele possa perguntar como ela está. - Sophie riu.

— Eu vou sair e deixar vocês conversarem. - Posy disse, com um sorriso, já saindo pela porta.

Elas ficaram em silêncio até Posy sair.

— Obrigada por não dizer nada. - Sophie disse.

— Tudo bem. Você claramente deve ter alguma razão para não querer que ela saiba que você estava aqui em dezembro. E eu não estou perguntando, que fique bem claro.

— É só que eu estava em Londres e não queria que Araminta ficasse sabendo. E se Posy souber...

— Vai chegar nela de alguma forma.

— Exatamente.

— Eu entendo.

— Obrigada de verdade. Por tudo.

— Por nada. Vou tentar te ajudar no que puder. Posy me pediu ajuda para te arranjar um emprego e, bom, tem pouco que eu não faria por ela.

— Eu fico feliz por isso. - Sophie sorriu. - Eu gosto bastante dela e fico feliz que ela arranjou uma amiga de verdade por aqui. As coisas eram meio difíceis na época da escola.

— Sério? Ela é tão simpática...

— Exato. Naquela época, achavam que, por isso, tinham direito de pisar nela. E não ajudava que a irmã dela fosse a pessoa a começar isso.

— Então Posy é sua irmã de consideração, mas a irmã dela não.

— Não mesmo. Rosamund parece demais com Araminta para eu ter paz de espírito perto dela.

— Eu não a conheço, então não posso falar nada.

— Não está perdendo muita coisa. - Sophie disse, e então respirou fundo. - O que eu posso fazer por aqui?

— Certo. Você fez faculdade ou algum tipo de curso depois de terminar a escola?

— Infelizmente, não. Eu planejava fazer, mas meu pai morreu quando eu tinha 15 anos e não deixou nada para mim.

— Sinto muito. - Kate disse, com pesar genuíno. Ir para a faculdade tinha sido uma experiência muito importante na vida dela e, bom, devia ter sido difícil crescer imaginando que essa seria sua realidade e acabar com nada.

— Tudo bem. Eu já me conformei que isso não estava no meu destino.

— Então, o que você pode fazer? Quer dizer, onde você já trabalhou?

— Eu trabalhei algum tempo como garçonete. - ela respondeu. - Também já fui funcionária de uma agência de limpeza, tanto da parte pesada quanto como telefonista. E fui recepcionista de uma empresa de informática.

Kate olhou para a lista que Paul tinha lhe passado e haviam três setores que poderiam receber funcionários novos: a limpeza, a copa e o setor de relações internacionais, mas o último envolveria fluência em francês comprovada por um teste e um curso de nível superior.

— Bom, nós teríamos uma vaga na copa ou na limpeza, se isso te interessar.

— Eu ficaria mais que grata por uma vaga como faxineira. De verdade.

— Ok, então. - ela virou para o computador por um momento. - Vou mandar um email para Paul, o responsável pelo RH. E aí você vai para o 4º andar pelo elevador e entra na 3ª porta à esquerda. É só dizer que você quer falar com o Paul e que a Kate te mandou.

— Ok. Muito obrigada.

— Disponha. - Kate sorriu. - E se tiver qualquer outra coisa que eu possa fazer por você, basta pedir.

— Bem, você acha que vou gastar muito tempo conversando com o Paul?

— Não. Acho que não. - ela disse, já terminando de preencher as informações no email, que ela tinha começado a redigir antes de Sophie entrar. - Eu já tinha pedido para ele agilizar a papelada para a contratação, então acho que vai ser bem rápido, só assinar o contrato e tirar sua foto para o crachá. Por que?

— Porque eu tenho que esperar a Posy para poder ir para casa. Então vou tentar arranjar uma distração para as próximas duas horas.

Uma ideia surgiu na mente de Kate. A exposição do Benny sobre ela, ela pensou. Teria melhor lugar para eles se reencontrarem?

— Não sei se é seu tipo de programação, mas o Museu Nacional fica aqui perto, acho que uns 10 minutos a pé, está com entrada gratuita e lá geralmente tem umas exposições muito boas, tanto de arte clássica quanto de contemporânea.

— É justamente o tipo de coisa que eu gosto de fazer no meu tempo livre. Ia bastante em museus enquanto morava na França.

— Você fala francês? - Kate estava surpresa.

— Sim.

— Poderia ser bastante útil no nosso setor de relações internacionais. Também estávamos querendo um novo tradutor do francês para o inglês, porque o atual precisa de uma ajuda. Ele traduz tortue como tortura, mas ainda não achamos um substituto.

— A palavra tartaruga aparece com tanta frequência assim nos livros que vocês publicam?

— Não sei dizer, já que ele continua traduzindo como tortura. E como geralmente a palavra estaria num contexto parecido com “devagar como uma tartaruga”, “devagar como uma tortura” não fica tão estranho.

— Meu Deus. Bom, de qualquer forma, eu posso te assegurar que seria uma péssima ideia me colocar na primeira parte. Não tenho desenvoltura ou formação para lidar com assuntos internacionais. E quanto às traduções, não posso provar que eu sei mais francês do que o tradutor atual. Aprendi com a minha babá enquanto crescia, então não tenho nenhuma formação acadêmica.

— Ah, que pena. - Kate disse, com pesar real. - Então vai querer mesmo ficar com o cargo de faxineira? Eu poderia arranjar algo um pouco menos pesado, talvez copeira...

— Não, não precisa. - ela disse com um sorriso. - Trabalhar como faxineira vai ser ótimo.

Kate enviou o email e as duas se despediram com sorrisos e acenos. Ela aproveitou que ficou sozinha na sala e pegou o telefone para falar com o cunhado. Não iria contar para ele que tinha encontrado a mulher que o tinha conquistado, mas queria ter certeza de que ele estaria no museu.

“Kate: BENNYYY

Kate: BENNYYYYYYY

Kate: BENNY BENNY BENNY BENNY

Kate: RESPONDE

Benedict: Quem morreu, pelo amor de Deus?

Kate: Você vai estar na galeria hoje de tarde?

Benedict: Sim

Benedict: Já estou aqui, para falar a verdade

Benedict: Por que?

Kate: Só acho que você devia estar aí hoje

Benedict: Todo esse alarde e não tem uma razão?

Kate: Tem sim, mas eu não posso te contar agora

Benedict: Você planeja me contar algum dia?

Kate: Talvez hoje mesmo, mas não agora

Benedict: Ok, vou confiar em você

Kate: Me agradeça depois”

Ela sorriu e bloqueou o telefone. Mal podia esperar para que ele a reencontrasse.

***

Na tarde seguinte, Kate e Anthony foram tomar chá com Violet. Ela disse que tinha algo para entregar a Kate e podia muito bem aproveitar para ver Anthony e Charlotte também, já que fazia uma eternidade (cinco dias) desde que os tinha visto.

Ah, e Kate estava um pouco chateada porque seu plano tinha, muito claramente, falhado. Benedict não tinha dito uma palavra e Daphne, que tinha ido ver a exposição, também não disse nada. Conhecendo os dois, não achava que ficariam calados quanto a isso, mas também não tinha como perguntar diretamente porque achava que estaria traindo a confiança de Sophie de alguma forma. Ela não tinha mencionado Benedict na conversa que tiveram, mas, como não queria que soubessem que ela estava em Londres no ano anterior, talvez não quisesse que ele soubesse que ela estava de volta. Ou talvez a noite que compartilharam não tivesse tido a mesma importância que teve para ele. Não importavam as possíveis razões de Sophie, Kate não achava que devia contar, então, apesar de ter comentado com Anthony que tinha encontrado a Prata, pediu que ele não dissesse ao Benedict. Claro que ela estava tentando dar uma forcinha e que provavelmente começaria a arranjar desculpas para chamar Benedict para ir na Bridgerton com mais frequência para tentar fazer eles se encontrarem, mas não passaria disso.

No momento, Kate estava sentada com Anthony no sofá da sala de estar da casa de Violet, enquanto Charlotte brincava no balanço com Gregory.

— Ok, acho que é hora de fazer isso. - Violet disse, enquanto pegava um álbum de fotografias de uma caixa de papelão que tinha trazido do andar de cima. Então simplesmente o entregou para Kate.

— Você vai me mostrar as fotos de bebê do Anthony? - Kate perguntou, um sorriso travesso no rosto.

— Na verdade, esse álbum é seu.

— Meu? - Kate parecia um pouco confusa, apesar de estar emocionada.

— Sim. - algumas lágrimas surgiram nos olhos de Violet. - Como você sabe, uns dois anos atrás um casal a casa dos seus pais para demolir e reconstruir algo em cima do terreno.

— Nós vimos a casa no caminho para cá. - Anthony disse. Sua mãe tinha se mudado para a rua por trás da casa em que ele tinha crescido depois da morte de Edmund. Ela dizia que era muito doloroso andar pela casa e vê-lo em todos os lugares o tempo todo e achou que precisava de um lugar novo. - É muito bonita. - ele complementou, passando o polegar pelo dorso da mão de Kate.

— É mesmo. Os donos novos resolveram usar o porão antigo como o porão da casa nova e encontraram uma caixa. Então perguntaram um pouquinho e descobriram que eu era muito próxima dos seus pais. Eles me deram cerca de um mês depois de vocês se casarem, e eu comecei a limpar e dar uma organizada. Levou bastante tempo, mas não estão mais cobertas de cinzas. - Violet entregou a caixa inteira para Kate, que chorava. - É sua e de Edwina.

Ela simplesmente se levantou e abraçou a sogra.

— Muito obrigada. De verdade.

— Por nada, querida. - ela também estava chorando ao soltar Kate. - Vou dar um minuto para vocês enquanto pego as fotos do Anthony.

Kate apenas se sentou no sofá, encarando a caixa e pensando se devia abrir e ver as fotos ou não. Logo decidiu que devia vê-las com Edwina. Ninguém poderia prever como reagiriam vendo as fotos, principalmente vendo seus pais mais ou menos com a mesma idade que elas e com elas pequenas e…

De repente, ela lembrou de algo que tinha fugido de sua mente pelos últimos 13 anos.

— Kat, você tá bem? - Anthony perguntou ao perceber quão parada e pálida ela estava.

— Não tem fotos de quando minha mãe estava grávida de mim. - Kate disse, virando para ele.

— Nenhuma? - ele parecia preocupado.

— Não. Eu lembro que percebi isso quando tinha uns 15 anos, mas ela disse que estavam sem câmera na época e que só compraram uns dias depois que eu nasci.

— Kat… - ele passou a mão por suas costas, já tentando aproximá-la de si, e ela simplesmente começou a chorar e se deixou ser confortada por ele.

E o pior de tudo era que não podia perguntar a seus pais sobre aquilo, porque, apesar das fotos terem miraculosamente sobrevivido ao fogo, eles não tiveram a mesma sorte.

Assim, Kate só ficou ali chorando por um tempo enquanto Anthony passava as mãos pelo seu cabelo. Mesmo que não soubesse completamente o que estava passando pela cabeça dela, estava ali para ajudá-la.

— Você ficou muito bom em me acalmar. - ela sussurrou em seu ouvido, depois de alguns momentos. - Obrigada.

— Eu tô aqui por você, o tempo todo. Eu te amo.

— Eu também te amo. - ela beijou seus lábios de leve.

Eles se soltaram e voltaram para os lugares que estavam antes.

— Olhem quem eu achei querendo ver as fotos também. - Violet disse, entrando na sala com uma caixa ainda maior do que a que tinha deixado com Kate e com Charlotte logo atrás dela.

— Quis ver as fotos com a gente? - Kate perguntou a Charlotte, já se aproximando para pegar um dos vários álbuns que estavam na caixa e voltando para se sentar com Anthony de novo.

— Sim! - ela disse, animada. - Mas cadê o telefone?

— Bom, antes de terem telefones com câmeras, as fotos eram bem diferentes. - Violet respondeu.

— Diferentes?

— É. - ela disse, sentando no sofá e abrindo um dos álbuns da caixa. - Vem cá, Lottie. - a menina logo obedeceu e foi para o colo da avó. - Acho que não peguei o que eu queria te mostrar, mas esse serve também.

— Que esquisito! - Lottie disse, ao passar a mão pela página.

Kate e Anthony contiveram risadas.

— É mesmo, mas era assim que fazíamos antigamente.

— Vovó, sou eu e papai? - ela perguntou, apontando para uma foto de Francesca com mais ou menos 2 anos nos braços de Edmund. Os dois tinham sorrisos gigantes enquanto ele a segurava, brincando de rodá-la.

— Não, meu amor. É sua tia Francesca com o vovô Edmund, de quando ela tinha mais ou menos sua idade. - ela olhou de novo para a foto e depois de volta para o filho. Ele realmente parecia muito com o pai (assim como seus três irmãos), então era compreensível que Charlotte, que nunca conhecera Edmund, imaginasse que fosse ele. Mas ao olhar da criança na foto para a que estava em seu colo, também notou algumas semelhanças. O formato dos olhinhos e das sobrancelhas parecia bastante. E, por consequência, seus olhos pareciam com os de Anthony. Ela piscou algumas vezes. Então olhou para Kate e Anthony e os dois pareceram um pouco tensos. O que diabos está acontecendo?, ela pensou. E então, percebendo que tinha passado tempo demais calada, falou com Charlotte. - Mas realmente, seu pai parece com o vovô e você parece um pouco com a tia Frannie.

— Lottie, porque não vai chamar a tia Elô? - Anthony disse. - Acho que ela está no quarto dela.

— Sim, ela me disse que queria ver as fotos com a gente também. - Kate disse. - Só cuidado com a escada, tá? Tem que subir devagarinho e só pode descer com ela.

— Ok! - ela foi na direção da escada e começou a subir basicamente se sentando nos degraus. Do ângulo em que estavam, tanto Kate quanto Anthony conseguiam ver a escada e daria para ver se ela fizesse alguma coisa que não devia.

Eles esperaram um momento, só para ter certeza de que ela não escutaria.

— Tem alguma coisa que vocês queiram me contar? - Violet perguntou, genuinamente curiosa.

— Nós achamos que eu sou o pai biológico dela. - Anthony disse. Sentiu quase que um alívio ao finalmente dizer aquelas palavras em voz alta para outra pessoa.

Violet, compreensivelmente, estava um pouco confusa.

— Seria ótimo se fosse verdade, mas como?

— Nossas histórias da noite que eu sei que fiquei grávida meio que combinam. - Kate disse.

— Mas nenhum dos dois tem certeza?

— Nenhum de nós lembra bem daquela noite. - ele disse. - Eu tinha acabado de descobrir que Siena tinha morrido. - só depois de falar foi que ele percebeu que aquilo não era mais verdade. - Quer dizer...

— Eu entendi. - Violet disse. Ele tentava remediar sempre que falava dela como se tivesse morrido, mas, para Violet, ela estava mesmo morta. Não importava que Anthony estivesse "bem" com o que tinha acontecido, se qualquer um fizesse uma merda como aquela com qualquer de seus filhos, aquela pessoa estaria morta para ela.

— E eu estava me sentindo muito solitária e bebi demais. - Kate disse.

— Então suas histórias combinam e Charlotte não necessariamente parece com Anthony, mas tem alguns traços da família, mas nenhum de vocês tem certeza. É isso?

— É. Eu não sei no quanto eu posso confiar nas minhas memórias, mas encontramos com uma amiga minha - sua futura nora, Kate quase acrescentou - e ela reconheceu Anthony daquela noite.

— Então por que vocês estão tão relutantes em acreditar?

— Eu acho que seria bom demais pra ser verdade. - Anthony disse. - Além disso, quão estranho seria? Nós nos conhecemos a vida toda, ficamos juntos uma vez porque estávamos caindo de bêbados, esquecemos sobre isso, ficamos juntos de verdade dois anos e meio depois e, quase quatro anos depois daquela noite, descobrimos que temos uma filha juntos.

— Românticos como eu chamariam de destino. - Violet disse, com um sorriso.

Kate sorriu.

— É verdade. - Kate concordou. - Daphne disse que estávamos destinados a ficar juntos.

— Bom - ela continuou -, se de alguma forma não for isso, não muda nada para mim. Não vou pensar menos de nenhum de vocês, e a Lottie já é minha neta de qualquer jeito.

— Obrigado, mãe. - ele disse.

— Aproveitando que estamos nesse tópico - Kate disse, virando para Violet -, com toda a história de fazer os testes para ver quem poderia doar a medula para a Lottie, eu e Edwina descobrimos que não temos o mesmo pai e a mesma mãe. - Violet pressionou os lábios um contra o outro. - E, pegando as fotos, eu lembrei que não tem fotos de quando minha mãe estava grávida de mim. Você saberia algo sobre o assunto?

Ela respirou fundo.

— Na verdade, sim. - Violet respondeu e respirou fundo. - Primeiro, Mary me disse que planejava te contar sobre isso quando você fizesse 18 anos. Depois virou 21. Então ela me disse que decidiu que contaria quando você fosse ter seus próprios filhos e procurasse ela pedindo algum tipo de conselho. Ela ficava sempre adiando quando contaria porque tinha medo de como você poderia reagir. Acho que esse seria o momento, para falar a verdade. E ela diria que não importava se a Lottie é sua filha biológica ou não porque não havia diferença entre o amor que sentia por Kate e Edwina.

— Nossa. - foi tudo o que Kate conseguiu dizer. Anthony simplesmente segurou sua mão, mostrando que estava ali se ela precisasse de qualquer outro tipo de apoio. - Você saberia explicar como...

— Mais ou menos. Mary nunca me contou tudo, mas disse basicamente que, uma semana depois que ela e Miles se casaram, uma mulher apareceu dizendo que estava grávida dele, que a criança nasceria em 3 meses e que ela planejava dá-la para a adoção, mas achava que ele devia saber.

— Eu sou o fruto de uma traição do meu pai? - Kate estava em choque demais para processar.

— Não, não. - Violet segurou a mão dela, tentando consolá-la. - De acordo com Mary, e como Miles confirmou a Edmund depois, eles se casaram seis meses depois de se conhecerem e a última vez que ele ficou com a mulher foi duas semanas antes disso.

— Qual o nome dela?

— Eu não sei. Sua mãe só a chamava de Lua.

— Eu queria que ela estivesse aqui agora. - Kate disse, após um momento de silêncio. - Queria poder chorar sobre isso no ombro dela, perguntar quais as razões dela para não ter me dito e também para ter simplesmente me acolhido, e poder dizer que, não importa quem me colocou no mundo, ela é a minha mãe de todas as maneiras que importam.

— E você é a filha dela de todas as maneiras que importam. - Anthony disse, passando a mão pelas costas dela.

Os dois trocaram um olhar. Aquilo se aplicava perfeitamente à situação atual deles. Mesmo que por algum feito do destino Anthony não fosse o pai biológico de Charlotte, eles eram pai e filha de todas as maneiras que importavam.


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Notas finais do capítulo

Galeraaaaa, eu tenho uma fic Benophie e esse é o fim do começo da introdução dela (e quem quiser saber o que acontece (ou não) no museu, recomendo ler "She", onde a gente vê a cena da entrevista de emprego pela perspectiva da Sophie)



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